Richard Jakubaszko
Filosofias à parte, coloquemos as barbas de molho. Há coisas boas e ruins no horizonte, mesmo considerando que o El Niño vai se enfraquecendo, conforme destacamos nesta edição da Agro DBO. Das coisas boas damos notícias, como a matéria de capa “Comida na boca”, do jornalista José Maria Tomazela, que destaca a fertilização fluída, tecnologia de pleno uso dos americanos, mas que ainda não adotamos por aqui. E ainda dos cuidados dogmáticos com a preservação do solo, ou a diversificação de atividades, feitos por alguns produtores rurais, como exemplo disso o cafeicultor mineiro que o jornalista Rogério Furtado foi auscultar, registrado tim-tim por tim-tim na matéria “Consórcio duradouro”.
Das notícias de coisas boas e ruins é interessante a leitura da entrevista do mês com o físico Silvio Crestana, ex-presidente da Embrapa, pois nas entrelinhas ele nos mostra um futuro risonho, que ainda não está bem claro, devido aos erros que cometemos no presente ao enfrentar questões de sustentabilidade do agro ao mesmo tempo em que se tenta tirar proveito das tecnologias disponíveis, de um lado dispendiosas, e de outro lado incertas, pois podem trazer novos problemas não previstos pela nossa ignorância humana.
A verdade é que o país vive um vendaval político e econômico. No campo político, os atores flertam com interesses antidemocráticos, alavancados por um inédito processo de judicialização das atividades humanas no país e que em tudo se intromete, extrapolando suas funções precípuas, o que acaba deteriorando as questões políticas e econômicas, trazendo incertezas e muita insegurança, e coloca em xeque a imprescindível muleta a que chamamos de esperança, de que as coisas no futuro vão melhorar.
Pelo lado da natureza, como vemos nas páginas da Agro DBO, esta segue seu rumo, no tempo e nas evoluções climáticas, como se provocasse de forma premeditada a tal da sustentabilidade do produtor rural, e ao mesmo tempo afirmasse: “tome cuidado comigo”.
Já no campo econômico, em que estamos mais uma vez em um novo tempo e ciclo de crise, há brisas e ventanias soprando, quem sabe prenunciando vendavais, derrubando as folhas secas e velhas das árvores, ou, por analogia, como se estivesse depurando o mercado da presença de empresários ineficientes ou descuidados, urbanos ou rurais, daí a citação que fazemos no início deste texto, de colocar as barbas de molho, pois crise política aliada à crise econômica pode tornar-se uma conjunção de um tempero quente e apimentado quando provoca inúmeras consequências indesejáveis, até mesmo piorar o que já está ruim.
No vídeo abaixo, José Augusto Bezerra, editor da Agro DBO, e mais conhecido por Tostão, destrincha as principais reportagens e artigos da edição:
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