terça-feira, 9 de junho de 2020

O lado obscuro das energias alternativas

Luis Dufaur

Linfen na China ganhou o título de cidade mais poluída do mundo.
Na China, para atender às exigências de desenvolvimento do Partido Comunista ela consumia tanto carvão, que se dizia da poluição de seu ar que se podia mastigá-lo, segundo noticiou o jornal "La Nación".

O regime anunciou uma ambiciosa transformação industrial rumo às energias renováveis e limpas.

Elas exigem os chamados metais e terras raras, que não são extraídos pelos países ocidentais devido ao formidável efeito poluidor de suas minas.


Mas a China, que se arvora em líder da revolução verde e digital, pouco se interessa por isso.

Em volta dela, buracos gigantescos, putrefatos lagos e cidades do câncer são abafados por uma mídia que se inflama no Ocidente contra os combustíveis fósseis tradicionais incomparavelmente menos danosos.

É impossível se aproximar de tais minas. Os guardas barram os jornalistas e os expulsam com ameaças pouco dissimuladas, tornando-se violentos se veem câmeras. Não faltam as minas ilegais.

Baotou, Mongólia Interior, paraíso das terras raras: recordes de contaminação.
O insensível governo socialista calcula em 5,5 bilhões de dólares o custo de   recuperação pelos danos ambientais causados à província meridional de Jiangxi.

O jornalista francês Guillaume Pitron dedicou cinco anos para revelar o lado obscuro do “comunismo verde” chinês, que esconde tudo o que intoxica e se arvora como líder das energias limpas.

Painéis solares e veículos elétricos não contaminam, mas os materiais usados na sua produção destroem a ecologia dos lugares onde são extraídos, mais do que os demonizados carvão e petróleo.

“Poderíamos ter essas minas na Europa, mas não as queremos pela contaminação que provocam. Então transferimos essa poluição para o outro lado do mundo aonde ninguém vai, e escondemos os males que as ‘energias limpas” trazem, disse Pitron a “El País”.

Laura Villadiego, jornalista ativista, também censura o “alto custo ambiental” das energias limpas.

Ambos concordam que esses minerais são recicláveis, mas que o processo não é economicamente viável.

Lago Baotou, 'Silicon Valley' das 'terras raras', energias alternativas
Pitron acha que o mundo se jogou nas “fauces do dragão chinês”. Alguns países, como o Japão, a França e os EUA, querem reabrir suas respectivas minas para garantir sua independência.

Mas o futuro se apresenta tenebroso. “As pessoas querem consumir irrefletidamente”, sentencia Pitron.

Porém, ele não vê o essencial: o abandono da virtude da sabedoria causa esses desajustes e bloqueia a possibilidade de progredir a longo prazo.

* o autor é escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, e webmaster de diversos blogs.

Publicado em https://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com/2020/06/o-lado-obscuro-das-energias-alternativas.html 


.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por participar, aguarde publicação de seu comentário.
Não publico ofensas pessoais e termos pejorativos. Não publico comentários de anônimos.
Registre seu nome na mensagem. Depois de digitar seu comentário clique na flechinha da janela "Comentar como", no "Selecionar perfil' e escolha "nome/URL"; na janela que vai abrir digite seu nome.
Se vc possui blog digite o endereço (link) completo na linha do URL, caso contrário deixe em branco.
Depois, clique em "publicar".
Se tiver gmail escolha "Google", pois o Google vai pedir a sua senha e autenticar o envio.