domingo, 12 de outubro de 2014

1ª Universidade das Ciências Gastronômicas (slow food)

Richard Jakubaszko 
Só poderia ser na Itália uma iniciativa dessas como o slow food, ideia fantástica, em vista do valor que os italianos dão à comida.

Não é à toa, portanto, que a Unisg, University of Gastronomic Sciences tenha sido idealizada na Itália, mais precisamente na cittá de Pollenzo, um sítio romano antigo, próximo a Turim. Estive visitando a Unisg, a convite da CNH - Cia. New Holland (Grupo Fiat), uma das empresas parceiras e patrocinadoras da Unisg, na primeira semana deste mês de outubro.

Fiquei muito impressionado com a estrutura e os registros históricos da jovem Unisg, fundada há menos de 10 anos. Assim, divulgo alguns detalhes da ideia e mostro imagens daquilo que vi e que me entusiasmaram muito, especialmente pela alta competência do trabalho que realizam por lá.

Em Pollenzo (e também em Trento) nasceu o conceito de slow food, fundado pelo sociólogo e jornalista italiano Carlo Petrini, que se propagou mundo afora, em oposição (em todos os sentidos) ao contemporâneo e leviano fast food. Lá está também a Banca del Vino. Redundante dizer que o almoço oferecido pela diretoria da Unisg ao nosso grupo visitante, regado a vinhos (todos nacionais...), foi um manjar inesquecível, digno dos deuses.

Petrini não estava presente, lamentavelmente, mas pesquisei e li que ele afirmou que "A política mais importante passa pela comida". Foi assim que alimento virou uma questão política. Petrini diz que quando começou o movimento do Slow Food, não sabia disto, era apenas um protesto indignado contra o McDonalds que instalara uma loja no centro de Roma.
Petrini revela que a política mais importante neste momento no mundo passa pela produção de comida. Não a comida espetacular e criativa dos chefs, mas a comida dos camponeses, dos cidadãos, das crianças, dos doentes. Petrini percebe a comida como instrumento de justiça social. Aliás, é sob este prisma que se realizará de maio a outubro do próximo, em Milão, Itália, a Expo Milão 2015, cujo tema é "a sustentabilidade pelo alimento", hoje indiscutivelmente o maior problema a ser resolvido para viabilizar o futuro da humanidade.

A questão é uma variável do que venho debatendo neste blog desde o início, em dezembro de 2007: o crescimento populacional vai trazer problemas de abastecimento alimentar, a produção de alimentos não vem crescendo de forma suficiente a dar segurança alimentar. Onde há terra para se fazer agricultura não existe água ou sol, e agricultura precisa dos três para se consumar. Nos países ricos os alimentos já são commodities e o mercado financeiro especula sobre essa necessidade humana.

Na Unisg, alimento não é commodity, faz parte do todo, do sabor e do prazer, da saúde (inclusive na cura de doenças), da relação com o meio ambiente, interage com os produtores rurais, aliás, produtores de alimentos, com o consumidor e sua saúde, e também seu equilíbrio físico e mental, é um movimento até mesmo ideológico, portanto, multidimensional, conceito ao qual aderiram personalidades internacionais como o Papa Francisco e Barack Obama, e até mesmo Eric Smith, presidente da Google. Michelle Obama, por exemplo, instalou uma horta na Casa Branca por indicação do slow food.

Brasileiros como Alex Atala e Regina Tchelly já proferiram palestras em Pollenzo, na Unisg, bem como outros famosos e respeitados chefs de cozinha de todo o mundo. Enfim, a Unisg é uma injeção na veia de adrenalina otimista, ideia que deveria ser copiada e repetida mundo afora, inclusive no Brasil.
Decoração da sala de recepção, no estilo italiano, de bom gosto.
Área externa frontal.
Pollenzo, sítio Romano, dos séculos I e II.


Estilo sóbrio, e belo. Aqui estuda-se o "slow food", um conceito genial.


Ambientes em harmonia arquitetônica. Ao fundo a torre do castelo.


Patrimônio Mundial da Humanidade, Unesco.



O arado, homenagem a um dos maiores inventos da humanidade.



Ricardo Sauvaigne, do corpo de diretores da Unisg.


Slide da apresentação da Unisg, sobre o que é a inovação em alimentos.


Propostas da Unisg: alimento não é commodity, é muito mais que isso.

Nascente preservada, passa por baixo do castelo.
Michele Fino, professor da Unisg, brilhante e instigante apresentação.
Pollenzo, sítio Romano, a Itália é um museu a céu aberto.
Preservação da história e da cultura.
Arquitetura e meio ambiente em equilíbrio.

3 comentários:

  1. Prezado Richard,
    Obrigado pelas Informações!
    Abraços

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  2. José Carlos Arruda Corazza, BH12 de outubro de 2014 às 19:45

    Richard,
    maravilhoso esse post sobre o slow food e a Universidade das Ciências Gastronômicas. A questão da produção de alimentos realmente é política, mas não de cunho ideológico, e sim capitalista. Os americanos querem preservar nossas florestas para produzirem eles os alimentos, com lucros subsidiados!!!
    José Carlos, BH

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  3. Oi Richard,
    Tudo bem ?
    Gostei do post do Slow Food (conheço eles através de matérias e outras questões). Fui postar comentário e sempre me atrapalho pois pede um perfil? Não tenho algo específico do que está lá...O que faço para interagir no seu blog ?
    abs
    Pitombo

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