Richard Jakubaszko
Gente, ou fiquei débil mental ou estou cada vez mais burro. Não dá para entender a notícia abaixo, que está publicada na versão online do Estadão de hoje. Não há lógica nenhuma acusar uma empresa (a Apple) de "aumentar os preços dos e-books", porque isso beneficia a concorrente direta, a Amazon, que aumentou os seus preços. Tem alguma coisa errada nessa lógica jurista, sem pé e nem cabeça.
Da minha parte ando irritadíssimo com a Amazon. É que acabei assinando um contrato com a Editora UFV (Universidade Federal de Viçosa, MG), muito contrariado, diga-se de passagem, para a publicação de uma versão eletrônica do livro "Meu filho, um dia tudo isso será teu", que na versão impressa anda na 3ª impressão. Justo pelo sucesso da versão impressa, a Editora UFV escolheu esta obra, junto com outros 15 títulos, entre centenas de obras editadas, disponíveis em seu acervo, para se tornar edição eletrônica.
Cabe aqui a explicação da minha contrariedade e irritação. É que na versão impressa tenho 20% de direitos autorais, junto com meu parceiro no livro, o advogado Fábio Lamônica. Já na versão eletrônica Lamônica e eu teremos de dividir assombrosos 5% de direitos autorais sobre as vendas.
No calor da batalha, antes de assinar o contrato dos direitos autorais, ponderei à UFV que era absurdo a Amazon cobrar 50% de "comissão" sobre o preço de venda do livro, por conta de ser o fornecedor do aplicativo que permite a leitura do livro apenas por quem o comprou, e que torna quase impossível a sua pirataria, muito comum em tudo o que se faz na internet.
Minhas reclamações caíram no vazio, seria pegar ou largar. Como tenho outro livro em andamento, no qual venho trabalhando há alguns anos, resolvi pagar o preço da experiência prévia e aceitei as péssimas condições impostas pela Amazon, para nós autores e para a própria Editora UFV. Se der certo a experiência com a Amazon é lá que vou bater para ter edição eletrônica do meu futuro livro, mas se der errado é lá que não vou, com toda a certeza.
De toda forma, é absurdo o que fazem essas empresas do e-book: elas sufocam a galinha dos ovos de ouro, ou seja, os autores e escritores de livros. Sem autores não há livros, certo mano? E sem livros o que é que elas vão vender?
Sobre a briga da Justiça americana com a Apple, em minha desconfiada opinião, a imbecilidade está na acusação de que a Apple conspirou para aumentar os preços (e os lucros) da concorrente Amazon... Ora, a Velhinha de Taubaté reencarnou na juíza distrital americana? Leiam abaixo, para se certificar. E me digam que estou errado, ficarei mais aliviado em saber que estou mal informado do que me sinto neste momento, um verdadeiro débil mental por não "entender" a lógica da juíza, que decidiu, do Estadão que repercutiu, e da Reuters, que distribuiu a notícia.
Publicado na versão eletrônica de O Estado de São Paulo, em 10 de julho de 2013:
http://blogs.estadao.com.br/link/apple-conspirou-para-elevar-preco-de-e-books/
Justiça considerou que a empresa ajudou as editoras a elevar os preços nos EUA, para combater dominância da Amazon.
NOVA YORK – Em uma rejeição à estratégia da Apple para vender livros digitais, uma juíza federal dos Estados Unidos decidiu que a empresa conspirou com as cinco maiores editoras de livros do país para elevar os preços dos e-books no varejo.
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Livros na iBooks Store foram usados para aumentar preços. Foto: Shannon Stapleton /Reuters
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A juíza distrital Denise Cote disse que há “provas convincentes” de que a Apple violou a lei de concorrência dos EUA ao fazer um “papel central” de uma conspiração com as editoras para eliminar o preço do varejo da concorrência e aumentar os valores dos livros digitais.
A decisão pode expor a Apple a danos substanciais. É uma vitória para o Departamento de Justiça dos EUA e 33 Estados e territórios dos EUA que abriram o caso civil de antitruste.
A Apple foi acusada de conspirar para reduzir a dominância da varejista online Amazon no mercado de e-books, provocando um aumento de preços. O valor de alguns livros, que antes custavam US$ 9,99 na Amazon, subiram para US$ 12.99 ou US$ 14,99. Na época, a varejista tinha 90% do mercado, em parte por causa de ter introduzido o leitor Kindle no mercado, aparelho pioneiro dos e-books.
“A Apple decidiu juntar forças com os representantes das editoras para aumentar os preços dos e-books e forneceu a elas meios para fazê-lo”, disse a juíza no documento de 159 páginas com a sua decisão. “Sem a orientação da Apple na conspiração, isso não teria sucedido como ocorreu.”
A decisão desta quarta-feira, 10, não foi uma surpresa total, dado que a juíza havia indicado em 3 de junho, antes do início do julgamento de duas semanas e meia, que a defesa da Apple poderia falhar. Cote pediu a abertura de um julgamento para definir as punições.
“Esse resultado é uma vitória para milhões de consumidores que escolheram ler os livros eletronicamente”, disse Bill Baer, diretor da divisão antitruste do Departamento de Justiça, em comunicado. “Essa decisão da corte é um passo importante para reverter os danos causados pelas ações ilegais da Apple.”
Apelação. Em comunicado, a Apple manteve sua defesa de que as acusações são falsas e disse que vai apelar da decisão desta quarta-feira.
“A Apple não conspirou para fixar os preços de e-books”, disse o porta-voz da Apple Tom Neumayr. “Quando nós lançamos a iBookstore em 2010, demos aos consumidores mais opção, acrescentando mais inovação e concorrência que este mercado tanto necessitava, quebrando o monopólio da Amazon sobre a indústria editorial. Não fizemos nada de errado.”
No ano passado, a Apple fez um acordo em uma outra ação antitruste sobre o preço de livros digitais com a Comissão Europeia, sem admitir ter adotado práticas erradas.
O suposto conluio das empresas começou no fim de 2009 e continuou até o início de 2010, e coincidiu com o lançamento do iPad no mercado. Somente a Apple foi a julgamento, enquanto as editoras concordaram em pagar mais de US$ 116 milhões em compensações aos consumidores. As editoras incluem o Grupo Hachette , a HarperCollins, a Pearson, a Simon & Schuster e a Macmillan.
A esperança é de que, como tudo na informática, os tablets e e-books tenham redução de preços dentro de algum tempo. É caro porque ainda é novidade.
ResponderExcluirJosé Carlos
Richard
ResponderExcluiracoes coletivas de natureza privada com fins de influenciar publicamente preco ou marketshare de um setor, lideradas de forma nao publica por uma empresa ou grupo de empresas com o potencial de distorcer o mercado sao objeto de regulamentacao em varios paises. Pode ser feito sem problema de forma publica e aberta levando a reorganizacao ou nova lideranca (tipicamente a .org tendo como membros as mesmas empresas interessadas e/ou outros - isso geralmente leva a reducao de precos).
O modelo de negocios da Amazon deixa margem para afiliados tambem, a Apple foca mais em um modelo de venda direta (o que nao impede que o autor tenha afiliados).
Todos os modelos teem pros e cons, vc pode tambem vender os livros diretamente (exclusivamente ou nao exclusivamente, depende do contrato que tenha assinado ou venha a assinar) e ficar com 100% ou o percentual acordado e para tal pode atrair leitores oferecendo bonuses (exemplo em [1] abaixo).
Para minimizar pirataria (evitar totalmente tem bem mais custos e requer recursos e proatividade), ha' algumas solucoes de software de DRM por exemplo ver [2].
Gerson
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[1] http://thepanaceacommunity.ning.com/forum/topics/27-flavors-of-fulfillment-live-webcast-replays
https://www.thepanaceacommunity.com/SearchResults.asp?Cat=1963
[2] http://bookguardpro.com http://www.artistscope.com/ http://www.ebook-security.com/ http://www.ebookresourcecenter.com/faqs/faq http://www.pcworld.com/article/252223/how_to_publish_an_ebook_step_by_step.html
http://www.cbprotect.com/main.htm http://www.ebookcrossroads.com/ebook-software.html http://electronicdeadbolt.com/