domingo, 5 de fevereiro de 2017

Alegorias em tristuras e madrugadas.

Carlos Eduardo Florence


Apesar das pragas e das maledicências, os conflitos se impuseram invertidos dos previstos, mas exatamente por estes desconformes e nas premências corretas, carecidos de serem grafados sobre as desavenças ou as premonições suspeitas, nem os sustentos das crendices se ativeram esclarecidos, portanto se pariram adjuntos e outras prerrogativas nos embalos.

Nas desventuras, por assim, sem solução acordadas, as rusgas sempre rebrotavam daquelas iguais altercações impossíveis de se entenderem, nunca findas, antes de primeiro se explicarem muito claramente as parábolas ou os danos. Amanhecendo, seguiram os acontecidos mais bem ajustados e explicados para que não pairassem dúvidas ou deméritos aonde os encapetados cínicos arrastando suas marcas desde os aléns não deixariam, por atávicas desvirtuações, de engastalharem até os cafundós das demências suas mãos encardidas e propósitos sórdidos. Na forra dos palpites não se atinava mais se haveria razão de recontar, mesmo até porque os preceitos e os provérbios não foram vistos com os mesmo olhos por todos nos sufocos das discórdias entre os garridos enfeitiçados, que lambiam os sovacos do demônio e os outros demais desprovidos de alento, que de deus assuavam cínicos as remelas fingindo arrependimento.

Achegada a hora e a noite morrendo por recato aos eternos, caberia começar a madrugada depois das sete derradeiras estrelas chorarem, acabrunhadas, encantoadas em seus silêncios e por conta das rotinas partirem sem arrependimentos ou rastros mantidos antes do sol ameaçar espioná-las por trás das torres indiferentes da matriz beijadas pelos ventos e pelas desventuras. Corriqueiras e desventuradas ventanias bordadeiras das vidas, das discórdias e das intrigas tramavam as insídias a se assanharem para o que viesse na trilha do sol. E nem se atinava nos preceitos, até por carência sabida de falta de generosidades, arriscar as bateias no garimpo nas biscas das loucuras ou dos inexplicáveis, começando tudo sempre igual e sem intimativas postas como todos os dias eram. Os carrilhões atenderam recados engraçando embalos coloridos para compartilharem aos fiéis seus achegos aos serviços em tempo justo dos portais da catedral abertos, pois nos pêndulos das artimanhas entre o fim da noite e parir do dia, as providências estimulariam os aninhos das putas e dos proxenetas des-abnegarem escaldados das agruras.

Antes das luzes serem recolhidas, a garoa choramingou nos ombros das mágoas, os pecados convertidos se persignaram frente aos vitrais abençoados da matriz e os desatinos procuraram suas solidões para se protegerem. Tudo isto se pôs em brios para a madrugada se fazer ativa apesar dos contraditórios. E por justo dos caminhos as torpezas foram se escondendo entre os dentes da boca da noite fechando e o ranço do tráfego agitando a tristeza de cada desgraçado portando suas desavenças com os destinos, destinos que só os deuses e os demônios saberiam como os traçar.

Por solidão, o sol se apegou à rotina e todo mundo obedeceu aos desmandos.




Comentários do blogueiro: 
recomendo aos internautas leituras frequentes deste brasileiro, acidentalmente um economista por escolha própria, mas um brilhante poeta e cronista do cotidiano. Ao decifrar a crônica acima arrisco um diagnóstico interpretativo e filosófico, porém como um desiderato racional, fruto de sentimentos e percepções nunca dantes racionalizados, eis que os poetas sempre foram terroristas insuspeitos, pois fingem sofrer dores daquilo que não sentem: a sociedade humana, cá nos verdejantes pastos desta terra tupiniquim e alhures, anda profundamente doente, fruto de suas próprias decepções e desideratos frustrados. Mas isso sempre foi assim, desde que Matusalém viveu por aqui, né não?
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3 comentários:

  1. Bacana mesmo!!
    Jorge Gorgen

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  2. ainda bem que tem gente que consegue manter o equilíbrio e se divertir neste país-manicômio, onde o Espírito Santo diz ao Brasil que "eu sou você, amanhã"...
    Lucidez a todos pelo-amor-de-Deus!!!
    José Carlos

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    Respostas
    1. José Carlos,
      considerando que ninguém é de ferro, entenda, é sério demais para ser apenas humorístico ou que nos leve à diversão.
      Richard

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