Richard Jakubaszko
Um estudo da Fundação
Bertelsmann, com sede em Gütersloh, Alemanha, constatou um
retrocesso da democracia e da economia social de mercado em todo o
mundo e um aumento da influência da religião sobre as instituições
políticas e jurídicas.
“A democracia e a economia
social de mercado encontram-se em retrocesso em todo o planeta”,
diz um comunicado de imprensa da fundação, no qual se resumem as denúncias do estudo (leia aqui)
O projeto, que contou com a
participação de 250 cientistas, analisa a situação de 129 países
em vias de desenvolvimento e transformação, para avaliar a
qualidade dos respectivos governos, a partir da consideração de um
total de 17 critérios.
Desses 129 países, a apenas seis
é atribuída boa qualidade de governança, o que representa o nível
mais baixo desde 2006, quando se começou a realizar o estudo
periodicamente.
Apesar de nos países analisados,
as democracias terem aumentado ligeiramente (de 72 para 74) e as
autocracias terem diminuído de 57 para 55, a situação geral piorou
relativamente a cada uma das respectivas formas de governo.
Desde o mais recente estudo –
há dois anos –, as autocracias consideradas “duras” aumentaram
de 58% para 73% e apenas 15 das 55 consideradas protegem em parte os
direitos civis e se outorgam direitos políticos limitados.
Nas demais 40 autocracias, as
detenções arbitrárias de jornalistas e ativistas dos direitos
humanos são frequentes, segundo o estudo.
Sobre as democracias, o estudo
indica que uma em casa duas é qualificada como ‘falha’ e na
grande maioria dos países da Europa Oriental existe atualmente mais
restrições à liberdade de imprensa e de expressão do que dez anos
atrás.
O presidente da Fundação
Bertelsmann, Aart De Geus, manifestou especial preocupação com a
situação nos países vizinhos da União Europeia.
“Os países vizinhos da Europa
tornaram-se mais conflituosos, menos estáveis e mais autoritários.
O que preocupa é, principalmente, a crescente incapacidade para o
debate social e político”, observou.
Essa situação, segundo o
estudo, ajuda ao crescimento do populismo que, em muito países, já
encontra terreno fértil na pobreza, desigualdade e na falta de
perspectivas econômicas para boa parte da população.
O documento lamenta que os anos
de prosperidade econômica mundial não tenham sido aproveitados para
investir em educação e saúde e na luta contra a desigualdade
social.
O estudo destaca ainda que a
influência da religião na política aumentou em 53 países nos
últimos dez anos e recuou em apenas 12.
Da Agência
Brasil
Foto: AFP
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