Luís Dufaur *
Os 200 países signatários do Acordo de Paris — de 2015 para frear o aquecimento global— deviam apresentar seus novos compromissos para reduzir seus gases de efeito estufa dentro do prazo, aliás já encerrado.
Mas apenas 12 o fizeram, informou a “Folha de S.Paulo”, jornal que não especificou se estão cumprindo o que prometem no papel.
O Brasil, por exemplo, foi o segundo a apresentar sua promessa nacionalmente determinada, mais conhecida pela sigla em inglês NDC, em novembro de 2024, atrás somente dos Emirados Árabes Unidos.
Mas a maioria dos grandes emissores nada fez. Entre as ausências se destacam a China, atual líder global das emissões proibidas, e a União Europeia, que nos últimos anos vinha se autoclassificando na vanguarda ambiental.
Pelo Acordo de Paris, cada país apresenta voluntariamente sua meta e seus planos para a redução de emissões.
Uma vez postos no papel podem ser objeto de revisões cada cinco anos, aguardando que a nova promessa seja mais ambiciosa que a anterior.
Na etapa atual, os governos deviam explicitar suas metas para 2035.
Simon Stiell secretário-executivo da UNFCCC, a convenção de clima da ONU, acenou esticar até setembro os limites da entrega dos respectivos cronogramas,
A apresentação das metas é fundamental para o andamento da próxima conferência mundial do clima, a COP30, em Belém de 10 a 21 de novembro [2025].
Natalie Unterstell, presidente do Instituto ativista Talanoa e membro do painel de acreditação do Green Climate Fund deplorou que a marcha para “uma crise global das NDCs”.
De fato, não se entende como a COP30 possa concluir algum “relatório de síntese”, com a omissão de esmagadora maioria dos países signatários do Acordo de Paris.
Esse “relatório de síntese” deveria ser amplamente debatido na cúpula em Belém.
“A discussão vai ficar centrada se as metas são ou não suficientes”, afirmou.
Segundo Unterstell, se não forem suficientes para manter o aquecimento global dentro das metas do Acordo de Paris, pode dar em frustração e descontentamento entre os países que cumpriram os prazos ou apresentaram compromissos mais ambiciosos”.
“O Brasil pode impulsionar uma espécie de corrida global pela implementação, incentivando os países a acelerarem suas ações climáticas e demonstrando progresso concreto”, disse.
Mas onde estão os resultados concretos?
O Brasil se fixou uma meta de corte dos gases de efeito estufa de 59% a 67% em 2035, na comparação com os níveis de 2005.
Porém, pouco ou nada se fez para cumprir as metas prometidas em 2015 por Dilma Rousseff.
Os EUA, tido como maior emissor histórico, em vez de entregar seu plano dentro do prazo, anunciou que irá se retirar do Acordo de Paris.
A lentidão na submissão de novas propostas está ligada a esta anunciada saída das fantasias de controle do clima planetário.
A União Europeia está em tomada pela revolta de seus cidadãos e governos pela tentativa de efetivar os compromissos, aliás delirantes, de redução das emissões dos 27 Estados-membros.
Essas tentativas multiplicaram a inflação e o preço da habitação, fecharam fábricas e abaixaram o crescimento, enquanto cresceram no Parlamento Europeu as forças políticas contrárias às metas climáticas derivadas do Acordo de Paris.
Análises recentes feitas pela ONG ativista Climate Action Tracker, indicam que a maioria das novas propostas ficam abaixo do necessário para limitar do que os radicais ambientalistas quereriam em função do estabelecido no Acordo de Paris.
A posição da China será crucial pois é a grande poluidora planetária e já patenteou explicitamente que não deixará de violar todos as regras ambientalistas, embora seja aplaudida por ecologistas e socialistas como a esperança para “salvar o planeta”.
* o autor é escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs.
Publicado em https://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com/2025/04/cop30-maioria-dos-paises-nao-apresentam.html
,