sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Mentes brilhantes (esquecidas)

Richard Jakubaszko 
Circula pelas redes sociais uma lista de 15 nomes de brasileiros com mentes brilhantes que estiveram ou estão a serviço do nosso agronegócio e cujas contribuições foram relevantes e importantíssimas para que o país ocupasse o lugar de destaque entre todas as nações do planeta. Nunca fui chegado nessas listas dos 10 mais, cem mais isso ou aquilo, até porque sempre se inclui alguém que não merecia tanto estar na lista, afora outros que simplesmente são esquecidos ou deixados de lado, o que é o caso dessa lista dos donos das 15 mentes brilhantes do agro.

Nenhuma restrição a qualquer dos 15 nomes eleitos, entre os quais encontramos alguns dos nossos eternos ministros da Agricultura Alysson Paolinelli e Roberto Rodrigues, ou Luiz Fernando Cirne Lima. Da lista fazem parte nomes como o de Shiro Miyasaka, Ana Maria Primavesi, Herbert Bartz, Shunji Nishimura, Eduardo Macedo Linhares, Torres Homem Rodrigues da Cunha, Maurílio Biaggi (pai), Ney Bittencourt de Araújo, o Dr. Antoninho Rodrigues (pai do Roberto), e o meu amigo Fernando Penteado Cardoso. Completam a lista Isaac Ferreira Leite e Luiz Alberto Fries.

Mas algumas mentes brilhantes foram esquecidas, e essa omissão merece reparo, em honra a eles e suas memórias, até porque a maioria já não está mais entre nós.

De toda forma, esqueceram de Johanna Döbereiner, a descobridora dos inoculantes. Deixaram de lado Gervásio Inoue, fundador da Cotia, não incluíram Renato Costa Lima, ex-ministro da Agricultura, pai da avicultura brasileira.

Injustiça com o geneticista Alcides Carvalho, o pai do café. Não lembraram de Luiz Carlos Pinheiro Machado, o homem dos suínos, gado de leite, e do pastoreio Voisin. E como qualificar a ausência de Eurípedes Malavolta, em matéria de fertilidade dos solos e nutrição de plantas até hoje é o papa. Ou de Blairo Maggi, a soja e o Cerrado devem muito a este homem e sua família. E que dizer de Olacyr de Moraes, o cerrado seria menor sem ele. Ou do doutor Ângelo Paes de Camargo, tudo pela climatologia em favor do agro, através do IAC. Também de Antônio Secundino, o Ney filho era brilhante, mas Secundino começou tudo. Quem sabe Fabiano Fabiani, o que seria da indústria veterinária sem ele? Também de Hugo Almeida Leme, ex-ministro, o pai da mecanização brasileira. Quem lembra de Alberto Alves Santiago, e de tudo que fez pela pecuária, o quanto se deve a este homem? E José Perez Romero, o Dom Pepe, quantos livros editados por ele na Editora Agronômica Ceres você leu na vida?

Da Embrapa (pelo menos uns 20 nomes de mentes brilhantes em sua história, seja Edson Lobato ou Wenceslau Goedert). Falta ainda muita gente que engrandeceu as nossas grandes universidades, como as federais de Lavras e Viçosa, em MG, ou a do Rio de Janeiro, do Rio Grande do Sul, do Paraná, da Unesp e Unicamp. Sem mentes brilhantes essas instituições não teriam a reputação que têm.

Falta algum nome? Coloque a sua sugestão aqui. Dá para dobrar essa lista.

Conheci pessoalmente a quase todos eles, exceções como da Dra. Döbereiner, que chegou a ser indicada para receber o Prêmio Nobel, e de Luiz Alberto Fries. Com alguns privei até mesmo de amizade com os talentos das duas listas, com outros convivo até hoje. Inegavelmente todos os brasileiros devem muito a essas mentes brilhantes. Por isso sugeri a lista dos “esquecidos”, em respeito a tudo que nos legaram.


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7 comentários:

  1. Sebastião da Costa Guedes11 de outubro de 2019 às 12:24

    Sugiro Fernando Costa, Juarez Tavora, Mário Mazzei Guimarães, Rubens Tellechea Klausel, Flavio Bastos Tellechea, João Batista Figueiredo (Fermento Itaiquara), Dário Freire Meirelles, João Barrison Villares, Sinhá Junqueira.
    Abraço
    Guedes

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  2. Carlos Eduardo Florence11 de outubro de 2019 às 12:27

    Meu caro Richard
    Como sempre, coberto de razão.
    Não que os nomes citados não mereçam todo respeito e destaque, mas você encheria um cento de figuras que se destacaram no setor.
    Lembro, entre alguns poucos, para não alongar, o fundador do grupo Ometto. Na cana, em Campos – RJ existia, há 50 anos, um geneticista do MAPA, se lembro Dr. Menezes (?), que criou a variedade CB (Campos Brasil), acho que 38 (?).
    Era a primeira cana resistente a ferrugem, carvão, podridão (até então a pior praga da cana), não recordo exatamente o nome. Grande parte das demais canas nasceram destas experiências em Campos no Estado do Rio.
    No café, salientaram-se Chebab e Lazarini (monstros do IAC), Lunardelli (maior cafeicultor do Paraná e do Brasil), época em que esta lavoura era o suporte da economia.
    Em Jacutinga, Sul de Minas, terra que me amadrinhou carinhosa e tive grandes momentos da minha vida, existia 65/70 anos atrás, um técnico agrícola, fantástico, Fausto, acho que Barreira (?), não era nem agrônomo, a quem a cafeicultura deveria render as maiores homenagens e até erguer, no mínimo, uma estátua.
    Este profissional, muito simples e modesto, era o encarregado da Casa da Lavoura e com uma lógica colombiana, do ovo em pé, foi, realmente, o primeiro a realizar o plantio em curva de nível desta lavoura.
    A vaidade dos agrônomos de então, abismados com a lógica cartesiana, do princípio, começaram a desmerecer o trabalho por ser ele técnico agrícola e jamais reconheceram méritos reais da inovação brilhante.
    Sofismaram sobre detalhes pontuais e secundários de espaçamento diferenciados e outras pequenas insignificâncias e detalhes, menores com 2,3 ou 4 mudas na linha (besteiras).
    Rendo eu, relembrando a você, minha homenagem a este homem que tive a imensa satisfação de conhecer na infância. Nem Jacutinga, que tanto deve a ele, tanto como o Brasil, jamais lhe prestou a merecida homenagem e reconhecimento.
    Repito, a base da economia do Brasil naquela época era o café, como você tanto sabe, e ele salvou esta lavoura e protegeu o solo da erosão tradicional que solapava então todos os recantos do solo brasileiro.
    Isto tudo me parece que foi em ontem e para não dizer que não falei das flores, anote ai Fernando Costa entre os inúmeros como Paulo Abib, na solubilização da rocha ígnea de Jacupiranga, primeiro, e depois as demais.
    Chega. Desculpe alongar-me, mas fez bem ao meu revoltado psíquico. Sou avesso a personalismos.
    Abraço.

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  3. Gabriel Bruno de Lemos11 de outubro de 2019 às 15:04

    Muito boa a matéria Richard! De fato deve ser muito difícil fechar uma lista de 15 nomes para o Agro (imagino que para qualquer setor)... mas o esquecimento da Dra. Johanna Döbereiner realmente foi um ato bem falho.
    Abs!!

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  4. Muito bom texto, como sempre, Richard. Obrigado pelo reconhecimento e lembrança do meu pai também, José Peres Romero.
    Queria completar o excelente comentário do Sr. Carlos Eduardo Florence, quando cita o trabalho fabuloso, em Jacutinga, do Fausto Moreira, inventor e precursor do café plantado em "renque" para combater erosão nas montanhas daqui do Sul de Minas. Ele, com toda sua simplicidade, queria controlar a enxurrada morro abaixo. Por isso, plantou café em nível e plantas mais juntas na linha, iniciando assim o plantio com menos de 1,0 m entre plantas. Como disse Sr. Carlos Florence: foi chamado de louco! Meu pai o conheceu e ficou seu fã na época, inclusive plantado café 2,0 X 1,0m - adensado - influenciado também por alguns técnicos do IAC e poucos cafeicultores que "arriscaram" no plantio adensado. Participamos, em 1994, no Simpósio de Café Adensado no Paraná onde contamos parte desta estória, inclusive citando Sr. Fausto Moreira, com o título: Café Adensado. Recordando espaçamentos (juntos). Sei disso pelos inúmeros ensinamentos contados
    pelo meu pai. Um abraço e obrigado novamente pelo texto. Joao Carlos Romero.

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  5. Parabéns Richard pelo lembrança de profissionais tão importantes para o Brasil.
    Abraço
    RONALDO CABRERA
    Engenheiro Agrônomo M.Sc. Dr.
    Consultor em Agronomia

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  6. Odo Primavesi, São Carlos - SP13 de outubro de 2019 às 20:40

    Oi, Richard!
    Excelente prática de recordação e de reconhecimento. Realmente você levantou um ponto em que a gente não entende porque alguns sejam esquecidos logo (talvez a falta de oba-oba), e como a memória da gente é curta. A Dra. Joahanna que também conheci e ela testou FTE nosso foi um esquecimento esquisito.
    [ ]s
    Odo

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  7. Gostaria de acrescentar dois nomes do melhoramento de soja: Romeu Kill da Embrapa Soja, que junto com a sua equipe desenvolveu o "período juvenil" permitindo que soja se adaptasse ao Centro-Oeste e Norte do Brasil; e a Francisco Terasawa da FT Sementes, criador da variedade Cristalina, que deu grande contribuição para a ocupação do Cerrado. Ronaldo Trecenti ronaldotrecenti@hotmail.com

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