domingo, 23 de novembro de 2008

Sábado, 22 de novembro!

Richard Jakubaszko
Recebi o e-mail abaixo, de Odemar Costa, nesta madrugada de domingo, 23 de novembro 2008. Por si só o texto se explica e registra a história como de fato aconteceu, e não como foi interpretada. É a minha forma de homenagear ao grande amigo Odemar Costa.
Sábado, 22 de novembro!
Por Odemar Costa

Os telejornais, esta noite, não sei se todos, omitiram um fato jornalístico que me foi muito importante, há exatamente 45 anos! Haver sido o primeiro radialista do país a noticiar o falecimento de John Fitzgerald Kennedy, presidente americano.
Naquela sexta-feira, 22 de novembro de 1963, Odemar Costa, locutor catarinense que deixara Itajaí, onde, além de repórter, era o mais jovem vereador do país,
eleito em 62 com apenas 20 anos e que se transferira da Difusora Itajaí para a Rádio Bandeirantes de São Paulo, há apenas seis dias, viu uma estrela em seu caminho.
Passando, casualmente, pela porta da Bandeirantes, naquela tarde, na rua Paula Souza, zona da 25 de março, fui informado pelo porteiro da emissora de que Kennedy fora baleado em sua visita a Dallas, Texas. Subi ao andar onde
funcionava o departamento de Jornalismo e Moacir Fernandes, sub chefe, que acabara de noticiar o atentado, disse-me: - que bom que apareceu alguém! Estou sozinho. Não há nenhum locutor na casa, agora, e preciso que você me ajude, pois meu negócio é redigir e não ler notícias.
Assim, ele e eu nos revezávamos para ler as notícias que chegavam pelos teletipos, (máquinas que na época escreviam as notícias enviadas pelas agências internacionais aos jornais e emissoras que assinavam essa prestação de serviço). E os locutores famosos foram aparecendo para marcar presença naquela cobertura que despertava grande interesse.
E o chefe Alexandre Kadunc chegou em seguida e foi categórico!
- Em time que está ganhando não se mexe. Quero apenas o Moacir e o catarina Odemar Costa nessa cobertura.
Resolvi usar minha habilidade em sintonizar emissoras em ondas curtas. E de repente, ouço uma voz dizendo: The President Kennedy is dead! Era Dan Ratter famoso anos mais tarde pelo programa 60 Minutes. Imediatamente repeti em português pela Bandeirantes. - O Presidente Kennedy está morto!



Assim, fui o primeiro a noticiar o fato no Brasil! As emissoras do Rio estavam fora do ar por causa de uma greve. E a Bandeirantes nesse dia faturou grande índice de audiência, superando a Difusora São Paulo, que era sempre a primeira quando se tratava de assunto bombástico. E por haver mostrado essa habilidade com a notícia fui encarregado de ler o Nosso Correspondente em sua edição matinal, justamente dentro do programa " O Trabuco" de Vicente Leporacce, possuidor de grande audiência.
Hoje, quando cruzo no Brooklin a rua Vicente Leporacce, emociono-me. Ninguém difundiu nacionalmente meu nome como esse jornalista tão famoso. Ao abrir uma pausa para que eu lesse o Nosso Correspondente, todos os dias gastava alguns segundos pra falar algo a meu respeito. Um dia mencionava que eu era de Urussanga; Outro dia citava que eu era o mais jovem vereador do Brasil. em Itajaí (Sim, eu conciliava o exercício do mandato com meu emprego na Bandeirantes. Eu ganhava bem e podia, uma vez por mês, tomar um avião e reassumir meu mandato na Câmara de Itajaí). Para que tenham uma idéia, saibam que ganhava 30.000 na Difusora Itajaí e fora contratado pela Bandeirantes por 150.000! Num outro dia Leporacce se referia ao Odemar como sendo o Gilmar dos pobres (Gilmar era o goleiro do Santos de Pelé e Odemar, o goleiro do Scratch do Rádio, o time de futebol da Bandeirantes, que participava de jogos beneficentes no interior de São Paulo. E a nós cabia a tarefa de autografar as cadernetas escolares de todas as moçoilas e adolescentes que compareciam aos estádios para nos ver jogar.


Valeu 23 de novembro de 1963! Naquela tarde, nenhum outro radialista desse país brilhou mais que Odemar Costa.
(Eu, por gostar de política acompanhara todos os debates da campanha Kennedy / Nixon, em 1960. Sabia de minúcias dessa campanha através do livro do jornalista norte americano Theodore White, "Como se faz um Presidente da República".
E, por haver sido chefe de rádio jornalismo na Difusora Itajaí, conhecia detalhadamente todos os fatos sobre os foguetes russos em Cuba e o bloqueio aéreo naval da ilha autorizado por Kennedy e também a fracassada tentativa de invasão de Cuba por mercenários na Baía dos Porcos. E, enquanto novas notícias não chegavam, eu enfeitava o pavão com esse grande conhecimento que tinha da administração Kennedy.


Hoje, depois de 45 anos, sinto-me envaidecido por minha atuação na cobertura desse fato tão importante da história contemporanea, a notícia em primeira mão da morte de John Fitzgerald Kennedy. Como radialista, isso foi o ápice de minha carreira e eu precisava contar isso a vocês.
Um grande abraço.
Odemar Costa. www.odemarcosta.com

2 comentários:

  1. Pelo que eu conheço o Moacyr fernandes, que é meu chefe, e me contou a história da morte do presidente John Kennedy, Foi o Moacyr quem trabalhou( sozinho) e noticiou todo o fato. Não há nenhuma menção ao Odemar Costa para noticiar as notícias. De fato, o moacyr fez um ótimo trabalho e ficou ao vivo cerca de 7h ininterruptas.

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  2. Miguel,
    pra falar a verdade, achei deselegante e até mesmo grosseiro o seu comentário, especialmente se vc for jornalista, por desconhecer fatos históricos. Veja que Odemar Costa citou Moacir Fernandes, e até Alexandre Kadunc, e contou a história como aconteceu. Acho que vc deve ouvir novamente suas fontes, pois duvidou e "desmentiu publicamente" o que é um fato notório conhecido no jornalismo.
    Publiquei seu comentário pq vc se identificou, pois esse é um blog de debate. Assim como vc escreveu o que quis, lê agora o que não imaginava ler. Se alguém aqui é mentiroso posso garantir a vc e a quem nos lê que não se trata de Odemar Costa.

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