segunda-feira, 23 de novembro de 2009
A comunicação e o progresso do campo
Por Léo Togashi *
Entre a última inovação tecnológica e sua implementação pelo homem do campo existe um grande abismo que apenas a boa comunicação pode eliminar.
Com toda a força do agronegócio pesando na balança comercial, é inegável destacar a importância do setor na produção de mais e melhores alimentos para uma população urbana sempre crescente. Também, reconhecidamente instável é o histórico do setor, com altos e baixos que provocam desespero nos agricultores no curto prazo.
Entretanto, olhando para dez ou vinte anos atrás, é inegável a geração de riquezas que o agronegócio proporciona aos que competentemente desempenham o seu papel de produtor ou criador no campo, além da distribuição de renda entre a população dos diversos pólos regionais.
Se olharmos então para dez, vinte anos à frente, o que veremos? Excetuando os profetas do Apocalipse, o futuro do agronegócio brasileiro é brilhante.
Não é preciso citar a proporção de área agricultável, a disponibilidade de água, o clima, solo, para projetarmos um potencial de riqueza igual ou maior do que o período anterior. Mesmo com os percalços da administração pública, o homem do campo proclamará sua independência, profissionalizará sua atividade, tornando-se um gestor de recursos naturais, agregando valor ao seu negócio pelo uso intenso de tecnologia na propriedade rural.
Analisando as tecnologias atuais, na genética, química e digital, temos um vislumbre do que é possível fazer nos próximos anos para que o campo assuma de vez o título de grande esteio da economia brasileira. Todo o melhoramento genético, a sexagem de embriões, as novas cultivares, os transgênicos, que vieram para ficar; novas moléculas de agroquímicos com novos modos de ação; a nanotecnologia, a consagração do celular como vértice da convergência digital e o crescimento acelerado do acesso à internet no campo, via banda larga; são indícios de que o campo se moderniza, mais rápido do que pensamos.
Como diz meu amigo Richard Jakubaszko, o homem do campo “é conservador por necessidade. Mas é um inovador por convicção”.
Há algum tempo, peguei esta declaração de um colega publicitário: “O futuro do agronegócio não está mais no setor produtivo. Ele está na troca e venda do conhecimento”.
É uma visão de como o agronegócio vai mudar radicalmente nos próximos anos, e uma chave para entender como atuar para capturar valor no setor. Se pensarmos em tudo o que é novidade para melhorar os resultados obtidos pelo produtor rural, na verdade isto se resume a “conhecimento”, então esse ‘tudo’ se resume na transmissão do conhecimento para fazer ‘isto’ ou ‘aquilo’.
No fundo, no fundo, é o espírito da extensão rural, da vocação principal da Embrapa para a pesquisa, até mesmo das grandes multinacionais que produzem inovação. É preciso fazê-las chegar às mãos de quem produz. O homem do campo é o destinatário final, aquele que coloca em prática este conhecimento e obtém o seu justo ‘lucro’ suado no final da safra ou quando vende os animais para o abate.
Aí percebemos o quão estratégica é a comunicação rural. Sem ela, todo o conhecimento gerado pelos grandes cientistas e pesquisadores ficaria represado, sem uso, engavetado. Sem a comunicação adequada todos ficamos sem informação, todas as novas tecnologias e inovações não seriam plenamente entendidas e, por consequência, não atingiriam todo o potencial para trazer os benefícios apregoados pelos seus criadores.
Mesmo hoje em dia isso acontece, pois o homem do campo trabalha com tecnologias complexas, com especificidades enormes que, se não forem corretamente aplicadas (doses, épocas, intensidade do problema), não produzem os resultados esperados. Equipamentos desregulados ou gastos, exigência de treinamento para mão-de-obra especializada, condições meteorológicas nem sempre ideais, administração inadequada da propriedade rural; são apenas alguns fatores que, isoladamente, derrubam o rendimento do homem do campo, jogando o grande potencial produtivo do campo no ralo. Mas, aí achamos que apenas tendo informações, estamos bem.
O mundo hoje vomita informação por todos os meios (mídias), e vivemos soterrados e aflitos pelo excesso dela (ninguém mais lê o jornal inteiro, muitos assinam revistas, mas não conseguem ler todas as matérias que gostariam, por absoluta falta de tempo). Meteorologia, cotações de moedas e de commodities, tendências de mercado e tudo o que se passa com os principais players mundiais, são facilmente localizadas na grande rede mundial da internet. Artigos técnicos, trabalhos de pesquisas e orientações gerais sobre qualquer criação, cultivo ou produto, surgem às pencas nos serviços de busca digital, dificultando identificar o que é relevante ou não para as necessidades do homem do campo.
Uma coisa é informação. Não serve para nada se você não souber o que fazer com ela. Outra coisa é conhecimento, que significa usar a informação para algum fim, de preferência para beneficiar a si e a outros. Já se foi o tempo em que ter informação era sinônimo de poder. Hoje, o mundo é diferente. No agrobusiness, é incrível a quantidade de revistas e periódicos focados no homem do campo. Muitas delas de cunho técnico, e que eu mesmo já vi serem carinhosamente guardadas para uma consulta posterior. Não há falta de informação. Falta fazer algo com ela. Precisamos de “gurus” que ensinem o homem do campo sobre o que fazer com tanta informação. Separar o “joio do trigo” é fundamental para tirar pleno proveito da tecnologia, adequando o conhecimento para cada realidade deste país continental.
* Publicitário, consultor de comunicação e marketing, trabalhou em diversas empresas de agroquímicos como Ciba-Geigy, Novartis, Syngenta e Basf, e atualmente é consultor da F3 Propaganda: www.f3agencia.com.br
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Entre a última inovação tecnológica e sua implementação pelo homem do campo existe um grande abismo que apenas a boa comunicação pode eliminar.
Com toda a força do agronegócio pesando na balança comercial, é inegável destacar a importância do setor na produção de mais e melhores alimentos para uma população urbana sempre crescente. Também, reconhecidamente instável é o histórico do setor, com altos e baixos que provocam desespero nos agricultores no curto prazo.
Entretanto, olhando para dez ou vinte anos atrás, é inegável a geração de riquezas que o agronegócio proporciona aos que competentemente desempenham o seu papel de produtor ou criador no campo, além da distribuição de renda entre a população dos diversos pólos regionais.
Se olharmos então para dez, vinte anos à frente, o que veremos? Excetuando os profetas do Apocalipse, o futuro do agronegócio brasileiro é brilhante.
Não é preciso citar a proporção de área agricultável, a disponibilidade de água, o clima, solo, para projetarmos um potencial de riqueza igual ou maior do que o período anterior. Mesmo com os percalços da administração pública, o homem do campo proclamará sua independência, profissionalizará sua atividade, tornando-se um gestor de recursos naturais, agregando valor ao seu negócio pelo uso intenso de tecnologia na propriedade rural.
Analisando as tecnologias atuais, na genética, química e digital, temos um vislumbre do que é possível fazer nos próximos anos para que o campo assuma de vez o título de grande esteio da economia brasileira. Todo o melhoramento genético, a sexagem de embriões, as novas cultivares, os transgênicos, que vieram para ficar; novas moléculas de agroquímicos com novos modos de ação; a nanotecnologia, a consagração do celular como vértice da convergência digital e o crescimento acelerado do acesso à internet no campo, via banda larga; são indícios de que o campo se moderniza, mais rápido do que pensamos.
Como diz meu amigo Richard Jakubaszko, o homem do campo “é conservador por necessidade. Mas é um inovador por convicção”.
Há algum tempo, peguei esta declaração de um colega publicitário: “O futuro do agronegócio não está mais no setor produtivo. Ele está na troca e venda do conhecimento”.
É uma visão de como o agronegócio vai mudar radicalmente nos próximos anos, e uma chave para entender como atuar para capturar valor no setor. Se pensarmos em tudo o que é novidade para melhorar os resultados obtidos pelo produtor rural, na verdade isto se resume a “conhecimento”, então esse ‘tudo’ se resume na transmissão do conhecimento para fazer ‘isto’ ou ‘aquilo’.
No fundo, no fundo, é o espírito da extensão rural, da vocação principal da Embrapa para a pesquisa, até mesmo das grandes multinacionais que produzem inovação. É preciso fazê-las chegar às mãos de quem produz. O homem do campo é o destinatário final, aquele que coloca em prática este conhecimento e obtém o seu justo ‘lucro’ suado no final da safra ou quando vende os animais para o abate.
Aí percebemos o quão estratégica é a comunicação rural. Sem ela, todo o conhecimento gerado pelos grandes cientistas e pesquisadores ficaria represado, sem uso, engavetado. Sem a comunicação adequada todos ficamos sem informação, todas as novas tecnologias e inovações não seriam plenamente entendidas e, por consequência, não atingiriam todo o potencial para trazer os benefícios apregoados pelos seus criadores.
Mesmo hoje em dia isso acontece, pois o homem do campo trabalha com tecnologias complexas, com especificidades enormes que, se não forem corretamente aplicadas (doses, épocas, intensidade do problema), não produzem os resultados esperados. Equipamentos desregulados ou gastos, exigência de treinamento para mão-de-obra especializada, condições meteorológicas nem sempre ideais, administração inadequada da propriedade rural; são apenas alguns fatores que, isoladamente, derrubam o rendimento do homem do campo, jogando o grande potencial produtivo do campo no ralo. Mas, aí achamos que apenas tendo informações, estamos bem.
O mundo hoje vomita informação por todos os meios (mídias), e vivemos soterrados e aflitos pelo excesso dela (ninguém mais lê o jornal inteiro, muitos assinam revistas, mas não conseguem ler todas as matérias que gostariam, por absoluta falta de tempo). Meteorologia, cotações de moedas e de commodities, tendências de mercado e tudo o que se passa com os principais players mundiais, são facilmente localizadas na grande rede mundial da internet. Artigos técnicos, trabalhos de pesquisas e orientações gerais sobre qualquer criação, cultivo ou produto, surgem às pencas nos serviços de busca digital, dificultando identificar o que é relevante ou não para as necessidades do homem do campo.
Uma coisa é informação. Não serve para nada se você não souber o que fazer com ela. Outra coisa é conhecimento, que significa usar a informação para algum fim, de preferência para beneficiar a si e a outros. Já se foi o tempo em que ter informação era sinônimo de poder. Hoje, o mundo é diferente. No agrobusiness, é incrível a quantidade de revistas e periódicos focados no homem do campo. Muitas delas de cunho técnico, e que eu mesmo já vi serem carinhosamente guardadas para uma consulta posterior. Não há falta de informação. Falta fazer algo com ela. Precisamos de “gurus” que ensinem o homem do campo sobre o que fazer com tanta informação. Separar o “joio do trigo” é fundamental para tirar pleno proveito da tecnologia, adequando o conhecimento para cada realidade deste país continental.
* Publicitário, consultor de comunicação e marketing, trabalhou em diversas empresas de agroquímicos como Ciba-Geigy, Novartis, Syngenta e Basf, e atualmente é consultor da F3 Propaganda: www.f3agencia.com.br
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3 comentários:
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Léo,
ResponderExcluirVocê tem toda razão. Informação hoje é abundante, porém precisa ser processada de modo a gerar conhecimento e auxiliar o agricultor na tomada de decisão. Só assim, agregará valor e ajudará a construir a ponte entre o conservadorismo e a inovação.
Abraços,
Andrew Pieries
Léo,
ResponderExcluirVocê tem toda razão. Informação hoje é abundante, porém precisa ser processada de modo a gerar conhecimento e auxiliar o agricultor na tomada de decisão. Só assim, agregará valor e ajudará a construir a ponte entre o conservadorismo e a inovação.
Abraços,
Andrew Pieries
qual é o valor do conhecimento??? foi assim que o Estadão chamou atenção para essa coisa de muita informação a disposição. a diferença é que sai ganhando quem processa tudo isso, separa o joio do trigo e canaliza para crescer.
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