Richard Jakubaszko
A grande mídia revelou esta semana a decisão de boicote do grupo francês Carrefour que anunciou na França que irá parar de comprar carne do Mercosul, inclusive do Brasil, por conta de supostos “descumprimentos sanitários”, o que provocou um enorme repúdio das autoridades brasileiras, a começar pelo ministro da Agricultura Carlos Fávaro, ao mesmo tempo apoiando um contra-boicote da indústria brasileira de carnes vermelhas (inclusive de frangos), à filial brasileira da rede Carrefour. Vai ser interessante acompanhar essa treta. Acordo já está aprovado. Agora é só chororô.
Pela primeira vez o agro brasileiro se mostra com coragem para contestar as “frescuras ambientais” da França e da Comunidade Europeia, que discutem com enorme hipocrisia a aprovação e regulamentação do acordo Mercosul-Mercado Europeu, que está encrencado há cerca de 30 anos, sempre atrapalhado pelos interesses, de um lado, dos ambientalistas, e, de outro, pelas indústrias europeias e pelos produtores rurais franceses. Houve a aprovação em 2019, mas ainda falta a regulamentação. O acordo vai ser regulamentado e deve sair ainda este ano, mas sem os aplausos daqueles que sempre foram contra.
A ação do Carrefour, em verdade, é uma ação política de apoio ao governo francês, e, ao mesmo tempo, uma jogada de marketing para com seus clientes na Europa e fornecedores do agro francês. No início dos anos 2000 o Carrefour prometeu em campanhas publicitárias a “rastreabilidade” de todos os produtos vendidos pela rede. Houve um sucesso enorme entre os clientes, mas o Carrefour foi obrigado a terceirizar os processos de rastreio, devido à dimensão que a promessa mercadológica alcançou, e que eles nunca conseguiriam cumprir sozinhos. Outras redes de supermercados europeias abraçaram a ideia e foram juntas na ação de marketing, conforme revelo em meu livro “CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?” Veja aqui: https://richardjakubaszko.blogspot.com/2022/05/saiu-3-edicao-do-livro-co2-aquecimento.html
No livro, demonstro como seriam as ações “diplomáticas” e “políticas” da Europa contra o agronegócio brasileiro, na verdade o foco principal do interesse no acordo: protecionismo puro, através de normas alfandegárias que inviabilizem um concorrente como o Brasil na produção de alimentos.
Em agosto de 2019 publiquei aqui no blog, uma carta aberta ao presidente da França, Emmanuel Macron, sobre as tretas francesas e europeias a respeito das queimadas na Amazônia. Pedi a ele para que intercedesse no Parlamento Europeu para exigir a proibição de importação de madeira ilegal do Brasil, pois isso resolveria 90% dos problemas de abate de árvores, e, consequentemente, das queimadas. Leia aqui: https://richardjakubaszko.blogspot.com/2019/08/carta-aberta-ao-presidente-da-franca-sr.html
No contra-boicote brasileiro, em minha opinião, outras áreas do agronegócio precisam aderir, sejam produtores de frutas, hortaliças e legumes, além de laticínios, pois a indústria de alimentos brasileira não irá tomar nenhuma iniciativa. Vejam que a Danone e o Grupo Tereos (Açúcar Guarani), investimentos franceses no Brasil, já aderiram ao boicote do Carrefour.
Como pano de fundo temos a questão ambiental, o aquecimento e as mudanças climáticas, a maior mentira do Século XXI, e atrás disso os europeus, especialmente os franceses, manipulam de forma dissimulada toda a questão. O Brasil (principalmente o agronegócio) necessita debater a fundo as intenções dos grupos de interesse do IPCC, em cujas mentiras os franceses agora se apoiam para tomar decisões.
Assim, tenhamos comprometimento, e sem medo de ser feliz.
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