sábado, 27 de fevereiro de 2021

Vacinação capenga contra o coronavírus

Richard Jakubaszko  

No mundo inteiro as campanhas de vacinação contra o coronavírus seguem em frente. No total de novas infestações o planeta mostra desaceleração. Na Inglaterra e Israel caíram os índices de novos contaminados. 

Em alguns países vacinações vão aos trancos e barrancos, mas no Brasil conseguimos ser um pouco piores. Não chegamos ainda aos 3% da população vacinada, e nesse ritmo só teremos vacinação para os que têm 50 ou mais anos de idade somente a partir de 2022. Na próxima semana, em São Paulo, começa a vacinação para os cidadãos com mais de 80 anos. Uma vergonha!!!

Toda essa situação é um desastre, é o caos da saúde pública, com os hospitais lotados, públicos e privados, UTIs cheias, em plena 2ª onda do coronavírus, que conta com o apoio incondicional do ex-capitão Jair Bolsonaro, que é contra a vacina, é contra o uso de máscaras, e é a favor de aglomerações públicas, basta ver o que acontece com a sua presença entre seus adeptos.

O Brasil não teve planejamento algum para a aquisição das vacinas. Mas ser cidadão é ter direito à vida, à liberdade, à igualdade perante a lei; ser cidadão é ter direitos civis, porque votamos e pagamos impostos, e queremos a vacina.

O genocida que nos governa não vai facilitar a nossa vida. Se for obrigado a comprar vacinas, os seus comandados no Ministério da Doença não vão comprar seringas.

Quem vai tomar alguma providência? Quem vai se queixar ao bispo?


.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Sérgio Moro: a construção de um juiz acima da lei (Documentário)

Richard Jakubaszko

O documentário acima foi produzido e é apresentado pelos jornalistas Luís Nassif e Marcelo Euler. É uma antevisão do julgamento a ser feito pelo STF a partir de março próximo, que decidirá sobre a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro nos casos em que julgou e presidiu na vara de Curitiba tendo o ex-presidente Lula como réu.

Quem acompanha o caso antevê a condenação de Moro, o cancelamento das duas condenações de Lula (casos do tríplex do Guarujá e do sítio de Atibaia) e a recuperação dos seus direitos políticos, possibilitando sua candidatura nas eleições de 2022.

O vídeo, de toda forma, relata o jeito incomum e "excêntrico" de Moro de fazer "justiça" com as próprias mãos. Lamentavelmente a grande mídia tem escondido o problema em seu noticiário.

.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Jornais vendem espaço publicitário para médicos que promovem “tratamento precoce” contra Covid-19

No chamado “manifesto pela vida", mais de 2 mil médicos defendem uso de hidroxicloroquina, ivermectina, azitromicina, zinco, entre outros medicamentos cuja eficácia contra Covid não está provada.


Jornal GGN – Os principais jornais impressos do Brasil despertaram críticas nas redes sociais, nesta terça (23), por terem cedido espaço de publicidade para médicos que promovem “tratamento precoce” para o novo coronavírus, sendo que, até agora, a ciência não indicou nenhum medicamento com eficácia comprovada contra o novo coronavírus.

Em anúncio de meia página em cerca de 11 jornais – incluindo O Globo, Folha e Estadão – mais de 2 mil médicos anunciantes defendem o uso de um coquetel de remédios que, combinados, poderiam reduzir os efeitos graves do vírus.

“Destacamos que a abordagem precoce não se trata apenas do uso de uma ou outra droga, mas da correta combinação de medicações como a hidroxicloroquina, a ivermectina, a bromexina, a azitromicina , o zinco, a vitamina D, anti-coagulantes entre outras, além dos corticoides que têm um momento certo para sua utilização nas fases inflamatórias da doença, sempre observando-se a adequação das combinações ao estado e evolução de cada paciente, que será acompanhado extensivamente inclusive com a realização de exames conforme necessários, e a recomendação de intervenções não farmacológicas, como a fisioterapia”, cita um trecho da publicação.

A cineasta Petra Costa, seguida no Twitter por mais de 221 mil pessoas, criticou a decisão editorial dos jornais da grande mídia. Parte deles, inclusive, se reúne no consórcio que diariamente apura e divulga os dados da pandemia.

“Os jornais mais lidos do país publicam anúncios de negacionistas da ciência promovendo falsos ‘tratamentos’ para a COVID19. Por dinheiro, atentam contra a saúde pública!! Não é por acaso que o Brasil já tem (oficialmente) 247.276 mortos. Um genocídio com muitos cúmplices…”, sustentou Petra.

O jornalista George Marques também atacou o anúncio. “Então quer dizer que a autoproclamada “imprensa profissional” está distribuindo em suas caras páginas (200 mil só na Folha de S. Paulo) para divulgação de fake news sobre o uso precoce com cloroquina, já cientificamente ineficaz contra a Covid? Quem diria.”

O grupo Sleeping Giants Brasil, que faz no Twitter um trabalho de fiscalização de empresas privadas e públicas que anunciam em veículos que promovem discurso de ódio, cobrou um pedido de desculpas dos jornais.

“Gostaríamos que Folha, O Globo, Jornal do Commercio (PE), Estado de Minas, Correio Brasiliense, Jornal Correio, O Povo e Gazeta Gaúcha publiquem amanhã no mesmo tamanho um pedido de desculpas e a verdade: NÃO EXISTE TRATAMENTO PRECOCE para Covid-19”, tuitaram.

Publicado no Jornal GGN: https://jornalggn.com.br/midia/jornais-vendem-espaco-para-
medicos-que-promovem-tratamento-precoce-contra-covid-19/

Comentário do blogueiro:
Será este o "novo normal", que a mídia alardeou durante o ano passado? Dá nojo perceber o quanto a mídia é escrota, ao publicar anúncios de bandidos. Dá asco, ainda, perceber que mais de 2 mil médicos, os que pagaram pelos anúncios, fazem tudo por dinheiro. Ao rever o post anterior a este, publicado domingo aqui no blog, constata-se que, realmente, a caminhada da humanidade deu em merda. Podemos reinicializar tudo...



.

domingo, 21 de fevereiro de 2021

Deu merda, a gente já sabia disso faz tempo.

Richard Jakubaszko  

O jornalista Delfino Araújo me envia o meme abaixo. Confirmo, meu caro, a gente já sabia disso faz tempo. Vai dar muita merda, e nem vacina vai ter... O pouco de vacina que vai ter, periga ainda faltar seringa, tamanha é a falta de competência do Bolsonaro e sua equipe, especialmente o Pazuello, um general que é fortíssimo em logística, não comprou vacina, e nem seringa, porque não sabia se iria ter demanda...


 



.

 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

A seleção brasileira de todos os tempos

Richard Jakubaszko  

A revista Placar divulgou hoje uma edição especial com a seleção brasileira de todos os tempos, eleita em pesquisa com 170 jornalistas.
O time eleito é formado por Taffarel; Carlos Alberto, Aldair, Bellini e Nilton Santos; Falcão, Didi, Garrincha e Pelé; Ronaldo e Romário.

O UOL entrou na jogada e perguntou: “Quem foi o maior injustiçado na seleção brasileira de todos os tempos?”

Na lista dos possíveis injustiçados, uma relação de jogadores notáveis, que daria para fazer pelo menos outra seleção de craques. Nomes como Gilmar, Marcos, Cafu, Lúcio, Roberto Carlos, Daniel Alves, Djalma Santos, Júnior, Dunga, Emerson, Sócrates, Rivelino, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Zico, Jairzinho, Neymar, Rivaldo, Tostão, Serginho Chulapa. Discordo da colocação de alguns nomes nessa possível lista de injustiçados, como Dunga, Emerson e Serginho Chulapa.

Em minha opinião, e olha que assisti a jogos com todos os jogadores citados, desde 1958, o grande injustiçado na lista foi Zico. Ficaria melhor como titular na seleção de todos os tempos, no lugar de Romário ou Ronaldo.

Evidentemente que meu voto corresponde a jogos feitos pela seleção, sem avaliar o desempenho dos jogadores em seus clubes. Por essa ótica jogadores como Zagallo, Vavá, Mazzola, Julinho, Ademir da Guia, Amarildo, Pepe, Tesourinha, Coutinho, Careca, Cerezzo, Batista, estariam eleitos, mas pouco fizeram na seleção, enquanto que Zico teve atuações memoráveis com a camisa canarinho.

 

.

.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Anatomia da solidão em ré maior d’antanho.

Carlos Eduardo Florence *
  

De porcelana o gato olhava tristonho, meditava azul sobre a mesa.

Partilhavam, competia ao relógio reger a preguiça atrasando pontualmente.

Cainha, prima, para pecar anoitando, espero, se Deus quiser, reza.

Tempos e tantos se marcavam pelo trem que avisaria à Vila assim, no repente.

Dois adverbiais, lentos, jogavam paciência nas mãos das minhas avós.

Mãe Dina fritava iscas de angústias antigas, calma, delicada, sem pressa.

Dentes escovados, sino das seis propôs, sono, resguardo, regados cravos.

Convido Cainha para visitar a bica, a boca, bolina, o beijo, anseios.

Escureceu. Uma nuvem queria brincar de garoa, amém, desmotivou.

Nos demos, sem cismas pelas ramas as mãos, eu o regalo, ela os seios.

O silêncio chamou o carinho, o carinho o motivo, o motivo enfeitiçou.

Cerra-se o portão da frente, quem chegou se deu, quem não, restou.

E por ser, sol, se despedia em furta-cores para deixar dormir motes e cantos.

Lembro, faço-me choro, foi-se. O futuro inútil sumira graças ao então delicioso.

Corria um riacho, entre os desejos, ao fundo a bica, o pequi, tais e encantos.

O porvir escondíamos nos menosprezos, era fútil, melhor o ali, caia moroso.

Atento, o galo, muito nosso, se fazia de alerta quando a intromissão surgia.

Mãos, lábios, sonhos subiam pelos silêncios e corpos, bem nos quer, a sós.

O sotaque mal afinado de um violão destoa, sei onde não, solfeja agonia.

Venta Noroeste para a estrela candente espionar o ouvir do que fazemos nós.

Caminho, frente, trota o atraso acavalado do tropeiro ao sem rumo ou motivo.

Presto atento, riacho brinca de salta-mula, assim marulho as pontas dos seios.

Sumimo-nos de dois ao sermos só um se dar, o restado foge no embora altivo.

O galo avisa que sombras saem do sobrado às catas nossas pelos entremeios.

Mãe Dina campeia-nos sumiços, trevas, suas velas, trovas, preces, chamas.

Fugimos pelo desejo, lado oposto, disfarçamos delongas com a realidade.

Havia só o por ser sendo, pois o tempo não semeava tristeza ou dramas.

Ânsia cala, vontades quietam, somem os seios, para só ver amanhã, risonho.

O curiango estica pelo além, Cainha, acha a porta da cozinha, eu uso a saudade.

Intuía tudo Mãe Dina, sorri ao galo para acalentar seu atino do nosso sonho.

Tempo deu-se a me esgarçar passados, a não ensinar esquecer. Tal choro

Ah! Deus; adeus. Digo, doido, doído ou oro?

* o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo da AMA – Associação dos Misturadores de Adubos
Publicado em
http://carloseduardoflorence.blogspot.com/2021/02/anatomia-da-solidao-em-re-maior-dantanho_16.html

 

.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

ONU quer a "emergência climática"

Richard Jakubaszko   

Apesar de estarmos em plena pandemia do coronavírus, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, ex-primeiro-ministro de Portugal, não esqueceu-se dos interesses políticos da ONU e pediu aos líderes do mundo que declarem um estado de emergência climática até que a neutralidade em carbono seja alcançada. O apelo foi feito na abertura da Cúpula de Ambição do Clima, no dia 12 de dezembro de 2020. Guterres lembrou que a década passada foi a mais quente da história e também que os níveis de emissões que causam o efeito estufa estão batendo recordes. A Cúpula marca o quinto aniversário do Acordo de Paris.

Há, sem dúvida alguma, um maquiavélico plano global que objetiva controle, domínio e condicionamento planetário que as elites "científicas" da ONU/IPCC têm em marcha há muito tempo, para ser mais exato há mais de 32 anos.

O secretário-geral da ONU afirmou que "não é mais possível negar a emergência climática e lembrou que desastres naturais estão mais frequentes e com efeitos cada vez mais arrasadores". Trinta e oito países já declararam emergência climática, mas Guterres pediu que todas as nações façam o mesmo.

Guterres esquece de forma conveniente que os EUA, por exemplo, não receberam furacões desde 2005, quando o Katrina destruiu várias cidades e inundou New Orleans em minutos, por causa da derrubada das antigas barragens de contenção.

Esqueceu que, nos anos 1970, os "cientistas" da ONU declaravam que o mundo iria congelar, fato que foi matéria de capa da revista TIME por 4 vezes nessa mesma década.

4 capas da Time que comprovam a farsa ambientalista da ONU

Guterres pontuou o alerta da comunidade científica, de que para atingir a rede zero carbono em 2050 o mundo precisa cortar as emissões em 45% comparados com os níveis de 2010. Reino Unido e União Europeia prometeram cortes de 68% e 55% até o fim desta década.

A Cúpula, organizada por ONU, Reino Unido e França, contou com a participação de 77 chefes de Estado e de Governo, incluindo o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, o presidente francês, Emmanuel Macron, o presidente chileno, Sebastián Piñera e o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte.

Jair Bolsonaro, do Brasil, não foi convidado. É persona non grata na comunidade internacional

No livro "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?", 2ª edição ampliada e atualizada, você encontra as explicações científicas que demonstram porque essa questão do aquecimento é considerada a grande mentira do século XXI. O livro tem capítulos escritos por inúmeros cientistas brasileiros e internacionais, é fartamente ilustrado por gráficos, tabelas e fotos, baseados na ciência e no bom senso, na lógica da história e do clima. Para adquirir o livro, com 384 pg, escreva e-mail para co2clima@gmail.com que daremos instruções de como efetuar o depósito, custa R$ 40,00 já inclusa a tarifa postal.


.

domingo, 14 de fevereiro de 2021

Habituados às delações traidoras, integrantes da Lava Jato se delataram em gravações

Janio de Freitas
na Folha de São Paulo

“Presente da CIA.”

A frase começa por suscitar curiosidade com seu sentido dúbio e logo ascende, vertiginosa, à mais elevada das questões nacionais —a soberania. As três palavras vêm, e passaram quase despercebidas, entre as novas revelações das tramas ilícitas de Sergio Moro e Deltan Dallagnol, envoltas em abusos de poder e de antiética no grupo de procuradores.

Seca, emitida como um repente fugidio de saberes velados, a frase de Dallagnol celebrava a informação mais desejada: Sergio Moro determinara, no começo da noite daquele 5 de abril de 2018, primórdio da campanha para a Presidência, a prisão do candidato favorito Lula da Silva. Na véspera, o Supremo Tribunal Federal acovardou-se ante a ameaça golpista do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Por um voto de diferença, entregou a candidatura e, para não haver dúvida, o próprio Lula à milícia judicial de Curitiba.

A frase pode dizer presente “da CIA” porque destinado à agência do golpismo externo dos Estados Unidos. Ou “da CIA” porque vindo da articuladora do presente. Não importa o que agora Dallagnol diga. Não será crível. O mesmo sobre quem embalou e entregou o presente, Sergio Moro.

A dubiedade cede à certeza quando se trata do pré-requisito para que Dallagnol compusesse a frase. Em qualquer dos dois sentidos, a preliminar é a mesma: o coordenador da Lava Jato tinha conhecimento da relação entre pretensões da CIA na eleição brasileira e a exclusão da candidatura de Lula. Nem lhe ocorreu falar de candidatos favorecidos, nem sequer do êxito da ideia fixa que dividia com Moro e disseminara nos companheiros. Era a CIA na sua cabeça.

Não faz muito, foi noticiado o envolvimento de agentes do FBI com a Lava Jato de Curitiba. FBI como cobertura, mas, por certo, também outras agências (NSA, Tesouro, CIA, por exemplo). Um grupo de 17 desses agentes chegou à Lava Jato em outubro de 2015, acobertado por uma providência muito suspeita: Dallagnol escondeu sua presença, descumprindo a exigência legal de consultar a respeito, com antecedência, o Ministério da Justiça. Eram policiais e agentes estrangeiros agindo com a Lava Jato, não só sem autorização, mas sem conhecimento oficial. Violação da soberania, proporcionada por procuradores da República, servidores públicos. Caso de exoneração e processo criminal.

O sigilo é tão mais suspeito quanto era certo que o governo nada oporia, como não veio a opor. Há até uma delegação permanente do FBI no Brasil, trabalhando inclusive em assuntos internos como as investigações de rotas do tráfico. O motivo real do sigilo é desconhecido, e só pode ser comprometedor.

Também interessante é outra providência do coordenador. Logo depois da prisão de Lula, o obcecado Dallagnol viajou. Para os Estados Unidos. “Foi à Disney.” Logo naqueles dias tumultuosos, que lhe pareceram até exigir, como recomendou, medidas especiais de segurança dos integrantes da Lava Jato.

Talvez se tenha que esperar por livros estrangeiros para saber o que foi e como foi, de fato, a Lava Jato conduzida por Deltan Dallagnol e Sergio Moro, este, hoje, integrado a uma empresa americana que lida com procedimentos do submundo empresarial. Mas nem tudo continua sob sombra ou como dúvida.

Habituados às delações traidoras, os próprios integrantes da Lava Jato delataram-se em gravações. A procuradora Carolina Resende, por exemplo, não disfarçou o objetivo do grupo: “Precisamos atingir Lula na cabeça (prioridade número 1) pra nós da PGR”.

Falou no melhor vernáculo miliciano.

Publicado hoje na Folha de SP: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/janiodefreitas/2021/02/habituados-as-delacoes-traidoras-integrantes-da-lava-jato-se-delataram-em-gravacoes.shtml

 

.

sábado, 13 de fevereiro de 2021

Carnaval: vale a carne?

Evaristo de Miranda *



Todo ano tem carnaval. Nunca no mesmo dia. Porque ele não é festejado na mesma data, como o Natal ou a independência do Brasil? Ele sempre acontece 40 dias antes da Páscoa. A verdadeira festa móvel é a Páscoa. É ela quem arrasta o carnaval na passarela do tempo. Qual regra define a data da Páscoa? Quem a criou? A datação da Páscoa vem de longe.

A Páscoa judaica relembra a saída da escravidão no Egito, a verdadeira terra de leite e mel para onde sempre recorreram os nômades famintos das vizinhas terras desérticas. A Páscoa judaica está associada ao equinócio de primavera no hemisfério norte, o dia 20 de março. Para o judaísmo, o próprio planeta foi criado por Deus no equinócio de primavera. Para muitos povos, o ano começava em março. O calendário romano começava no equinócio de primavera, marca da emergência da vida após meses de outono e inverno.

A Páscoa cristã corresponde à data da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. O tempo litúrgico da Páscoa começa quarenta dias antes, na Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma. *Em 1091, a data da Páscoa foi assim estabelecida pela Igreja Católica: ela é festejada no primeiro domingo, depois da primeira lua cheia, após o equinócio.**

Consequência direta, o início do Carnaval também se estabeleceu: o final de semana antes da Quarta-feira de Cinzas. E ele termina na Terça-feira de Mardi-gras, a Terça-feira gorda, evocando carne e gordura. A data não foi escolhida para afugentar nenhuma festividade pagã, como vaticinam alguns.

Com origem na Antiguidade pré-cristã, o carnaval foi incorporado, delimitado e datado pelo calendário católico. Na Europa, o carnaval era um período de festas profanas, invernais, regidas pelo ano lunar. Elas eram caracterizadas pela liberdade de expressão, fantasias e máscaras, pela subversão temporária de papéis sociais e até naturais.

Em pleno rigor invernal, a festividade do Carnaval era um sobressalto de vida e de grandes refeições. Tempo de destacar a sobrevivência face ao frio, aos riscos da morte por enfermidades etc. As pessoas expressavam a certeza, pela duração cada vez mais longa dos dias, da chegada de tempos melhores (primavera). Sobreviveriam ao inverno. Quanto ao inferno...

Para alguns, a expressão latina "carne vale"! (Adeus, carne!), anuncia a entrada na abstinência quaresmal. Outra etimologia lê "carne levare": afastar a carne, do latim "levare", “tirar, sustar, afastar”. Um último consumo de carne antes da Quaresma. 

** "Se a COVID não autoriza bloco, desfile e aglomerações, nada impede churrascos entre amigos e familiares, com as devidas precauções, para honra e glória de bovinos e pecuaristas!"

* o autor é engenheiro agrônomo, Chefe Geral da Embrapa Territorial

 

,