Richard Jakubaszko
Chego à conclusão de que o hobby nacional é transmitir notícia ruim a partir do imenso número de fóruns, simpósios e palestras que se realizam nestes últimos tempos. Somente neste mês já fui a quatro desses eventos, recheados de empresários, jornalistas e ambientalistas, ou os ecochatos, daqui em diante denominados de biodesagradáveis, em que só se fala nas misérias futuras que a humanidade vai sofrer com o "aquecimento do planeta", com as "mudanças climáticas", os "eventos extremos", a "falta de água", a biodiversidade etc., etc. E tomem-se sugestões hilariantes e assustadoras para mitigar as previsões ruins, todas com ampla repercussão na mídia. A mídia, antes de tudo, gosta de notícia ruim. Os organizadores desses fóruns, sedentos por estar na mídia, fornecem “conteúdo” e a mídia sai satisfeita, os repórteres anotam tudo para reportar a seus leitores e telespectadores. Todo mundo fica feliz com as desgraças do que se promete aí pela frente, afora as sugestões de legislação que são feitas dentro do alto pragmatismo de rótulos que já andam desgastados como "ameaças e oportunidades" para que se conquiste a paradisíaca sustentabilidade.
Semana passada estive no evento do Instituto Biológico, na Secretaria da Agricultura de São Paulo, para assistir a palestra do amigo Evaristo de Miranda, agrônomo da Embrapa Monitoramento por Satélite, de Campinas, SP. Ele prova com estatísticas e de forma científica aos assistentes que o CO2 não é o criminoso que os ambientalistas apregoam pelos quatro ventos, muito menos o culpado pelo aquecimento. Nossa única e fundamental diferença é que Evaristo afirma acreditar no aquecimento planetário, enquanto eu acho que é um porco-boi que plantaram em nossa sala de visitas, conforme artigos já publicados no meu blog pessoal (ver relação abaixo) e pela blogosfera, em que aponto as causas e os interessados nesta mentira bem elaborada que tomou conta da nossa vida desde 2007 quando o IPCC anunciou o "início do fim do mundo".
Parece não haver capacidade de autocrítica no ser humano moderno, nas ciências e na mídia, pois estão todos incapazes de estabelecer um debate contraditório a essa avalanche.
No dia seguinte fui ao evento da Syngenta, no Hotel Transamérica, chamado de “Fórum da Biodiversidade”, com presença da ministra do Meio Ambiente, Isabella Teixeira, por sinal, uma personalidade interessante, notável, culta, inteligente, e que recomenda o diálogo dos parceiros biodesagradáveis com a sociedade ao invés do lema proibir-proibir, a começar pelo Código Florestal, que periga ser aprovado a jato pelo Congresso ainda este ano se os verdes dormirem no ponto.
O evento foi aberto por Antônio Carlos Guimarães, presidente da Syngenta LATAM, que enfatizou a importância da produção de alimentos diante do crescimento demográfico, e mostrou que a empresa está aberta ao debate com os ambientalistas ao realizar o Fórum da Biodiversidade.
Neste evento da Syngenta assisti à palestra do advogado americano Jonathan Lash, Presidente do World Resources Institute – WRI, de Washington, que é um poderoso lobbysta junto ao Congresso americano para defesa de causas ambientais, e que admite o fracasso da maioria das causas abraçadas, pois os congressistas, definitivamente, não acreditam nessa desgraceira de aquecimento.
Na entrevista coletiva a jornalistas, após a palestra, perguntei a Jonathan Lash como os americanos poderiam encarar a aplicação de um Código Florestal como o brasileiro se fosse direcionado aos produtores rurais americanos. Primeiro, ele deslizou inteligentemente da pergunta-pegadinha, depois que expliquei o ponto crítico, ou seja, tornar 20% da área como uma Reserva Legal, afora as áreas de APPs em margens de rios e mananciais de água. Ele reconheceu que se isso ocorresse nos EUA haveria no mínimo queda de governo e de todo o Congresso, pois seria considerado "confisco de terras", o que é ilegítimo pela Constituição dos EUA, explicitado na 5ª emenda. Mesmo que o confisco fosse recompensado financeiramente. Expliquei que aqui se fala eufemisticamente em “pagamento por serviços ambientais prestados”.
Ainda nos debates da parte da manhã questionei a ministra Isabella sobre as razões de os biodesagradáveis, como ela mesma reconhece e os chama, de nunca abordarem como causa, na discussão da biodiversidade e da sonhada sustentabilidade, o explosivo crescimento demográfico no planeta, como se a humanidade não fosse o principal objetivo de todas essas ações midiáticas e dos mirabolantes projetos legislativos.
Dentre outros aspectos que sugeri o principal estaria a produção de alimentos, fato que os ecologistas pretenderiam consolidar com suas intenções legislatórias de proibições e limitações às atividades produtivas. A ministra Isabella reconheceu que só o diálogo colocará o ser humano no centro desse debate, até porque, diz ela, tem a certeza de que, seja o que venha a acontecer no futuro, a médio e longo prazo, a humanidade pode até desaparecer, mas o planeta irá continuar vivo.
Fui almoçar com a certeza de que a ex-ministra Marina Silva, e pior ainda, o depois ministro Carlos Minc, usurparam um cargo de direito e de mérito que deveria ter sido de Isabella Teixeira, desde 2003. Teria ocorrido diálogo, pelo menos esse é o discurso quando ela chama de burra a atitude de críticas dos ambientalistas, e ao mesmo tempo das posições radicais e empedernidas contra o agronegócio.
Nesta quinta-feira fui ao 19º Fórum da ABAG, desta feita no Maksoud Hotel, para ouvir sobre “Eventos Extremos”. Um dos palestrantes, o americano Harold Doley III, Diretor e co-fundador do Lugano Group Incorporated (EUA), discorreu sobre o furacão Katrina, que devastou New Orleans (EUA), em agosto de 2005. Ao relatar essa experiência e os planos de capacidade adaptativa, montados para recuperar a cidade, admitiu com a típica objetividade americana que o Katrina foi um furacão igual a muitos outros, e de que os terríveis danos causados a New Orleans somente aconteceram pela imprevidência humana, em especial dos governos do estado e federal. Não apenas imprevidência, ele acentuou, mas incompetência em todos os sentidos. Isto porque, New Orleans é uma cidade situada em terreno abaixo do nível do mar, como é também o caso da Holanda, e igualmente protegida por diques de segurança para impedir a invasão das águas do mar. Diante da violência do furacão, que nem chegou a atingir a cidade propriamente dita, os diques de proteção se romperam e foi isto que inundou mais de 80% da cidade em poucos minutos. Portanto, a palestra do “Eventos Extremos” da ABAG, acabou sendo desmentida pelo palestrante internacional.
Na sequência houve a palestra de Sergio Trindade, engenheiro químico brasileiro que fez parte do IPCC, entidade que recebeu (na minha opinião injustamente) o Prêmio Nobel da Paz em 2007. Trindade repetiu os mesmos equívocos que o IPCC dizia até o ano passado, falou de aquecimento, que o nível do mar vai subir de forma assustadora, exibindo num "aterrorizante" (para ele) power point mapas hipotéticos com as regiões que seriam invadidas pelo mar se os níveis de água subirem ½ metro, 1 ou 2 metros.
Mostrou ainda gráficos cientificamente abobalizantes, sem os devidos créditos, sendo que o pior deles mostrava, no que consigo recordar, a evolução das emissões anuais de CO2 de 2000 até 2010, iniciando com 50 bilhões de toneladas e terminando com 150 bilhões. Na sequência da palestra fui o único da plateia a fazer perguntas questionando a incorreta informação, pois, de um lado, é impossível calcular o total das emissões anuais de CO2 no planeta, mas há cálculos estimativos aceitos de que seriam de 200 bilhões, com um viés de 20% para mais ou para menos. Os 150 bilhões apresentados por Sérgio Trindade, para hoje em dia, nesse sentido, estariam OK, mas os 50 bilhões do ano 2000 é uma mentira deslavada e proposital de quem construiu esse número, pois haveria uma evolução nas emissões de 300% em 10 anos! Na verdade o volume de CO2 na atmosfera evoluiu 30% em 200 anos, não esquecendo que isso envolve o início da era industrial.
Na minha pergunta afirmei ainda, conforme dados científicos disponíveis, que as emissões de causa antropogênica confirmadas seriam de apenas 3%, enquanto que 97% têm a natureza (mar, vulcões, florestas, solos degradados) como responsável. Trindade desconversou, reafirmou que os números são os registrados e apresentados pelo IPCC e assim terminou o debate no Fórum.
Lamentavelmente o sistema de debates nos Fóruns da ABAG não permite que a plateia faça pergunta via microfone, mas tão somente por escrito. Ficou claro, para mim, que alguns dirigentes da ABAG não gostam do debate, preferem o discurso único.
Para saber mais leia, aqui no blog:
Ecologia seria a busca do significado da vida.
Há uma inexplicável preferência humana por desentendimentos, mas apresso-me a afirmar que a única coisa permanente no universo é a mudança. Ou seja, tudo que nasce morre, e tudo está em movimento, menos os minerais e os biodesagradáveis. Afinal, os ambientalistas são Deuses, ou se consideram como tal? Ou apenas desejam conquistar o Paraíso, em detrimento de condenar bilhões de pessoas a morrerem de fome?
Fica evidente o compromisso dos biodesagradáveis em promover uma “ideologia naturalista”, sem ao menos ser capaz de ouvir quem pensa diferente. Isso autorizaria os ditos cujos em abordar assuntos que tratam da perspectiva liberal, embora essa tendência esteja superada em vários círculos. Seria a polêmica simples estratégia de guerra, às expensas da qualidade da informação? Tudo é voltado pra um público débil (telespectadores) que engole com empatia qualquer matéria sensacionalista decorada com um aparentemente relevante infográfico ou imagem de impacto. Ora, o Renascimento pôs fim ao controle do poderoso cristianismo sobre a cultura, as artes e as ciências, mas temos agora os novos contemporâneos, os biodesagradáveis que resolveram não apenas legislar, mas burocratizam a vida e os meios de produção.
O único sinal otimista de reação que se verifica é a procura por uma idealização chamada de “sustentabilidade”. Não vejo como é que a ciência vai “inventar” a sustentabilidade, pois o problema maior não está na sujeira ou poluição causada pelos humanos, mas no excesso de consumo que tem como causa a explosão demográfica. Será que Malthus tinha razão quando fez suas previsões? Para a mídia e os ecologistas isso parece não ter importância.
Agricultura comercial embute, por definição, impacto ambiental, incluindo a redução da biodiversidade. Assim, de certa forma, agricultura é poluição, mas os seres humanos precisam comer, e é por isso que se faz agricultura.
Uma coisa é ecossistema e outra é agrossistema. No ecossistema, a natureza equilibra-se com a interação de todos seus agentes: flora, fauna e microorganismos. Os ambientalistas sabem que, nas visitas a santuários ecológicos, podem deixar, no máximo, como sinal de sua passagem por lá, as próprias pegadas. Qualquer resíduo, toco de cigarro ou lata de cerveja, é poluição.
No ecossistema puro os seres humanos não conseguiriam sobreviver, a vida nesse meio ambiente é opção de raros seres humanos, e a personagem Tarzan, mostrada nos cinemas, era apenas uma mensagem idílica.
Já no agrossistema não existe “ecossistema”. Quanto maior for a plantação, ou a pastagem, maior o desequilíbrio do “ecossistema”. Se a lavoura for invadida por qualquer inimigo natural concorrente, erva daninha, inseto ou fungo, será imediatamente combatido, para manter o agrossistema produtivo e rentável. No clima tropical brasileiro os invasores – insetos, fungos e ervas daninhas – proliferam com muito maior rapidez do que nos climas temperados.
Nesse sentido tem sido fantástica a contribuição dos fitossanitários para se manter a produção de alimentos de forma a atender às necessidades das populações. Porque há hoje no planeta 6,8 bilhões de bocas para alimentar. Éramos 2 bilhões no início do Século XX, seremos 9 bilhões em 2.050. O que significa dizer que a situação vai piorar, considerando a ótica dos ambientalistas. Antes disso a agricultura brasileira será criticada por sermos os campeões mundiais no uso de agroquímicos.
Agricultura moderna não é compatível com biodiversidade na forma idealizada pelos ecologistas. Há biodiversidade no solo, em plantio direto, mas não de agentes naturais que se alimentam daquilo que se plantou. Os invasores e as pragas aparecem sempre, encontram fartura de alimentos e nenhum agente predador. Reproduzem-se de forma explosiva. São mantidos sob controle pelos produtos fitossanitários. Num ambiente tropical como o do Brasil as pragas proliferam de forma exponencial, ao contrário de ambientes temperados ou frios como os existentes acima da linha do Equador. Essa a diferença do porque o Brasil se tornou campeão mundial no uso de agroquímicos, ou agrotóxicos, como queiram.
Para usar menos agroquímicos, a ciência agrícola criou a alternativa das plantas OGMs, mas há gente que é contra, sem nem saber o que é fazer agricultura e quais seus problemas e necessidades. Pedem, criticam e exigem, naquilo que consideram uma atitude de sabedoria, numa cautela previdente, os “estudos de impacto ambiental”. Há necessidade de se informar aos exigentes ecologistas, que se outorgam de soberba, inclusive políticos oportunistas, e também jornalistas mal informados, que os OGMs já estão incluídos entre os assuntos mais estudados por todas as ciências e, pelo que se sabe, nada de ruim foi provado dentro daquilo que os ecologistas preveem ou nos “ameaçam”.
Não se conhece nenhuma mutação humana ou animal, ou alterações diretas da natureza, que tenha ocorrido nesses dezoito anos desde que os OGMs foram lançados e estão sendo usados e consumidos. Comparativamente às plantas nativas tradicionais sabe-se, hoje em dia, muito mais sobre as plantas OGMs.
Solicita-se que os ecologistas tenham bom senso, que entendam de gente e do excesso de contingentes famélicos: que instalem ONGs para reduzir os índices de natalidade no planeta, na África, América Latina, Ásia e Índia. Isto já ajudaria bastante. Ou então, que sigam as recomendações de Malthus. Estas eram passadas aos responsáveis pelas políticas públicas de então, de que deveriam deixar os pobres e famintos entregues à própria sorte, pois eles se exterminariam. Mas isto não é importante, nem para a mídia e tampouco para os biodesagradáveis.
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