Richard Jakubaszko
Desde a primeira edição da revista DBO Agrotecnologia, da qual sou editor, tenho batido na mesma tecla: a falta de união entre os produtores!
Na edição anterior da revista, e também aqui neste blog, escrevi que aquilo que precisa ter sustentabilidade é o agricultor. O artigo foi replicado por dezenas de sites do agronegócio, sites de cooperativas, associações, sindicatos e empresas. Recebi dezenas de cartas, e-mails e telefonemas parabenizando pelo artigo. Lamentavelmente não é esse o caminho.
Constato, dessa forma, que só informação e conscientização não é suficiente, precisa de ação. O que precisa acontecer, antes de tudo, e de forma urgente, é a união entre os produtores. Sem essa união vamos continuar patinando, ou seja, dois ou três anos bons e dois ou três anos ruins, depois dois anos normais, aí vem uma crise dos diabos, quebra um monte de gente, espera mais um pouco até a situação normalizar... e assim se vai levando.
O mundo tem pressa. Será que o agricultor não tem pressa? Por que os produtores rurais na gringolândia conseguem ter união? Por que os brasileiros, não conseguem? O que falta? É liderança? São novas idéias? É um problema cultural? Quando se conversa sobre o tema com agricultores há plena concordância sobre a desunião ser um problema, mas a frase seguinte é desanimadora: “isso aí sempre foi assim, não tem jeito”.
Com toda a certeza, através de novas lideranças em associações e cooperativas, poderíamos acelerar os processos, em especial o de agregar valor aos produtos da terra. O agronegócio brasileiro como um todo, em vias de se tornar dentro em breve o maior e melhor do planeta, porque inegavelmente já é o mais competitivo, ainda patina na lucratividade, na falta de segurança do produtor.
Salvam-se os que investem alto em tecnologia para obter produtividade acima da média, porém estes também quebram em anos de preços ruins.
O Brasil precisaria exportar alimentos com valor agregado, e isto significa dizer que os produtos agrícolas, commodities logicamente, precisam ser exportados não in natura, mas com pelo menos algum processamento industrial, que é o que agrega valor, seja para o produtor, seja para as cooperativas. Abordei o tema sob vários ângulos e diferentes óticas no livro “Marketing da Terra”, mas houve pouquíssima ressonância.
É claro que para agregar valor precisa-se de investimentos. Como não existe esse dinheiro todo sobrando, a única maneira seria os produtores terem união, exercerem união para alcançar seus objetivos comuns, que é o de ter segurança na atividade, e lucro, pois lucro não é pecado.
Com a união, e um pouco do dinheiro de cada um, arruma-se um dinheirão para fazer o que deve ser feito. Que sejam defenestradas as antigas lideranças do agronegócio, que haja sangue novo e profissionalizado para reinventar o agronegócio, essa é a proposta. Do contrário não vai se chegar a lugar algum, mesmo que eles assim o desejassem, pois não poderiam, o sistema parece estar engessado, viciado.
É tempo de mudar, é tempo de reinventar e de recriar. Já se fez tudo de errado que era possível no agronegócio nessas últimas décadas. Tivemos acertos e sucessos, é verdade também, mas sempre foram breves bons momentos sucedidos por novas crises, que reaparecem cada vez mais virulentas. Continua tudo errado no agronegócio brasileiro, esperando a próxima crise. Um bom exemplo disso é a próxima safra de verão, pode vir a dar tudo certo, com bons lucros, mas pode ter uma quebradeira generalizada se o dólar vier a se desvalorizar ainda mais, e tudo iria piorar se acompanhado por novas quedas nos preços das commodities nas bolsas de mercadorias. Os especuladores estão de olho, para que possam obter lucro próprio, e não para encher as burras dos produtores.
As indústrias de alimentos internacionais, aparentemente, já se abasteceram, compraram nos mercados a futuro, e os picos dos preços sumiram. Não chegaram no topo, nem devem descer muito mais do que já desceram, mas a instabilidade vai continuar, não se tenha dúvida disso.
Para se livrar desse jogo especulativo e nervoso, só com união os produtores rurais obterão a segurança para trabalhar, até porque todo dia nasce um monte de novos consumidores pelo planeta afora, e ainda há a inclusão social que torna adultos pobres e esfomeados em consumidores de alimentos.
Os agricultores só precisam acreditar que é possível organizar essa bagunça em que se tornou o mercado de alimentos no planeta. Os produtores brasileiros, hoje em dia, têm a faca e o queijo nas mãos, é só uma questão de querer levar adiante e de acreditar que podemos ser líderes no agronegócio como vendedores de alimentos, e não como fornecedores de commodities.
Se for vender alimento precisa de uma marca. Falando nisso, cadê a marca “Brasil”?
No artigo publicado na DBO Agrotecnologia, que é quase um libelo, conclamo leitores e assinantes a que manifestem sua opinião, que participem dessa verdadeira maratona, que dêem sugestões e idéias de como podemos atingir esses objetivos. Quem souber com exatidão os caminhos para se atingir esse objetivo poderá ser um dos líderes dos novos tempos que chegam para o agronegócio brasileiro.
Evidentemente que tenho algumas idéias de como se poderia conquistar essa união, através de associações nacionais verdadeiramente representativas dos agricultores, sem esbarrar nos regionalismos ou nas politicagens, fugindo ainda de interesses individualistas.
Algumas dessas idéias estão no livro “Marketing da Terra”, mas voltarei em breve a escrever sobre o tema, prometo.
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Desde a primeira edição da revista DBO Agrotecnologia, da qual sou editor, tenho batido na mesma tecla: a falta de união entre os produtores!
Na edição anterior da revista, e também aqui neste blog, escrevi que aquilo que precisa ter sustentabilidade é o agricultor. O artigo foi replicado por dezenas de sites do agronegócio, sites de cooperativas, associações, sindicatos e empresas. Recebi dezenas de cartas, e-mails e telefonemas parabenizando pelo artigo. Lamentavelmente não é esse o caminho.
Constato, dessa forma, que só informação e conscientização não é suficiente, precisa de ação. O que precisa acontecer, antes de tudo, e de forma urgente, é a união entre os produtores. Sem essa união vamos continuar patinando, ou seja, dois ou três anos bons e dois ou três anos ruins, depois dois anos normais, aí vem uma crise dos diabos, quebra um monte de gente, espera mais um pouco até a situação normalizar... e assim se vai levando.
O mundo tem pressa. Será que o agricultor não tem pressa? Por que os produtores rurais na gringolândia conseguem ter união? Por que os brasileiros, não conseguem? O que falta? É liderança? São novas idéias? É um problema cultural? Quando se conversa sobre o tema com agricultores há plena concordância sobre a desunião ser um problema, mas a frase seguinte é desanimadora: “isso aí sempre foi assim, não tem jeito”.
Com toda a certeza, através de novas lideranças em associações e cooperativas, poderíamos acelerar os processos, em especial o de agregar valor aos produtos da terra. O agronegócio brasileiro como um todo, em vias de se tornar dentro em breve o maior e melhor do planeta, porque inegavelmente já é o mais competitivo, ainda patina na lucratividade, na falta de segurança do produtor.
Salvam-se os que investem alto em tecnologia para obter produtividade acima da média, porém estes também quebram em anos de preços ruins.
O Brasil precisaria exportar alimentos com valor agregado, e isto significa dizer que os produtos agrícolas, commodities logicamente, precisam ser exportados não in natura, mas com pelo menos algum processamento industrial, que é o que agrega valor, seja para o produtor, seja para as cooperativas. Abordei o tema sob vários ângulos e diferentes óticas no livro “Marketing da Terra”, mas houve pouquíssima ressonância.
É claro que para agregar valor precisa-se de investimentos. Como não existe esse dinheiro todo sobrando, a única maneira seria os produtores terem união, exercerem união para alcançar seus objetivos comuns, que é o de ter segurança na atividade, e lucro, pois lucro não é pecado.
Com a união, e um pouco do dinheiro de cada um, arruma-se um dinheirão para fazer o que deve ser feito. Que sejam defenestradas as antigas lideranças do agronegócio, que haja sangue novo e profissionalizado para reinventar o agronegócio, essa é a proposta. Do contrário não vai se chegar a lugar algum, mesmo que eles assim o desejassem, pois não poderiam, o sistema parece estar engessado, viciado.
É tempo de mudar, é tempo de reinventar e de recriar. Já se fez tudo de errado que era possível no agronegócio nessas últimas décadas. Tivemos acertos e sucessos, é verdade também, mas sempre foram breves bons momentos sucedidos por novas crises, que reaparecem cada vez mais virulentas. Continua tudo errado no agronegócio brasileiro, esperando a próxima crise. Um bom exemplo disso é a próxima safra de verão, pode vir a dar tudo certo, com bons lucros, mas pode ter uma quebradeira generalizada se o dólar vier a se desvalorizar ainda mais, e tudo iria piorar se acompanhado por novas quedas nos preços das commodities nas bolsas de mercadorias. Os especuladores estão de olho, para que possam obter lucro próprio, e não para encher as burras dos produtores.
As indústrias de alimentos internacionais, aparentemente, já se abasteceram, compraram nos mercados a futuro, e os picos dos preços sumiram. Não chegaram no topo, nem devem descer muito mais do que já desceram, mas a instabilidade vai continuar, não se tenha dúvida disso.
Para se livrar desse jogo especulativo e nervoso, só com união os produtores rurais obterão a segurança para trabalhar, até porque todo dia nasce um monte de novos consumidores pelo planeta afora, e ainda há a inclusão social que torna adultos pobres e esfomeados em consumidores de alimentos.
Os agricultores só precisam acreditar que é possível organizar essa bagunça em que se tornou o mercado de alimentos no planeta. Os produtores brasileiros, hoje em dia, têm a faca e o queijo nas mãos, é só uma questão de querer levar adiante e de acreditar que podemos ser líderes no agronegócio como vendedores de alimentos, e não como fornecedores de commodities.
Se for vender alimento precisa de uma marca. Falando nisso, cadê a marca “Brasil”?
No artigo publicado na DBO Agrotecnologia, que é quase um libelo, conclamo leitores e assinantes a que manifestem sua opinião, que participem dessa verdadeira maratona, que dêem sugestões e idéias de como podemos atingir esses objetivos. Quem souber com exatidão os caminhos para se atingir esse objetivo poderá ser um dos líderes dos novos tempos que chegam para o agronegócio brasileiro.
Evidentemente que tenho algumas idéias de como se poderia conquistar essa união, através de associações nacionais verdadeiramente representativas dos agricultores, sem esbarrar nos regionalismos ou nas politicagens, fugindo ainda de interesses individualistas.
Algumas dessas idéias estão no livro “Marketing da Terra”, mas voltarei em breve a escrever sobre o tema, prometo.
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