terça-feira, 30 de junho de 2020
Salve o infinito e o Padre Nosso
Carlos Eduardo Florence *
Há sete desejos sumidos e cinco luas findas, mesma fé, sonho não provinha.
Criança chorava só, leito, mãe desprovia do peito, cão grunhia.
O sol espreguiçava em sustenido, melancolia dispersada, solta, afronta.
Derriçou o verbo, derramava chuva, turva, sonho despariu infinitos, sumiço.
Feitiço? Prantos, chusma de andorinhas, doze sorrisos, grito no escuro, solidão.
Prontidão, atentas, todas, manias, cartomantes, beatas, rameiras.
Umas santas, sensatas, outras profanas, vistosas, altaneiras.
Padre Bencó professava às primeiras, mas demais abençoava, crendoso, castiço.
Tanto sonho faltado, rua vazia, gente, sandice, sarjetas, sem prosa ou mossa.
Nossa. Fez-se inverno, veio frio, pediu trégua, passou régua. Estica, aguarda.
Não brota sonho, é a sina, povo duvida, rio abaixo, mundo acima.
Desavistou azul, indescortino, gente chora, pintassilgo em muda, descanta, nada.
Desarrumo, aventa praga, não desdiga do vento, sonho, nada.
Sonho? Sonho, que és de ti sonho?
Maré cansou do embalo, o barco saiu sem vela, vela ficou ao tempo.
Restou ao leu, intrigou, sonho, apogeu, cisma subiu ao céu?
Ronda do mar calou, Netuno atenta Iemanjá. Sonho afunda. Se dá mais? Jamais.
E por ser por demais desfeito, se dá dando ao infinito, desassossega, paira, para.
Paira, espera, arvora, clama o sonha, acanha, some sonho. Estranha hora.
No entanto um adeus, regaço, solidão, esperança, lira desfeita, sida.
Deserto, relento, sol, destino, sonho ido, mágoa, morte, não ser.
Caiu o verso, sumiu o senso, fantasia perdeu-se, era, quebrada, desdeu-se.
Seja feita sua desfeita aqui na terra como no além. Pois como sonho desfez-se.
Amarga, o tempo se faz solidão, apavora, desampara, morte. Esgarra. Vez?
Em vez, por ser, talvez, apetece, acontece, veja, astros revertem. Atrás.
Renasceu pelo amanhã e se verteu incenso, mirra, cantar e galo.
Afogaram cismas, penhor, solidão definha. Porém provérbios, amém, vinham.
Renasce, criança fantasia, mãe aleita, estreita, aquece, sonhama, ama.
É. Só, sonho, sol, maré desponta, fé viceja, veja, Padre Bencó aflora. Ora.
Beatas, santas, rameiras, abundam ruas, sarjetas, festejam, sem réguas ou tréguas.
Festejam vícios e canções, sonhos soltos ao dará, Deus, ocasiões. Transforma, versa.
Morre a cisma, cresce a rima, verbo, sonho abunda, alegria graça. Euforia.
Canta, rua acima, mundo abaixo, alucina, traço, proveito, provérbio.
Enfim fim sós. Só somos só sonhos só!
* o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo da AMA – Associação dos Misturadores de Adubos.
Publicado em: http://carloseduardoflorence.blogspot.com/2020/06/salve-o-infinito-e-o-padre-nosso-ha.html
.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por participar, aguarde publicação de seu comentário.
Não publico ofensas pessoais e termos pejorativos. Não publico comentários de anônimos.
Registre seu nome na mensagem. Depois de digitar seu comentário clique na flechinha da janela "Comentar como", no "Selecionar perfil' e escolha "nome/URL"; na janela que vai abrir digite seu nome.
Se vc possui blog digite o endereço (link) completo na linha do URL, caso contrário deixe em branco.
Depois, clique em "publicar".
Se tiver gmail escolha "Google", pois o Google vai pedir a sua senha e autenticar o envio.