quinta-feira, 31 de março de 2016

Juca Kfuri foi genial: futebol e política tem golpe, sim!

Richard Jakubaszko 
Assistam no vídeo o genial comentário de Juca Kfuri comparando o processo de impeachment versus uma partida de futebol, considerando as leis e regras de cada disputa.
Simplesmente genial, imparcial como deve ser o comentário de um jornalista sobre um tema polêmico, apresentando os dois lados, versões, e no final dá a própria opinião.

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31 de março: pela democracia, golpe nunca mais.

Richard Jakubaszko 
Em todo o Brasil, e mundo afora, manifestações hoje em favor da democracia e contra o golpe no Brasil.
Querem derrumar a Dilma, e o Lula? Não vão!
Eles querem o nosso petróleo e o nosso pré-sal? Não vão levar!
Eles querem destruir os países do BRICS? Não vão conseguir!
Eles querem a nossa Amazônia? Não vamos permitir!
O mundo inteiro já percebeu que é golpe! Só os brasileiros ingênuos "acham" que eles querem é acabar com a corrupção...
Não se engane, é golpe contra a democracia! 
Não vai ter golpe!

quarta-feira, 30 de março de 2016

Melhorando ou piorando as instituições?


Marcos Sawaya Jank *
Muito já se especulou sobre os fatores que determinam por que alguns países dão certo e outros não. Já se tentou associar desenvolvimento das nações a clima, recursos naturais, raças específicas, poder bélico etc. Nenhum desses elementos convence.

Mas na confluência das áreas de ciência política, economia e direito surgiu uma corrente importante, que passou a atribuir o desenvolvimento dos países à qualidade de suas instituições.

O maior expoente dessa corrente foi Douglass North, ganhador do Nobel de Economia em 1993, que morreu aos 95 anos no fim de 2015.

North define instituições como as "regras do jogo" na sociedade, que podem ser formais –leis, normas, convenções, etc.– ou informais –valores, crenças, regras de conduta, "jeitinhos" etc. Em outras palavras, instituições são os limites que uma sociedade estabelece para disciplinar as suas interações, formados não só pelas leis e regras formais como pelo conjunto de crenças, costumes e mentalidade das pessoas. Por isso, as instituições variam enormemente de um país para outro e também mudam bastante ao longo do tempo, para melhor ou pior.

O Banco Mundial desenvolveu uma incrível base de dados sobre o tema. Os Indicadores Globais de Governança (Worldwide Governance Indicators - WGI) mapeiam seis dimensões de governança pública de mais de 200 países. São elas: 1) voz e responsabilidade; 2) estabilidade política e ausência de violência; 3) eficácia do governo; 4) qualidade das políticas e normas; 5) Estado de Direito; e 6) controle da corrupção.

O gráfico desta página pontua o indicador médio de governança (notas de 0 a 100) e a renda per capita de cada país do WGI. A correlação é notável: quanto maior a qualidade das instituições do país, maior é a renda per capita.

QUALIDADE DAS INSTITUIÇÕES DETERMINA A RIQUEZA DAS NAÇÕES
Neste momento crucial de teste das nossas "regras do jogo", interessa saber onde estamos em relação ao mundo e, sobretudo, para onde vamos.

Definitivamente ainda estamos longe do pelotão de frente, formado pelos países com boas instituições e alta renda per capita. Nesse grupo estão a maior parte dos países da Europa Ocidental, Austrália, Nova Zelândia, EUA, Canadá, Japão, Cingapura e Hong Kong, todos com nota acima de 80/100.

Já o grupo de trás é dominado por países africanos, quase todos com instituições falhas e precárias.

Na América Latina, os três melhores casos são Chile, Costa Rica e Uruguai. Na rabeira vêm Bolívia, Equador, Honduras e Venezuela, esta em último. Curiosamente a renda per capita da Venezuela é superior à brasileira, porém as suas instituições receberam nota 9, ante 50 do Brasil.

Como os dados mais recentes publicados na base do Banco Mundial são de 2014, é provável que nossa nota caia ainda mais em 2015 e 2016. Mas o que importa mesmo é saber aonde o atual furacão vai nos levar.

A melhoria das instituições e regras do jogo é o único caminho real e concreto para o desenvolvimento. Por melhores que sejam os jogadores (empresas, pessoas), não há partida que possa avançar se as regras do jogo não forem transparentes e respeitadas e se os maus costumes não forem coibidos.

* o autor é especialista em questões globais do agronegócio.

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terça-feira, 29 de março de 2016

Lava Jato: a narrativa sai dos trilhos


Por Tereza Cruvinel *
A Operação Lava Jato desenrolou-se, nos últimos dois anos, seguindo uma narrativa com início, meio e fim. Uma história que devia terminar com Lula preso e responsabilizado pela montagem de um mega-esquema de corrupção para financiar a manutenção do PT no poder. Caracterizado como podre e corrupto, o partido, no final da história, também poderia ter seu registro cassado e desaparecer de cena. De Dilma, cuidaria o Congresso com o impeachment. Alguns fatos recentes, entretanto, estão ameaçando o o curso da narrativa. Por isso a lista da Odebrecht agora foi posta pelo Juiz Moro sob sigilo, depois de ele ter autorizado a divulgação do grampo Dilma-Lula. Por isso o Ministério Público praticamente dispensou a “colaboração definitiva” da empreiteira.

Em agosto do ano passado, quando José Dirceu foi preso às vésperas do protesto do dia 16 daquele mês contra Dilma e o governo, a narrativa fez uma forte inflexão. Registramos neste blog, no dia 25 de agosto: “Lava Jato muda narrativa para chegar a Lula”. Falando sobre a 17ª. Fase, em que Dirceu foi preso, o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, porta voz mais frequente do comando de Curitiba, afirmou repetidas vezes em relação a Dirceu: "Chegamos a um dos líderes principais, que instituiu o esquema, permitiu que ele existisse e se beneficiou dele". E estabeleceu a comparação com o mensalão de 2005: “O DNA é o mesmo: compra de apoio político”. Com muita insistência afirmou que o esquema “teve início no governo Lula” e perguntado se o ex-presidente também seria investigado respondeu:"nenhuma pessoa no regime republicano está isenta de ser investigada". A frase inteira em que ele responsabiliza Dirceu foi claramente insinuante: "Não descarto que existam outros cabeças mas chegamos a um dos líderes principais, que instituiu o esquema, permitiu que ele existisse e se beneficiou dele".

Vieram as outras fases. A Odebrecht foi a única empreiteira que, mesmo tendo seu principal executivo e herdeiro preso, recusou-se a fazer acordo de delação. Nas fases seguintes, não foram encontradas provas de que Lula era “o outro cabeça” ou a principal cabeça do esquema Petrobrás. Ele então começou a ser investigado pelas obras no sítio de Atibaia e por reformas no apartamento que não chegou a comprar. Dava no mesmo, ou quase.

O cerco a Lula foi se fechando ao mesmo tempo que o Congresso avançava contra Dilma com o impeachment. Quando ela chama Lula para ajuda-la a resistir e a soerguer o governo, e o nomeia ministro, Moro dá o tiro de escopeta da divulgação ilegal dos grampos. Foi aí que a narrativa começou a sair dos trilhos. Moro expôs-se mais que o devido, para além do previsto no script.

A base social de Lula e do PT também foi às ruas. A consciência jurídica manifestou-se contra o impeachment por razões políticas, que assim sendo, ganha outro nome, como disse Renan Calheiros. O nome de golpe.
 

E para completar, com a operação Xepa invandindo suas sedes em várias cidades, a Odebrecht informa em nota que está disposta a fazer uma “colaboração definitiva” sobre fatos que se relacionam com a existência “de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoal”. Opa, de um sistema? Na narrativa original estava escrito “um partido”.

E começa o vazamento da lista com mais de 300 nomes do “sistema” que receberam dinheiro da empreiteira. Doações legais ou ilegais? Não importa, pois as doações das empreiteiras ao PT não são consideradas como “propinas”.

O “sistema”, segundo a lista, é antigo, remonta aos anos 1980. Opa, isso contradiz o procurador que afirmou sem sombra de dúvida que ele “foi instituído no governo Lula”.

O Ministério Público então avisa que não tem interesse pela delação da Odebrecht. Ela poderia ser um tiro fatal na narrativa.

Mas aí vem Pedro Correa, um velho político das franjas do sistema, com uma delação em que espalha bala para todo lado. Afirma até que FHC comprou a emenda da reeleição com a ajuda do Banco Itaú.

Encalacra o PSDB, o TCU e todo mundo.

O país também tem direito à delação de Pedro Correa. Só falta ela ser protegida por sigilo, como nenhuma outra foi.

Definitivamente, a narrativa está saindo do script original.

Está se caracterizando a existência de um “sistema” de financiamento da política a partir do Estado mas não um financiamento público transparente e lícito. Tal sistema se baseia no financiamento pelo Estado a partir dos contratos com grandes empresas fornecedoras, e nele os operadores de dentro e fora do Estado embolsam uma boa parte. Baruscos e companhia. Um sistema que gera e realimenta a corrupção, qualquer que seja o partido no poder.

Esta verdade não interessa à Lava Jato e aos que dela se valeram para fomentar a crise. Não interessa ao “sistema”.

Mas é a partir dela que poderemos realmente passar o sistema político a limpo para o bem da democracia. Se ele for mantido, mesmo com Lula defenestrado da cena política, Dilma afastada e o PT banido para a terra do mal, mesmo com as empreiteiras sangradas, abrindo espaço para empresas estrangeiras, outras crises virão.

A palavra do momento é acordão. Faz-se o impeachment e na poeira todos escapam. Com isso, as ruas não podem concordar. Nem as que estão contra Dilma, nem as que combatem o golpe.

Publicado no http://www.brasil247.com/pt/blog/terezacruvinel/222653/Lava-Jato-a-narrativa-sai-dos-trilhos.htm

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segunda-feira, 28 de março de 2016

Bomba: a crise no Brasil vista pela TV americana

Richard Jakubaszko
Como as TVs independentes nos EUA noticiam a crise política brasileira e a tentativa de impeachment no Brasil?
Assim: é golpe! É jurídico e midiático.
Impeachment em si não é golpe, está na nossa Constituição, mas o impeachment que se pretende fazer agora, é golpe, sim. Afinal, de que é acusada a presidente Dilma Rousseff? De uma pedalada? Ora, ora...
O jornalista americano Glenn Greenwald mostra como é esse golpe, assistam.
O vídeo está legendado.




Reportagem do canal independente de notícias http://democracynow.org, publicada em 24 de março de 2016 - sobre a pior crise política no Brasil nos últimos 20 anos. Glenn Greenwald, vencedor do Pulitzer de Jornalismo, radicado no Brasil, analisa o escândalo de corrupção e o uso que dele se faz para subverter a democracia. Também traça um paralelo entre o Golpe Militar de 1964 no Brasil com o momento atual, apontando as diferenças e indicando os pontos em comum, tecendo considerações significativas a respeito dos Estados Unidos e sua influência em ambos os momentos históricos.

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sexta-feira, 25 de março de 2016

Será o início do fim do jornalismo?

Richard Jakubaszko 
Ando cada vez mais exasperado com o jornalismo brasileiro. Aqui, nesta terra provavelmente (ou quem sabe temporariamente...) esquecida pelo Criador, prevalece a lei da selva, a lei do velho oeste, onde pratica-se um jornalismo político da pior espécie, o jornalismo de esgoto, que penetra com suas influências ideológicas em quase todas as editorias, seja pela omissão de fatos importantes, seja pela falta de senso crítico, seja pelos exageros e distorções daquilo que é publicado.

Vamos por partes. Afinal, não se faz mais jornalismo no Brasil, mas sim política rastaquera e partidária da pior espécie nas páginas de jornais, revistas e nas TVs, e também na Internet.

A falta de senso crítico
1 - Nenhum jornal, revista ou TV debate a proposta de José Serra no Senado, de privatização do pré-sal. A sociedade nem sabe o que está acontecendo.

2 - Critica-se o governo por haver um déficit público no orçamento, mas a mídia é o verdadeiro "porta-voz" do mercado financeiro, que exige elevação da Taxa Selic para reduzir a inflação. Ora, critica-se a Previdência, por ter um déficit de R$ 6 bilhões, mas a mídia não debate e nem informa que o aumento da Selic vai obrigar o Governo Federal a pagar algo como R$ 550 bilhões de reais de juros da dívida pública em 2016. Deduzo que a mídia não tem papel social, mas apenas político partidário.

3 - Investiga-se o PT, em todas as instâncias, até o iate de lata e a horta de Dona Marisa, como se fossem os petistas os criadores e desenvolvedores da corrupção no Brasil e no mundo. Mas, por que não se investigam as dezenas de denúncias contra os tucanos e de outros partidos?

4 - As distorções vão sendo registradas para a história, sobre economia e política; a parcialidade partidária e política do jornalismo brasileiro vai provocar muita dor de cabeça aos historiadores do futuro. As audiências das TVs que o digam, desabaram. As tiragens dos jornais e das principais revistas semanais despencaram.

5 - A veja deste fim-de-semana tem uma capa antológica do jornalismo "investigativo", e especulativo, imediatamente negado pela Embaixada da Itália. Mudou a direção de redação da revista, e algumas moscas, mas a merda é a mesma.

Leia a nota na íntegra:


COMUNICADO DA EMBAIXADA DA ITÁLIA SOBRE A MATÉRIA "O PLANO SECRETO", PUBLICADA NA REVISTA VEJA.

Em relação à matéria "O plano secreto" publicada na última edição da revista Veja, a Embaixada da Itália declara:

1 - As informações referentes à Embaixada e às supostas conversas do Embaixador Raffaele Trombetta são inverídicas.

2 - Relativamente ao evento no Palácio do Planalto, a pessoa destacada na fotografia e sentada em uma das primeiras fileiras não é o Embaixador Trombetta, como pode-se constatar facilmente. O EmbaixadorTrombetta estava sentado, junto a todos os demais embaixadores, no espaço reservado ao corpo diplomático.

3 - Na conversa telefônica citada, foi dito ao jornalista que não se queria comentar fatos que, no que tange à Embaixada, eram e são totalmente inexistentes.

Brasília, 25 de março 2016

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