sexta-feira, 24 de julho de 2015

O sofrimento da Dilma

Daniel Strutenskey de Macedo
Nossa Presidenta emagreceu, seu rosto mostra os sinais de sua preocupação. Sinto que Dona Dilma está sofrendo... Digo dona referindo-me à pessoa e não ao chefe do Executivo. Dona Dilma é doutora, tem muita cultura, ocupa o cargo de maior importância do país, mas não é isto que marca esta mulher, e sim a sua bravura, a sua luta, o papel que desempenhou nas batalhas políticas que travou durante sua juventude, quando era pobre, estudante, de classe média, idealista.

Ela ocupa o atual cargo por mérito próprio. Fez por merecer. É claro que as circunstâncias contam e a gente não esquece que Dirceu e Palocci, naturais sucessores de Lula, foram afastados das disputas em função de serem processados. A gente também não esquece que os processos contra os tucanos continuam nas gavetas, mas isso é outro assunto. O que importa agora é a saúde de Dilma: a saúde e a permanência da eleita no cargo de Presidenta. A saúde, por conta da batalha política que enfrenta: dificílima. A permanência por conta da quebra da legalidade, de jogarmos no lixo a democracia que conquistamos com tantas dificuldades.

Tenho setenta anos, acompanho a política e os negócios desde jovem. Conheço bem alguns caminhos, pois fui diretor de duas multinacionais e atuei politicamente, contratei lobistas para que as empresas que eu administrava pudessem ter acesso aos negócios e disputassem as concorrências, sei exatamente como os negócios são gestados e como as oportunidades são cavadas, negociadas e contratadas. Sei quanto custam as candidaturas, como elas são feitas e pagas, pois além de administrador também sou publicitário, conheço as estratégias de construção e desconstrução de imagem.

Por ter estes conhecimentos, saber essas coisas, é claro para mim que a CRISE que vivemos hoje é fruto e produto da indecência, da ambição desmedida, da vaidade e da falta de caráter dos que concorreram contra a Dilma. A campanha de desconstrução do partido e de Dilma começou na metade do segundo mandato do Lula. O único motivo que poderia abalar a candidatura de seu sucessor seria a possibilidade de se abalar o sucesso econômico obtido na gestão do presidente sindicalista. Os concorrentes não fizeram por menos: passaram a atacar sistematicamente a política econômica do governo para desestabilizá-lo: venderam o pessimismo e o terror econômico e financeiro durante seis anos seguidos! E, assim que o país teve alguns problemas, atearam fogo para a total destruição. Mas, e o povo? Para vaidade e a ambição política, o povo é gado, animal a ser conduzido.

É interessante que nos EUA, o presidente Obama fez o contrário. Em vez de um aperto, foi o Tesouro que injetou dinheiro no mercado para que a economia não parasse e voltasse a crescer. Aqui, as bruxas e os bruxos da economia e da política, palpiteiros e fofoqueiros midiáticos de plantão, criaram, gestaram, desenvolveram e repetiram cotidianamente, de manhã, de tarde e de noite, a necessidade (invertida) de se apertar os cintos e de aumentar os juros. Para azar nosso, a Dilma houve por bem tentar suavizar a pressão que sofria nomeando ministros e gestores que acreditavam na solução do inimigo, invertida. Ficou pior. Agora temos a receita que os abutres queriam: pessimismo, juros altos, retração. Só não está pior porque o consumidor brasileiro é como criança, é irresponsável e quer sempre gastar mais, mesmo com os juros nas nuvens.

Meu sentimento é que resta à Dilma buscar a coragem e a bravura da juventude para começara a bater duro e forte nesta mentalidade pessimista, malandra e matreira dos abutres inimigos e dos partidos rivais. Politicamente, estará sozinha, mas é a alternativa que temos para que a parte lúcida da população se esclareça e perceba o golpe tramado e dê apoio à Presidenta para fazer o mesmo que o Obama fez. Sei que os bancos continuarão sendo os beneficiados, mas a produção depende da circulação de bens e estes do volume de crédito. É do sistema. Enquanto não inventarmos outro, um governo de país capitalista deve criar fundos para gerar moeda e financiar obras (Theodore Roosevelt já nos ensinou isto). Não podemos nem devemos aceitar que uma oposição golpista dificulte e impeça, com mentiras e trapaças, o governo de acelerar a economia do país. Não se pode confundir o ideal de justiça reclamado por parte da sociedade com malandragem e golpismo.
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