Fernando Brito *  
Ora, vamos, o surto narciso-canalho-psicótico de que foi acometido o senhor Rodrigo Janot não é um episódio isolado na vida brasileira. 
É apenas uma erupção explícita do grave processo de infecção autoritária que, há anos, passou a acometer nossa sociedade, desde que as corporações judiciárias entraram em metástase, potencializada pela mídia, e passaram a pretender ser o poder supremo entre nós. 
Valeram-se, para isso, do mais primário maniqueísmo, erigindo na Justiça lugar dos “homens do bem” e, na política, os “do mal”. 
O próprio Janot, no momento em que se associou à fúria dos imberbes de Curitiba, apanhou carona na condição de “herói”, com o patético cartaz em que se exibia como “Esperança do Brasil” 
Ser – neste caso sentir-se e ser visto como – “do bem” dava a eles direitos extraordinários, poder absoluto sobre as pessoas. 
Aos “pecadores” da política era só esperar a chegada de seus arcanjos da Polícia Federal, bem cedinho, com seu Japonês ou Lenhador, trazendo a implacável ordem do Zeus de Curitiba e, depois, de suas sucursais: Marcelo Bretas, Valisney de Oliveira… 
A política trocou programas, ideias, compromissos e passou a ser feita com prontuários e promessas de armas, balas e tiros. 
O direito, à base de conveniências que o adequem aos imperativos morais como o de “não prejudicar a Lava Jato”. 
Veja-se agora o caso em que se quer “modular” um princípio constitucional, o da ampla defesa, condicionando-o a que o acusado o tenha reivindicado “tempestivamente”, o que é um rematado absurdo em se tratando de direito indisponível. 
Estaremos condenados a um mundo onde a realidade deva conformar-se aos ditames morais, aos dogmas de um fundamentalismo judicial, onde o crime – como o que esteve à beira de ser praticado por Rodrigo Janot se justifica pela vítima? 
* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço. 
Publicado em http://www.tijolaco.net/blog/nao-e-janot-que-esta-louco-e-o-brasil/ 
.
Assinar:
Postar comentários (Atom)

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por participar, aguarde publicação de seu comentário.
Não publico ofensas pessoais e termos pejorativos. Não publico comentários de anônimos.
Registre seu nome na mensagem. Depois de digitar seu comentário clique na flechinha da janela "Comentar como", no "Selecionar perfil' e escolha "nome/URL"; na janela que vai abrir digite seu nome.
Se vc possui blog digite o endereço (link) completo na linha do URL, caso contrário deixe em branco.
Depois, clique em "publicar".
Se tiver gmail escolha "Google", pois o Google vai pedir a sua senha e autenticar o envio.