terça-feira, 3 de julho de 2012

País poderá passar por apagão de combustíveis.


Richard Jakubaszko
As perspectivas não são exatamente boas para o abastecimento de combustíveis. Falta de senso político do Governo Federal, de um lado, e de outro a ausência de transparência por parte dos empresários do setor sucroenegético, há uma autêntica queda de braços entre governo e empresários, hoje recheado de multinacionais, e tudo leva a crer que vai sobrar tempestades para os mariscos, ou seja, a patuleia.

País poderá passar por apagão de combustíveis.
Setor sucroenergético sofre com falta de investimentos e pouca transparência com relação às posições do governo.

Com novos planos, a estatal brasileira do petróleo refez suas metas e anuncia que deverá produzir menos petróleo, tendo que substituí-lo pela importação de mais gasolina e do etanol americano ou pelo etanol de cana.

“Na semana passada, a presidente do Brasil autorizou o reajuste do preço da gasolina na refinaria, compensando com a redução do imposto. Ou seja, sem mudar o preço final para o consumidor. Assim, as usinas continuam na mesma situação, já que nenhum reajuste lhes foi repassado”, comenta o gestor de risco Arnaldo Corrêa, também diretor da Archer Consulting – empresa com foco em commodities agrícolas.

O Brasil continua tendo um acréscimo anual na demanda por combustível, em razão do aumento nas vendas de veículos. “Mas também mantém a incapacidade operacional de aumentar a produção de petróleo – já que a própria estatal revê suas metas”, completa Corrêa.

Em evento, em Londres, investidores se reuniram com representantes do governo brasileiro e com iniciativa privada para discutirem sobre as perspectivas de investimentos para o setor sucroalcooleiro. Havia representantes da comunidade financeira e investidores europeus. Segundo a percepção de muitos sobre os resultados do encontro é de que não existe falta de dinheiro para investir, nem preocupação com a volatilidade do mercado (considerada normal pelos investidores), mas a preocupação está na falta de clareza sobre a rentabilidade do etanol e da bioeletricidade. “Ou seja, a perspectiva de crescimento e investimento é zero se o escuro prevalecer”, acredita Arnaldo.

De acordo com ele, a falta de transparência do governo sobre a formação de preço do etanol afugenta investidores, que sabem fazer conta e percebem que em breve haverá um “apagão de combustíveis” no Brasil.

Acontece que o Governo Federal não percebe que investimentos necessários ao setor sucroalcooleiro para atender à demanda do mercado por etanol só ocorrerão quando os investidores souberem claramente quais as regras do jogo.

“A presidente Dilma Rousseff acha uma afronta que isso aconteça dessa maneira e se incomoda se algum investidor ‘ficou rico’. Isso denota arrogância e falta de entendimento sobre como funciona o livre mercado. Acha que rasgar dinheiro está na ordem do dia para os empresários. Talvez por obrigar a estatal do petróleo a fazer o mesmo ao longo desse ano. A presidente não tem boa vontade para com o setor. Tem todo o direito de não gostar do setor, como cidadã. Não pode e nem deve agir dessa forma como suprema mandatária. Deveria tratar o cargo que ocupa com a liturgia que ele merece e o setor para o qual torce o nariz com o respeito de quem provê milhões de empregos diretos e indiretos”, arremata Arnaldo
.

4 comentários:

  1. Uma empresa capitalizada pede a um corretor que compre terra ou arrende para cana. Ao fim de algum tempo ele retorna frustrado, explicando: “o pessoal não vende sua terra nem se interessa em arrenda-la. Alguns municípios proíbem a substituição de cereais por cana. Grandes áreas contínuas para cana só com novas aberturas, mas isso se tornou igualmente proibido.” Projeções de dobrar a área de cana, são uma brincadeira. Então, o melhor mesmo é importar álcool ou gasolina. Fernando Penteado Cardoso

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  2. O amigo que chamou de piada a projeção de dobrar a área de cana não tem noção do que está dizendo. Terra é o que não falta neste país, não apenas para cana mas para expandir diversas atividades agrícolas. O que falta é seriedade do governo, que se preocupa apenas com ações demagógicas e medidas de curto prazo (tipo achatar o preço da gasolina para produzir índices artificialmente baixos de inflação, às custas do caixa da Petrobras, que também é incapaz de defender sua integridade e se permite ser pilotada por Brasilia). Expandir a indústria da cana é moleza e não falta quem queira fazer isso -há dinheiro, demanda e know-how. Mas como disse o texto, tiro no escuro, sem perspectiva de retorno só porque o governo é ideológico e cabeça-dura, isso ninguém vai topar. Quando faltar combustível, que não saiam culpando "os usineiros" porque desta vez, o problema não é com eles.

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    1. A quem devo a honra de ser classificado de "não ter noção do que disse"?
      Fernando Penteado Cardoso

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  3. Odo Primavesi, São Carlos3 de julho de 2012 às 21:29

    Richard!
    É por isso que os europeus não desejam importar álcool do Brasil. Decidiram investir em carros elétricos (para pequenas dstâncias) e híbridos a óleo diesel ou biodiesel para longas distâncias.
    []s
    Odo

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