quarta-feira, 8 de maio de 2019

De que adianta a banana ser orgânica se não possui nutrientes?

Richard Jakubaszko
Comigo ninguém pode, na DBO, tudo equilibrado, 
planta está com seu máximo potencial produtivo.

Quase tudo na natureza vive em equilíbrio, quando isso se altera aparecem os problemas, como doenças, que são causadas pela falta ou excesso de alguns elementos.

Todos já ouviram a recomendação para alguém comer banana para evitar câimbras. Um dos minerais responsáveis que auxilia na prevenção dessa sensação dolorida é o potássio, nutriente presente em muitos alimentos e um dos principais componentes da célula humana. Quem se lembra do Gustavo Kuerten? Conhecido como Guga, é um ex-tenista profissional brasileiro, condecorado com posição no Hall da Fama da Associação de Tenistas Profissionais. Tricampeão de Roland-Garros(França), é considerado o maior tenista masculino da história do Brasil e um dos maiores tenistas da história do tênis mundial. Ele comia meia banana a cada intervalo dos sets que disputava, simplesmente para repor potássio e evitar câimbras.

Entretanto, o que pouca gente sabe é que as plantas também necessitam desse mineral e quem o fornece é o solo. Este, por sua vez, é potencializado através da utilização de adubos, os chamados fertilizantes, sendo capazes de prover os nutrientes necessários para a planta e, consequentemente, fornecer um alimento saudável e de qualidade. Não adianta o fruto ser aparentemente vistoso e desprovido de nutrientes. É necessário que haja um trabalho em equipe entre o homem e a natureza.

Os fertilizantes são largamente utilizados na agricultura, mas muitas pessoas desconhecem seus benefícios e até os associam a certos riscos. Porém, o uso de adubos é fundamental para a produção de plantas e para a saúde do solo. Os nutrientes absorvidos pela planta variam de acordo com a exigência de cada uma. Após a colheita, se os nutrientes não forem repostos à terra, o solo acaba tornando-se pobre e até mesmo infértil. Os fertilizantes ajudam no aumento da produtividade, repondo essas substâncias e permitindo a contínua produção de alimentos.

Estudos indicam que em 2050 a população mundial deve atingir a marca de 9 bilhões de pessoas, o que irá requerer altas produtividades para atender à demanda de alimentos, se não quisermos desmatar novas áreas florestais para a prática da agricultura. Douglas Guelfi, professor doutor do Departamento de Ciências do Solo da Universidade Federal de Lavras (UFLA), enfatiza a importância de usarmos o conhecimento na agricultura, “Sem a presença de fertilizantes é impossível manter uma área produtiva”. Ou, conforme prognosticou Norman Borlaug (1914-2009), que foi um engenheiro agrônomo estadunidense ganhador do Prêmio Nobel da Paz, “sem fertilizantes é fim de jogo para a humanidade”, quando comentou a previsão milenarista, depois desmentida, de alguns fertilizantes minerais atingirem, dentro em breve, um esgotamento pela sua finitude na natureza.

Potássio
O potássio exerce uma função fundamental para a sobrevivência da planta. Ele participa da produção do amido, do açúcar e das proteínas, aumenta a resistência a doenças e proporciona o vigor, além de ser o responsável por transportar carboidratos das folhas para os frutos. A carência de potássio acarreta frutos malformados e sem valor comercial. A adubação do potássio é feita via solo e deve ocorrer de maneira criteriosa, aplicando-se a dose correta na época e local adequados.

   
Rosas do meu jardim envergonham as colombianas.
Tenho um jardim florido em minha casa em São Paulo, com algumas dezenas de plantas (como roseira, primavera, dama-da-noite, espadas de São Jorge, comigo ninguém pode, alamandas, gerânios etc.), e a forma que proporciono alimento adequado para as plantas, além do xixi de minhoca, é a de usar compostos de resíduos orgânicos caseiro como borra de café, cinzas, para repor potássio e outros micronutrientes às plantas. Lamentavelmente esse comportamento é inviável na agricultura de escala, que exige alta produção de alimentos para nutrir bilhões de bocas urbanas.

Importante na agricultura, o potássio também é indispensável para a saúde humana. Entre os seus benefícios estão a ajuda na manutenção do ritmo cardíaco, o equilíbrio da quantidade de água no organismo, a regulação da pressão arterial, a prevenção de acidentes vasculares cerebrais (AVCs), sem contar com a característica de ser um aliado dos músculos. Por outro lado, os sintomas que indicam uma deficiência nesse quesito são a fraqueza muscular, fadiga, câimbras, alterações cardíacas, anorexia e apatia mental.

“Além de benefícios gerais para toda a população, pessoas da terceira idade, que fazem uso frequente de diuréticos, têm como efeito colateral a eliminação de potássio. Por isso, esse grupo é extremamente beneficiado com o consumo de alimentos ricos em potássio e outros minerais”, afirma o cardiologista Daniel Magnoni.

Existem muitos alimentos que são fonte de potássio e auxiliam na manutenção da quantidade ideal desse nutriente no corpo. Os principais protagonistas são os vegetais e as frutas frescas, tais como tomate, laranja, abacate, amêndoa, espinafre, banana, beterraba, brócolis, e também o nosso santo cafezinho de todo dia, entre tantos outros. Recomenda-se ingerir de 2,5 a 3,5 gramas por dia.

O desperdício de alimentos é também uma das grandes preocupações atuais. Nesse cenário, o trabalho em conjunto entre fertilizantes e potássio pode amenizar as consequências do problema. A adubação intensifica a capacidade do solo de fornecer nutrientes, entre eles o potássio, que ajuda a melhorar o aspecto visual e a resistência ao manuseio e estocagem, aumentando o tempo de preservação dos frutos e atrasando seu apodrecimento.

O engenheiro agrônomo e florestal Dr. Valter Casarin, coordenador científico do Nutrientes Para a Vida (NPV), acredita que a utilização de fertilizantes contendo potássio, junto com a informação para os consumidores, pode levar a um melhor aproveitamento dos alimentos e, consequentemente, a diminuir o desperdício: “Precisamos pensar em comprar o necessário e para isso é fundamental o planejamento no momento da compra. Saber reaproveitar os alimentos, ou mesmo partes deles, como a casca, por exemplo, e também como armazenar os alimentos para que eles permaneçam mais tempo saudáveis, são formas eficientes de reduzir o desperdício. É nesse momento que nutrientes como o potássio fazem a diferença”, finaliza.

Presente no Brasil desde 2016, a Nutrientes Para a Vida (NPV) é uma iniciativa que possui visão, missão e valores análogos aos da coirmã americana, a Nutrients For Life. Seu objetivo é esclarecer e informar a sociedade sobre os benefícios do uso dos fertilizantes (ou adubos) na produção dos alimentos, bem como sobre sua utilização adequada.

Este tipo de esclarecimento é essencial, se considerarmos que há muita desinformação sobre o tema. Como dizia um antigo slogan publicitário, sobre o manejo adequado do solo, no Brasil, “Com Manah, adubando, dá”.

Para manter o solo fértil e a alta produtividade dos cultivos, os nutrientes precisam ser repostos. Os fertilizantes cumprem o papel de alimentar a planta, o que é essencial para o seu desenvolvimento. Portanto, na agricultura orgânica podemos consumir alimentos pobres em alguns micronutrientes, que podem nos fazer falta, e provocar desequilíbrios e doenças.

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13 comentários:

  1. Richard,
    na maioria dos estudos independentes os alimentos organicos consistentemente sao mineralmente superiores aos chamados convencionais. Deve ter um problema com a sua banana... :)
    Abraco
    Gerson
    ===
    Alimentos orgânicos: Ampliando conceitos de saúde humana, ambiental e social
    By Elaine de Azevedo
    https://books.google.co.uk/books?id=1XF_DwAAQBAJ&pg=PT193&lpg=PT193
    https://books.google.co.uk/books?id=1XF_DwAAQBAJ&pg=PT193&lpg=PT193#v=onepage&q&f=false

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    1. É propaganda mentirosa dos orgânicos... Não é comigo que vc tem de debater, mas com o Procon...

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  2. Gerson,
    não há problema com a minha banana. É uma questão de matemática e de lógica. Se o solo provê a planta de nutrientes, e se isso não for reposto, conforme está explicado no texto, o solo com o tempo empobrece, se esgota dos nutrientes que a plana tira dele. Se não há o nutriente no solo como a planta pode "criar" o nutriente? Isso é mais perverso em plantas perenes, como a banana e todas as frutas de árvores perenes. As frutas anuais, como morango, tomate, melancia, vc tem de repor também os nutrientes. Batata, se vc não usar o dobro de fertilizantes, não nasce nada, nem as batatinhas pra aperitivo.
    Verifico que esses estudos "independentes" que vc citou, são altamente parciais. Ninguém engana a natureza, meu caro. Se o solo está pobre de nutrientes, não reproduz plantas (e frutos) ricos em nutrientes. É um contrassenso!

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    1. Richard
      nao sou contra fertilizantes, mas nao sou enganado pelos fertilizantes e metodos que estao ai', nem mesmo as explicacoes "logicas" e "matematicas". Biologia nao e' matematica e o solo deve ser um ecosistema vivo onde transmutacao possa existir. Estude alternativas como agroecologia em profundidade ao inves de ir contra com ideias simplistas, todos estao certos e todos estao errados, nada e' aquilo que aparenta ser mas todos podem co-evoluir. Agroecologia, economia azul, os principios da sustentabilidade que nao dependem do fornecedor de fertilizante insustentavel e incompleto. Solo pobre e' doenca para toda a cadeia alimentar mas a solucao nao e' tao simples quanto o artigo diz. Cuide de sua banana...
      Abc
      Gerson

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    2. TRANSMUTAÇÃO?
      CHEGAMOS NA ALQUIMIA.

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  3. Belo artigo Richard
    Forte abraço
    Do amigo
    Roque

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  4. Gerson,
    você é radical no assunto, mas saiba que biologia e natureza são matemática pura. Leia um artigo meu aqui no blog, sob o número Phi, "Deus é matemático", sobre como a natureza se reproduz. Pesquise isso na aba lateral direita do blog.
    Já discutimos agroecologia aqui no blog diversas vezes. Na agricultura de escala (especialmente grãos e fruticultura) não há como vc aplicar a sua agroecologia, a sua economia azul, é uma utopia.
    Eu estudo e pratico a ecologia, veja as fotos da minha rosa e a comigo ninguém pode. São adubadas com xixi de minhoca. Mas uso intensamente fertilizantes foliares, e isso constrói um conjunto equilibrado. O solo é equilibradíssimo lá em casa, faço "plantio direto" em pequena escala, tem grama protegendo os microrganismos do solo, porque o solo é um ser vivo, mas conforme coloquei no texto é impossível transpor isso para a agricultura de escala, especialmente essa que inclui a imbecilidade coletiva da humanidade de produzir proteína vegetal para poder produzir proteína animal. Não existe isso de sustentabilidade com 7,5 bilhões de bocas para alimentar, e a coisa vai piorar com 9,0 bilhões de bocas. Se o agricultor de escala for praticar essa sua agroecologia ele quebra, a não ser que venda muito mais caro, e ninguém quer pagar mais caro. Agroecologia dá muito mais trabalho, sei do que estou falando, porque pratico isso, mas em escala não é viável. A única coisa que posso concordar com vc é que se conseguíssemos estimular o máximo de potencial produtivo de plantas como soja e milho/cana/feijão, como fiz com a comigo ninguém pode, precisaríamos de muito menos área para fazer agricultura. Olha só o tamanho da minha "banana" em forma de comigo ninguém pode. Até hoje nenhum fisiologista consegue explicar o que aconteceu... É um espanto.

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  5. Caros, vou aqui dar um pitaco.
    Entendo que o Richard está totalmente correto e é necessário repor em quantidades adequadas os nutrientes retirados pelas culturas. Em especial a banana é uma das maiores exportadoras de Potássio que deve estar contidos nos seus frutos e portanto seria uma boa fonte de K como fazia o Guga. Por outro lado, a agricultura orgânica não tem uma reposição à altura desta demanda já que os estercos, utilizado na maioria das vezes como adubo nos orgânicos são pobres em K mas isto é de certa forma compensado pela baixa produtividade (lembrar que serão 9 milhões de bocas...). Talvez o uso de algum adubo ou mineral rico em K e é aceito pela Ag. Org. seja uma alternativa viável, como o sulfato de potássio, caro mas eficiente, ou polisulfatos possam ajudar os orgânicos. Por experiência própria, sempre que possível procuro comprar bananas de produtores locais, em Vinhedo, e que provavelmente não repõem os nutrientes na medida que a banana necessita e são mais saborosos mas se estragam muito rapidamente demonstrando a falta de K.
    Por fim, acredito que não devemos ter um lado e devemos que pensar no todo. Se encontrar produtos orgânicos, produzidos localmente, com preços acessíveis (não vale para aqueles com maior poder aquisitivo como os artistas que compram no Leblon na loja do Marcos Palmeira), recomendo que comprem pois será bom para todos e um ponto que não pode ser confrontado: são mais saborosos - quem duvidar que teste: recentemente em uma palestra fiz uma prova cega com a bendita da banana e quase a totalidade dos participantes escolheu a orgânica (apenas 1 escolheu a banana do supermercado, talvez depositando seu voto na "urna errada". E aproveito para uma reclamação: as frutas são pouco saborosas e acho que temos culpa nisso, vamos prestar atenção.

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    1. Desculpe, mas serei curto e grosso: não existe comida orgânica barata. Nunca existirá. O custo de produção é absurdo! Claro, falo de produção orgânica de fato, comercial, auditada (e bota auditoria nisso!), produção para o mercado, produção da qual o produtor e seus funcionários devem sobreviver. Simplesmente, não existe. E, sim, o Marcos Palmeira é produtor orgânico, é divulgador do modo de produção orgânico, talvez (não tenho certeza) até ganhe dinheiro com sua produção orgânica. Ele, porém, é somente uma exceção que confirma a regra.

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  6. Chico,
    concordo quanto ao sabor, as caseiras, ou orgânicas, são mais saborosas que as convencionais, mas isso não se deve a nutrientes. Tem a ver com variedades que foram desenvolvidas ao longo do tempo, que perderam sabor. E, também, pelo fato de serem colhidas só quando amadurecem, enquanto as convencionais (ou comerciais) são colhidas verdes, e maturadas. Isso na banana, mas em hortifruti em geral hoje em dia vc não encontra sabor, seja mixirica, alface, tomate, rúcula, agrião... As hidropônicas, que contêm todos os ingredientes, em tese, deveriam ser ainda mais saborosas, mas parece que a gente tá comendo isopor. O problema do sabor aí é variedade e tempo de colheita...

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    1. Mais um pedido de desculpas: há décadas leio, ouço, conversas sobre sabores. Há décadas não sinto diferença alguma, exceto quando se trata de variedades diferentes de alguma coisa, que, aí sim, podem ter, mais que sabor, uma textura diferente. Minha esposa compra banana no mercado e vez ou outra uma de nossas bananeiras nos dá bananas e, sério, é tudo igual, ao menos para mim. E a Rosa, muito mais chata e exigente que eu, nunca reclamou.

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  7. Muito bom, compartilhei no Facebook.
    Precisamos conversar qualquer hora, te contar sobre minha experiência.

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  8. Muito bacana o artigo Richard, parabéns! Polêmicas são normais em qualquer área do conhecimento. O NPK sempre foi o primeiro mandamento da adubação e fertilidade do solo. E é sempre bom lembrar que esses fertilizantes são minerais e não de outro planeta. Abração!

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