terça-feira, 30 de abril de 2019

O Brasil “uberizado”

Fernando Brito *

É claro que ninguém está defendendo a extinção do Uber ou dos serviços assemelhados de transporte de pessoas ou encomendas, embora eu não seja seu usuário por absoluta aversão a tudo que envolva o uso de celular, inclusive falar por ele.

Mas os números que o Estadão dá hoje em sua manchete, o de que “Aplicativos como Uber e iFood viraram os maiores empregadores do Brasil” ( aqui ) obrigam a cuidar desta nova modalidade de trabalho como mais que “atividade alternativa”.

Com o desempenho tímido da economia após a recessão e o mercado de trabalho ainda custando a se recuperar, aplicativos de serviços – como Uber, 99, iFood e Rappi – se tornaram, em conjunto, o maior ‘empregador’ do País. Quase 4 milhões de trabalhadores autônomos utilizam hoje as plataformas como fonte de renda. Se eles fossem reunidos em uma mesma folha de pagamento, ela seria 35 vezes mais longa do que a dos Correios, maior empresa estatal em número de funcionários, com 109 mil servidores. (…) Esses 3,8 milhões de brasileiros que trabalham com as plataformas representam 17% dos 23,8 milhões de trabalhadores nessa condição, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no trimestre até fevereiro.

Os números oficiais situam na casa do bilhão o faturamento da Uber no Brasil. Somados todos os aplicativos, não é nenhum exagero pensar em dezenas de bilhões.

Qualquer bairro de classe média das cidades médias e grandes do Brasil está infestado de motocicletas e bicicletas com aqueles caixotes de entrega de comida atrás, a qualquer hora do dia. Cada vez menos estabelecimentos têm empregados próprios para fazer entregas.

Ainda assim, são pessoas trabalhando e comércio vendendo, ainda mais neste quadro de crise, mas é preciso olhar para empresas que têm investimento perto do zero em relação ao seu tamanho – são os próprios trabalhadores que investem no meio de transporte – que não tem gasto quase nenhum em instalações e desenvolvimento de tecnologia, que vem pronta de suas matrizes e que, logo, estarão gerando um imenso passivo previdenciário por falta de contribuição de seus operadores, que só em ínfima parte são contribuintes da Previdência.

Estamos falando de um contingente de pessoas que encosta, em quantidade, nos trabalhadores da construção civil e nos empregados/as domésticas.

Isso, porém, passa ao largo das discussões da Previdência. Obrigar estas empresas a controlarem a regularidade previdenciária de seus operadores e a pagar uma pequena alíquota a este título sobre seus faturamentos milionários não as abalará.

As mudanças no mercado de trabalho vieram para ficar e não podem ser tratadas como o “autônomo” de antigamente, basicamente um prestador individual de serviços. Agora estamos lidando com empresas, enormes, estruturadas e lucrativas, tanto que o IPO (lançamento de ações em Bolsa) da Uber é um dos grandes destaques da Bolsa de Nova York.

Isso, sim, é gerar crise fiscal. Estes serviços há quatro ou cinco anos praticamente inexistiam. Daqui a outros quatro ou cinco serão ainda maiores.

Precisam ser tratados como parte da economia. Mas não, é claro, como projeto para ela: são atividades reflexas, que não produzem riqueza, embora, devidamente tratadas (e taxadas) possam ajudar a distribuí-las.

* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.
Publicado no
http://www.tijolaco.net/blog/o-brasil-uberizado/


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domingo, 28 de abril de 2019

Bebês lindos e fofos

Richard Jakubaszko  
Bebês são lindos e fofos, no mundo inteiro, pena que o tempo que permanecem bebês é tão pequeno. Logo se tornam crianças, e depois adultos...
 
 




 



sexta-feira, 26 de abril de 2019

Afinal, sal é bom ou ruim?

Richard Jakubaszko  


Você sabe como “anda” sua pressão arterial? Com o objetivo de alertar a população sobre a importância dos cuidados com a saúde, especialmente em relação às consequências da hipertensão que pode atacar homens, mulheres e até crianças, foi instituído no estado do Paraná o Dia Estadual de Combate à Hipertensão Arterial, celebrado hoje, dia 26 de abril.

“A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo. Ela é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, cerebrovasculares e renais, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular cerebral (AVC), 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com o diabetes, 50% dos casos de insuficiência renal terminal”.

Alertas
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hipertensão, “hipertensão, usualmente chamada de pressão alta, é ter a pressão arterial, sistematicamente, igual ou maior que 14 por 9. A pressão se eleva por vários motivos, mas principalmente porque os vasos nos quais o sangue circula se contraem. O coração e os vasos podem ser comparados a uma torneira aberta ligada a vários esguichos. Se fecharmos a ponta dos esguichos a pressão lá dentro aumenta. O mesmo ocorre quando o coração bombeia o sangue. Se os vasos são estreitados a pressão sobe”. A entidade alerta ainda que “a pressão alta ataca os vasos, coração, rins e cérebro. Os vasos são recobertos internamente por uma camada muito fina e delicada, que é machucada quando o sangue está circulando com pressão elevada. Com isso, os vasos se tornam endurecidos e estreitados podendo, com o passar dos anos, entupir ou romper. Quando o entupimento de um vaso acontece no coração, causa a angina que pode ocasionar um infarto. No cérebro, o entupimento ou rompimento de um vaso, leva ao "derrame cerebral" ou AVC. Nos rins podem ocorrer alterações na filtração até a paralisação dos órgãos”. “Todas essas situações são muito graves e podem ser evitadas com o tratamento adequado, bem conduzido por médicos”, enfatizam os especialistas da SBH.

Os tratamentos preconizados pelos médicos, invariavelmente, pedem a redução do consumo de sal e o uso de diuréticos.

Devemos reduzir nossa ingestão de sódio?
Certamente você já ouviu falar sobre isso. Tornou-se um consenso internacional. Mas há perigos quando seu organismo se torna carente de sódio. Portanto, tenha cuidado quando você resolver se abster do consumo de sal. Especialmente se for abstenção radical.

O sódio é um elemento mineral que está muito presente no corpo, especialmente no plasma. Ele se apresenta em nossa dieta na forma de cloreto de sódio (sal de cozinha). O consumo excessivo é um fator de risco para pressão alta.

O sódio (símbolo Na da tabela periódica) é um dos sais minerais. Em nosso corpo está principalmente no sangue e no líquido intersticial (líquido localizado ao redor das células). Sua concentração no sangue é controlada por vários hormônios, incluindo a aldosterona e o hormônio antidiurético.

Nos alimentos, geralmente se apresenta na forma de cloreto de sódio. Aliás, o sódio possui 40% de sódio, isto é: 1 g de sal = 400 mg de sódio.

As principais funções são equilibrar a quantidade de água em nosso organismo, juntamente ao potássio. Enquanto o sódio retém os líquidos, o potássio provoca sua excreção, de modo que as células fiquem com a quantidade adequada de água. Ele é essencial para a transmissão de impulsos nervosos e contração muscular.

Sua concentração no sangue e no fluido intersticial condiciona a quantidade de água presente nas células e o volume sanguíneo. Em pessoas sensíveis à ingestão de sal, o excesso de sódio pode aumentar o volume sanguíneo e, assim, promover a hipertensão arterial.

No Brasil, o consumo médio diário de sal de cozinha é de 12 gramas por pessoa. Essa quantidade está muito acima da quantidade diária recomendada, que é de 1 a 1,5 grama de sódio, ou seja, 2,5 a 3,75 gramas de cloreto de sódio por pessoa.

As agências de segurança sanitária tendem a recomendar a ingestão máxima de sódio que não deve ser excedida, a fim de prevenir a hipertensão arterial e doenças cardiovasculares.

Nos últimos quinze anos, vários estudos confirmaram o impacto do excesso de sal no risco de problemas cardiovasculares e sugeriram outros efeitos deletérios, como o aumento do risco de câncer de estômago ou osteoporose (desmineralização óssea). Por exemplo, a síntese de cerca de trinta estudos de intervenção mostra que, em média, uma redução de 1,7 a 1,8 g de sal por dia permite que pessoas normotensas (pressão arterial normal) diminuam em 0,2 na pressão sistólica (o primeiro dígito da pressão) e 0,1 na pressão diastólica (o segundo dígito); nos hipertensos, a queda é de 0,5 e 0,32, respectivamente.

Pesquisadores avaliaram o impacto do sal nas doenças cardiovasculares, revisaram dados de 19 estudos com mais de 177 mil pessoas e encontraram uma possível redução de 23% nos derrames e 17% nos infartos do miocárdio com a redução do consumo de sal a 5 g em vez de 10 g por dia.

A alimentação de crianças menores de três anos deve ser de muito baixo teor salino, com o objetivo de não sobrecarregar seus rins imaturos nos primeiros meses de vida e evitar a formação do paladar a sabores muito salgados.

Os atletas têm uma maior necessidade de sódio, já que as perdas no suor podem chegar a 6 a 7 g de sal em 1 a 3 horas de treinamento, especialmente em caso de exercício intenso e alta temperatura. Além das ingestões dietéticas, recomenda-se, durante o treino de mais de 1 hora, consumir uma bebida que forneça 1,2 g de sal (480 mg de sódio) por litro.

Benefícios
O sódio, juntamente com o potássio, é um nutriente essencial para as contrações musculares, ajudando a manter o ritmo cardíaco normal. A ausência de sódio pode levar a uma arritmia cardíaca.
Participa do fornecimento de energia para o organismo. Agindo no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, o sódio transforma essas substâncias em energia para o corpo. Assim, na ausência de sódio pode ocorrer o cansaço físico.
O sódio participa do processo de contrações musculares. Assim, a ausência deste mineral leva a uma fragilidade dos músculos. Também colabora na retenção de líquidos no organismo e do equilíbrio da quantidade de água no corpo.

Fontes alimentares
O sódio é um nutriente encontrado no sal de cozinha e em muitos outros alimentos. Embora uma pequena quantidade venha naturalmente nos alimentos, este ingrediente é mais frequentemente adicionado aos pratos com a finalidade de aromatizá-los, e, especialmente, de preservá-los de contaminações por bactérias, ou ainda para alterar sua textura ou estrutura.

Itens ricos em sódio são os frios, molhos, alimentos semi-conservados, queijos. Por outro lado, os alimentos que contêm pouco sódio são frutas, legumes, leite, iogurte, carne, peixe e ovos. A água de coco, por exemplo, é rica em sódio. Mas é interessante saber que até mesmo a água mineral contém sódio, algumas marcas mais, outras menos. Da mesma maneira que todos os alimentos industrializados contém sódio em sua composição, por isso, consulte o rótulo para saber qual a quantidade. O sódio está presente até mesmo nas bolachinhas doces e achocolatadas, e muito mais ainda nos salgadinhos

Riscos
Deficiência pode ocorrer em casos de diarreia crônica grave ou uma dieta muito restritiva (livre de sal). A deficiência pode aparecer em atletas, que não compensariam perdas significativas no suor. A falta de sódio induz uma alteração do funcionamento do sistema nervoso, fraqueza muscular, hipotensão (baixa pressão sanguínea), desidratação, dor de cabeça, vômitos, diarreia e até mesmo a arritmia cardíaca. Especialmente nos idosos, suprime o apetite e pode levar à desnutrição.

Excesso
O excesso de sal está envolvido na ocorrência de pressão alta e doença cardiovascular. No entanto, nem todos os indivíduos têm a mesma sensibilidade ao sal. Aqueles para quem o consumo elevado é particularmente deletério são: pessoas já hipertensas (embora uma redução na ingestão de sal não melhore sistematicamente sua pressão arterial), diabéticos ou com sobrepeso e idosos.

Exagerar no sal aumenta a excreção urinária de cálcio e pode, assim, promover a formação de pedras nos rins à base de cálcio. O sódio em excesso no organismo rouba o cálcio dos ossos, e aumenta o risco de desenvolver problemas como osteoporose ou osteopenia.

Moderação
Para aqueles que desejam reduzir a quantidade de sódio em sua dieta diária, seguem algumas dicas:

- Procure utilizar outros tipos de temperos no lugar do sal. Por exemplo, limão, azeite, entre outros.
- Evite alimentos com alto teor de sódio, como bacon, queijos (quanto mais amarelos, mais sal contém), azeitonas e salames.
- O sal do Himalaia (sal rosa) também é uma boa alternativa. Este sal contém menor concentração de sódio (aproximadamente 23 mg em 100 mg do produto), além de uma grande quantidade de outros minerais. Porém, custa mais caro que o sal normal.
- Verifique os rótulos dos alimentos para selecionar aqueles com menor quantidade de sódio.

O sódio é considerado um nutriente benéfico também para as plantas, ou seja, é elemento mineral que estimula o crescimento dos vegetais, mas não é um nutriente essencial. As funções do sódio nas plantas ainda não são bem conhecidas. Em alguns vegetais o Na pode substituir parcialmente o K, principalmente em reações enzimáticas onde o K não é exigido de forma absoluta e, também, nos efeitos puramente osmóticos (abertura e fechamento dos estômatos e osmorregulação nos vacúolos). O Na está associado ao estimulo no crescimento vegetal, principalmente na expansão celular e no equilíbrio hídrico nas plantas.
Os sintomas de toxidez estão associados à redução no crescimento e na produção, além do amarelecimento e murchamento das folhas.

Além do próprio sal (cloreto de sódio) alguns alimentos in natura que são ricos em sódio são as algas, peixes marinhos, mariscos, queijos, arroz e café, por exemplo.

Grande parte das informações deste post o blog obteve com a Nutrientes Para Vida (NPV), iniciativa que possui visão, missão e valores análogos à coirmã americana: Nutrients For Life. O objetivo da NPV é o de esclarecer e informar a sociedade sobre os benefícios dos fertilizantes (ou adubos) na produção dos alimentos, bem como sobre sua utilização adequada.

A NPV atua somente com informações embasadas cientificamente, de modo a explicar claramente o papel essencial dos diversos tipos de fertilizantes na segurança alimentar e nutricional, além de seu efeito multiplicador na produtividade de culturas.

"Todo ser vivo necessita de nutrientes para o seu desenvolvimento. Eles são incorporados ao seu metabolismo para manter o ciclo vital. Portanto, não apenas os seres humanos e animais, mas as plantas também precisam de nutrientes e é justamente nos fertilizantes que eles se encontram", afirma Heitor Cantarella, coordenador técnico da NPV.

Ao longo deste ano voltarei a comentar sobre outros nutrientes essenciais à vida humana e das plantas, procurando esclarecer sobre as inter-relações de cada nutriente, sobre as consequências dos excessos ou carências deles para que nós humanos tenhamos uma vida saudável, e também as plantas.

Por fim, sobre as inter-relações mencionadas, há uma lei antiga no Brasil que obriga os produtores de sal de cozinha a colocar uma dose de iodo no sal, e assim temos o sal iodado. Com ele se evita a doença chamada de bócio. Bócio é o aumento do volume da glândula tireoide, geralmente causado pela falta de iodo. Isto porque, os solos brasileiros contém iodo somente na faixa litorânea de 50 a até 80 km distantes do mar, enquanto que os solos do interior do Brasil acima desse limite não registram a presença de iodo. Aqui é uma política pública de saúde, mas a questão da inter-relação a que me referi é de que somos obrigados a ter conhecimentos sobre essa “estranha leveza” de nossos organismos humanos, dos animais e também das plantas, para não sucumbirmos cheios de problemas, que são causados pelo fato de ignorarmos esse equilíbrio.

Entendeu por que o título deste post é "Afinal, sal é bom ou ruim?"? A falta de equilíbrio para mais ou para menos é que é ruim, não o sal em si.

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