Desde a primeira edição da revista DBO Agrotecnologia, da qual sou editor, tenho batido na mesma tecla: a falta de união entre os produtores!
Na edição anterior da revista, e também aqui neste blog, escrevi que aquilo que precisa ter sustentabilidade é o agricultor. O artigo foi replicado por dezenas de sites do agronegócio, sites de cooperativas, associações, sindicatos e empresas. Recebi dezenas de cartas, e-mails e telefonemas parabenizando pelo artigo. Lamentavelmente não é esse o caminho.
Constato, dessa forma, que só informação e conscientização não é suficiente, precisa de ação. O que precisa acontecer, antes de tudo, e de forma urgente, é a união entre os produtores. Sem essa união vamos continuar patinando, ou seja, dois ou três anos bons e dois ou três anos ruins, depois dois anos normais, aí vem uma crise dos diabos, quebra um monte de gente, espera mais um pouco até a situação normalizar... e assim se vai levando.
O mundo tem pressa. Será que o agricultor não tem pressa? Por que os produtores rurais na gringolândia conseguem ter união? Por que os brasileiros, não conseguem? O que falta? É liderança? São novas idéias? É um problema cultural? Quando se conversa sobre o tema com agricultores há plena concordância sobre a desunião ser um problema, mas a frase seguinte é desanimadora: “isso aí sempre foi assim, não tem jeito”.
Com toda a certeza, através de novas lideranças em associações e cooperativas, poderíamos acelerar os processos, em especial o de agregar valor aos produtos da terra. O agronegócio brasileiro como um todo, em vias de se tornar dentro em breve o maior e melhor do planeta, porque inegavelmente já é o mais competitivo, ainda patina na lucratividade, na falta de segurança do produtor.
Salvam-se os que investem alto em tecnologia para obter produtividade acima da média, porém estes também quebram em anos de preços ruins.
O Brasil precisaria exportar alimentos com valor agregado, e isto significa dizer que os produtos agrícolas, commodities logicamente, precisam ser exportados não in natura, mas com pelo menos algum processamento industrial, que é o que agrega valor, seja para o produtor, seja para as cooperativas. Abordei o tema sob vários ângulos e diferentes óticas no livro “Marketing da Terra”, mas houve pouquíssima ressonância.
É claro que para agregar valor precisa-se de investimentos. Como não existe esse dinheiro todo sobrando, a única maneira seria os produtores terem união, exercerem união para alcançar seus objetivos comuns, que é o de ter segurança na atividade, e lucro, pois lucro não é pecado.
Com a união, e um pouco do dinheiro de cada um, arruma-se um dinheirão para fazer o que deve ser feito. Que sejam defenestradas as antigas lideranças do agronegócio, que haja sangue novo e profissionalizado para reinventar o agronegócio, essa é a proposta. Do contrário não vai se chegar a lugar algum, mesmo que eles assim o desejassem, pois não poderiam, o sistema parece estar engessado, viciado.
É tempo de mudar, é tempo de reinventar e de recriar. Já se fez tudo de errado que era possível no agronegócio nessas últimas décadas. Tivemos acertos e sucessos, é verdade também, mas sempre foram breves bons momentos sucedidos por novas crises, que reaparecem cada vez mais virulentas. Continua tudo errado no agronegócio brasileiro, esperando a próxima crise. Um bom exemplo disso é a próxima safra de verão, pode vir a dar tudo certo, com bons lucros, mas pode ter uma quebradeira generalizada se o dólar vier a se desvalorizar ainda mais, e tudo iria piorar se acompanhado por novas quedas nos preços das commodities nas bolsas de mercadorias. Os especuladores estão de olho, para que possam obter lucro próprio, e não para encher as burras dos produtores.
As indústrias de alimentos internacionais, aparentemente, já se abasteceram, compraram nos mercados a futuro, e os picos dos preços sumiram. Não chegaram no topo, nem devem descer muito mais do que já desceram, mas a instabilidade vai continuar, não se tenha dúvida disso.
Para se livrar desse jogo especulativo e nervoso, só com união os produtores rurais obterão a segurança para trabalhar, até porque todo dia nasce um monte de novos consumidores pelo planeta afora, e ainda há a inclusão social que torna adultos pobres e esfomeados em consumidores de alimentos.
Os agricultores só precisam acreditar que é possível organizar essa bagunça em que se tornou o mercado de alimentos no planeta. Os produtores brasileiros, hoje em dia, têm a faca e o queijo nas mãos, é só uma questão de querer levar adiante e de acreditar que podemos ser líderes no agronegócio como vendedores de alimentos, e não como fornecedores de commodities.
Se for vender alimento precisa de uma marca. Falando nisso, cadê a marca “Brasil”?
No artigo publicado na DBO Agrotecnologia, que é quase um libelo, conclamo leitores e assinantes a que manifestem sua opinião, que participem dessa verdadeira maratona, que dêem sugestões e idéias de como podemos atingir esses objetivos. Quem souber com exatidão os caminhos para se atingir esse objetivo poderá ser um dos líderes dos novos tempos que chegam para o agronegócio brasileiro.
Evidentemente que tenho algumas idéias de como se poderia conquistar essa união, através de associações nacionais verdadeiramente representativas dos agricultores, sem esbarrar nos regionalismos ou nas politicagens, fugindo ainda de interesses individualistas.
Algumas dessas idéias estão no livro “Marketing da Terra”, mas voltarei em breve a escrever sobre o tema, prometo.
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estou enviando este relato do qual sentimos isto aqui em Goias.
ResponderExcluirSe os agricultores junto com os Prefeitos ditariam as Regras do Brasil, pois quem manda no Brasil é PREFEITO, VEREADORES E AGRICULTORES.
O que seria os Grandes se nao tivessem estes para relatar a Economia do Brasil
grato
Paulo Vulgo Prof. Pardal. de Goiania do Biodiesel
Sobre o Relato que as Abelhas nos Estados Unidos Foram quase dizimadas, Foi que uma bacteria como a AIDES, provocaram estes problemas.
Me mande seu Email para que posso Mandar um Video Sobre as Frutas.
grato Paulo
Recebi e-mail do produtor rural Helder Devos Ferreira, de Sacramento-MG:
ResponderExcluirCaro amigo, tive a felicidade de ler sua matéria sobre a desunião da classe de produtor rural, sou
obrigado a concordar com vc em gênero, número e grau, mas também, tem outro jeito? Para conseguirmos
melhoras e só parar de plantar um ano, aí vc vai ver como vamos ser tratados. Tenho certeza de que não vamos parar, nem por bem, e sim
pelo mal, pois vamos quebrar, não temos entidade que nos defenda, você está coberto de razão. Todo homem tem seu preço, uns custam mais outros custam menos, esta é uma das grandes causas de todas estas crises.
Recebi e-mail do engenheiro agrônomo José Nei, de Pelotas-RS:
ResponderExcluirPrezado Sr. Jakubaszko,
Estou lendo os seus textos do blog. Bem interessantes e se aproximam da nossa visão, com as diferenças próprias das linguagens inerentes às nossas formações.
Tenho proposto nos meus textos "Descascar arroz não é indústria" (Colocar o leite no saquinho, abater o boi, etc) como uma fase da produção e no texto "O arroz, ainda na era do engenho" a necessidade dos engenhos, frigoríficos de aprimorarem os produtos adentrando na indústria de alimentos, aos moldes da Perdigão, Sadia, etc. Imagina o sr. quanto não vale um kg de frango dentro de uma pizza no supermercado.
Vejo que as universidades não estão ensinando o que estamos propondo, por isso o nosso brado de união (inclusive ao Luiz Fernando Soares Zuin, Polan Lacki e as suas propostas).
Me pareceu que ao fazer as observações em meu blog, o sr. não entendeu dessa forma. Assim, peço a gentileza de analisar os textos referidos em meu blog e assim entender encetarmos uma campanha para convencimento das lideranças do setor agropecuário, organismos governamentais (CONAB, MAPA) para avançarmos com esse tema Brasil afora.
Com o Polan Lacki, já estabelecemos este propósito.
Atenciosamente.
José Nei
Pelotas-RS
José Nei,
ResponderExcluirconforme vc colocou, estamos na mesma luta, apenas com a diferença de lingüística: agregar valor aos produtos da terra. Tenho batido nisso na revista DBO Agrotecnologia, em palestras e em meu livro Marketing da Terra. Naquilo que vc e seus companheiros precisarem podem contar comigo.
Richard
ResponderExcluirSuas visões sobre o agronegócio brasileiro são perfeitas! É isso mesmo, se existisse alguma entidade ou liderança que atuasse sem politicagem e pensando no interesse comum dos produtores já teriamos uma politica agricola para este pais e uma organizção de produtores em melhores condições de enfrentar as incertezas do mercado global.
Parabén! Vamos continuar nesta luta.
Que tal imitar a militancia dos sem terra e criarmos o MSPB - Movimento Social dos Produtores Brasileiros, o nosso grande diferencial seria que nós continuariamos trabalhando!
Saudações
Nelson
Nelson,
ResponderExcluirnão sei se o MSPB funcionaria, mas que precisa de alguma união, isso precisa, e urgente! O comportamento dos agricultores é bovino, passivo e omisso. Dá para concordar que há certa razão dos produtores serem assim, devido ao descrédito nos políticos e alguns dos atuais líderes que aí estão, mas para isso existe a democracia, seja no país, nas cooperativas e nas associações: que seja eleito gente comprometida com fazer mudanças e não em continuar do jeito que está. Se vc quer mudanças candidate-se! OU ache alguém comprometido com mudanças e dê seu apoio! Veja no artigo acima deste, fiz propostas, de soluções, muitos acham boas, mas preferem me mandar e-mails mostrando suas revoltas. Ação que é bom, nada! O que eu posso fazer? Sou apenas jornalista, e a opinião dada neste e em outros artigos foi dada como cidadão brasileiro.
Richard
ResponderExcluirVocê como jornalista já esta fazendo alguma coisa em dar sua opinião atraves de seus artigos, continue articulando. De minha parte vou tentar sensibilisar as entidades de classe, das quais participo, para que liderem alguma ação. Começarei pela associação dos produtores do meu municipio, depois Sindicato Rural. Vou precisar ter alguém que saiba escrever, neste caso apelarei para seus artigos e sua capacidade de redigir idéias.
Saudações
Nelson
Nelson,
ResponderExcluirestou à disposição para o que precisarem. Também está disponível a revista DBO Agrotecnologia (entre no site, a revista tem assinatura gratuita para agricultores e técnicos = www.dboagrotecnologia.com.br = e escreva também para a revista. Informe as ações de vocês que a gente publica. Mas lembre-se: releia o artigo com as propostas de criar uma associação nacional, e para uma única cultura, agrupar geral não vale, dá em nada, e as cooperativas devem ser as representantes dos produtores, caso contrário também dá em nada. Boa sorte!
Parabéns pelo blog, abraços!
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