Daniel
Strutenskey de Macedo
Nossa Presidenta emagreceu, seu
rosto mostra os sinais de sua preocupação. Sinto que Dona Dilma
está sofrendo... Digo dona referindo-me à pessoa e não ao chefe do
Executivo. Dona Dilma é doutora, tem muita cultura, ocupa o cargo de
maior importância do país, mas não é isto que marca esta mulher,
e sim a sua bravura, a sua luta, o papel que desempenhou nas batalhas
políticas que travou durante sua juventude, quando era pobre,
estudante, de classe média, idealista.
Ela ocupa o atual cargo por mérito
próprio. Fez por merecer. É claro que as circunstâncias contam e a
gente não esquece que Dirceu e Palocci, naturais sucessores de Lula,
foram afastados das disputas em função de serem processados. A
gente também não esquece que os processos contra os tucanos
continuam nas gavetas, mas isso é outro assunto. O que importa agora
é a saúde de Dilma: a saúde e a permanência da eleita no cargo de
Presidenta. A saúde, por conta da batalha política que enfrenta:
dificílima. A permanência por conta da quebra da legalidade, de
jogarmos no lixo a democracia que conquistamos com tantas
dificuldades.
Tenho setenta anos, acompanho a
política e os negócios desde jovem. Conheço bem alguns caminhos,
pois fui diretor de duas multinacionais e atuei politicamente,
contratei lobistas para que as empresas que eu administrava pudessem
ter acesso aos negócios e disputassem as concorrências, sei
exatamente como os negócios são gestados e como as oportunidades
são cavadas, negociadas e contratadas. Sei quanto custam as
candidaturas, como elas são feitas e pagas, pois além de
administrador também sou publicitário, conheço as estratégias de
construção e desconstrução de imagem.
Por
ter estes conhecimentos, saber essas coisas, é claro para mim que a
CRISE que vivemos hoje é fruto e produto da indecência, da ambição
desmedida, da vaidade e da falta de caráter dos que concorreram
contra a Dilma. A campanha de desconstrução do partido e de Dilma
começou na metade do segundo mandato do Lula. O único motivo que
poderia abalar a candidatura de seu sucessor seria a possibilidade de
se abalar o sucesso econômico obtido na gestão do presidente
sindicalista. Os concorrentes não fizeram por menos: passaram a
atacar sistematicamente a política econômica do governo para
desestabilizá-lo: venderam o pessimismo e o terror econômico e
financeiro durante seis anos seguidos! E, assim que o país teve
alguns problemas, atearam fogo para a total destruição. Mas, e o
povo? Para vaidade e a ambição política, o povo é gado, animal a
ser conduzido.
É
interessante que nos EUA, o presidente Obama fez o contrário. Em vez
de um aperto, foi o Tesouro que injetou dinheiro no mercado para que
a economia não parasse e voltasse a crescer. Aqui, as bruxas e os
bruxos da economia e da política, palpiteiros e fofoqueiros
midiáticos de plantão, criaram, gestaram, desenvolveram e repetiram
cotidianamente, de manhã, de tarde e de noite, a necessidade
(invertida) de se apertar os cintos e de aumentar os juros. Para azar
nosso, a Dilma houve por bem tentar suavizar a pressão que sofria
nomeando ministros e gestores que acreditavam na solução do
inimigo, invertida. Ficou pior. Agora temos a receita que os abutres
queriam: pessimismo, juros altos, retração. Só não está pior
porque o consumidor brasileiro é como criança, é irresponsável e
quer sempre gastar mais, mesmo com os juros nas nuvens.
Meu sentimento é que resta à Dilma
buscar a coragem e a bravura da juventude para começara a bater duro
e forte nesta mentalidade pessimista, malandra e matreira dos abutres
inimigos e dos partidos rivais. Politicamente, estará sozinha, mas é
a alternativa que temos para que a parte lúcida da população se
esclareça e perceba o golpe tramado e dê apoio à Presidenta para
fazer o mesmo que o Obama fez. Sei que os bancos continuarão sendo
os beneficiados, mas a produção depende da circulação de bens e
estes do volume de crédito. É do sistema. Enquanto não inventarmos
outro, um governo de país capitalista deve criar fundos para gerar
moeda e financiar obras (Theodore Roosevelt já nos ensinou isto).
Não podemos nem devemos aceitar que uma oposição golpista
dificulte e impeça, com mentiras e trapaças, o governo de acelerar
a economia do país. Não se pode confundir o ideal de justiça
reclamado por parte da sociedade com malandragem e golpismo.
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