sábado, 31 de março de 2018

Será que é verdade?

Richard Jakubaszko 
Miami - Florida? É sim, em janeiro 2018.
Amizade? É sim, o mais distante possível.
Sacanagem? É sim, faça as contas.
Desmatamento? É sim, em Bialoweza, Poland.
É verdade? Acho que sim, por que você não experimenta?
É verdade? Temos a Justiça mais lenta e injusta!!!
Favela em Paris? Tem, foto J.Christophe Marmara, Le Figaro
E não é que é verdade!!!


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sexta-feira, 30 de março de 2018

O melhor do The Voice no mundo

Richard Jakubaszko  
O programa The Voice é uma febre mundial, apresentado pelas maiores emissoras de TV de cada país. O vídeo abaixo mostra uma seleção de algumas das melhores apresentações mundo afora. Emocionantes.
O vídeo já passou de 30 milhões de visualizações.
Nenhuma apresentação do Brasil no vídeo I, tampouco no II.
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quinta-feira, 29 de março de 2018

Circo ou hospício?

Richard Jakubaszko
 
O questionamento no título deste post é apenas uma forma de olhar os acontecimentos que estamos assistindo neste ano eleitoral. Fica claro que se usarmos a lona para cobrir o país teremos um circo, mas se cercarmos teremos um hospício.

A situação deve piorar muito mais ainda, na medida em que se aproxima a grande data cívica, pois os políticos e atores participantes andam enlouquecidos, e cada vez mais se travestem de palhaços para chamar a atenção do distinto eleitor, seja através do noticiário da mídia, que é partícipe da hipocrisia que se desenrola no país, seja pelo judiciário, que ocupa todos os espaços. Ambos trazem para o centro do palco políticos desejosos de se elegerem a qualquer custo, colocando os brasileiros em guerras fratricidas entre irmãos. Estamos a poucos passos de tragédias maiores, como a do assassinato da vereadora do PSOL no Rio de Janeiro. O atentado a tiros contra a caravana de Lula no Sul do Brasil não se consumou, ficou restrito ao campo das más intenções políticas. Se matasse alguém, teria outra dimensão.

Para definir se estamos em modo circo ou modo hospício não basta a leitura de jornais ou assistir os noticiários nas TVs, ou muito menos acompanhar as disputas através da internet, pois todos acusam e agem nas sombras, colocando mais combustível na enorme fogueira que se pretende acender para "iluminar" as próximas eleições. Sempre que um fato novo acontece ou uma fake news é noticiada as turbas das torcidas organizadas do "a favor" ou "do contra" aplaudem ou vaiam, e as insanidades vão se acumulando, até que alguém por aí tome as rédeas do processo e acalme os diletantes. Mas isso só poderá ser feito de duas maneiras: ou eleição ou golpe militar. Há uma alternativa, o cancelamento das eleições, mas isso decide-se depois.

O STF, que deveria ser o gestor desse baile, fazendo cumprir a Constituição, já "legislou" em 2016 sobre a nossa Carta Magna, e firmou nova jurisprudência, alterando de forma inconstitucional e indevida a questão da prisão após decisão jurídica em 2ª instância, pois os constituintes determinaram que prisão somente é possível após esgotados todos os recursos. Existem ADIs (Ação Direta de Inconstitucionalidade) encaminhadas, mas o STF ainda não levou o assunto para debate e votação em plenário, e o tema faz parte das conversas e polêmicas das pessoas, até que o STF restabeleça e coloque em vigor o que determina a Constituição. Mas isso parece utopia, ainda.

Hoje, 29 março 2018, o ministro Barroso determinou a prisão de vários amigos do presidente Temer (entre outros José Yunes, ex assessor de Temer, Cel. Lima ex-policial militar, o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi), como ação preventiva para impedir destruição de provas na investigação de portaria assinada por Temer em 2017, e que supostamente beneficiaria uma empresa do Porto de Santos (Rodrimar). Todo esse processo investigativo indica que Temer será colocado no centro do tabuleiro, e permite projetar um novo pedido da Procuradoria Geral da República e do STF ao Congresso Federal para autorizar a investigação. Se a denúncia ocorrer, só resta a renúncia. Mas esse parece ser o pano de fundo, não existisse uma provável chantagem surfando no ar, tipo "ou Temer ou Lula"? Ministros do STF pressionados a mudar votos? Não duvidemos. Foi sintomático o twitter de Janot: "Já começou? Acho que sim". É coisa para entendidos, leitores contumazes de mensagens curtas e cifradas.

Tudo isto coloca como "causas pequenas" a autorização pelo STF de aceitar ou não o Habeas Corpus solicitado pelo advogados de Lula, a ser decidido dia 4 de abril; também é pequena a denúncia feita pelo ministro Fachin de que ele e sua família estão sendo ameaçados, fato interpretado brilhantemente pelo jornalista Luis Nassif como fachin news; menores ainda o bate boca entre os políticos e a mídia sobre se foi atentado político ou não os tiros disparados contra os ônibus da caravana de Lula.

Dentro de dois meses e meio esse debate todo será esquecido pela Copa do Mundo, e só depois começa o ano eleitoral. Por enquanto, os políticos e a mídia só estão fazendo aquecimento, a não ser que uma desgraça maior aconteça. Antes da Copa, já na semana próxima, depois da Páscoa, novas insanidades vão aparecer e a gente nem vai lembrar mais das imbecilidades desta semana.
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terça-feira, 27 de março de 2018

Inteligência artificial?

Richard Jakubaszko 
Difícil imaginar como será no futuro a nossa vida como cidadãos diante da inteligência artificial que as empresas e órgãos públicos nos colocam diante de qualquer solicitação. Se hoje está difícil e complicado, imagine dentro de algum tempo impreciso aí logo a frente. Acho que deve piorar...

Hoje pela manhã fiz uma compra, na hora de pagar dei o cartão de crédito, digitei a senha, e veio o aviso "não autorizado". Repetimos a operação. Veio a mesma negativa. Desisti, paguei com cartão de débito e fui embora. Minutos depois veio aviso pelo WhatsApp, para ligar para Central do Bradesco. Liguei, me disseram que faz 19 dias que sou devedor de R$ 7,90 do American Express, por isso a "não autorização". Tudo bem, argumentei, mas não recebi a fatura, porque os correios estavam em greve agora em março, e deixei para pagar no próximo vencimento, até porque tive nos dias seguintes algumas despesas dezenas de vezes superior a esse valor, que estarão no próximo venctº; "é, mas o sistema trava", disse o atendente. Tentei pagar no internet banking, mas o sistema não aceita, porque é título vencido... Ora, ora, que sistema inteligente...

Outro fato, deveras ilustrativo: pedi renovação do passaporte pela internet, depois de ler as instruções no site da Polícia Federal. O sistema não pode ser chamado exatamente de amigável, mas enfrentei com galhardia, coragem e bom humor o preenchimento de todos os burocráticos detalhes, clicando depois em "próximo".

Mas o sistema resolveu tirar um sarro comigo, pois sempre que eu clicava em "finalizar", havia a informação de que faltavam data de nascimento, número do telefone e CPF. Eu voltava às páginas anteriores e os espaços antes preenchidos estavam vazios. A cena repetiu-se várias vezes. Numa das vezes deu certo, e pedi o agendamento, mas para pedir o agendamento precisa da GRU (Guia de Recolhimento), então pedi a emissão da GRU, que o sistema negou, tinha de preencher o número do protocolo, além do CPF. Mas o sistema não forneceu o número do protocolo... Sem protocolo não tem GRU, e sem GRU não agenda nada. Meu pedido é inválido, vou ficar sem passaporte, porque o sistema não gosta de mim, óh, que vida ingrata e malvada...

Quando as dificuldades que a inteligência artificial nos impõe chegam a esse ponto, é melhor desligar tudo, e tentar de outra maneira, mais adiante, em outro computador. Temo que venha a precisar ligar para a Polícia Federal e enfrentar uma inteligência artificial que me diga, digite 1 para isso, ou 2 para aquilo, ou 3 para aquele outro, até 9, para então ficar sabendo que não são nenhuma dessas opções que estou precisando...

Se passar por isso fique calmo, porque a adrenalina é sua... Inteligência artificial não pensa!
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segunda-feira, 26 de março de 2018

Música, de Barroso para Gilmar

Richard Jakubaszko 
O episódio no STF entre os dois ministros virou a piada da semana, e continua repercutindo, mas a música "cantada" em vídeo pelo Barroso é hilária e muito bem editada em vídeo, confiram:

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domingo, 25 de março de 2018

Coisas do Brasil 1 (Saúde)

Richard Jakubaszko 
Os problemas do Brasil

AMB cobra do governo decreto para impedir novos cursos de medicina
O objetivo é melhorar a qualidade na formação dos médicos e impedir que as escolas sejam um balcão de negócios econômicos e políticos

Uma moratória que impeça a abertura de novas escolas médicas nos próximos cinco anos é uma importante demanda da Associação Médica Brasileira (AMB) e de outras entidades médicas, devido à baixíssima qualidade dos profissionais que a maioria das novas escolas está diplomando, colocando em risco a saúde da população e sobrecarregando ainda mais o sistema de saúde. Inicialmente seria assinado um decreto no fim do ano passado, depois postergado para fim de janeiro deste ano, mas ainda não foi assinado.

Na abertura do evento, realizado na tarde de quinta-feira, 8 de março, na sede da AMB, o presidente da entidade, Lincoln Ferreira, indagou o ministro da Saúde, Ricardo Barros, sobre o decreto que suspende a abertura de novas escolas médicas, que estaria pronto desde novembro de 2017. O ministro declarou recentemente em entrevista ao programa Roda Viva que a decisão de criar a moratória era do presidente da República, Michel Temer, decisão com a qual concordava. A grande pergunta é: o que falta efetivamente para que este decreto seja publicado?

Ao indagar o Ministro, Dr. Lincoln Ferreira salientou que “o país claramente extrapolou sua capacidade de formar médicos com um mínimo de qualidade; temos trabalhado (o problema) junto ao Ministério da Educação, e tivemos a felicidade de ver no programa Roda Viva que é uma decisão tomada”. E ainda completou: “o decreto vai nos permitir colocar um freio de arrumação, estancar a partir de um certo ponto os problemas repetitivos que temos hoje, que irão impactar em qualquer gestão, sob a forma de exames mal solicitados, sob a forma de tratamentos mal indicados, sob a forma de sequelas, judicialização, com processos no CRM, cíveis e criminais”.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, confirmou o que disse na entrevista ao programa Roda Viva e respondeu que: “saímos de 150 para mais de 300 cursos de medicina autorizados e, com o movimento das entidades, o presidente Temer anunciou que suspenderia por 5 anos a criação de novos cursos. Esta é a decisão do governo”. Sobre o por que ainda não saiu a portaria o Ministro se comprometeu de verificar e “encaminhar para que isto seja consolidado”, e ainda complementou que “não foram somente novas escolas, tem escolas com 300 vagas, formando 300 médicos por ano”.

Para a Associação Médica Brasileira (AMB), quando a medida entrar em vigor, será uma das mais importantes conquistas da população brasileira e para a saúde do País.

O que deve mudar com o decreto?
Com a mudança, o País vai ganhar tempo para que se defina o que fazer do ensino médico no Brasil, criando-se a oportunidade para a implantação de critérios eficientes e eficazes a fim de que se mantenham instituições com competência educacional.

Posição da AMB
Para o presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Dr Lincoln Lopes Ferreira, “a moratória não resolve tudo, mas ajuda muito a estancar o problema. A população precisa ter certeza de que, se um médico está formado e com um diploma, ele tem totais condições de atendê-la, independentemente de onde tenha estudado. Esse controle de qualidade é uma demanda de longa data da Associação Médica Brasileira, inclusive para médicos formados antes da abertura indiscriminada de novas escolas”.

“A verdade nua e crua é que o ensino virou um balcão de negócios com o aval dos governos que administraram o Brasil nos últimos 20 anos, e a qualidade ficou em segundo lugar. Sessenta por cento são escolas particulares e cobram entre R$ 5 mil e R$ 15 mil mensais por aluno”, explica o presidente da AMB.

A AMB acredita que medicina de qualidade só se faz com médicos qualificados. Segundo a associação, não há mais necessidade de qualquer curso de medicina novo no Brasil. O Brasil precisa é de médicos com formação de qualidade.

“Não há solução mágica para os problemas da saúde no Brasil. Financiar com recursos do Estado brasileiro uma indústria de impressão e de distribuição de diplomas de médicos não muda a realidade precária da saúde brasileira. Da mesma forma como a vinda dos profissionais cubanos não melhorou substancialmente nenhum índice importante de mensuração”, acrescenta o presidente da AMB.
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sábado, 24 de março de 2018

Outras sagas e cambalachos

Carlos Eduardo Florence *

Quem deu por cadenciar moroso e dolente os proseados, como era das suas temperanças, arribado sobre a mula alazã passarinheira como preferia aleguar nas trilhas encarrilhadas tropeando burrada xucra pelas serras e sertões foi o muladeiro renomado Amandácio do Catadeu, no restado dos dias antes de prover morrer muito amasiado com a tranquilidade e destino, pois iria bater quase cem, sem nenhum remorso por jamais ter matado ou castigado um cristão, mesmo de má catadura, sem as estritas justiças e modos condizentes nos respeitos as regras do senhor. Amoldado às vontades de contar seus casos, mas por carente das regras das ciências das leituras e das letras não se atreveu a deixar de refazer nas lembranças nenhum diminutivo ou atrevimento e no contra verso me mandou atentar nas memórias para depois recontar como desse e assim ficou o que sobrou das catas.

Pelos que salvei das falas de Amandácio, enquanto comíamos poeira atrás da tropa, deduziu ele muito justo como sempre que das contradições carecidas de serem grafadas sobre as desavenças ou as premonições, nem se sustentaram nas crendices ou se atiçaram esclarecidas de todo, mas isto não desmereceu serem contadas e vão agora devagarosas, paciencientadas, como era do seu jeito para apaziguar o verbo como quem lambesse a palha de milho para o cigarro cheiroso ou para bajular as fantasias e não desvirtuar o ouvido de quem atentava.

Achegada a hora, mais caberia começar a aurora, depois das doze derradeiras estrelas escolhidas pelas luas, agraciadas pelos sonhos e seresteiros, chorarem em seus recantos de silêncios para começarem a se recolher. Por conta das rotinas coube ao sol já ir se preparando atrevido para espionar por trás das torres da matriz beijadas pelos ventos e desventuras.

Era assim o anseio para se converter em madrugada, carrilhões da praça atenderam os recados engraçando embalos coloridos para os primeiros fiéis compartilharem achegos aos serviços em tempo justo dos portais da catedral abertos, pois nos pêndulos das artimanhas entre o fim da noite e o parir do dia acalantariam os aninhos das meretrizes e dos proxenetas des-abnegarem escaldados das agruras que enfrentaram, para merecerem seus repousos. Antes das luzes serem recolhidas, a garoa lacrimou nos ombros das mágoas, os pecados sem arrependimentos não se persignaram frente aos vitrais abençoados da matriz e os desatinos procuraram achego nas solidões.

Pairava um azul acabrunhado e dolente envolvendo os achegos, coisas dos imprevistos e das solidões. Nisto, por justo dos caminhos, as torpezas foram escapando dos dentes da boca da noite fechando e o ranço do tráfego agitando a tristeza de cada desgraçado portando suas desavenças com os próprios destinos. Nos palpites jogados tais búzios para interpretarem os rancores não atinavam mais se haveriam motivos de serem recontados, mesmo até porque os preceitos e os provérbios não foram vistos com os mesmos olhos entre os enfeitiçados, que lambiam uns os sovacos do demônio e os outros demais, desprovidos de alentos, assuavam de deus os ranhos, fingindo arrependimentos cínicos. Foi começando nestas prosas que a mula de Amandácio aprimorou para as canhotas e sumiu nas fantasias como gostava de fazer para enganar as imaginações. Os restados das estórias vieram posteriormente e desvirtuadas como eram seus temperamentos.

* o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo da AMA – Associação dos Misturadores de Adubos.
Publicado no https://carloseduardoflorence.blogspot.com.br/

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quinta-feira, 22 de março de 2018

Os prazos e o espírito moleque que esbofeteiam o STF

Fernando Brito *
Enquanto Cármen Lúcia afronta parte do Supremo com o “passo de tartaruga” para julgar as ações que poderiam embasar o habeas corpus de Lula que poderia sustar sua prisão apenas com a decisão do TRF-4, agindo com a velocidade de esperta lebre, o tribunal de Porto Alegre acelera o passo e marca para segunda-feira o “julgamento” dos embargos de declaração da defesa do ex-presidente, para que ele seja entregue, antes do final do mês, ao momento de glória do cisne negro Sérgio Moro.

Só isso, se ainda houvesse algum olhar sereno na Justiça, bastaria para ver o facciosismo com que se porta o Judiciário e deixar claro que não se persegue o bom Direito, mas a um homem, pelo que ele significa.

Comportamento, para usar a palavra exata, de moleques, que jogam com os prazos que, a quem não conhece a Justiça brasileira, fariam imaginar que há aqui o Judiciário mais célere do planeta. E, é claro, não se irá aceitar mudança sequer de vírgula, para que a prisão possa “voar”.

Qualquer pessoa ponderada veria que, diante da confusa situação do Supremo Tribunal Federal em julgar a constitucionalidade com a prisão antes do trânsito em julgado sujeita a inevitável decisão do TRF-4 a servir de pretexto para um “cumprimento de pena” que duraria poucos dias ou semanas e só serviria para, tanto entre os pró quanto aos contra Lula, deixar o Judiciário na situação de “prende por perseguição”, para uns e, “finge que prende”, para outros.

Se não há indício de que Lula vá se recusar ao cumprimento da decisão, só se pode atribuir uma decisão destas ao ódio político, tamanha sua imprudência.

É pior que isso, entretanto: é um agendamento que serve como bofetada no STF, como que a dizer que o TRF-4 quer que ele se exponha à crítica do império midiático se quiser decidir, como vários de seus ministros já disseram ser seu entendimento, que é inconstitucional a prisão imediata.

Moleques raciocinam assim: se nós mandarmos prender, é mais difícil para eles mandarem soltar.

Esta pressão Cármen Lúcia aceita, e de bom grado.

E temos pouco tempo para saber se o STF vai se apequenar diante da espada que colocam em sua garganta um tribunal regional e um juiz de província, elevado à ilegítima condição de Magistrado Supremo do Brasil.

* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.
http://www.tijolaco.com.br/blog/os-prazos-e-os-moleques/

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quarta-feira, 21 de março de 2018

STF: há ministros que envergonham o Brasil e o STF

Richard Jakubaszko  
Mais uma patacoada no STF. Gilmar Mendes dava seu voto em plenário sobre uma ADI, tergiversou sobre outros assuntos, desvirtuou da conversa, indiretamente atacou Luís Roberto Barroso, sem citá-lo, e teve o troco, na lata, e este afirmou que o ministro Gilmar envergonha seus pares no STF, só destila ódio em sua bílis.
Ato contínuo, a ministra Cármen Lúcia encerrou a sessão do plenário.
Vergonhoso.

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As cenas inéditas de pânico de Carmen Lucia

Luis Nassif
Quem achava que já tinha visto tudo no mundo jurídico brasileiro, não sabia da fenomenal capacidade de superação da ministra Carmen Lúcia em protagonizar o ridículo. Sua fuga da responsabilidade de colocar em julgamento a questão da prisão após condenação em segunda instância insere-se, com honra, na galeria dos mais ridículos episódios da história do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em São Paulo, indagada sobre como se comportava ante as pressões (para colocar o tema em julgamento) declarou que simplesmente não aceitava as pressões. As pressões, no caso, advinham de sua responsabilidade de presidente da Corte, de cumprir o regimento e dar prioridade para votação de habeas corpus, conforme tradição ancestral dos tribunais.

Seu rompante equivaleria a de um médico, em pronto socorro, que se recusaria a acudir um acidentado, sob o argumento de que não aceita ser pressionado. Ou de um soldado no campo de batalha, andando celeremente de costas, para disfarçar a fuga da batalha.

Primeiro, jogou para o igualmente valente Luiz Edson Fachin a iniciativa de disponibilizar o HC para julgamento. Fachin disponibilizou a Carmen Lúcia não incluiu na pauta do mês de abril. Mais ainda: divulgou antecipadamente a pauta para deixar claro para a Globo que ela não estava fugindo do combinado. De não pautar o HC.

Em uma atitude inédita na história do STF, recusou-se a colocar o HC em votação, produzindo enorme incômodo em todos os colegas. O decano Celso de Mello procurou-a então para que marcasse uma reunião com os demais ministros para discutir a matéria, uma maneira de acordá-la do torpor pânico que a imobilizou. Carmen topou. Mas, logo em seguida, em entrevista à rádio Itatiaia, de Belo Horizonte, fez questão de esclarecer que a reunião fora proposta por Celso de Mello, não por ela, na melhor expressão do “afasta de mim este cálice”.

Na reunião marcada, para hoje, a ministra simplesmente não transmitiu o convite aos colegas, sustentando que a responsabilidade por tal seria do decano. Fantástico! Um ministro, ainda que decano, sem exercer a presidência do Supremo, se incumbindo da convocação de todos os ministros para uma discussão – atribuição que só caberia à presidente.

Os advogados costumam desculpar as fraquezas dos juízes sob o argumento genérico de que “eles também são humanos”. Mas Carmen Lúcia extrapolou tudo o que se imaginava sobre a covardia, o medo pânico de assumir responsabilidades, o pavor de afrontar a opinião pública.

Dia desses, a Folha publicou uma extensa reportagem sobre os órgãos que fazem lobby no Supremo, de OABs a associações. Não incluiu a maior fonte de pressão: as Organizações Globo. E a Globo, como sempre, não avaliou corretamente o pavor que infunde, levando a pobre Carmen Lúcia a protagonizar a pior cena de medo explícito da história da instituição.

* o autor é jornalista, editor do Jornal GGN
Publicado em https://jornalggn.com.br/noticia/as-cenas-ineditas-de-panico-de-carmen-lucia-por-luis-nassif

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terça-feira, 20 de março de 2018

Gilmar nega HC e abre espaço para recuo de Cármen Lúcia

Fernando Brito *
Numa decisão veloz e evidentemente política – e não jurídica – o ministro Gilmar Mendes recusou o habeas corpus genérico que anulava as prisões antes do trânsito em julgado – o argumento foi pífio, casuístico, sem suporte constitucional, afirmando que poderia resultar na libertação de presos “perigosos”, como se deixasse de existir a prisão provisória à disposição do juízes.

Como o HC era voltado diretamente contra Cármen Lúcia, o aparentemente tosco Gilmar Mendes fez um gesto simbólico, abrindo uma porta para o recuo, hoje, da presidente do STF que, como assinala Bruno Boghossian, na edição de hoje da Folha, diante de um plenário “dividido em 10 contra um”. O um, no caso, é ela, evidente.

O STF, nunca se esqueçam, é uma corte corporativa e não existe – ainda mais agora – o STF de Cármen, Gilmar, Barroso ou qualquer um deles. Mesmo os bate-bocas de plenário, em dois dias, saem das luzes para o terreno dos rancores vestidos de “Sua Excelência”.

Só há dois responsáveis por esta situação de isolamento de Cármen Lúcia: ela própria e Edson Fachin, seu parceiro no que o jornalista Kennedy Alencar definiu como “uma espécie de jogo de empurra porque não querem ser responsáveis por uma decisão que possa, eventualmente, favorecer o ex-presidente Lula (…)”

Com razão, os dois agiram assim, com o denominador comum de se preocuparem apenas com a repercussão midiática e esqueceram que não são “donos” dos outros 9 ministros, onde o desagrado com o comportamento de ambos cresceu e fez Fachin dar sinais de abandoná-la sozinha no barco da teimosia insana.

A esta altura, ainda que o mais provável seja uma “solução intermediária” – é um tribunal, como já se viu, mais político que jurídico – diante da mídia, Cármen Lúcia sairá, em lugar da posição de heroína da imprensa que pretendia ter como derrotada ou, ainda pior, capituladora.

Quem procura a glória pelo caminho da concessão, em geral, termina alcançando apenas a pequenez.

* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.
Publicado em http://www.tijolaco.com.br/blog/gilmar-nega-hc-e-abre-espaco-para-recuo-de-carmen-lucia/

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segunda-feira, 19 de março de 2018

O juiz jogou mal, e o Corinthians perdeu...

Richard Jakubaszko 
Todos os meus amigos sabem, eu faço parte da torcida organizada dos fanáticos que torcem pro Corinthians. Não sou corintiano, mas entusiasta da torcida do timão, entendeu? Quando o curingão ganha, eu festejo com eles, quando o curingão perde, eu danço em cima...
Olha só os memes...



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domingo, 18 de março de 2018

Das angústias e das solidões

Carlos Eduardo Florence *
O cachorro espreguiçou embaixo do alpendre, não latiu, gemeu, pois viu o sol acomodar, não procedia sombrear mais. Tia Biazinha, que tresandava a alma pelo sobrado esfrangalhando suas velhices de penadas solidões, escutou a algazarra dos cupins corroendo a leitura da folha da bíblia na capela, na parte da desforra sobre as ordens caprichosas de Abraão extraviando sua mulher bonita para o faraó do Egito, ordenando a ela, muito contrafeita, dizer-se irmã e recolherem os frutos das dadivas do Nilo. Coisas das divinas mitologias apostólicas. Gesto enobrecido de confusões e palpites com o qual deus queria castrar em seguida o monarca pelas suas prerrogativas libidinais e pecaminosas sobre os desejos das mulheres alheias.

Coisas dos sacramentos e Biazinha se persignou emudecida, pois tinha muito medo de confusões, arrastou o crucifixo com que contava os cômodos por onde cruzava nos corredores, o gato e o urinol para os andamentos, antes de indicar aos morcegos seus motivos e pousos. Na sala de jantar o vento mexeu agressivo, repetitivo, com os pratos. As travessas de pratas azinhavradas, as taças das cristaleiras, até para se darem justificados entreolhados aos apóstolos da santa ceia conferindo os barulhos. Jesus persistia empolgado nas suas reverentes magias e elucubrações transformando o corpo em pão e o sangue em vinho para todos pretenderem falar das confraternizações e dos perdões por muitos séculos. Restava enorme distância até a solidão da meia-noite, hora dos cantos, dos mistérios dos galos, tanto assim que as ratazanas mais antigas, que ainda não haviam abandonado o silêncio do sobrado, ficaram impressionadas com os apóstolos embriagados e Jesus se desfazendo em meditações e prognósticos das traições.

Na capela nenhum santo protestou do barulho dos cupins mastigando os restados da bíblia, enquanto a vela apagada desmerecia seus sentidos, pois caíra exausta sobre os rendados apodrecidos do altar. Seu Vazinho, que despachara a família para as capitais para não penarem com a seca e restou sozinho com Jupitão compadre para afrontarem sozinhos seus silêncios, atentou longe suas angústias, desmediu o infinito pela janela, encruou na vermelhidão do poente sol, prometendo estirar a seca. Um galo perdido, esquecido na sua ignorância das desfeitas, desafinou beirando a capoeira sem saber por que, repetindo seu semelhante das escrituras. O galo cantava quando estava com preguiça, sentia a solidão mourejar vazia ou até no gesto de repetir para não esquecer a melodia, pensou consigo Seu Vazinho, mas nem no ciciado abriu desfeita. Pensou, não procedeu ele no verbo do que imaginara, achou descabido acatar estes desvarios desapropriados com a seca batendo à porta, desfez calado, permitiu-se só ouvir o silêncio entristecido continuar afagando a solidão. Acrescentou suas falas vendo a noite chegar. A solidão iria se estender até que as sete luas de obobolaum se recolhessem em suas manias de adivinharem os tempos das rimas e das poesias.

* o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo da AMA - Associação dos Misturadores de Adubos.
Publicado no https://carloseduardoflorence.blogspot.com.br/

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sábado, 17 de março de 2018

Como é verde a hipocrisia da Noruega

Geraldo Lino *
Editoria MSIA Movimento Solidariedade Íbero-Americana, in Assuntos internacionais
A Noruega tem sido uma das principais financiadoras do aparato ambientalista-indigenista que opera no Brasil, aí incluído o chamado Fundo Amazônia, no qual já colocou o equivalente a quase R$ 3 bilhões em projetos de conservação implementados por organizações não-governamentais (ONGs) integrantes do aparato internacional.

Em junho de 2017, durante uma visita de Estado a Oslo, o presidente Michel Temer passou pelo constrangimento de ser admoestado pelo alegado aumento do desmatamento na Amazônia, sendo informado de que a doação anual ao Fundo seria reduzida à metade (Alerta Científico e Ambiental, 22/06/2017). Aparentemente, porém, as preocupações ambientais dos benevolentes súditos do rei Harald V (que, em 2013, fez uma visita sigilosa a uma aldeia ianomâmi em Roraima) são um tanto seletivas, pelo menos quando se tratam de empresas do país, como se observa no imbróglio envolvendo a mineradora Hydro Alunorte, no Pará.

No final de fevereiro, rejeitos de bauxita (óxido de alumínio) de uma das instalações da empresa, em Barcarena (PA), vazaram para a rede hidrográfica, em seguida às fortes chuvas que caíram sobre a região. Nos dias seguintes, foram também observados lançamentos irregulares de resíduos líquidos em cursos d’água não previstos nos planos de manejo integrantes do licenciamento ambiental da operação. Em 12 de março, a empresa admitiu à imprensa norueguesa que a prática vinha sendo feita desde 17 de fevereiro, alegando, porém, ter avisado as autoridades brasileiras. No dia 28, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) aplicou uma multa de R$ 20 milhões à empresa, mas, até o momento, não houve qualquer manifestação do governo norueguês, detentor de 34,4% das ações da empresa, sob a alegação de que não é responsável pela sua operação.


A contradição não escapou à jornalista Clarissa Neher, da Deutsche Welle, em uma entrevista com a cientista política norueguesa Siri Aas Rustad, do Instituto de Pesquisa em Paz de Oslo, estudiosa dos impactos sociais da mineração em Barcarena:

CN – Essa posição de apenas esperar até ter clareza não é um pouco hipócrita, considerando que a Noruega, em 2017, criticou o governo brasileiro pelo desmatamento da Amazônia?

SAR – Esse é um aspecto a ser apontado. Claro que essa é uma situação embaraçosa para o governo norueguês, pois eles investem muito dinheiro para salvar a Floresta Amazônica. Acredito que eles querem saber primeiro exatamente o que aconteceu. Faz três semanas que ocorreram os vazamentos. Em questões políticas, ainda é cedo para um governo pedir desculpas ou decidir o que a empresa deve fazer. A Hydro tentará solucionar o caso antes de o governo interferir (conforme a DW, em 13/03/2018).


Todavia, a pesquisadora admitiu que a repercussão do caso está aumentando nos últimos dias. Começou devagar, mas especialmente ontem, após a empresa admitir que estava fazendo vazamentos controlados, depois de negar inicialmente qualquer tipo de vazamento, o tema se tornou uma grande notícia no país.


Segundo ela, “o fato de a Hydro ter mentido é algo que faz as pessoas se sentirem desconfortáveis. O mundo todo sabe que a Noruega é bom parceiro de negócios e tem orgulho disso. Assim, essa situação é embaraçosa”.


Não menos curioso é o silêncio quase total do aparato ambientalista-indigenista sobre o caso. Apenas o WWF-Brasil se manifestou a respeito (em 13/03/2018), assim mesmo, indiretamente, citando o caso na audiência pública realizada na Câmara dos Deputados sobre o Projeto de Lei (PL) 3729/2004, que flexibiliza algumas regras do licenciamento ambiental, antiga reivindicação dos setores produtivos para reduzir os enormes impactos negativos da aplicação e manipulação da draconiana legislação ambiental brasileira pela militância “verde-indígena”. Nos sítios do Greenpeace, Instituto Socioambiental (ISA), Conservação Internacional Brasil, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) etc., não havia qualquer menção a respeito, no momento em que esta nota era escrita. Talvez, a recordação das generosas doações norueguesas tenha influenciado as pautas das ONGs.

* o autor é editor do MSIA
Publicado em http://msiainforma.org/como-e-verde-hipocrisia-da-noruega/

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sexta-feira, 16 de março de 2018

Hipocrisia (definições)

Richard Jakubaszko  
Desde que o mundo é mundo a hipocrisia convive com a humanidade.
Há sutilezas e dissimulações, mas por vezes é cruel.
Na política, é considerada como natural.
Na mídia, é devastadora e perversa para com a sociedade.

Na religião, é imoral.
Entre amigos verdadeiros a hipocrisia não sobrevive.




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quinta-feira, 15 de março de 2018

Aciosa é como ser teimosa

Richard Jakubaszko  
Talento para debate, carisma, charme, inteligência nata, criatividade, tudo isso embutido nessa criaturinha adorável que foi filmada pela própria mãe durante um explosivo processo educacional caseiro...

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quarta-feira, 14 de março de 2018

Pano de prato ou lenço de nariz?

Richard Jakubaszko 
A TV Globo, que arrota tanto moralismo país adentro sobre todos os assuntos, especialmente políticos e de comportamento, também comete seus pecados, ao vivo evidentemente.
No programa da Ana Maria brega, ela faz um merchandising de um queijo e, depois de sujar os dedinhos, limpa os mesmos num pano de prato, daí limpa o nariz, tudo absolutamente higiênico e normal, e depois o entrevistado pega o mesmo pano de prato e...  (comete uma vídeo cassetada!!!)

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terça-feira, 13 de março de 2018

O triste fim do Direito virou pena, não direito.

Fernando Brito *

O sistema injusto de organização da sociedade que nos assola, principalmente nos momentos de crise, onde é preciso arranjar “culpados” por tudo a fim de que não se vejam as estruturas podres que levam à carência e às frustrações das pessoas.

No Brasil, o uso político do Judiciário como instrumento político, para alcançar os objetivos que são inatingíveis pelo voto levou a uma estranha inversão do sentido da palavra Direito, que deveria reger a atuação da Justiça. A Justiça, porém, passou a ser medida e avaliada pelas penas que aplica e não pela garantia que assegura aos cidadãos.

 
Já há tempos, dos princípios do Direito foi, como se diria antigamente, “para o beleléu”: a culpa e não a inocência é que deve ser provada.

 
Nada foi mais emblemático sobre isto que o processo do tal triplex “atribuído” a Lula, a começar mesmo da palavra atribuído para definir esta nova e estranha forma de propriedade imobiliária. “Atribuiu-se” o apartamento a Lula, durante dois anos de processo, na sua primeira fase, em São Paulo e, depois, na Lava Jato sem nada que o sustentasse além de uma reportagem de O Globo, o “disse me disse” de um porteiro e de vizinhos e uma visita dele – e duas de D. Marisa.

 
Só no final do processo apareceu – e depois de duas longas prisões – um empresário disposto a dizer que “estava destinado a ele”, assim mesmo sem apresentar nada que pudesse sustentar o que dizia.

 
Mas tudo foi conduzido de forma, nas palavras de Sérgio Moro, com a exigência de que Lula “provasse a sua inocência”, numa inversão flagrante – mas aplaudida – do ônus da prova, antes uma figura basilar de qualquer tipo de processo, exceto os de juizados de pequenas causas em ações, basicamente, de direito do consumidor e com expressa previsão legal para isso.

 
Agora, porém, o absurdo é maior e se encontra razões para algo que é impensável: “relativizar” o princípio de presunção de inocência até o fim do processo judicial, algo que está expressamente escrito na Constituição e nas leis.

 
Eu gostaria de conhecer algum jurista que fosse capaz de sustentar um debate sobre o sentido de “relativizar” um princípio. Porque princípios, como o nome indica, são a fonte original do Direito, ao contrário das normas legais, que são deles derivadas e que, sim, se servirem a contrariar princípios devem ter sua validade limitada.

 
É possível dar exemplos bem claros e praticados sob aplausos gerais.

Veja-se, por exemplo, os princípios do exercício da função pública. Diz o artigo 37 da Constituição que ela “obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência” e, em seus dispositivos, diz que os cargos em comissão, dos “de confiança”, são de livre nomeação e exoneração, o que é uma norma, uma regra.

 
Por simples portarias, sem qualquer contestação, passou-se a proibir, porém, que parentes fossem nomeados para estes cargos. Por quê? Porque, nestes casos, são os princípios (os da moralidade e da impessoalidade) que estão em jogo. E princípios não podem ser relativizados, mesmo diante de normas que facilitem sua violação.

 
Como reagiria um ministro do STF se, por alguma razão, se violasse o princípio, por exemplo, da boa-fé e se permitisse um contrato com cláusulas fraudulentas porque o prejudicado fosse alguém que “merecesse ser enganado”? Ou o da igualdade perante a lei porque Fulano “é um sem-vergonha”?

 
A condenação (e se é preso por uma condenação, óbvio) antes do trânsito em julgado (o fim dos recursos possíveis) é flagrantemente vedada pela Constituição e pelo Código de Processo Penal. Pode haver exceções – e isto está na lei – para casos onde haja perigo público ou ameaças ao processo, mas não é um prisão por condenação, é uma cautela judicial.

 
Não há qualquer fundamento exceto o de “mostrar serviço” e atender a um suposto “clamor social” punitivista – recorde-se aqui a famosa blague do Barão de Itararé sobre opinião pública e opinião que se publica – na decisão, que deveria ser inadmissível a um juiz, de “relativizar” um princípio.

 
Porque os princípios são a regra basilar do caráter humano e relativizá-los é o mesmo que admitir que a lei seja algo que se deve usar no trato com alguns, mas não com todos.

 
* o autor é jornalista, editor do blog Tijolaço.
Publicado em http://www.tijolaco.com.br/blog/o-triste-fim-do-direito-que-virou-pena-nao-direito/

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