sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Aposentadoria, um sonho que se desmancha

Richard Jakubaszko   
A verdade política se mostra cruel. O governo federal encaminhou ao Congresso, finalmente, a proposta de alteração no regime legal que determina como os cidadãos brasileiros poderão ou não se aposentar. O próprio presidente Jair Bolsonaro manifestou opinião, quando deputado, de que aposentadoria apenas depois dos 65 anos de idade seria "crueldade". Mas levou a proposta do ministro Guedes ao Congresso, com essa marca da "crueldade". Ora, essa marca dos 65 anos de idade de "permissão" para a aposentadoria já estava na reforma proposta por FHC, e que foi aprovada pelo Congresso. Eu mesmo me aposentei sobre essas regras, com 68 de idade e 32 de trabalho, somando fator 100 no Fator Previdenciário, e obtendo "vantagens" de incríveis 1,5% a mais na conquista do valor do benefício mensal a receber do INSS.

Atente o leitor que trabalho desde os 13 de idade, com carteira profissional, e depois dos 18 anos as contribuições sempre foram pelo teto de 10 salários mínimos. Meu erro foi não ter feito contribuições por alguns anos, em períodos em que estive desempregado ou trabalhando como autônomo durante as inúmeras crises brasileiras. Essas não contribuições somam zero, para atingir 180 contribuições, depois de 1994, quando a moeda estabilizou, eliminadas as 20% menores, mas divididas por 180 menos 20%, o que não refrescou nada. 

Fiquei longe do teto, e hoje me consolo com a desgraça da geração atual, e das futuras também, que terão de contribuir com pelo menos 40 a 45 anos a um sistema falido, que decreta um teto para a aposentadoria cada vez menor, penalizando os trabalhadores CLT, e mantendo os privilégios de castas como os membros do Legislativo, Executivo, Judiciário e Militares. Os outros, os CLT, não são brasileiros e terão de adotar a previdência privada. No Chile, a previdência privada entrou em falência e provocou o suicídio de dezenas de velhinhos desamparados, única saída para quem não tinha mais recursos e nem parentes a quem recorrer para ter o direito a um prato de comida e uma cama para dormir. Guedes, o posto Ipiranga de Bolsonaro, inspirou-se no sistema chileno em sua proposta para a aposentadoria dos brasileiros.

Uma crueldade. Algo tão perverso que nem o coisa ruim se atreveria a pensar. Lá no Chile, o sistema foi imposto pela ditadura militar. Aqui no Brasil os autores foram eleitos, através do voto, e agora atendem aos seus financiadores de campanha, banqueiros e rentistas, que se organizam para montar um "sistema privado de previdência", igualzinho ao que foi feito no Chile.
Portanto:

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