Richard Jakubaszko
Recebi do amigo Odo Primavesi, engenheiro agrônomo aposentado da Embrapa lá de São Carlos (SP), os conselhos bíblicos para o ano novo.
Conselhos bíblicos para o ano novo
1 - Não prometa o que não vai cumprir. Mateus 5:37.
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2 - Organize o seu tempo. Ecles. 3:1.
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3 - Seja gentil e pratique a cortesia. (Com licença, por favor, obrigado, desculpe). Rom. 12:20 e 21.
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4 - Seja ético. Respeite os limites dos outros. Atos 15: 7 ao 10.
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5 - Controle as suas palavras. Efésios 4:29.
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6 - Seja equilibrado com as suas finanças, não gaste mais do que ganha, não desperdice. Gênesis 41: 47 ao 49, 53 ao 57.
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7 - Encontre alguém para ajudar. Há pessoas que vivem para serem ajudados e nunca ajudam ninguém. Ecles. 11: 1 e 2.
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8 - Honre e respeite a sua família. Gênesis 47:11 e 12. I Tim. 5:8.
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9 - Não perca tempo com a inveja. Prov. 14:30.
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10 - Seja perseverante. Pare de abandonar os projetos pela metade. Daniel 12:13.
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11 - Seja otimista com o seu dia e a sua vida. I Reis 4:26 ( vai tudo bem).
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12 - Assuma um real compromisso com Deus. Mateus 6:33. Buscai primeiro o Reino de Deus e a Sua justiça, e as demais coisas vos serão acrescentadas. (oração e meditação ensinadas por Cristo ajudam nessa busca pelo Pai e seu Reino).
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OBS: o item 12 é essencial, sem ele os demais ficarão comprometidos.
O vídeo da lua cheia (na Austrália) enviado pelo Odo:
Abaixo, outro vídeo também enviado pelo Odo, muito interessante, em que você pergunta e Deus responde:
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sábado, 30 de dezembro de 2017
sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
Janio: PSDB de Alckmin é igual ao de Aécio?
Fernando Brito *
Janio de Freitas, de novo em texto de espetacular lucidez, inaugura a percepção do que vai se tornar constatação para a opinião pública: Geraldo Alckmin substituiu Aécio Neves na direção do PSDB sem mudar um átomo sequer no que o senador mineiro havia tornado o PSDB. O PSDB continua tão governista quanto antes, embora sem dois ministérios que ocupava e seu grau de governismo, quem sabe, até se ampliou, pela defesa da reforma da Previdência aberta que Aécio não podia fazer de forma tão explícita, pelo grau de desgaste que mereceu por seus atos.
Desgaste que Alckmin soma à sua falta de carisma e de identidade, numa operação de parcelas negativas, que não sinaliza nada além de que o herdeiro das ruínas do tucanato continuará empacado onde está, fadado a ser um personagem menor no processo sucessório. Um grande pequeno homem.
O líder Aécio
Janio de Freitas, na Folha
As informações que situam o senador Aécio Neves como recordista de arrecadação no mercado de subornos – e nem por isso contêm todo o seu histórico – têm múltiplos efeitos. Pessoais, claro, mas também políticos, com decorrências agravantes na cisão do PSDB e desgastantes para Geraldo Alckmin e sua candidatura.
Tomar R$ 50 milhões em um único ataque é um feito que não consta nem no currículo de Geddel Vieira Lima, cujas embalagens diferentes indicam que os seus R$ 51 milhões em dinheiro vieram de vários achacados.
Os R$ 30 milhões tomados da Odebrecht e os R$ 20 milhões da Andrade Gutierrez, em troca de fortalecê-las na licitação para a hidrelétrica de Santo Antônio, começam por derrubar a defesa de Aécio e sua irmã Andréa para os R$ 2 milhões tomados de Joesley Batista. O caixa tão fornido destrói a mentira de que Aécio precisava de “um empréstimo” para pagar sua defesa no que eram as primeiras denúncias.
Ainda no plano pessoal, o detalhamento das operações, feito pelas duas empreiteiras até com alguns recibos de depósito, lança no caldeirão o mais próximo e, há muito se diz, o mais confiável amigo de Aécio. Alexandre Accioly, controlador (ao menos aparente) de negócios bem sucedidos, apenas raspara na Lava Jato.
Os repórteres Bela Megale e Thiago Herdy, de “O Globo”, encontraram agora citações a Accioly como receptador de Aécio e contas, para isso, em Cingapura e nas Ilhas Marshall, Oceania.
A negação de Accioly, desde muito citado no Rio como cobertura do sócio oculto Aécio Neves, não chegou a esclarecer nem ao menos a polêmica sociedade das academias BodyTech, também citadas em receptações sob investigação.
Menos obscuras, como componentes do golpe em Furnas, as relações de Aécio e seu protegido Dimas Toledo ampliam-se nos relatos dos milhões por Santo Antônio. A gravidade desta transação, com a persistente presença dos dois amigos de fé, suscita a expectativa de que afinal se desvendem outros casos já bastante citados e nunca publicáveis, por falta de provas.
Esse é o Aécio Neves que a cúpula do PSDB prestigiou, há três semanas, contra o cofundador do partido Tasso Jereissati, na disputa entre os aecistas e os desejosos de reabilitar o desmoralizado peessedebismo.
Como presidente incumbido da restauração que não fará, Alckmin significou uma proteção para Aécio Neves, então já assoberbado com acusações. Ao menos em favor da própria face, o novo “presidente” precisava ter dito ou feito algo que marcasse a sua e a nova propensão do partido na discussão, intensa, sobre o caso Aécio no peessedebismo. Alckmin, é de seu hábito, preferiu omitir-se.
O pequeno tempo desde então foi suficiente para multiplicar a gravidade do caso Aécio.
Alckmin quis a responsabilidade de presidir o partido e sua restauração política e ética. Até o momento de quarta em que escrevo esta nota, ele continuava alheio aos fatos. Alheio ao país. Que lhe falte talento político, não precisa comprovar.
Mas, sobretudo, não precisa mostrar que, por falta de outras coisas, faz no PSDB o papel de mais um testa de ferro de Aécio Neves, que continua no controle de fato.
* o autor é jornalista, editor do Tijolaço.
Publicado originalmente na Folha de São Paulo, reproduzido de http://www.tijolaco.com.br/blog/janio-psdb-de-alckmin-e-igual-ao-de-aecio/
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Janio de Freitas, de novo em texto de espetacular lucidez, inaugura a percepção do que vai se tornar constatação para a opinião pública: Geraldo Alckmin substituiu Aécio Neves na direção do PSDB sem mudar um átomo sequer no que o senador mineiro havia tornado o PSDB. O PSDB continua tão governista quanto antes, embora sem dois ministérios que ocupava e seu grau de governismo, quem sabe, até se ampliou, pela defesa da reforma da Previdência aberta que Aécio não podia fazer de forma tão explícita, pelo grau de desgaste que mereceu por seus atos.
Desgaste que Alckmin soma à sua falta de carisma e de identidade, numa operação de parcelas negativas, que não sinaliza nada além de que o herdeiro das ruínas do tucanato continuará empacado onde está, fadado a ser um personagem menor no processo sucessório. Um grande pequeno homem.
O líder Aécio
Janio de Freitas, na Folha
As informações que situam o senador Aécio Neves como recordista de arrecadação no mercado de subornos – e nem por isso contêm todo o seu histórico – têm múltiplos efeitos. Pessoais, claro, mas também políticos, com decorrências agravantes na cisão do PSDB e desgastantes para Geraldo Alckmin e sua candidatura.
Tomar R$ 50 milhões em um único ataque é um feito que não consta nem no currículo de Geddel Vieira Lima, cujas embalagens diferentes indicam que os seus R$ 51 milhões em dinheiro vieram de vários achacados.
Os R$ 30 milhões tomados da Odebrecht e os R$ 20 milhões da Andrade Gutierrez, em troca de fortalecê-las na licitação para a hidrelétrica de Santo Antônio, começam por derrubar a defesa de Aécio e sua irmã Andréa para os R$ 2 milhões tomados de Joesley Batista. O caixa tão fornido destrói a mentira de que Aécio precisava de “um empréstimo” para pagar sua defesa no que eram as primeiras denúncias.
Ainda no plano pessoal, o detalhamento das operações, feito pelas duas empreiteiras até com alguns recibos de depósito, lança no caldeirão o mais próximo e, há muito se diz, o mais confiável amigo de Aécio. Alexandre Accioly, controlador (ao menos aparente) de negócios bem sucedidos, apenas raspara na Lava Jato.
Os repórteres Bela Megale e Thiago Herdy, de “O Globo”, encontraram agora citações a Accioly como receptador de Aécio e contas, para isso, em Cingapura e nas Ilhas Marshall, Oceania.
A negação de Accioly, desde muito citado no Rio como cobertura do sócio oculto Aécio Neves, não chegou a esclarecer nem ao menos a polêmica sociedade das academias BodyTech, também citadas em receptações sob investigação.
Menos obscuras, como componentes do golpe em Furnas, as relações de Aécio e seu protegido Dimas Toledo ampliam-se nos relatos dos milhões por Santo Antônio. A gravidade desta transação, com a persistente presença dos dois amigos de fé, suscita a expectativa de que afinal se desvendem outros casos já bastante citados e nunca publicáveis, por falta de provas.
Esse é o Aécio Neves que a cúpula do PSDB prestigiou, há três semanas, contra o cofundador do partido Tasso Jereissati, na disputa entre os aecistas e os desejosos de reabilitar o desmoralizado peessedebismo.
Como presidente incumbido da restauração que não fará, Alckmin significou uma proteção para Aécio Neves, então já assoberbado com acusações. Ao menos em favor da própria face, o novo “presidente” precisava ter dito ou feito algo que marcasse a sua e a nova propensão do partido na discussão, intensa, sobre o caso Aécio no peessedebismo. Alckmin, é de seu hábito, preferiu omitir-se.
O pequeno tempo desde então foi suficiente para multiplicar a gravidade do caso Aécio.
Alckmin quis a responsabilidade de presidir o partido e sua restauração política e ética. Até o momento de quarta em que escrevo esta nota, ele continuava alheio aos fatos. Alheio ao país. Que lhe falte talento político, não precisa comprovar.
Mas, sobretudo, não precisa mostrar que, por falta de outras coisas, faz no PSDB o papel de mais um testa de ferro de Aécio Neves, que continua no controle de fato.
* o autor é jornalista, editor do Tijolaço.
Publicado originalmente na Folha de São Paulo, reproduzido de http://www.tijolaco.com.br/blog/janio-psdb-de-alckmin-e-igual-ao-de-aecio/
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quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
Temer está solto por ser impopular ou é impopular por estar solto?
Fernando Brito *
Michel Temer é tão cínico e vaidoso que acaba virando a piada de suas próprias piadas.
Hoje (22/12/17) fez um “café da manhã” com jornalistas e produziu esta pérola que se reproduz acima.
“A popularidade é uma jaula”.
Segundo ele, “quando você procura o populismo, você se enjaula, porque você fica com medo de praticar certos atos indispensáveis para o Brasil”.
Atos indispensáveis, como cortar os gastos em saúde, em educação, tirar direitos dos trabalhadores, criar o “emprego pisca-pisca”, vender poços de petróleo e, de quebra, dizer a Joesley Batista: “olha, tem de manter isso, viu?”
Mas a veia cômica de Temer estava desobstruída.
“Minha popularidade cresceu 100%”, disse, referindo-se ao resultado da pesquisa que lhe deu míseros 6% de aprovação, contra os 3% do levantamento anterior. Muito engraçado.
Fez “gracinha” perguntando a Henrique Meirelles se ele seria candidato e disse que ele será um grande eleitor porque seu “capital político será útil para o nome de centro que escolher apoiar”.
Realmente será uma briga para ver quem escreve debaixo dos cartazes: “eu sou o candidato de Michel Temer”!
Este sujeito é tão “sem-noção” que começo mesmo a acreditar que ele vá ter a veleidade de candidatar-se, depois de “cozinhar” Meirelles e Geraldo Alckmin.
Quem sabe para tentar escapar à “popularidade” que hoje enjaula seus comparsas Eduardo Cunha, Henrique Alves e Geddel Vieira Lima.
* o autor é jornalista e editor do Tijolaço.
Publicado em http://www.tijolaco.com.br/blog/michel-temer-esta-solto-por-ser-impopular-ou-e-impopular-por-estar-solto/
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Michel Temer é tão cínico e vaidoso que acaba virando a piada de suas próprias piadas.
Hoje (22/12/17) fez um “café da manhã” com jornalistas e produziu esta pérola que se reproduz acima.
“A popularidade é uma jaula”.
Segundo ele, “quando você procura o populismo, você se enjaula, porque você fica com medo de praticar certos atos indispensáveis para o Brasil”.
Atos indispensáveis, como cortar os gastos em saúde, em educação, tirar direitos dos trabalhadores, criar o “emprego pisca-pisca”, vender poços de petróleo e, de quebra, dizer a Joesley Batista: “olha, tem de manter isso, viu?”
Mas a veia cômica de Temer estava desobstruída.
“Minha popularidade cresceu 100%”, disse, referindo-se ao resultado da pesquisa que lhe deu míseros 6% de aprovação, contra os 3% do levantamento anterior. Muito engraçado.
Fez “gracinha” perguntando a Henrique Meirelles se ele seria candidato e disse que ele será um grande eleitor porque seu “capital político será útil para o nome de centro que escolher apoiar”.
Realmente será uma briga para ver quem escreve debaixo dos cartazes: “eu sou o candidato de Michel Temer”!
Este sujeito é tão “sem-noção” que começo mesmo a acreditar que ele vá ter a veleidade de candidatar-se, depois de “cozinhar” Meirelles e Geraldo Alckmin.
Quem sabe para tentar escapar à “popularidade” que hoje enjaula seus comparsas Eduardo Cunha, Henrique Alves e Geddel Vieira Lima.
* o autor é jornalista e editor do Tijolaço.
Publicado em http://www.tijolaco.com.br/blog/michel-temer-esta-solto-por-ser-impopular-ou-e-impopular-por-estar-solto/
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terça-feira, 26 de dezembro de 2017
Impostos no Brasil
Richard Jakubaszko
É uma vergonha o que acontece no Brasil, em termos de impostos. Conforme cálculos de especialistas o acumulado atinge 40% da renda nacional. Entretanto, só os trabalhadores CLT e algumas empresas pagam impostos, em se tratando de Imposto de Renda. Um assalariado que ganha R$ 2.000,00 por mês (equivalente a US$ 580.00) paga IR, enquanto que nos EUA isso só começa a acontecer com quem ganha mais de US$ 1,100.00 (equivalente a R$ 3.800,00 mensais).
O governo federal, além do IR, tem uma série de impostos indiretos, sendo o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) o maior deles, depois do IR, mas há ainda o PIS, Finsocial, IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), e outros menores. Nos impostos estaduais (na verdade, o leão dos impostos) o ICMS (de até 25% sobre qualquer produto e serviço) também incide nas contas de luz, água, gás, telefone, internet, e castiga a população de forma desigual, pois é tributado sobre produtos de consumo, atingindo ricos e pobres, que pagam igual. E ainda há os impostos municipais, como IPTU, IPVA e ISS. Mas as prefeituras de grandes cidades encontram há muitos anos, receita extra nas multas de trânsito; estas chegam a compor mais da metade da arrecadação dos grandes municípios, e isso é uma forma de imposto.
No mundo inteiro há impostos federais sobre grandes fortunas, inexistente no Brasil. Há também impostos sobre heranças, que no Brasil são estaduais, e variam de 2% a 4% na maioria dos estados, e de 6% a 8% em raros casos. Pior de tudo, empresários no Brasil, que recebem dividendos de suas empresas, nada pagam de IR sobre essa renda anual referente aos lucros das empresas. Também é injusta a aplicação do IR sobre os grandes salários das empresas, estes escapam do IR na fonte, porque os executivos possuem empresas, não são CLT, e dentro da lei encontram subterfúgios, da mesma forma que no judiciário, onde o IR incide apenas sobre o salário e não sobre os penduricalhos, como auxílio residência, auxílio saúde, auxílio escola, que chegam a dobrar a renda de juízes, procuradores e desembargadores, inegavelmente uma casta privilegiada neste país.
Base de cálculo (em R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir (em R$)
Até 1.903,98 - -
De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80
De 2.826,66 até 3.751,05 15,0 354,80
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13
Acima de 4.664,68 27,5 869,36
Dedução por dependente: R$ 189,59
É uma vergonha o que acontece no Brasil, em termos de impostos. Conforme cálculos de especialistas o acumulado atinge 40% da renda nacional. Entretanto, só os trabalhadores CLT e algumas empresas pagam impostos, em se tratando de Imposto de Renda. Um assalariado que ganha R$ 2.000,00 por mês (equivalente a US$ 580.00) paga IR, enquanto que nos EUA isso só começa a acontecer com quem ganha mais de US$ 1,100.00 (equivalente a R$ 3.800,00 mensais).
O governo federal, além do IR, tem uma série de impostos indiretos, sendo o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) o maior deles, depois do IR, mas há ainda o PIS, Finsocial, IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), e outros menores. Nos impostos estaduais (na verdade, o leão dos impostos) o ICMS (de até 25% sobre qualquer produto e serviço) também incide nas contas de luz, água, gás, telefone, internet, e castiga a população de forma desigual, pois é tributado sobre produtos de consumo, atingindo ricos e pobres, que pagam igual. E ainda há os impostos municipais, como IPTU, IPVA e ISS. Mas as prefeituras de grandes cidades encontram há muitos anos, receita extra nas multas de trânsito; estas chegam a compor mais da metade da arrecadação dos grandes municípios, e isso é uma forma de imposto.
No mundo inteiro há impostos federais sobre grandes fortunas, inexistente no Brasil. Há também impostos sobre heranças, que no Brasil são estaduais, e variam de 2% a 4% na maioria dos estados, e de 6% a 8% em raros casos. Pior de tudo, empresários no Brasil, que recebem dividendos de suas empresas, nada pagam de IR sobre essa renda anual referente aos lucros das empresas. Também é injusta a aplicação do IR sobre os grandes salários das empresas, estes escapam do IR na fonte, porque os executivos possuem empresas, não são CLT, e dentro da lei encontram subterfúgios, da mesma forma que no judiciário, onde o IR incide apenas sobre o salário e não sobre os penduricalhos, como auxílio residência, auxílio saúde, auxílio escola, que chegam a dobrar a renda de juízes, procuradores e desembargadores, inegavelmente uma casta privilegiada neste país.
Tabela progressiva mensal do I.Renda desde abril/2015
Base de cálculo (em R$) Alíquota (%) Parcela a deduzir (em R$)
Até 1.903,98 - -
De 1.903,99 até 2.826,65 7,5 142,80
De 2.826,66 até 3.751,05 15,0 354,80
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 636,13
Acima de 4.664,68 27,5 869,36
Dedução por dependente: R$ 189,59
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domingo, 24 de dezembro de 2017
Cadências em superlativos e outras anuências.
Não paira dúvida, no entanto, de que no dia azul marinho, do mês da parca semeadura, do ano da fome farta e, portanto das disputas infindáveis, introduziu-se o código de Artépios, descendente de Kartona, rainha filha do criador do universo, a qual, depois de um reinado conturbado, mas duradouro, foi enterrada embalsamada entre lírios de conduta duvidosa e ao sabor de seitas cabalísticas, na ala norte do templo para adorações a Sermisium. A nós devotos é fundamental saber que acompanharam a soberana os cantos, as profecias e as poesias premonitórias Creônicas para traçarem os destinos dos recém-nascidos, semideuses, Átora, Atora e Atorá.
A realidade traçada para o futuro obscuro, que às vezes irreverentes incréus ousam destruir, foi que as seitas seguiram rigorosamente as métricas inflexíveis das rimas dos astros e as fantasias descritas nos cerimoniais fúnebres. Eliminando assim habilmente as incoerências, os semideuses constataram que havia restado, após milênios, somente três crenças, seguidas pelos canalhas, pelos caolhos e pelos calhordas: a psicanálise, com suas interrogações insolúveis e permanentes, o materialismo histórico, adorado pelos criadores dos projetos inviáveis e, por último, o mercado, endeusado pelos futurólogos e justificadores dos erros pretéritos. As demais seitas, até tradicionais, passaram a atuar mais em áreas da prestidigitação de magias, desencarnações dos demônios e, com eficiência, junto às finanças e aos dízimos.
Cumprindo os mandamentos proféticos, Átora, Atora e Atorá, encontraram-se, pelos caminhos da fortuna, exatamente no lugar em que O Todo Poderoso, extasiou-se ao infinito, dando o melhor de si e caprichando no fino acabamento daquilo que acabara de concluir com muito amor. Comovido com a beleza da natureza que criara, chorou de alegria, derramando ali uma única e afetiva lágrima a qual se transformou no perene Carioca, rio idealizado e fantasiado por ele, com ternura. Assim, a trindade, ungida pelo destino de criar uma só e abençoada liturgia, preparou, com afeto, o porvir, respeitando rigorosamente as cerimônias proféticas que lhes foram determinadas.
Para tanto, procurara, cuidadosamente, uma carinhosa fé, enredaram-na nos ombros firmes e aconchegantes de um batuque insinuante, após uma noite em que não faltara luxúria e amor, os dispuseram, fé e batuque, embevecidos e sonolentos, entre quatro velas tagarelas, duas garrafas de pinga exuberante, um risonho galo de briga preto com pescoço pelado, valente, e uma inibida pomba branca, virgem. Destaque-se, por derradeiro, neste ofertório mágico, uma encabulada farofa, entre dengosa e tímida, com as persistentes insistências dos afagos de um mambembe vira-lata, agnóstico, entisicado, mordiscando suas intimidades. E mais, na encruzilhada entre o Beco dos Velhacos e a subida do morro, assistiu a tudo, um cacoete bêbado, maltrapilho, olhando ainda de soslaio, à jusante, a natureza esplendorosa da Baia da Guanabara, deleitada com a delicadeza da sonoridade de um berimbau gingado, o reco-reco honesto, mais o cavaco competente, sem deixar o tamborim risonho separado.
E deste sincretismo singular, sob as bênçãos do cacoete, a ternura do coro de instrumentos e o amor da trilogia profética, viu-se nascer e criar, com muita veneração, os Santos Irmãos Siameses, orgulho da união, da pureza e dos sonhos, o Carnaval e o Futebol. Mas, infelizmente, a brisa da previdência ou da imprevidência, assoprou leve o registro desta cerimônia que se perdeu, no repique do sempre, para ninguém mais chorar sem alegria.
* o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo da AMA - Associação dos Misturadores de Adubos.
Publicado originalmente em: http://carloseduardoflorence.blogspot.com.br/
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Gilmar é criticado em áudio por juiz do Rio de Janeiro: a mala foi grande.
Richard Jakubaszko
O judiciário entrou em guerra. Juízes criticam decisões de
outros juízes, o que demonstra e comprova a guerra, mais que isso, a ditadura
do judiciário, ou a judicialização do país. Nem juízes do STF escapam desse
tiroteio, onde as acusações incluem grana alta para tomar determinadas
decisões. Será que é isso mesmo?
Em uma mensagem de áudio mais do que esclarecedora, o juiz eleitoral
Glaucenir Oliveira, do RJ, que havia decidido sobre a prisão do ex-governador do Rio de Janeiro,
Anthony Garotinho, resolveu criticar o ministro Gilmar Mendes, que determinou a
libertação de Garotinho nesta semana. Na mensagem, o magistrado carioca comenta
que Gilmar Mendes deve ter recebido alguma mala em troca da decisão favorável:
"a quantia foi grande"; e completou: "Isso é um absurdo. Gilmar
não tem mesmo vergonha na cara".
Ouçam o áudio da mensagem do juiz, ele que agora será
investigado (vai ser preso? Vai perder a toga?) pela Corregedoria:
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sábado, 23 de dezembro de 2017
Lava Jato no fim?
Richard Jakubaszko
Parece que Temer e seus comparsas ganharam e vão estancar a
sangria, conforme determinado por Jucá. As postagens do procurador Deltan
Dallagnol no Twitter e no Facebook não deixam margens para dúvidas, o cara está
babando de raiva...
No Twitter,
Dallagnol postou:
“Ainda
sobre o indulto: se Vc se assustou pq os corruptos cumprirão apenas 1/5 da
pena, isso não é tudo. Quem tem +de 70 anos cumprirá menos pena ainda!! Tenho
vergonha dessa leniência com a corrupção, que está alinhada com atitudes de
alguns membros do Congresso e do Supremo.”
09:31 - 22
de dez de 2017
No Facebook, Dallagnol também postou:
No Facebook, Dallagnol também postou:
Temer prepara uma saída para si (se condenado) e
para outros réus da #LavaJato: agora, corruptos no Brasil cumprirão
apenas 1/5 da pena e serão completamente indultados (perdoados), como regra
geral.
O decreto de indulto ignorou a manifestação da do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, do Ministério Público, da força-tarefa da Lava Jato e da Transparência Internacional. Todos se manifestaram contra aplicação do indulto ao crime de corrupção.
Não só a mani...
O decreto de indulto ignorou a manifestação da do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, do Ministério Público, da força-tarefa da Lava Jato e da Transparência Internacional. Todos se manifestaram contra aplicação do indulto ao crime de corrupção.
Não só a mani...
Notas do blogueiro:
1 - é um procurador fazendo política? Ou é um político escondido atrás de um agente do estado?
2 - É assim que trabalha um Procurador da República? Escrachando um Presidente da República (mesmo que seja um golpista, e ilegítimo), ou qualquer outro que ouse contestar suas convicções?
3 - Pode um Procurador da República (membro do Ministério Público = Justiça) criticar atos de outro poder (no caso o Executivo)?
4 - As palavras (escritas, portanto pensadas e refletidas) não demonstram que seu autor está um tanto fora de seu equilíbrio emocional?
5 - Esse desequilíbrio indica que a Lava Jato está no fim?
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1 - é um procurador fazendo política? Ou é um político escondido atrás de um agente do estado?
2 - É assim que trabalha um Procurador da República? Escrachando um Presidente da República (mesmo que seja um golpista, e ilegítimo), ou qualquer outro que ouse contestar suas convicções?
3 - Pode um Procurador da República (membro do Ministério Público = Justiça) criticar atos de outro poder (no caso o Executivo)?
4 - As palavras (escritas, portanto pensadas e refletidas) não demonstram que seu autor está um tanto fora de seu equilíbrio emocional?
5 - Esse desequilíbrio indica que a Lava Jato está no fim?
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Lula - a caça e os caças.
(Rede Brasil Atual) - Um juiz de Brasília marcou para o dia 20 de fevereiro do ano que vem o interrogatório do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo em que o petista é réu na Operação Zelotes – no caso do desenvolvimento conjunto com a Suécia dos novos caças-bombardeios Gripen NG-BR – por tráfico de influência, lavagem de dinheiro e "organização criminosa".
A acusação é absurda por várias razões.
A primeira, porque se dependesse de Lula, a escolha recairia sobre os caças franceses Rafale, cuja compra ele chegou a sinalizar logo após a visita do presidente francês Nicolas Sarkozy, em 2009, em troca, entre outras coisas, da aquisição de 12 aeronaves Embraer de transporte militar KC-390 pela França.
A segunda é que a decisão foi técnica – e nela os franceses foram derrotados – e esteve a cargo de uma numerosa comissão de funcionários de carreira da Força Aérea, como já afirmaram, judicialmente, o atual e o então ministro da Aeronaútica, brigadeiros Nivaldo Luiz Rosseto e Juniti Saito, em depoimento.
A terceira, é que a decisão em favor dos caças Grippen não foi tomada em seu governo, mas sim no governo Dilma Roussef, em 2013, depois que Lula já tinha deixado a Presidência da República.
Então, o que está por trás desse processo?
A vontade de aparecer, que garante a quem processa Lula, com rapidez e brilho – mesmo que fugaz – seus cinco minutos de fama?
O afã de corroborar, quantitativamente, o discurso de quem diz, nas redes sociais, que um sujeito com tal número de acusações só pode ser mesmo um bandido, ainda que todas sejam furadas, seguindo a peculiar atitude moral – ou rasteiramente imoral ?– de um país em que a mera delação de qualquer vagabundo, ou de sujeitos ameaçados de prisão indefinidamente prorrogada, virou atestado – passado em cartório – de culpabilidade?
Ou a intenção da "justiça" é tentar jogar o maior número possível de acusações contra Lula, para ver se, no final, pelo menos uma delas "cola", justificando não apenas a cassação indireta de sua candidatura, mas também a sua ida para a cadeia, como ocorria nas fábulas lupinas de Jean de La Fontaine?
O "novo" episódio dos caças apenas demonstra, com clareza cristalina aos olhos do mundo, a obviedade de uma situação que não pode mais ser ignorada: Luiz Inácio Lula da Silva transformou-se em caça de um processo múltiplo de diferentes ações de uso político da justiça, cuja consequência final e somada será a de se interferir com o curso da História – desrespeitando a vontade popular, já manifestada em inúmeras pesquisas, conduzidas pelos maiores institutos do país – e mudar o resultado das eleições presidenciais no Brasil de 2018.
Desse processo de caça toma parte o deslavado adiantamento, em tempo recorde, do julgamento em segunda instância dos recursos apresentados pela defesa de Lula, no caso da estapafúrdia condenação de uma pessoa pela posse de um apartamento que não está nem nunca esteve em seu nome, em uma espécie de justiça supostamente antecipada só comparável às ações de combate ao "pré-crime" da polícia norte-americana do ano de 2054 do filme de ficção científica Minority Report.
Uma decisão surreal e fantasiosa da justiça, que, condenando Lula por uma suposta tentativa de ilícito, deveria, pela mesma razão, condenar o segundo colocado nas pesquisas, por receber e estornar dinheiro de financiamento de campanha oriundo de uma empresa investigada de volta aos cofres de seu partido.
Configurando tudo isso um claro e grotesco golpe político que está ridicularizando o judiciário nacional aos olhos de seus pares de outros países.
É esse também o caso da ação relativa ao aluguel do apartamento do Sr. Glauco Costamarques, que, ou mentiu para a Receita Federal, ou está mentindo agora – sabe-se lá em razão de que tipo de ameaça – quando diz que não recebeu da família Lula o valor dos aluguéis – tornando-se, portanto uma testemunha ou delator não confiável, em um processo polêmico e controvertido.
Logo, eivado de dúvidas, em que abre-se mão da perícia de documentos para ficar, nas palavras do Ministério Público, com uma suposta "prova oral" – eufemismo para 'disse me disse' ou para deduragem condicionada, que todo mundo sabe que não pode ser usada como prova – como se a justiça brasileira tivesse se transformado subitamente em uma espécie de colégio onde, para "passar", o indivíduo tenha que fazer, como aluno obediente à gigantesca farsa que tomou conta do país, prova "oral" ou prova "escrita", sempre que não se consegue comprovar, indubitavelmente, coisíssima nenhuma.
Finalmente, com relação às decisões do Ministro Gilmar Mendes, do STF, Deus – antes tarde do que nunca – também escreve certo por linhas tortas.
E, como ocorre desde o início desse nefasto processo político-judicial-midiático, quem cair na defesa fácil e demagógica do pseudo moralismo hipócrita que tomou conta do país estará defendendo – independentemente de sua opinião pessoal sobre o personagem em questão – o fascismo e a arbitrariedade.
Ao proibir a realização de conduções coercitivas, "nazistamente" utilizadas em mais de duas centenas de casos pela Operação Lava-Jato, em "redadas" só comparáveis às realizadas pela Gestapo ou pela KGB nos piores tempos de Stalin, e sequer autorizadas nem mesmo nos Estados Unidos da época do Macartismo, Gilmar Mendes abre caminho para que o STF, se quiser, recoloque, no Brasil, os pingos nos is, restituindo, ao menos em parte, o império da lei e do Estado de Direito e escape – segundo o próprio ministro – do implacável julgamento da História, que não é feito pelo abjeto e oportunista jornalismo do dia seguinte, mas por verbetes como este, relacionado ao próprio macartismo, que não está longe – muito pelo contrário – do retrato do que o Brasil tem vivido nos últimos quatro anos:
"Durante o macartismo, milhares de americanos foram acusados de ser comunistas ou simpatizantes e tornaram–se objetos de agressivas investigações e de inquéritos abertos pelo governo ou por indústrias privadas. O principal alvo das suspeitas foram funcionários públicos, trabalhadores da indústria do entretenimento, educadores e sindicalistas.
As suspeitas eram frequentemente dadas como certas mesmo se fossem baseadas em evidências inconclusivas e questionáveis e se o nível de ameaça representado pela real ou suposta afiliação do indivíduo a ideias ou associações de esquerda fosse exagerado. Muitas pessoas perderam seus empregos e/ou tiveram suas carreiras destruídas e muitos foram presos.
A maioria das punições foram baseadas em julgamentos que mais tarde foram anulados, leis que foram declaradas inconstitucionais, demissões por justa causa que foram declaradas ilegais [ou contestáveis] e procedimentos extrajudiciais que entrariam em descrédito geral no futuro."
Alguma dúvida de que isso ocorrerá também com a Lava Jato?
* o autor é jornalista, editor do blog Mauro Santayana.
Publicado originalmente em http://www.maurosantayana.com/2017/12/lula-caca-e-os-cacas.html
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A acusação é absurda por várias razões.
A primeira, porque se dependesse de Lula, a escolha recairia sobre os caças franceses Rafale, cuja compra ele chegou a sinalizar logo após a visita do presidente francês Nicolas Sarkozy, em 2009, em troca, entre outras coisas, da aquisição de 12 aeronaves Embraer de transporte militar KC-390 pela França.
A segunda é que a decisão foi técnica – e nela os franceses foram derrotados – e esteve a cargo de uma numerosa comissão de funcionários de carreira da Força Aérea, como já afirmaram, judicialmente, o atual e o então ministro da Aeronaútica, brigadeiros Nivaldo Luiz Rosseto e Juniti Saito, em depoimento.
A terceira, é que a decisão em favor dos caças Grippen não foi tomada em seu governo, mas sim no governo Dilma Roussef, em 2013, depois que Lula já tinha deixado a Presidência da República.
Então, o que está por trás desse processo?
A vontade de aparecer, que garante a quem processa Lula, com rapidez e brilho – mesmo que fugaz – seus cinco minutos de fama?
O afã de corroborar, quantitativamente, o discurso de quem diz, nas redes sociais, que um sujeito com tal número de acusações só pode ser mesmo um bandido, ainda que todas sejam furadas, seguindo a peculiar atitude moral – ou rasteiramente imoral ?– de um país em que a mera delação de qualquer vagabundo, ou de sujeitos ameaçados de prisão indefinidamente prorrogada, virou atestado – passado em cartório – de culpabilidade?
Ou a intenção da "justiça" é tentar jogar o maior número possível de acusações contra Lula, para ver se, no final, pelo menos uma delas "cola", justificando não apenas a cassação indireta de sua candidatura, mas também a sua ida para a cadeia, como ocorria nas fábulas lupinas de Jean de La Fontaine?
O "novo" episódio dos caças apenas demonstra, com clareza cristalina aos olhos do mundo, a obviedade de uma situação que não pode mais ser ignorada: Luiz Inácio Lula da Silva transformou-se em caça de um processo múltiplo de diferentes ações de uso político da justiça, cuja consequência final e somada será a de se interferir com o curso da História – desrespeitando a vontade popular, já manifestada em inúmeras pesquisas, conduzidas pelos maiores institutos do país – e mudar o resultado das eleições presidenciais no Brasil de 2018.
Desse processo de caça toma parte o deslavado adiantamento, em tempo recorde, do julgamento em segunda instância dos recursos apresentados pela defesa de Lula, no caso da estapafúrdia condenação de uma pessoa pela posse de um apartamento que não está nem nunca esteve em seu nome, em uma espécie de justiça supostamente antecipada só comparável às ações de combate ao "pré-crime" da polícia norte-americana do ano de 2054 do filme de ficção científica Minority Report.
Uma decisão surreal e fantasiosa da justiça, que, condenando Lula por uma suposta tentativa de ilícito, deveria, pela mesma razão, condenar o segundo colocado nas pesquisas, por receber e estornar dinheiro de financiamento de campanha oriundo de uma empresa investigada de volta aos cofres de seu partido.
Configurando tudo isso um claro e grotesco golpe político que está ridicularizando o judiciário nacional aos olhos de seus pares de outros países.
É esse também o caso da ação relativa ao aluguel do apartamento do Sr. Glauco Costamarques, que, ou mentiu para a Receita Federal, ou está mentindo agora – sabe-se lá em razão de que tipo de ameaça – quando diz que não recebeu da família Lula o valor dos aluguéis – tornando-se, portanto uma testemunha ou delator não confiável, em um processo polêmico e controvertido.
Logo, eivado de dúvidas, em que abre-se mão da perícia de documentos para ficar, nas palavras do Ministério Público, com uma suposta "prova oral" – eufemismo para 'disse me disse' ou para deduragem condicionada, que todo mundo sabe que não pode ser usada como prova – como se a justiça brasileira tivesse se transformado subitamente em uma espécie de colégio onde, para "passar", o indivíduo tenha que fazer, como aluno obediente à gigantesca farsa que tomou conta do país, prova "oral" ou prova "escrita", sempre que não se consegue comprovar, indubitavelmente, coisíssima nenhuma.
Finalmente, com relação às decisões do Ministro Gilmar Mendes, do STF, Deus – antes tarde do que nunca – também escreve certo por linhas tortas.
E, como ocorre desde o início desse nefasto processo político-judicial-midiático, quem cair na defesa fácil e demagógica do pseudo moralismo hipócrita que tomou conta do país estará defendendo – independentemente de sua opinião pessoal sobre o personagem em questão – o fascismo e a arbitrariedade.
Ao proibir a realização de conduções coercitivas, "nazistamente" utilizadas em mais de duas centenas de casos pela Operação Lava-Jato, em "redadas" só comparáveis às realizadas pela Gestapo ou pela KGB nos piores tempos de Stalin, e sequer autorizadas nem mesmo nos Estados Unidos da época do Macartismo, Gilmar Mendes abre caminho para que o STF, se quiser, recoloque, no Brasil, os pingos nos is, restituindo, ao menos em parte, o império da lei e do Estado de Direito e escape – segundo o próprio ministro – do implacável julgamento da História, que não é feito pelo abjeto e oportunista jornalismo do dia seguinte, mas por verbetes como este, relacionado ao próprio macartismo, que não está longe – muito pelo contrário – do retrato do que o Brasil tem vivido nos últimos quatro anos:
"Durante o macartismo, milhares de americanos foram acusados de ser comunistas ou simpatizantes e tornaram–se objetos de agressivas investigações e de inquéritos abertos pelo governo ou por indústrias privadas. O principal alvo das suspeitas foram funcionários públicos, trabalhadores da indústria do entretenimento, educadores e sindicalistas.
As suspeitas eram frequentemente dadas como certas mesmo se fossem baseadas em evidências inconclusivas e questionáveis e se o nível de ameaça representado pela real ou suposta afiliação do indivíduo a ideias ou associações de esquerda fosse exagerado. Muitas pessoas perderam seus empregos e/ou tiveram suas carreiras destruídas e muitos foram presos.
A maioria das punições foram baseadas em julgamentos que mais tarde foram anulados, leis que foram declaradas inconstitucionais, demissões por justa causa que foram declaradas ilegais [ou contestáveis] e procedimentos extrajudiciais que entrariam em descrédito geral no futuro."
Alguma dúvida de que isso ocorrerá também com a Lava Jato?
* o autor é jornalista, editor do blog Mauro Santayana.
Publicado originalmente em http://www.maurosantayana.com/2017/12/lula-caca-e-os-cacas.html
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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
Calopsita imita toque do iPhone
Richard Jakubaszko
Uma calopsita imita o toque do iPhone toda vez que os donos preparam-se para sair de casa. Fofíssima e afinadíssima...
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Uma calopsita imita o toque do iPhone toda vez que os donos preparam-se para sair de casa. Fofíssima e afinadíssima...
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quinta-feira, 21 de dezembro de 2017
Entrevista de Lula: eles têm de provar as mentiras
Luis Nassif *
Lula concedeu entrevista para a imprensa ontem (20/12/2017) pela manhã, no Instituto Lula. Participaram 14 jornalistas da mídia nacional, de blogs e de agências internacionais. Ao lado, Fernando Haddad.
Lula abriu a entrevista afirmando que o Brasil só vai voltar à normalidade quando o povo eleger o presidente e montar um governo com a legitimidade que apenas um eleito tem.
Sobre a condenação em janeiro e na eventualidade uma prisão.
Minha condenação será a negação da Justiça. A Justiça vai ter que fazer esforço monumental para transformar mentira em verdade e para julgar pessoa que não cometeu crime. A sentença do juiz Moro, aos olhos de centenas de juristas, é quase uma piada. Tenho tranquilidade de ser absolvido. Eu peço uma única prova.
Estamos vivendo anomalia jurídica e política.
Falando do apartamento
Começou com uma mentira de um jornal e uma revista. A mentira foi transformada em inquérito pela Polícia Federal. O resultado é mentiroso e foi enviado para o Ministério Público. O MP mentiu e o Moro aceitou. Tudo teria sido resolvido se Moro tivesse feito papel de juiz.
O problema é que o processo todo está subordinado a uma imagem pública que se estratificou. Eles estão sem rota de fuga. Mentiram e não tem como sair, nem a imprensa, a TV, rádio, jornal. Moro está em situação muito delicada.
A única chance que tem é pedir provas.
Não é possível alguém ser apontado como dono de uma coisa que não é dono. Tem que ter algum documento.
Tudo baseado na grande mentira do Power Point montado pelo Dallagnol.
São centenas de delações e até agora não existe uma única prova.
Conheço dezenas de casos de pessoas que, na delação, eles perguntavam: e o Lula, ele sabia?
Duvido que, na história do Brasil, se tenham tomado as atitudes para combater a corrupção que nós tomamos.
O fato de facilitar o combate à corrupção exige responsabilidade. É para isso que pessoas são concursadas, têm estabilidade, ficam eternamente nos cargos. É uma carreira importante de Estado, com pessoas com QI acima da média. Mas precisa ter caráter também.
Por isso, estou muito tranquilo para o dia 24.
Eu prefiro a condenação moral dos que me condenaram, a grande imprensa que mentiu.
Imagine se o Tacla Duran tivesse denunciado o PT. Nós seríamos capa, contracapa.
Há conluio para fazer com que mentira vença. Mas tenho certeza absoluta de que a inocência vai vencer. De um ser humano que só tem um problema nesse momento: ter mais chances de vencer as eleições que qualquer outro.
Sobre o pacto de poder na crise
Não existe orçamento mais comprometido do que este que Temer está gastando. Todo dinheiro cortado da educação, saúde, é para comprar apoio.
Não faz muito tempo, importante saber as condições que cheguei na presidência. Não tinha um economista neste país que não dissesse que o país estava quebrado. Eu tinha um grupo de 30 economistas, e com gente muito importante. Ás vezes falava para o pessoal: como querem que eu seja candidato se dizem que o país quebrado.
Inflação estourando, dependência do FMI
Não era situação fácil. Minha chance de ganhar agora é porque está visível ao povo que posso consertar o país.
Tem coisa em economia, que os yuppies do mercado não falam. É preciso que quem esteja falando de economia tenha credibilidade junto à sociedade. Há um misto de cumplicidade da seriedade de quem está falando com a seriedade de quem está fazendo.
Se não tem credibilidade política e não faz coisa séria, não dá certo. E se tem credibilidade, mas não tem a política, também.
Em qualquer comparação, o Brasil está entre os 10 do mundo. País com esse potencial extraordinário de mercado interno, 16 mil km de fronteira seca com toda América Latina, potencial enorme de cooperação com continente africano, porque mar é solução.
Tem que ter governo que pensa o Brasil, pense estrategicamente modelo de desenvolvimento, o que é possível fazer. E não tem como pensar o Brasil sem pensar no povo brasileiro.
Não pode pensar em projeto estratégico virando as costas para quem está perto de você. A relação comercial do Brasil com países ricos é muito estável. Com a Argentina, quando chegamos, era US$ 7 bi. Chegou a US$ 39 bi, demonstrando espaço de crescimento onde as pessoas mais precisam comprar de você do que vender. Cabe a quem governa o país pensar nessas coisas.
Não pode ser governante e pensar em vender para pagar dívidas. Quando acabar você não tem patrimônio do Estado, está zerado. Não pode ter qualquer participação na indução de políticas públicas.
Sou contra o estado empresarial, todo mundo sabe. Colocar cara concursado, com estabilidade para ser patrão, é muito ruim. Mas estado não pode perder seu papel de indutor da economia. É o estado que pensa estrategicamente qual a parte do Brasil que deve receber uma universidade, uma indústria, um centro de pesquisa, uma escola técnica.
E o estado pode não só pensar, como induzir que bancos de desenvolvimento possam garantir esses investimentos.
Como resolver o problema do Estado ter poder de influir na economia, se não tem o instrumento?
Na crise de 2008 liguei para o Obama perguntando se tinha bancos públicos. E contei como era o Brasil, como BNDES, CEF, BB. Ele: nem fala em bancos públicos aqui. A conclusão é que nós tivemos uma solução mais rápida para a indústria automobilística do que eles nos EUA.
Falam da dívida pública brasileira, mas todas cresceram porque todos os Estados, na época da crise, colocaram recursos para vencer a crise.
Não estou dizendo que é fácil, mas acho que tem outras formas de fazer a economia crescer.
1. Estado não pode perder sua capacidade de ter influência nas decisões econômicas do país.
2. Estado não é neutro, é indutor, porque tem milhões de brasileiros que necessitam da voz do Estado e dos gestos. Quem não precisa do Estado são os que mais mamam no Estado. São eles que estão fazendo com que o Temer desmonte os direitos dos trabalhadores. Querem que sobre mais recursos para eles.
Quando se fala no teto da Previdência Social, converse com a Laura Tavares, filha da Maria Conceição, especialista em Previdência social.
Se a Presidência tem problema de ajuste, não tem problema fazer ajuste. Envolve todos, trabalhadores, empresários, estado e discute-se. E, através da negociação, procura ajustar.
O problema é que quando nós criamos, na Constituição de 88, a aposentadoria dos trabalhadores rurais, arrumamos o dinheiro. Foi Pedro Malan que introduziu a ideia de colocar a Previdência em cima do orçamento da União.
Briguei muito com o Guido para tirar.
No mundo do trabalho, se precisar ajuste na CLT faz trabalhando, faz contrato coletivo de trabalho. O que não pode é destruir um marco legal que dá sustentabilidade aos mais fragilizados e achar que trabalhador e empresário, em uma mesa de negociação, vão estabelecer a normalidade negocial.
No Brasil tem meia dúzia de sindicatos em condições de negociar.
Estou convencido que é possível ganhar eleições, juntar um grupo de pessoas sérias, alguns empresários que pensam no Brasil, que apostam na produtividade, no Brasil, que querem indústria forte. É possível convencer milhares de pequenos empreendedores individuais para construir uma economia na base da produtividade.
Se há governo que acredita no que está fazendo, quando empresas como Veja, Estadão, resolvem montar parque gráfico novo, contratar empréstimo, o que estão dizendo: estão fazendo dívida porque acreditam no crescimento do jornal e vai ganhar mais dinheiro.
Vale para o Estado. Se elaborar política econômica e não tenho dinheiro para o investimento, tenho capacidade de me endividar, o compulsório, parte do dinheiro das reservas. Vou fazer 200 bilhões de dólares em investimentos prioritários e o país vai crescer e voltar a ser competitivo.
Agora, se eu não tenho projeto, casei com a dona Marisa e para fazer dinheiro vou vender a geladeira, o bule. É o que estão fazendo para Brasil.
A incapacidade de pensar aumentou a sede mercadológica deles. Poderiam ser sócios das Casas Bahia. Não tem noção do que foi a construção da indústria naval no Brasil. Tratam a Petrobras como empresa de petróleo. É muito mais. É gás, petroquímica, força na indução de pesquisas, no estímulo às pequenas e médias empresas.
Se tiver projeto para país.
É por isso que sou confiante.
Sobre o dia 24
Tenho que viajar para Etiópia a convite da União Africana, para um debate sobre as melhores experiências de combate à fome no mundo. Teria que sair daqui do Brasil no dia 26, porque a palestra é no dia 28.
Não sei se vou ou não a Porto Alegre.
Como réu, não vou ficar participando de manifestações. O que espero é que o PT e os que quiserem me ajudar divulguem o máximo que puder o processo, a acusação e o direito. Que debatam nas faculdades de direito no Brasil inteiro. Está sendo feito material em inglês e espanhol. O mundo precisa saber o que está acontecendo.
Meus acusadores vão ficar ridicularizados.
Às vezes fico tentando encontrar modelo de processo para comparar ao meu. O mais forte que me vem à cabeça é a invasão do Iraque. O Bush sabia que o Iraque não tinha armas químicas, assim como o Toni Blair. Sustentaram a mentira e conseguiram invadir um país por conta de uma mentira.
E o Sadam Hussein é outro exemplo. Durante tantos anos ele contou mentiras para aquele povo, adorava blefar com história de armas químicas. Ele acreditava na própria mentira e não teve coragem de chamar a agência internacional para dizer que não tem armas e acabem com isso. Ele não teve coragem. Ele preferiu ser achado em um buraco como um rato do que admitir para o povo que mentiu e que não tinha arma.
Ele tinha um poço de petróleo, descoberto pela Petrobras, com 80 bilhões de barris. Quando a Petrobras descobriu, logo ele deu um chega pra lá na Petrobras, trocou por exportação de Passat. Poderia ter construído um país. Preferiu destruir e se enterrar em um buraco.
Comparo essas mentiras ao que o MPF e PF contaram a meu respeito e Moro aceitou.
Se eu não acreditar na democracia, o que vou fazer? Propor luta armada na minha idade? Prefiro continuar acreditando na Justiça.
Sobre a destruição do governo Dilma
Presidente tem que ficar de fora dos acordos políticos, inclusive para poder agir se houver impasse.
Vivemos coisa atípica em 2014. Vínhamos de um mundo diferente, que começou com as manifestações de 2013 que, em um primeiro momento, tratamos como se fosse manipulação da imprensa em cima de 3 mil meninos lutando pelo Passe Livre. Depois achamos que era o povo querendo mais. Hoje tenho muita desconfiança sobre o que foi 2013. Ali começou o processo de desmonte do nosso governo, da ideia de afastar o PT e a Dilma do governo.
A campanha de 2014 foi uma campanha com uma dosagem de ódio que não estávamos acostumados a ver no Brasil.
Aécio plantou vento e está colhendo tempestade.
Tentei ajudar a discutir o futuro governo em 2014, mas a Dilma é que poderá dizer.
No dia da apuração das eleições, quando deu resultado final, tinha algo estranho no semblante da Dilma. Saí de lá com ideia de que tinha alguma coisa deixando minha querida amiga Dilma desconfortável. Eu disse para ela que era importante montar o governo ainda em novembro, porque do jeito que estava o andar da carruagem, se esperasse para montar o governo poderia ter um governo nascendo velho.
Ela teve o tempo dela. A gente discutiu nomes e não foi possível ela colocar e ela era presidente da República. Houve momento muito delicado quando Dilma apresentou reforma. Aquilo foi um choque para aquela parte da sociedade que entrou na campanha no segundo turno, porque não queria a volta da direita.
Leva tempo para recompor crença das pessoas. Facilitou os adversários chamando a gente de estelionatários. Nosso povo chamando a gente de traidor.
Em política eu tenho dosagem de pragmatismo muito grande. Aprendi muito cedo a diferença entre teoria e prática. Não pode colocar teoria sem testar na prática porque, se cometeu erro, não tem tempo de consertar.
Vamos montar governo melhor do que eu tive em 2003 e 2010.
Parte das pessoas que participaram comigo estão muito melhores. Haddad tinha como experiência a Universidade. Agora, a prefeitura de São Paulo.
Sou muito otimista com o que vai acontecer neste país. Vamos ganhar a eleição, vou dizer para o povo o que vai acontecer. Não vou fazer eleição dizendo meias verdades.
A gente vai ter que discutir seriamente o referendo revogatório ou uma nova Constituinte.
Nossa Constituinte teve mais de cem emendas parlamentares. Arrancaram nossa Constituição e fizeram outra.
A elite brasileira, que perdeu a discussão na Constituinte, fez uma nova Constituição.
Se quiser pensar estrategicamente e de forma soberana este país, não pode a cada vitória eventual mudar a Constituição. Porque os políticos judicializaram a política. E o Judiciário politizou a Justiça.
O povo tem que saber que para fazer as mudanças que o país precisa, a pessoa que vota em um Presidente progressista tem que votar em um deputado progressista. Tem que exigir por escrito o que ele quer fazer da vida.
Agora, com fundo partidário, estão vendendo nacos do fundo.
Quero discutir: por que povo pobre tem que pagar mais imposto de renda que o rico? Por que o rentismo não paga imposto de renda? Por que não pode pensar em política tributária em que os mais humildes paguem menos? Por que não se coloca em prática a questão sobre as grandes heranças?
Vamos mostrar os exemplos da Inglaterra, Estados Unidos, e não em Cuba.
Não mudei antes porque não tenho hoje, com 72 anos, a visão que tinha aos 40. O tempo existe para a gente evoluir. De fora do governo estou pensando de forma mais justa na política tributária.
Fiz duas políticas tributárias, mandei para o Congresso. Uma tinha a unanimidade dos empresários, sindicatos e lideranças. Não andou porque Serra não queria, porque lamentavelmente as pessoas não querem um país mais equânime. Tem que ter política tributária que torne estados mais iguais.
Não vai ser campanha apenas pedindo voto, mas discutindo projeto de Nação, que país a gente deseja. Por isso Haddad foi indicado pela Executiva nacional como coordenador do programa.
Eu não preciso ser candidato para fazer o que já fiz. Quero fazer outro.
Eu não tenho cara de radical. Estou mais sabido. Quando presidente eu sempre disse que sei quem são meus amigos e meus amigos eventuais, sei de onde vim e para onde vou.
Posso dizer: o povo pobre vai subir mais um degrau na escala social.
Sobre acordos políticos
Em política o ideal seria o PT eleger o presidente, o vice, os 27 governadores, os deputados. A segunda coisa ideal é juntar os partidos de esquerda, fazer maioria e governar. Se não tem um e outro, tem que compor com todos e fazer acordo programático.
Com Temer fizemos um programa mínimo que Tarso Genro ajudou a construir.
Se o candidato disser que não fará acordo com ninguém, duvido que ele vá governar.
Sobre a corrupção e os erros do PT
Corrupção é problema grave mundial. Sabemos o que aconteceu na Espanha, França, Alemanha. Helmuth Kolh foi responsável pela unificação da Europa e apareceram denúncias de corrupção.
Aqui no Brasil, graças a Deus, temos instrumentos para combater a corrupção. Nós aprovamos quinhentas coisas para combater a corrupção.
Temos agora o presidente da Samsung preso e a empresa bombando. Aqui no Brasil se quebrou a indústria naval e a indústria da construção civil. E se criou uma palavra mágica, a propina. Muito do dinheiro que está fora, de empresários, é evasão fiscal. Ficou mais cômodo para empresários dizer que era propina, que foi achacado. Mentira! Eles estavam montando patrimônio no exterior.
País fantástico, porque tem medida provisória para lavar dinheiro roubado. Não trouxeram. Só legalizou.
Lembro-me da discussão do G20 para dificultar a vida dos paraísos fiscais. Queríamos que a Suíça entrasse nessa relação, e eles querendo investigar Uruguai. Mas muita coisa foi feita para combater corrupção no mundo inteiro.
Não vou esquecer nunca o show que a Policia Federal deu no Instituto. Parecia que tinha bombas, armas químicas do Iraque. O que me deixa irritado? Acho absurda a condução coercitiva, um atentado à democracia. Pode ter coagido se for convidado e não comparecer. Não convida e acorda o cidadão às 6 da manhã. E quando encontra dólares, fazem carnaval. Quando vão e não encontram porra nenhuma deveriam ter a honra de dizer que não encontraram nada.
Não vou morrer enquanto não pedirem desculpa. E quero ver William Bonner pedir desculpas na TV Globo.
Se pegar essa gente toda e fundir em uma prensa, não vão ter um homem mais honesto do que eu.
Sobre conspiração internacional
Em 2012 sumiu um contêiner da Petrobras com segredos da empresa. A empresa que fazia segurança era norte-americana. Foram punidos apenas três seguranças.
Acho que Ministério Público e juiz são subordinados à Secretaria de Estado norte-americano.
Quando pessoal cita Tecla Duran, o Moro diz que não pode acreditar em bandido. Como utiliza delações contra outros?
Tenho quase certeza de que a Globo está mais enrascada do que eu. A prova contra a Globo é muito mais contundente do que qualquer outra prova.
A única diferença entre Cristina e nós é que ela perdeu o cargo pelo voto e aqui não. Mas está sendo vítima da mesma perseguição do Brasil. E acontecendo em El Salvador. Coisa muito esquisita, latino-americana, esquisita essa sofisticação do comportamento do Judiciário e da Polícia na América Latina.
TV brasileira dá mais notícia sobre Trump do que de Cristina. É visível a semelhança com o que está acontecendo conosco aqui. Americanos nunca viram com bons olhos a independência da América do Sul, Mercosul. A ALCA foi desmontada em Mar del Plata. Aprovamos Unasul, conceito de defesa da Unasul, uma série de mecanismos institucionais que davam força à América do Sul.
Tenho mais desconfiança do que em qualquer outro momento sobre interesses de fora.
Se ganharmos as eleições, da mesma forma que há um viés de direita poderá haver outro de esquerda.
Tenho muito mais noção da importância da América do Sul e das relações com eles do que antes.
E tenho noção de que a diplomacia brasileira, apesar do extraordinário Celso Amorim, a máquina burocrática brasileira é muito pró-americana. É preciso que trabalhemos mais rápido e com mais força para consolidar mecanismos e instituições para fortalecer do ponto de vista político e econômico.
O Brasil tem que ter compartilhamento com países da América do Sul. Veja o salto de qualidade do crescimento econômico no Paraguai depois da união, financiado pelo governo brasileiro. Porque o Brasil nunca quis que Paraguai se desenvolvesse. Construímos uma hidrelétrica. Como emprestei para construir, você vai me pagar até 2023.
Até lá você tem 50% da energia, mas só pode utilizar se for para você. Para tanto, economia tem que crescer. Se a economia não tem energia, não cresce. Colocamos um linhão lá e tem empresas indo para lá. E o Brasil não vai ser rico cercado de pobres.
Sobre política externa
Quando eleito presidente da República, em 2002, primeiros países que visitei foram Argentina e Chile, para mostrar as prioridades. E tem que disputar em todos os organismos internacionais. Os BRICs podem ter muito mais força e Brasil pode ser peça importante. Precisa ter alguém para animar, puxando a torcida, dizendo que vai ser melhor. O Brasil tem que jogar esse papel, porque não tem contencioso com ninguém.
O problema do Brasil é uma elite perversa e pequena.
Vamos ter relação internacional muito ativa.
O fato de eu dar importância para um lado não significa que não estou dando importância para outro, como EUA ou Inglaterra.
Sobre partidos que apoiaram impeachment
Diferença entre povo e partidos políticos. Não posso ser político que tenha ódio de uma parcela do povo. Continua sendo povo, continua tendo razões sendo contra ou a favor. E sempre temos que trabalhar para convencê-los. Já TVE 60% de rejeição e 80% de aprovação. Muda de acordo com acontecimentos.
Agora, as pessoas que compõem os partidos políticos é diferente. Eu, sinceramente, não posso aceitar que a Dilma tenha dado a força que deu a Kassab e ele trair da forma mais vergonhosa como traiu. Aquele Agnaldo, Ministro das Cidades. Era o fato da mentira.
Tive discussões e disseram que Kassab tinha três votos com Temer e dois com Dilma, tendo dois Ministérios. Não é porque tinha aliança com eles. Mas o partido muda de direção.
Vocês verão coisa engraçada. Partido que nunca vai mudar de nome é o PT, porque não somos legenda eleitoral, somos uma causa. Todo partido já mudou de nome. Agora, querem ser Agora, Depois, e Aí?
O Bolsonaro tem 28 anos de deputado e tenta passar a ideia de que não é político. Tive mandato de 4 anos e desisti de ser deputado. E ele diz que não é político, tendo filho, tio políticos.
Prezo muito partidos políticos. PMBD vai ser agora MDB. Acontece que as pessoas que foram os motivos de orgulho nos anos 60 e 70 já morreram. Pode ser só M, só D, só B e não adianta. É o mesmo que Arena, PDS e DEM.
Quando é candidato e não tem perspectiva de futuro, pode fazer qualquer coisa.
O PT sabe que terá que construir alianças políticas para governar. Partido que tem candidato conhecido mais que notas de 10 reais, como eu, não precisa de aliança política para tempo de televisão. Mas precisa no Senado e na Câmara.
Não adianta você ser tão puro na atuação política, como Boulos, e não ter nenhum deputado.
Durante o processo de campanha, precisamos o compromisso de fazer com o povo um debate em torno da campanha congressos.
Sobre o mercado
Vou escrever uma Carta ao povo, não ao mercado. Esse mercado injusto nunca reconheceu o que ganhou comigo. Quando entrei, a Bolsa de Valores tinha 11 mil pontos. Quando sai, tinha 77 mil pontos.
Quando cheguei, o país tinha 4 IPOs. No meu governo foram 150.
Outro dia recebi visita de um rapaz do Credit Suisse que me disse: o senhor tem noção do que significou para o mercado de capitais? O senhor legalizou centenas de empresas que viviam na bandidagem.
As empresas que quebraram tinham 170 mil trabalhadores, hoje têm 15 mil. Não poderiam combater a corrupção sem quebrar as empresas?
A paz vai ser mantida com a seriedade com que trato essas pessoas. Nunca desrespeitei uma pessoa. O que importa é uma relação respeitosa. Não quero saber se o cara gosta ou não de mim. Não estou propondo casamento.
E vamos voltar a valorizar o salário mínimo. E não é o salário mínimo que causa inflação. Nós provamos isso.
E ninguém venha me falar em responsabilidade fiscal, porque tenho de sobra e aprendi com uma mulher analfabeta: só gaste o que você tem e só faça dívida que você possa pagar.
Sempre me dei bem com Setúbal, Trabuco, Lázaro, sempre muito respeitoso, civilizado. É só isso o que quero. E eles vão saber que haverá um presidente que mais uma vez vai dar uma vantagenzinha a mais para o pobre.
É uma ascensão do país como um todo.
É importante na campanha que fique claro: educação não é gasto. Este país vai investir em educação, em ciência e tecnologia, e quer criar uma consciência de que jamais será país desenvolvido e competitivo se não investir em educação. Conhecimento não pede concordata, não quebra. Adquirido, é para sempre. É esse conhecimento que vai dar ao Brasil oportunidade.
Se essa elite brasileira, que governou o país por 500 anos, eles terão que explicar porque o Brasil foi o último país da América do Sul a ter uma universidade.
* o autor é jornalista, editor do blog Jornal GGN
Publicado em https://jornalggn.com.br/noticia/a-entrevista-de-lula-a-midia-1-por-luis-nassif
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Lula concedeu entrevista para a imprensa ontem (20/12/2017) pela manhã, no Instituto Lula. Participaram 14 jornalistas da mídia nacional, de blogs e de agências internacionais. Ao lado, Fernando Haddad.
Lula abriu a entrevista afirmando que o Brasil só vai voltar à normalidade quando o povo eleger o presidente e montar um governo com a legitimidade que apenas um eleito tem.
Sobre a condenação em janeiro e na eventualidade uma prisão.
Minha condenação será a negação da Justiça. A Justiça vai ter que fazer esforço monumental para transformar mentira em verdade e para julgar pessoa que não cometeu crime. A sentença do juiz Moro, aos olhos de centenas de juristas, é quase uma piada. Tenho tranquilidade de ser absolvido. Eu peço uma única prova.
Estamos vivendo anomalia jurídica e política.
Falando do apartamento
Começou com uma mentira de um jornal e uma revista. A mentira foi transformada em inquérito pela Polícia Federal. O resultado é mentiroso e foi enviado para o Ministério Público. O MP mentiu e o Moro aceitou. Tudo teria sido resolvido se Moro tivesse feito papel de juiz.
O problema é que o processo todo está subordinado a uma imagem pública que se estratificou. Eles estão sem rota de fuga. Mentiram e não tem como sair, nem a imprensa, a TV, rádio, jornal. Moro está em situação muito delicada.
A única chance que tem é pedir provas.
Não é possível alguém ser apontado como dono de uma coisa que não é dono. Tem que ter algum documento.
Tudo baseado na grande mentira do Power Point montado pelo Dallagnol.
São centenas de delações e até agora não existe uma única prova.
Conheço dezenas de casos de pessoas que, na delação, eles perguntavam: e o Lula, ele sabia?
Duvido que, na história do Brasil, se tenham tomado as atitudes para combater a corrupção que nós tomamos.
O fato de facilitar o combate à corrupção exige responsabilidade. É para isso que pessoas são concursadas, têm estabilidade, ficam eternamente nos cargos. É uma carreira importante de Estado, com pessoas com QI acima da média. Mas precisa ter caráter também.
Por isso, estou muito tranquilo para o dia 24.
Eu prefiro a condenação moral dos que me condenaram, a grande imprensa que mentiu.
Imagine se o Tacla Duran tivesse denunciado o PT. Nós seríamos capa, contracapa.
Há conluio para fazer com que mentira vença. Mas tenho certeza absoluta de que a inocência vai vencer. De um ser humano que só tem um problema nesse momento: ter mais chances de vencer as eleições que qualquer outro.
Sobre o pacto de poder na crise
Não existe orçamento mais comprometido do que este que Temer está gastando. Todo dinheiro cortado da educação, saúde, é para comprar apoio.
Não faz muito tempo, importante saber as condições que cheguei na presidência. Não tinha um economista neste país que não dissesse que o país estava quebrado. Eu tinha um grupo de 30 economistas, e com gente muito importante. Ás vezes falava para o pessoal: como querem que eu seja candidato se dizem que o país quebrado.
Inflação estourando, dependência do FMI
Não era situação fácil. Minha chance de ganhar agora é porque está visível ao povo que posso consertar o país.
Tem coisa em economia, que os yuppies do mercado não falam. É preciso que quem esteja falando de economia tenha credibilidade junto à sociedade. Há um misto de cumplicidade da seriedade de quem está falando com a seriedade de quem está fazendo.
Se não tem credibilidade política e não faz coisa séria, não dá certo. E se tem credibilidade, mas não tem a política, também.
Em qualquer comparação, o Brasil está entre os 10 do mundo. País com esse potencial extraordinário de mercado interno, 16 mil km de fronteira seca com toda América Latina, potencial enorme de cooperação com continente africano, porque mar é solução.
Tem que ter governo que pensa o Brasil, pense estrategicamente modelo de desenvolvimento, o que é possível fazer. E não tem como pensar o Brasil sem pensar no povo brasileiro.
Não pode pensar em projeto estratégico virando as costas para quem está perto de você. A relação comercial do Brasil com países ricos é muito estável. Com a Argentina, quando chegamos, era US$ 7 bi. Chegou a US$ 39 bi, demonstrando espaço de crescimento onde as pessoas mais precisam comprar de você do que vender. Cabe a quem governa o país pensar nessas coisas.
Não pode ser governante e pensar em vender para pagar dívidas. Quando acabar você não tem patrimônio do Estado, está zerado. Não pode ter qualquer participação na indução de políticas públicas.
Sou contra o estado empresarial, todo mundo sabe. Colocar cara concursado, com estabilidade para ser patrão, é muito ruim. Mas estado não pode perder seu papel de indutor da economia. É o estado que pensa estrategicamente qual a parte do Brasil que deve receber uma universidade, uma indústria, um centro de pesquisa, uma escola técnica.
E o estado pode não só pensar, como induzir que bancos de desenvolvimento possam garantir esses investimentos.
Como resolver o problema do Estado ter poder de influir na economia, se não tem o instrumento?
Na crise de 2008 liguei para o Obama perguntando se tinha bancos públicos. E contei como era o Brasil, como BNDES, CEF, BB. Ele: nem fala em bancos públicos aqui. A conclusão é que nós tivemos uma solução mais rápida para a indústria automobilística do que eles nos EUA.
Falam da dívida pública brasileira, mas todas cresceram porque todos os Estados, na época da crise, colocaram recursos para vencer a crise.
Não estou dizendo que é fácil, mas acho que tem outras formas de fazer a economia crescer.
1. Estado não pode perder sua capacidade de ter influência nas decisões econômicas do país.
2. Estado não é neutro, é indutor, porque tem milhões de brasileiros que necessitam da voz do Estado e dos gestos. Quem não precisa do Estado são os que mais mamam no Estado. São eles que estão fazendo com que o Temer desmonte os direitos dos trabalhadores. Querem que sobre mais recursos para eles.
Quando se fala no teto da Previdência Social, converse com a Laura Tavares, filha da Maria Conceição, especialista em Previdência social.
Se a Presidência tem problema de ajuste, não tem problema fazer ajuste. Envolve todos, trabalhadores, empresários, estado e discute-se. E, através da negociação, procura ajustar.
O problema é que quando nós criamos, na Constituição de 88, a aposentadoria dos trabalhadores rurais, arrumamos o dinheiro. Foi Pedro Malan que introduziu a ideia de colocar a Previdência em cima do orçamento da União.
Briguei muito com o Guido para tirar.
No mundo do trabalho, se precisar ajuste na CLT faz trabalhando, faz contrato coletivo de trabalho. O que não pode é destruir um marco legal que dá sustentabilidade aos mais fragilizados e achar que trabalhador e empresário, em uma mesa de negociação, vão estabelecer a normalidade negocial.
No Brasil tem meia dúzia de sindicatos em condições de negociar.
Estou convencido que é possível ganhar eleições, juntar um grupo de pessoas sérias, alguns empresários que pensam no Brasil, que apostam na produtividade, no Brasil, que querem indústria forte. É possível convencer milhares de pequenos empreendedores individuais para construir uma economia na base da produtividade.
Se há governo que acredita no que está fazendo, quando empresas como Veja, Estadão, resolvem montar parque gráfico novo, contratar empréstimo, o que estão dizendo: estão fazendo dívida porque acreditam no crescimento do jornal e vai ganhar mais dinheiro.
Vale para o Estado. Se elaborar política econômica e não tenho dinheiro para o investimento, tenho capacidade de me endividar, o compulsório, parte do dinheiro das reservas. Vou fazer 200 bilhões de dólares em investimentos prioritários e o país vai crescer e voltar a ser competitivo.
Agora, se eu não tenho projeto, casei com a dona Marisa e para fazer dinheiro vou vender a geladeira, o bule. É o que estão fazendo para Brasil.
A incapacidade de pensar aumentou a sede mercadológica deles. Poderiam ser sócios das Casas Bahia. Não tem noção do que foi a construção da indústria naval no Brasil. Tratam a Petrobras como empresa de petróleo. É muito mais. É gás, petroquímica, força na indução de pesquisas, no estímulo às pequenas e médias empresas.
Se tiver projeto para país.
É por isso que sou confiante.
Sobre o dia 24
Tenho que viajar para Etiópia a convite da União Africana, para um debate sobre as melhores experiências de combate à fome no mundo. Teria que sair daqui do Brasil no dia 26, porque a palestra é no dia 28.
Não sei se vou ou não a Porto Alegre.
Como réu, não vou ficar participando de manifestações. O que espero é que o PT e os que quiserem me ajudar divulguem o máximo que puder o processo, a acusação e o direito. Que debatam nas faculdades de direito no Brasil inteiro. Está sendo feito material em inglês e espanhol. O mundo precisa saber o que está acontecendo.
Meus acusadores vão ficar ridicularizados.
Às vezes fico tentando encontrar modelo de processo para comparar ao meu. O mais forte que me vem à cabeça é a invasão do Iraque. O Bush sabia que o Iraque não tinha armas químicas, assim como o Toni Blair. Sustentaram a mentira e conseguiram invadir um país por conta de uma mentira.
E o Sadam Hussein é outro exemplo. Durante tantos anos ele contou mentiras para aquele povo, adorava blefar com história de armas químicas. Ele acreditava na própria mentira e não teve coragem de chamar a agência internacional para dizer que não tem armas e acabem com isso. Ele não teve coragem. Ele preferiu ser achado em um buraco como um rato do que admitir para o povo que mentiu e que não tinha arma.
Ele tinha um poço de petróleo, descoberto pela Petrobras, com 80 bilhões de barris. Quando a Petrobras descobriu, logo ele deu um chega pra lá na Petrobras, trocou por exportação de Passat. Poderia ter construído um país. Preferiu destruir e se enterrar em um buraco.
Comparo essas mentiras ao que o MPF e PF contaram a meu respeito e Moro aceitou.
Se eu não acreditar na democracia, o que vou fazer? Propor luta armada na minha idade? Prefiro continuar acreditando na Justiça.
Sobre a destruição do governo Dilma
Presidente tem que ficar de fora dos acordos políticos, inclusive para poder agir se houver impasse.
Vivemos coisa atípica em 2014. Vínhamos de um mundo diferente, que começou com as manifestações de 2013 que, em um primeiro momento, tratamos como se fosse manipulação da imprensa em cima de 3 mil meninos lutando pelo Passe Livre. Depois achamos que era o povo querendo mais. Hoje tenho muita desconfiança sobre o que foi 2013. Ali começou o processo de desmonte do nosso governo, da ideia de afastar o PT e a Dilma do governo.
A campanha de 2014 foi uma campanha com uma dosagem de ódio que não estávamos acostumados a ver no Brasil.
Aécio plantou vento e está colhendo tempestade.
Tentei ajudar a discutir o futuro governo em 2014, mas a Dilma é que poderá dizer.
No dia da apuração das eleições, quando deu resultado final, tinha algo estranho no semblante da Dilma. Saí de lá com ideia de que tinha alguma coisa deixando minha querida amiga Dilma desconfortável. Eu disse para ela que era importante montar o governo ainda em novembro, porque do jeito que estava o andar da carruagem, se esperasse para montar o governo poderia ter um governo nascendo velho.
Ela teve o tempo dela. A gente discutiu nomes e não foi possível ela colocar e ela era presidente da República. Houve momento muito delicado quando Dilma apresentou reforma. Aquilo foi um choque para aquela parte da sociedade que entrou na campanha no segundo turno, porque não queria a volta da direita.
Leva tempo para recompor crença das pessoas. Facilitou os adversários chamando a gente de estelionatários. Nosso povo chamando a gente de traidor.
Em política eu tenho dosagem de pragmatismo muito grande. Aprendi muito cedo a diferença entre teoria e prática. Não pode colocar teoria sem testar na prática porque, se cometeu erro, não tem tempo de consertar.
Vamos montar governo melhor do que eu tive em 2003 e 2010.
Parte das pessoas que participaram comigo estão muito melhores. Haddad tinha como experiência a Universidade. Agora, a prefeitura de São Paulo.
Sou muito otimista com o que vai acontecer neste país. Vamos ganhar a eleição, vou dizer para o povo o que vai acontecer. Não vou fazer eleição dizendo meias verdades.
A gente vai ter que discutir seriamente o referendo revogatório ou uma nova Constituinte.
Nossa Constituinte teve mais de cem emendas parlamentares. Arrancaram nossa Constituição e fizeram outra.
A elite brasileira, que perdeu a discussão na Constituinte, fez uma nova Constituição.
Se quiser pensar estrategicamente e de forma soberana este país, não pode a cada vitória eventual mudar a Constituição. Porque os políticos judicializaram a política. E o Judiciário politizou a Justiça.
O povo tem que saber que para fazer as mudanças que o país precisa, a pessoa que vota em um Presidente progressista tem que votar em um deputado progressista. Tem que exigir por escrito o que ele quer fazer da vida.
Agora, com fundo partidário, estão vendendo nacos do fundo.
Quero discutir: por que povo pobre tem que pagar mais imposto de renda que o rico? Por que o rentismo não paga imposto de renda? Por que não pode pensar em política tributária em que os mais humildes paguem menos? Por que não se coloca em prática a questão sobre as grandes heranças?
Vamos mostrar os exemplos da Inglaterra, Estados Unidos, e não em Cuba.
Não mudei antes porque não tenho hoje, com 72 anos, a visão que tinha aos 40. O tempo existe para a gente evoluir. De fora do governo estou pensando de forma mais justa na política tributária.
Fiz duas políticas tributárias, mandei para o Congresso. Uma tinha a unanimidade dos empresários, sindicatos e lideranças. Não andou porque Serra não queria, porque lamentavelmente as pessoas não querem um país mais equânime. Tem que ter política tributária que torne estados mais iguais.
Não vai ser campanha apenas pedindo voto, mas discutindo projeto de Nação, que país a gente deseja. Por isso Haddad foi indicado pela Executiva nacional como coordenador do programa.
Eu não preciso ser candidato para fazer o que já fiz. Quero fazer outro.
Eu não tenho cara de radical. Estou mais sabido. Quando presidente eu sempre disse que sei quem são meus amigos e meus amigos eventuais, sei de onde vim e para onde vou.
Posso dizer: o povo pobre vai subir mais um degrau na escala social.
Sobre acordos políticos
Em política o ideal seria o PT eleger o presidente, o vice, os 27 governadores, os deputados. A segunda coisa ideal é juntar os partidos de esquerda, fazer maioria e governar. Se não tem um e outro, tem que compor com todos e fazer acordo programático.
Com Temer fizemos um programa mínimo que Tarso Genro ajudou a construir.
Se o candidato disser que não fará acordo com ninguém, duvido que ele vá governar.
Sobre a corrupção e os erros do PT
Corrupção é problema grave mundial. Sabemos o que aconteceu na Espanha, França, Alemanha. Helmuth Kolh foi responsável pela unificação da Europa e apareceram denúncias de corrupção.
Aqui no Brasil, graças a Deus, temos instrumentos para combater a corrupção. Nós aprovamos quinhentas coisas para combater a corrupção.
Temos agora o presidente da Samsung preso e a empresa bombando. Aqui no Brasil se quebrou a indústria naval e a indústria da construção civil. E se criou uma palavra mágica, a propina. Muito do dinheiro que está fora, de empresários, é evasão fiscal. Ficou mais cômodo para empresários dizer que era propina, que foi achacado. Mentira! Eles estavam montando patrimônio no exterior.
País fantástico, porque tem medida provisória para lavar dinheiro roubado. Não trouxeram. Só legalizou.
Lembro-me da discussão do G20 para dificultar a vida dos paraísos fiscais. Queríamos que a Suíça entrasse nessa relação, e eles querendo investigar Uruguai. Mas muita coisa foi feita para combater corrupção no mundo inteiro.
Não vou esquecer nunca o show que a Policia Federal deu no Instituto. Parecia que tinha bombas, armas químicas do Iraque. O que me deixa irritado? Acho absurda a condução coercitiva, um atentado à democracia. Pode ter coagido se for convidado e não comparecer. Não convida e acorda o cidadão às 6 da manhã. E quando encontra dólares, fazem carnaval. Quando vão e não encontram porra nenhuma deveriam ter a honra de dizer que não encontraram nada.
Não vou morrer enquanto não pedirem desculpa. E quero ver William Bonner pedir desculpas na TV Globo.
Se pegar essa gente toda e fundir em uma prensa, não vão ter um homem mais honesto do que eu.
Sobre conspiração internacional
Em 2012 sumiu um contêiner da Petrobras com segredos da empresa. A empresa que fazia segurança era norte-americana. Foram punidos apenas três seguranças.
Acho que Ministério Público e juiz são subordinados à Secretaria de Estado norte-americano.
Quando pessoal cita Tecla Duran, o Moro diz que não pode acreditar em bandido. Como utiliza delações contra outros?
Tenho quase certeza de que a Globo está mais enrascada do que eu. A prova contra a Globo é muito mais contundente do que qualquer outra prova.
A única diferença entre Cristina e nós é que ela perdeu o cargo pelo voto e aqui não. Mas está sendo vítima da mesma perseguição do Brasil. E acontecendo em El Salvador. Coisa muito esquisita, latino-americana, esquisita essa sofisticação do comportamento do Judiciário e da Polícia na América Latina.
TV brasileira dá mais notícia sobre Trump do que de Cristina. É visível a semelhança com o que está acontecendo conosco aqui. Americanos nunca viram com bons olhos a independência da América do Sul, Mercosul. A ALCA foi desmontada em Mar del Plata. Aprovamos Unasul, conceito de defesa da Unasul, uma série de mecanismos institucionais que davam força à América do Sul.
Tenho mais desconfiança do que em qualquer outro momento sobre interesses de fora.
Se ganharmos as eleições, da mesma forma que há um viés de direita poderá haver outro de esquerda.
Tenho muito mais noção da importância da América do Sul e das relações com eles do que antes.
E tenho noção de que a diplomacia brasileira, apesar do extraordinário Celso Amorim, a máquina burocrática brasileira é muito pró-americana. É preciso que trabalhemos mais rápido e com mais força para consolidar mecanismos e instituições para fortalecer do ponto de vista político e econômico.
O Brasil tem que ter compartilhamento com países da América do Sul. Veja o salto de qualidade do crescimento econômico no Paraguai depois da união, financiado pelo governo brasileiro. Porque o Brasil nunca quis que Paraguai se desenvolvesse. Construímos uma hidrelétrica. Como emprestei para construir, você vai me pagar até 2023.
Até lá você tem 50% da energia, mas só pode utilizar se for para você. Para tanto, economia tem que crescer. Se a economia não tem energia, não cresce. Colocamos um linhão lá e tem empresas indo para lá. E o Brasil não vai ser rico cercado de pobres.
Sobre política externa
Quando eleito presidente da República, em 2002, primeiros países que visitei foram Argentina e Chile, para mostrar as prioridades. E tem que disputar em todos os organismos internacionais. Os BRICs podem ter muito mais força e Brasil pode ser peça importante. Precisa ter alguém para animar, puxando a torcida, dizendo que vai ser melhor. O Brasil tem que jogar esse papel, porque não tem contencioso com ninguém.
O problema do Brasil é uma elite perversa e pequena.
Vamos ter relação internacional muito ativa.
O fato de eu dar importância para um lado não significa que não estou dando importância para outro, como EUA ou Inglaterra.
Sobre partidos que apoiaram impeachment
Diferença entre povo e partidos políticos. Não posso ser político que tenha ódio de uma parcela do povo. Continua sendo povo, continua tendo razões sendo contra ou a favor. E sempre temos que trabalhar para convencê-los. Já TVE 60% de rejeição e 80% de aprovação. Muda de acordo com acontecimentos.
Agora, as pessoas que compõem os partidos políticos é diferente. Eu, sinceramente, não posso aceitar que a Dilma tenha dado a força que deu a Kassab e ele trair da forma mais vergonhosa como traiu. Aquele Agnaldo, Ministro das Cidades. Era o fato da mentira.
Tive discussões e disseram que Kassab tinha três votos com Temer e dois com Dilma, tendo dois Ministérios. Não é porque tinha aliança com eles. Mas o partido muda de direção.
Vocês verão coisa engraçada. Partido que nunca vai mudar de nome é o PT, porque não somos legenda eleitoral, somos uma causa. Todo partido já mudou de nome. Agora, querem ser Agora, Depois, e Aí?
O Bolsonaro tem 28 anos de deputado e tenta passar a ideia de que não é político. Tive mandato de 4 anos e desisti de ser deputado. E ele diz que não é político, tendo filho, tio políticos.
Prezo muito partidos políticos. PMBD vai ser agora MDB. Acontece que as pessoas que foram os motivos de orgulho nos anos 60 e 70 já morreram. Pode ser só M, só D, só B e não adianta. É o mesmo que Arena, PDS e DEM.
Quando é candidato e não tem perspectiva de futuro, pode fazer qualquer coisa.
O PT sabe que terá que construir alianças políticas para governar. Partido que tem candidato conhecido mais que notas de 10 reais, como eu, não precisa de aliança política para tempo de televisão. Mas precisa no Senado e na Câmara.
Não adianta você ser tão puro na atuação política, como Boulos, e não ter nenhum deputado.
Durante o processo de campanha, precisamos o compromisso de fazer com o povo um debate em torno da campanha congressos.
Sobre o mercado
Vou escrever uma Carta ao povo, não ao mercado. Esse mercado injusto nunca reconheceu o que ganhou comigo. Quando entrei, a Bolsa de Valores tinha 11 mil pontos. Quando sai, tinha 77 mil pontos.
Quando cheguei, o país tinha 4 IPOs. No meu governo foram 150.
Outro dia recebi visita de um rapaz do Credit Suisse que me disse: o senhor tem noção do que significou para o mercado de capitais? O senhor legalizou centenas de empresas que viviam na bandidagem.
As empresas que quebraram tinham 170 mil trabalhadores, hoje têm 15 mil. Não poderiam combater a corrupção sem quebrar as empresas?
A paz vai ser mantida com a seriedade com que trato essas pessoas. Nunca desrespeitei uma pessoa. O que importa é uma relação respeitosa. Não quero saber se o cara gosta ou não de mim. Não estou propondo casamento.
E vamos voltar a valorizar o salário mínimo. E não é o salário mínimo que causa inflação. Nós provamos isso.
E ninguém venha me falar em responsabilidade fiscal, porque tenho de sobra e aprendi com uma mulher analfabeta: só gaste o que você tem e só faça dívida que você possa pagar.
Sempre me dei bem com Setúbal, Trabuco, Lázaro, sempre muito respeitoso, civilizado. É só isso o que quero. E eles vão saber que haverá um presidente que mais uma vez vai dar uma vantagenzinha a mais para o pobre.
É uma ascensão do país como um todo.
É importante na campanha que fique claro: educação não é gasto. Este país vai investir em educação, em ciência e tecnologia, e quer criar uma consciência de que jamais será país desenvolvido e competitivo se não investir em educação. Conhecimento não pede concordata, não quebra. Adquirido, é para sempre. É esse conhecimento que vai dar ao Brasil oportunidade.
Se essa elite brasileira, que governou o país por 500 anos, eles terão que explicar porque o Brasil foi o último país da América do Sul a ter uma universidade.
* o autor é jornalista, editor do blog Jornal GGN
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