Luiz Carlos Baldicero Molion *
Em primeiro lugar, não pode confundir “mudanças climáticas” com conservação ambiental. São temas muito distintos! A conservação ambiental é necessária para que a espécie humana continue a sobreviver neste planeta. Independentemente de o clima se aquecer ou se resfriar. Mudanças climáticas têm ocorrido naturalmente ao longo dos milhões de anos e as globais se processam independentemente das ações humanas. Considere-se o caso dos gases emitidos pelas atividades agropecuárias, notadamente Dióxido de Carbono (CO2), Metano (CH4) e Óxido Nitroso (N2O), na intensificação do erroneamente chamado “efeito-estufa” e consequente aquecimento global, os GEE.
O efeito-estufa é definido como sendo o processo físico pelo qual gases constituintes minoritários da atmosfera (GEE) absorvem a radiação infravermelha térmica (IV) emitida pela superfície terrestre que irradia por ser aquecida pelo Sol. A radiação IV absorvida pelos GEE seria reemitida em direção à superfície e a manteria aquecida. Embora não haja comprovação, propala-se, então, que o aumento da concentração do GEE reduziria a perda da radiação IV emitida pela superfície para o espaço exterior, aumentando a temperatura do planeta. Daí a necessidade de se reduzirem as emissões dos GEE.
A atmosfera terrestre é constituída de Nitrogênio (N2 = 78%), Oxigênio (O2 =21%) e Argônio (Ar=0,9%), que não absorvem IV, enquanto os GEE estão presentes em minúsculas concentrações medidas em partes por milhão por volume (1 ppmv = 0,0001%), como a do CO2 igual a 390 ppmv (0,039%), a do CH4 igual a 1,7 ppmv e a do N2O igual a 0,33 ppmv.
Teoricamente, o GEE mais importante é o vapor d’água (H2O = umidade atmosférica) que é produzido principalmente pela evaporação dos oceanos e tem concentração variável com o tempo e espaço, chegando a 4% por volume (40.000 ppmv) em regiões oceânicas tropicais. Mas, o vapor d’água não é considerado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) porque se torna difícil convencer as pessoas que o H2O seria produzido pelas atividades humanas e que estaria aquecendo o planeta. Os GEE restantes, ao contrário, têm algum tipo de ligação com as atividades humanas e podem ser culpados por essa façanha.
Demonstra-se, a seguir, que, à exceção do H2O, os GEE não têm papel significativo no efeito-estufa e que, portanto, o aumento de suas emissões e concentrações não interfere no clima global, não havendo urgência ou necessidade de reduzir suas emissões.
Um gás, cujas moléculas tenham mais de 3 átomos (poliatômico) que é o caso dos GEE, absorve radiação IV por meio de vibração e rotação de suas moléculas. Ao absorver um quantum de IV, a molécula se excita, roda ou seus átomos vibram em torno do centro de massa, e ela passa para um estado energético mais elevado. Porém, vibração e rotação são resultantes da transformação da energia radiante (IV) absorvida em energia mecânica de vibração/rotação.
A Física Quântica comprova que o decaimento da molécula excitada para seu estado básico de energia se dá primeiramente por meio de choques inelásticos e não por emissão de IV, sendo o processo de perda por choques inelásticos 10 mil vezes mais eficientes que o decaimento radiativo. Em volta de cada molécula de CO2, que é o GEE que se apresenta em maior concentração, existem pelo menos 2.600 moléculas de outros gases, como N2, O2 e Ar. Ao vibrar e rodar, a molécula de CO2 se choca com essas outras moléculas e transfere para elas a energia de excitação, contribuindo para um aquecimento do ar que, entretanto, é minúsculo, imensurável e, portanto, desprezível, uma vez que sua concentração é ínfima.
Ora, se a molécula de CO2 perde sua energia por choques, ela não pode emitir energia que já não mais possui. Se o fizesse estaria contrariando a Lei da Conservação da Energia! O mesmo processo ocorre com o CH4 e N2O, cujas concentrações são inferiores à do CO2. Então, a afirmação de que “os GEE absorvem radiação IV e emitem em direção à superfície terrestre, aquecendo-a”, é deveras questionável e o papel dos GEE no efeito-estufa, como descrito pelo IPCC, é improvável. A radiação IV medida na superfície, proveniente da atmosfera, é emitida pela mistura gasosa denominada “ar”, pois o ar possui “massa”. Um metro cúbico de ar pesa 1,2 kg a 20°C. Quando o ar se aquece, ele emite radiação IV de acordo com a Lei de Stefan-Boltzmann, como o faz todo corpo com temperatura acima do zero absoluto. Não são os GEE que emitem IV e, sim, o ar e sua umidade, composto quase que totalmente (99,9%) de N2, O2, Ar e H2O.
Existe argumento de mais difícil compreensão que comprova que os GEE não interferem na temperatura atmosférica global. Os GEE não absorvem continuamente em todo espectro eletromagnético. Eles são seletivos, absorvendo apenas em algumas faixas ou bandas de absorção de IV. As do CO2 estão localizadas na região espectral de comprimentos de onda de 4,3 μm e 15 μm. As bandas de absorção do CH4 em 3,3 μm e 7,5 μm e, as do N2O, em 4,5 μm e 7,9 μm (1 μm = milionésima parte do metro). A superfície emite o máximo fluxo de radiação IV em 10 μm e emite muita pouca energia na região espectral dos comprimentos de onda em torno de 4 μm e após 20 μm. Portanto, embora os GEE sejam bons absorvedores nas bandas localizadas em torno de 4 μm, como a emissão da superfície é pequena nessa parte do espectro, a radiação IV absorvida é ínfima e não tem impacto na temperatura global.
O H2O apresenta uma forte e larga banda de absorção centrada em 6,3 μm e bandas de rotação a partir de 16 μm. A radiação IV emitida nas bandas de absorção do CH4 em 7,5 μm e a do N2O em 7,9 μm já é absorvida pelo H2O, pois sua concentração é muito mais alta que a desses GEE. A concentração do CH4, por exemplo, teria que aumentar de 20 mil vezes para ter efeito comparável ao do H2O. Logo, esses gases não contribuem significativamente para aquecer o ar. Resta a banda de absorção do CO2 em 15 μm. Antes de o IPCC existir, o cientista alemão Heinz Hug fez medidas de absorção pelo CO2 nessa banda, e mostrou que a concentração atual desse gás já é suficiente para absorver toda radiação IV emitida nesse comprimento de onda nos primeiros 10 metros da atmosfera. Dobrar a concentração de CO2 não aumentaria a absorção significativamente [apenas em 3 W/m2] e sim diminuiria para 5 metros a espessura da camada de ar (caminho óptico) que absorveria totalmente a IV em 15 μm. Em 2019, William van Wijngaard e William Happer, usando metodologia diferente, confirmaram as conclusões de Heinz Hug.
Em resumo, o aumento das emissões dos chamados GEE produzidos pela queima de combustíveis fósseis, atividades agropecuárias, orizicultura e lagos artificiais não aqueceriam o planeta, pois esses GEE não têm papel importante no efeito-estufa. Faz 27 anos que a temperatura média global está estável, enquanto a concentração desses gases aumentou. O CO2, por exemplo, aumentou cerca de 5% nesse período. Há uma grande hipocrisia quando se fala em reduzir as emissões, como nas Conferências das Partes [COP]. Na Alemanha, termelétricas foram postas novamente em funcionamento, já que as energias renováveis não conseguem suprir as necessidades do país, e o Japão, depois do acidente de Fukushima, desativou a maior parte das nucleares e está usando termelétricas a carvão. Na COP 26, em Glasgow, Escócia, o primeiro ministro da Índia recusou-se a acabar com o uso do carvão mineral na geração de energia elétrica sob o argumento de que, em seu país, 3% da população ainda não tem acesso a esse bem.
Os combustíveis fósseis ainda são a maneira mais prática e barata para gerar energia elétrica confiável e segura. Esses países estão conscientes que vão emitir mais CO2 à medida que a população e a economia crescem? É claro que estão! Mas, o importante para eles é bem-estar social e crescimento econômico e não o aquecimento global. Ou parece não estarem preocupados com o aumento dos GEE ou sabem que os GEE não controlam o clima global.
Não se nega que houve um aquecimento global entre 1976 e 2005. Diverge-se quanto a sua causa que, na opinião deste autor, foi natural e resultante da redução da cobertura de nuvens global e da frequência de eventos El Niño fortes que, sabidamente, liberam enormes quantidades de calor para a atmosfera a ponto de aquecê-la globalmente. A pergunta que fica é: se os GEE emitidos pela agropecuária e pela queima de combustíveis fósseis não interferem no clima global, a quem interessa a redução de suas emissões?
* O autor é físico, meteorologista, e pós-doutor em hidrologia, além de professor da Universidade Federal de Alagoas.
Obs.
1 - O professor Molion é coautor do livro "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?", em 3ª edição, 2022, junto ao blogueiro e diversos outros parceiros.
2 - Os grifos em negrito no texto acima são apontamentos feitos pelo blogueiro.
3 - Pitaco do blogueiro: antes do artigo acima, não havia comprovação científica de que os GEE eram os responsáveis pelas mudanças climáticas, e muito menos de que seriam os causadores do aquecimento. Continua não existindo. Já os céticos continuavam a contestar a propaganda do IPCC e seus seguidores, sem entretanto comprovar cientificamente nada em contrário. Tudo, aparentemente, se resumia ao estado de fé de cada um. Em contrapartida, após a publicação deste artigo, existe pelo menos uma comprovação científica de que os GEE são um milenarismo e uma "invenção" do marketing dos ambientalistas.
Este blog se coloca à disposição de quaisquer cientistas ou pessoas que desejarem contestar as afirmações científicas acima feitas pelo professor Molion.
.
Richard, excelente artigo! A explicação sobre o processo de absorção e reemissão de radiação pelos GEE é muito clara e esclarecedora. Interessante a crítica do Prof. Molion à hipocrisia das COPs. Realmente, enquanto países desenvolvidos pressionam por redução de emissões, continuam dependentes de combustíveis fósseis para manter suas economias. Abs! - Jamil
ResponderExcluir