Richard Jakubaszko
É o que dizem os especialistas. A mais grave crise de abastecimento de água potável no estado de São Paulo, principalmente na Região
Metropolitana, ainda
não foi tratada com realismo por parte da mídia e das
autoridades. Até agora, o que se viu e ouviu sobre o nível dos
reservatórios, não retrata a verdadeira “guerra civil” que se aproxima nos
próximos meses, garantem especialistas.
Desde o segundo semestre de 2013, a irregularidade de precipitação,
atrelada ao consumo excessivo, à péssima malha de distribuição de água e a
falta de investimento por parte do governo para captar e tratar a água levou a
uma redução muito drástica do nível dos principais reservatórios que abastecem
as regiões de Campinas, Itu e São Paulo.
O maior destaque dado pela mídia, o Sistema Cantareira, que
já não possui mais capacidade natural de armazenamento de água, está agonizando
com sua segunda reserva técnica sendo retirada e com data para acabar.
Nesta segunda-feira (05/janeiro/2015), o nível de
armazenamento do conjunto de represas do Cantareira atingiu apenas 7% da
capacidade máxima, levando-se em consideração a segunda cota do “volume morto”.
Em maio de 2014 foram acrescidos 182,5 bilhões de litros de água da reserva
técnica e que já estão acabando.
O governo do estado de São Paulo, que expôs ao mundo a falta
de gerenciamento para com o bem mais importante que existe para a sobrevivência
de qualquer espécie, segue a linha de raciocínio acreditando sempre que dias
melhores virão e que a água da chuva voltará a encher os reservatórios e que ao
final tudo acabará bem novamente.
A visão é duramente criticada por geólogos, hidrólogos e
pesquisadores ligados ao campo hídrico, econômico, ambiental e político.
De acordo com Pedro Côrtes, geólogo e professor de gestão
ambiental da Universidade de São Paulo (USP), a situação vivida pela população
ao longo do ano de 2014 ainda não foi dramática.
“Estamos no começo da crise. O pior ainda não aconteceu”,
acrescentou o pesquisador.
O déficit de precipitação de mais de mil milímetros atrelado
ao “esquecimento” no investimento por parte do governo deve gerar ao longo de
2015, marcas jamais vividas na história recente de qualquer cidadão brasileiro,
garantem os pesquisadores.
Dados do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe) mostraram que ao longo
de 2013, a precipitação acumulada, principalmente entre a Região Metropolitana
de São Paulo e o nordeste do estado, na divisa com Minas Gerais, onde estão as
seis represas do Sistema Cantareira, oscilou entre 1.300 e 1.500 milímetros. Já
em 2014, o acumulado variou em média entre 900 e 1.100 milímetros. Algumas
estações não computaram nem 700 milímetros de chuva ao longo de todo o ano.
A cidade de São Paulo, principalmente, deve entrar em
colapso total antes do final de 2015, onde moradores não terão água para beber,
indústrias promoverão a demissão em massa, pela falta de água na produção das
mercadorias e a migração de famílias inteiras para outras regiões será única e
exclusivamente em função da inexistência de água. Esse é o cenário mais
otimista alertado com muita antecedência pelos pesquisadores.
O comércio, a indústria e os moradores residentes em São
Paulo, bem como a área metropolitana, sentirão não apenas no bolso, mas no
método de sobrevivência, tamanha ingerência política.
Os pesquisadores, que já haviam indicado a possibilidade
ainda em 2013, agora cravam a certeza de que teremos um êxodo urbano, ou seja,
a população migrando da cidade grande para o interior, devido, exclusivamente,
à falta de água potável para a sua sobrevivência e também pela demissão em
massa e a crise econômica que ela irá alavancar.
A mídia e o governo não mostraram ainda a gravidade que se aproxima
com o fim da água potável dos principais reservatórios, o que não significa que
em anos seguintes, o armazenamento não seja recuperado. Cabe à população administrar
suas tarefas e gerir a pouca água que resta. Mesmo que chova o dobro do que foi
perdido nos últimos dois anos, as represas demorariam, pelo menos cinco anos,
para recompor o que foi perdido.
São Paulo está à beira do colapso, mas, como sempre, a gente
acredita em dias melhores, ou na chuva que cairá. E isso terá um preço muito
alto a ser pago por todos.
Não existe milagre, mas sim planejamento. E planejamento é o
que menos fizeram nos últimos anos para com a água de São Paulo.
(Crédito das imagens: Reprodução/Sabesp – Arquivo/Denny
Cesare/Moacyr Lopes/Folhapress Arquivo/Luis Moura/Estadão Conteúdo –
Arquivo/Nacho Doce/Reuters)
(Fonte da informação: De Olho No Tempo Meteorologia)
Enviado pelo navegante e comentarista deste blog, Gerson
Machado, um mineiro cidadão do mundo que jamais viu tamanha desfaçatez pelos
mundos afora onde tem viajado.
Este blogueiro, que vem denunciando a falta de gestão do desgovernador de São Paulo, pergunta: você votou nele? Pois vai fazer todos nós sofrer com isso. O blogueiro não votou em Geraldo Alckmin, e jamais fará isso!
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