A
partir dos anos 1980, o sistema de plantio direto foi aperfeiçoado e
adotado progressivamente no país até ultrapassar 35 milhões de hectares.
A cultura da soja, por exemplo, tem o solo quase totalmente protegido
pelo sistema.A difusão do plantio direto ao longo dos últimos 30 anos
deve-se, primordialmente, ao empenho dos produtores em resolver os
problemas inicias do sistema. Teimaram, persistiram e conseguiram, com a
devoção de alguns pioneiros incansáveis na divulgação através de
eventos variados.
A
considerar também o concurso dos fabricantes de semeadoras e a
colaboração dos agrônomos, quer de atividade individual, quer
participantes das cooperativas, dos órgãos públicos de pesquisa e
fomento e das firmas privadas de assessoria técnica e consultoria.
Dispunham-se
de dados isolados da adoção do sistema, dos sucessos e insucessos, mas
faltava uma análise mais ampla do estado da arte dessa tecnologia, que
tanto havia contribuído para controlar a erosão.
Quando
o agrônomo André Pessoa tomou a inciativa, em 2006, de avaliar as
safras antes da colheita, através de aferições nas lavouras, de acordo
com modelo usado nos EUA, a Fundação Agrisus vislumbrou a oportunidade
de aproveitar as visitas a campo para conferir como andava o plantio
direto.
O
projeto executado pela Agroconsult, denominado Rally da Safra, passou
então a dar notas ao plantio direto nas visitas aleatórias destinadas a
medir a produtividade da soja e do milho. Ao mesmo tempo foram
submetidos questionários aos participantes das reuniões técnicas
regionais.
Em
2009, além das anotações em milhares de visitas aleatórias e de
centenas de questionários respondidos pelos produtores, a Agrisus
contratou a coleta de amostras de terra em mais de 1.000 locais a fim de
conhecer o comportamento dos nutrientes dos adubos colocados ano após
ano na base de sulcos relativamente rasos, sem serem incorporados
posteriormente por gradagens ou arações.
Dessas
8.253 observações a campo, dos 3.730 questionários respondidos e das
2.342 amostras de terra de 1.171 locais, resultaram sete Relatórios do
Estado da Arte do PD no Brasil (2006 a 2012), cada um historiando os
resultados anteriores, um Relatório da situação do Fósforo no ambiente
do PD e um Relatório das Bases Trocáveis igualmente na mesma situação
ambiental.
As
conclusões essas pesquisas, inéditas no país, destinam-se ao
conhecimento da situação atual e da evolução do sistema durante o
período de estudo. Constituem um acervo precioso de dados través do qual
os produtores serão estimulados a se aperfeiçoarem, enquanto entidades
privadas e órgãos públicos encontrarão elementos para planejamento de
suas ações.
A valiosa documentação, resultante da iniciativa e do apoio da Fundação Agrisus, acha-se à disposição dos interessados no site www.agrisus.org.br.
* o autor
é engenheiro agrônomo, formado na turma de 1936 da Escola Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). Entre múltiplas atividades no
setor agropecuário, foi fundador e presidente da Manah S.A. e fundador e
ex-presidente da Fundação Agrisus, única entidade a trabalhar
exclusivamente com recursos próprios no apoio a projetos educacionais e
de pesquisa voltados à melhoria e conservação do solo.
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