A nossa imprensa anda meio devagar em perceber qualquer coisa que não seja em favor do conservadorismo.
Assim, ela consegue ver “retomada econômica” no crescimento de 0,1% do PIB, aumento do emprego apenas com “bicos” e sem a criação de uma carteira assinada ou publicar intrigas inominadas como a de que a caravana de Lula ao Rio seria “um perigo” por conta do apoio de Cabral, esquecendo que foi Aécio o candidato apoiado de fato pelo ex-governador, hoje preso.
Mas não vê coisas evidentes, ditas na sua frente, como a frase que Michel Temer usou, ao lado de Geraldo Alckmin, ao dizer que o desembarque (formal) dos tucanos de seu governo
“será uma coisa cortês eelegante”.
A expressão tem um endereço certo, nada difícil de entender: a nova grosseria de Fernando Henrique Cardoso, que falou a Andrea Sadi, do G1, na quarta feira, que estava na hora do PSDB “cair fora”.
“Cair fora”, exatamente assim, com este ar de molecagem de quem se meteu em algo e se escapa ao ver o desastre que é. Um bom complemento para o “pinguela” e para o “é o que temos” com que o ex-presidente já brindou o homem que ajudou a ascender ao poder num golpe.
“Cair fora”, exatamente assim, com este ar de molecagem de quem se meteu em algo e se escapa ao ver o desastre que é. Um bom complemento para o “pinguela” e para o “é o que temos” com que o ex-presidente já brindou o homem que ajudou a ascender ao poder num golpe.
Por isso, o recado de Temer de que a saída deveria ser “cortês e elegante”, o que não é, positivamente, um “cair fora”.
Nenhum jornalista, ao que eu tenha lido, captou o “fora” de Temer ao “cair dentro” com a expressão usada por FHC.
No outono de Fernando Henrique, a pretensão de quem é um dos homens mais rejeitados do país fê-lo perder inclusive as boas-maneiras, depois de ter perdido os princípios.
Quando o “príncipe dos sociólogos” vira assistente de palco de Luciano Huck e toma lições de boa-educação de Michel Temer é que, de fato, para ele, já chegou a hora de “cair fora”.
* o autor é jornalista, editor do Tijolaço.
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