Richard Jakubaszko  
no Clube de Engenharia
É sabido nos meios científicos e técnicos que no suprimento de 
energia, assim como o século 19 foi dominado pelo carvão, o século 20 
pelo petróleo, o presente século será mais e mais dominado pelo 
combustível nuclear. Daí o interesse das principais potências do planeta
 em controlar o acesso a ele.
Aqui, o setor nuclear ganhou um silencioso destaque nas últimas 
semanas no Congresso Nacional, em função da tramitação das Propostas de 
Emenda Constitucional (PEC) 122/07 e da PEC 41/11, apensada à primeira. 
Silencioso, porque após longos nove anos, entre arquivamentos e 
desarquivamentos, as propostas receberam, sem alarde, em 12 de maio 
último, parecer favorável do relator da Comissão de Constituição e 
Justiça e Cidadania e chegarão em breve ao plenário.
Trata-se de um raro movimento do Legislativo em relação à área nuclear. Mas não é positivo; tampouco é neutro.
As mudanças propostas põem a perder quase seis décadas de esforços 
que levaram o país a, desde a década de 1980, integrar o seleto grupo de
 países que domina todo o ciclo do combustível nuclear, ao lado de 
Alemanha, China, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Irã, japão, 
Paquistão, Reino Unido e Rússia. Dono de uma das maiores reservas 
naturais de urânio do mundo, o país passou a dominar, após a construção 
da Fábrica de Combustível Nuclear em Resende/RJ, o ciclo nuclear 
completo em escala industrial.
Desde então, detém a tecnologia e as ferramentas necessárias para a 
autonomia na produção do combustível, a se concretizar após a conclusão 
de Angra 3. Trata-se, pois, de injustificável alienação de soberania, 
consubstanciada na exclusão do monopólio da União para a construção e 
operação de reatores nucleares para fins de geração elétrica (PEC 
122/07) e na vedação à construção e instalação de novas usinas que 
operem com reator nuclear no país, permitindo entretanto as atividades 
das usinas já existentes e em construção (PEC 41/2011).
As emendas constitucionais em apreço têm por objetivos inviabilizar a
 produção industrial de combustível nuclear no país, e possibilitar a 
privatização das usinas nucleares existentes, ora operadas pela 
Eletronuclear. Deixarão o país, caso aprovadas, mais uma vez à mercê de 
interesses externos. São iniciativas que se somam ao ataque ao Pré-Sal, à
 atualização do Código de Mineração para favorecer mineradoras 
multinacionais, à proposta de permitir a compra indiscriminada de terras
 por estrangeiros, à de “privatizar o que for possível” relegando-nos à condição de fornecedores de matérias-primas para o mundo. É a volta ao Brasil Colônia.
Longe de sermos xenófobos, preocupa-nos o nosso futuro como nação. Em
 face da sua extensão territorial, dos seus recursos naturais e da sua 
população, o Brasil, que já é hoje uma das 10 maiores economias do 
mundo, não pode renunciar sem mais nem menos à sua soberania. Capitais 
produtivos externos são bem-vindos, pois aqui geram empregos, pagam 
impostos e nos auxiliam no desenvolvimento tecnológico, desde que, contudo, subordinados aos interesses nacionais. Os que deles 
querem abrir mão, não pensam no Brasil. Merecem nosso repúdio.
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Cotações do boi gordo – 30/10/25
Há 6 horas
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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