Richard Jakubaszko
A gente tá cansado de saber: qualquer declaração de Bolsonaro pode gerar um meme criativo, e esta semana foi cheia dessas constatações. Entretanto, uma é de 1993, adivinha qual...
sábado, 28 de agosto de 2021
Imbecilidades presidenciais geram memes criativos
quinta-feira, 26 de agosto de 2021
Próximos 20-30 anos serão frios, diz especialista no clima solar
Luis Dufaur *
Willie Wei-Hock Soon, Harvard–Smithsonian Center |
Isto causará várias décadas de resfriamento global em vez de aquecimento, disse Soon num diálogo com Alex Newman do New American, noticiou Breitbart. Veja o vídeo no fim do post.
O Dr. Soon, astrofísico e engenheiro aeroespacial malaio descendente de chineses, disse que “o que prevemos é que os próximos 20-30 anos serão frios”.
“Fará frio, então será uma coisa muito interessante que o IPCC deve enfrentar”, acrescentou, aludindo aos boatos em sentido contrário que o IPCC costuma espalhar.
NASA: O Ciclo Solar visto desde o espaço
O sol está em um “estado enfraquecido”, num “Mínimo Solar”, muito menos ativo do que durante as décadas de 1980 e 1990, observou Soon que é especialista em clima solar.
O sol deve se manter nesse estado até “por volta de 2050”.
“O 99,1% de nosso sistema climático é alimentado pela energia do sol”, afirmou, aliás, como é evidente.
Soon falou enquanto pesquisador da Divisão de Física Solar e Estelar do Harvard – Smithsonian Center for Astrophysics, e explicou que o resfriamento global é uma fonte de preocupação muito maior do que o aquecimento global.
“Teremos muito mais problemas se o planeta esfriar em vez de esquentar”, insistiu.
De fato, diversos cientistas brasileiros, entre os quais destacamos o Prof. Molion, há anos vêm anunciando esta tendência solar ao arrefecimento que pode trazer prejuízos sobretudo para a agricultura.
Feira sobre o rio Tâmisa na Pequena Idade de Gelo |
Trata-se de um fenômeno cíclico que se repete e não se deve temer uma era glacial propriamente dita, mas uma queda da temperatura global assimilável com medidas de prudência.
A humanidade pode resolver muitos problemas, disse Soon, incluindo superaquecimento, mas o problema no horizonte agora é de uma “pequena era do gelo” como a de 1700, “esses problemas são muito mais difíceis de resolver”, disse ele.
“Se você quer enfrentar um problema sério, preocupe-se com a era do gelo; nunca se preocupe com o aquecimento global”, explica.
Mas é nesse erro que está incorrendo a imprensa sensacionalista ignara dos fenômenos de fundo, apoiada no barulho de militantes anti-civilização verde/vermelhos e mal explicados fundos que financiam essa campanha.
Se preparem para um esfriamento global, adverte o Dr. Soon, cientista climático.
* o autor é escritor, jornalista, conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs
Publicado em https://ecologia-clima-aquecimento.blogspot.com/2021/08/proximos-20-30-anos-serao-frios-diz.html
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quarta-feira, 25 de agosto de 2021
Queimada em São Paulo
Richard Jakubaszko
Consequência de primitivo ato de algum imbecil, ocorreu um queimada em matagal de enorme extensão em Franco da Rocha, em município localizado na grande São Paulo. Não foi acidental a queimada, que desde domingo suja de fuligem as regiões central, oeste e norte da capital paulista. Ocorreu a queimada, conforme bombeiros, de um matagal rasteiro, seco, da altura de um canavial, mas enorme, cerca de 30 hectares (+ - ou menos 30 campos de futebol), provocada por balão junino fora de hora, que foi colocado para voar para o prazer idiota de um alucinado e inconsequente que, se entrevistado fosse pela TV, ainda afirmaria que seus balões são 'profissas', e que nunca provocariam incêndios. É assim mesmo, esses débeis mentais nunca admitem que erram. Os balões deles nada provocam, mas todo ano cai balão e os incêndios acontecem.
A fuligem que cai desde domingo em São Paulo, ainda hoje, quarta-feira, continua a cair, o céu da cidade está irrespirável, escuro, amarronzado, e fica pior porque não chove há mais de 20 dias. Olhem só na foto o quanto de fuligem eu varri em meu quintal, apenas no domingo, numa área lajotada de pouco mais de 25 metros quadrados em minha casa no bairro do Bixiga, onde moro. A sujeira provocada a gente varre, a gente põe pra lavar de novo a roupa que sujou no varal, mas e os problemas respiratórios que provocam em crianças e idosos? Quantas mortes provocam? Quantos problemas causam?
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segunda-feira, 23 de agosto de 2021
A colheita da subversão bolsonarista
Fernando Brito *
Em seguida à convocação de um coronel da reserva, hoje “chefão” dos revendedores de alimentos e caminhoneiros que operam a Ceagesp convocar PMs para o ato bolsonarista de 7 de Setembro levando a bandeira de suas unidades, militares, o Estadão revela agora que outro coronel, este da ativa, que tem 5 mil soldados sob seu comando em 7 batalhões da região de Sorocaba, faz o mesmo.
O coronel Aleksander Lacerda deixa claro nas redes sociais o que pede:
“Nenhum liberal de talco no bumbum” consegue “derrubar a hegemonia esquerdista no Brasil”. “Precisamos de um tanque, não de um carrinho de sorvete”.
Ainda que não tivesse tão explicito o golpismo, uma pessoa que, em 22 dias de agosto veicula nas redes sociais, segundo registrou o jornal, 397 publicações de caráter político e partidário, não é um militar, é um militante.
Na reportagem, a nota da PM paulista é de uma covardia absoluta, ao dizer apenas que o assunto “passa por análise criteriosa da Corregedoria” e que publicações que “atentarem contra as normas vigentes e tomarem contornos de ilegalidade, serão punidas com rigor”.
Organizações militares, é óbvio, não são disciplinadas assim. Afastar um comandante é uma decisão administrativa, não judicial e, portanto, sujeita ao longo processo do contraditório.
A semente da indisciplina e a da sublevação germina rápida e não ficam esperando os mimimis sobre isso ou aquilo. Jair Bolsonaro as está jogando aos chãos dos quartéis faz tempo e, agora, espera a sua colheita.
O coronel Lacerda já devia estar, neste momento, afastado de suas funções e, como se dizia antigamente, recolhido ao alojamento dos oficiais.
Hierarquia e disciplina militares é algo com que não se transige, porque, do contrário, na linguagem que policiais entendem, “a cobra cria asas”.
A PM de São Paulo passou, em tempos recentes, a dar sinais de que a política a está desorganizando e as punições ao massacre de Paraisópolis criaram uma crise que levou até à substituição do seu comando.
O Secretário de Segurança Pública de São Paulo, João Camilo Pires de Campos, é um general do Exército Brasileiro, que foi comandante militar do Sudeste e instrutor de gerações de oficiais-generais da Arma. Não parece que fosse assim que instruía seus comandados sobre os limites da disciplina.
É bom que os militares vejam que, não demora, não será um coronel da PM, mas do Exército, que fará o mesmo.
ET. Enquanto escrevia, a PM anunciou o afastamento do coronel de seu comando e a sua convocação para “esclarecimentos”.
* o autor é jornalista, editor do Tijolaço.
Publicado no https://tijolaco.net/a-colheita-da-subversao-bolsonarista/
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sábado, 21 de agosto de 2021
Vai passar, com certeza.
Richard Jakubaszko
A gente nem precisava do Barroso lembrar da música, a gente sabe disso, vai passar, com certeza, mas de toda forma obrigado pela força ao togado brasileiro. Barroso, faça força aí que nós empurramos daqui.
Vai passar, claro, pois não há bem que sempre dure, isso é verdade, mas não há mal que nunca acabe.
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quarta-feira, 18 de agosto de 2021
Voto impresso é melhor
Richard Jakubaszko
Negando a tecnologia, há momentos em que o voto impresso é melhor e mais eficiente, pois continua secreto e inviolável, e funciona, mas a demora de seu escrutínio pode arrebentar com o eleito...
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segunda-feira, 16 de agosto de 2021
Nada decidido, tudo indefinido e muito confuso.
Richard Jakubaszko
Na América Latina o espanto acontece na política, na economia e na justiça. No futebol mais ainda, com as maluquices estimuladas provavelmente pela pandemia do coronavírus, vejam que dos 8 times de futebol classificados na Libertadores para as quartas de final, há 5 times brasileiros, 1 argentino, 1 do Equador e 1 paraguaio, e nas semifinais há chances concretas de serem 4 times brasileiros, ou no mínimo 3 brasileiros e 1 equatoriano... Muitos hermanos ameaçam pedir exílio na Europa.
Nada diferente no Brasil, o presidente que temos está sendo investigado pelo STF em 4 casos, e ameaça de impeachment 2 ministros da suprema corte, enquanto votações malucas acontecem no Congresso orquestradas pelo centrão, inclusive PECs, afora reformas da política e tributária, enquanto o STF manda o procurador geral, e também engavetador geral, dar respostas em 24 horas sobre pendência de opinião da PGR sobre as ações contra Bolsonaro, e se esconde na toca do tatu...
Mas nosso futebol é ainda mais maluco e indefinido, talvez um presente do coronavírus, eis que nunca vi na página de cima do campeonato Brasileirão times como o Fortaleza, RedBull Bragantino, Ceará, e muito menos o Atlético de Goiás, enquanto na página de baixo estão Corinthians, São Paulo, Fluminense, e lá embaixo na Z4 do rebaixamento temos o Grêmio. Na série B, alguns ex-grandes times como Vasco, Botafogo, Cruzeiro, Guarani, Ponte Preta, lutam arduamente para voltar, ou pior ainda, não cair para a série C.
A questão sobre se a economia vai andar pra frente, e gerar mais emprego, ainda depende do corona. Nada decidido, tudo indefinido. O governo federal ainda pensa e discute se manda aplicar uma terceira dose da vacina nos velhinhos brasileiros, eis que muitos deles andam se contaminando com o coronavírus, agora que tem muita gente achando que a pandemia acabou e que pode liberar geral. Na Europa também ainda discutem isso. Mas a França já decidiu que vai dar a terceira dose.
Os ambientalistas andam achando que a pandemia está indo embora, e voltam a nos ameaçar com o fim do mundo, conversa que eles adoram, mas que a pandemia colocou em segundo plano nos últimos meses. Se efetivamente a pandemia viral continuar reduzindo o número de novas contaminações e caindo as mortes, os biodesagradáveis voltarão a encher o saco com a bandeira da sustentabilidade, agora acompanhados com o novo lema, o do carbono zero, comprovando que o mundo imbecilizou de vez e em definitivo. Não precisa zerar, estamos com 380 a 400 ppm de carbono na atmosfera, se conseguirem baixar pra uns 300 ppm que seja (uma utopia) o mundo termina mesmo, pois não haverá carbono suficiente para as plantas fazerem fotossíntese, e sem plantas e sem animais, a humanidade morre de fome.
Mas os ambientalistas vão ganhar os próximos rounds, pois há um estudo ambiental que denuncia que nos últimos 35 anos cerca de 25% do território brasileiro sofreu com queimadas. No mundo inteiro isso vai repercutir. Evidentemente que não esclarecem nada, trazem mais informações confusas, incluem o Cerrado, a Caatinga, Amazônia e o Pantanal num mesmo barco, e também a Mata Atlântica. Bolsonaro vai se ver em palpos-de-aranha pra se explicar, porque no governo dele isso piorou muito.
Difícil é obter dos ambientalistas uma informação racional, porque sempre colocam o Maranhão como bioma amazônico, quando no máximo uma parte do estado é Amazônia Legal, uma condescendência política de Getúlio Vargas para que o pobre estado recebesse incentivos fiscais. E ficou nisso até hoje, mais de 70 anos depois.
Uma coisa é certa, o Covid-19 veio pra ficar, tal e qual as gripes. Fora isso, como se as coisas não estivessem ruins, vamos passar ainda este ano, pela seca que nos aflige, quando até racionamento de água haverá em algumas regiões. Poderemos ter alguns apagões, e a inflação vai continuar, como reflexo das geadas. É pouco? Não, não é. Parece que a imbecilização também vai aumentar, é um estágio definitivo, do qual a humanidade não conseguirá reverter. As escolas não ensinam ninguém a pensar.
sábado, 14 de agosto de 2021
Descobriram a tia que espalha fake news
Richard Jakubaszko
Exclusivos relatos divulgados na web e nas redes sociais registram que a Polícia Federal descobriu uma foto daquela que ficou conhecida como "a tia que espalha fake news". A prisão é questão de dias, confidenciou um delegado, encarregado das investigações. O delegado pede que se alguém sabe o paradeiro dessa tia pra passar um zap pra sede da PF, em Brasília.
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quinta-feira, 12 de agosto de 2021
Pagar R$ 90 bi de precatórios é crime
Richard Jakubaszko
Pagar R$ 90 bilhões de reais em precatórios devidos pelo governo federal foi reconhecido como crime de responsabilidade pelo ministro Paulo Guedes, em sessão de hoje na Câmara dos Deputados, e está em destaque no Estadão.É importante saber que o governo federal não paga precatórios de pequeno e médio valor, e atrasa inclusive os devidos a aposentados do INSS, porque é mau pagador, e não tem dinheiro para pagar os de alto valor. Alguns precatórios são muito antigos, têm origem no tempo do Império, e outros são devidos por grandes desapropriações de terras, ou por disputas e erros diversos cometidos pelos governantes de plantão, que acabaram gerando pendengas judiciais prolongadas, com sentenças em definitivo e irrecorríveis. Por essas e outras, alguns precatórios têm valor real de mercado com deságio de até 95% em relação ao valor facial da dívida.
A forma prática de resgatar alguns precatórios de alto valor é usar esses direitos para pagar aquisições de privatizações feitas em leilões públicos, e valorizar o preço real dos precatórios, que chegam a 40% até 50% de deságio no valor de face. Isto gera nos políticos e governantes essa sede por privatizar tudo o que seja possível, porque o governo federal é obrigado a aceitar os títulos precatórios pelo valor real de face, devidamente reajustados pela correção monetária.
Entendeu agora onde está a corrupção de colarinho branco? Entendeu porque dezenas de privatizações aconteceram até hoje e ninguém sabe onde foi parar o dinheiro?
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terça-feira, 10 de agosto de 2021
Voto impresso ou eletrônico?
Richard Jakubaszko
Rejeitada pela Câmara dos Deputados, por 229 x 218, a PEC - Proposta de Emenda Constitucional, do voto impresso, como queria o errático presidente. Nem a maioria simples de votos foi obtida, quanto mais a maioria de 2/3 necessários de votos para aprovar uma emenda constitucional.
Foi uma derrota acachapante de Bolsonaro, até porque ele tem o chamado centrão ao seu lado, e mesmo assim perdeu, mesmo usando uma passeata de equipamentos sucateados de combate das Forças Armadas, como se desejasse intimidar a Câmara dos Deputados, dizendo em alto e bom som que os militares estão ao seu lado. Nem isso ele tem...
De toda forma, caso encerrado. O tosco presidente mostrou todo o seu desespero político. Mais uma vez humilhou os militares. Em sua mais fina e grosseira ironia Bolsonaro usou as Forças Armadas para "exigir" que o poder legislativo aprovasse o voto impresso, quando o tradicional seria os militares suprimirem a existência do voto.
Bolsonaro acha que voto impresso é pra povo que é gado |
Ermanos paraguaios, esse é o fumacê do Bolsonaro pra acabar com a dengue... |
Mas a porra dele gerou os filhos 01, 02 e 03, uns merdas gigantes... |
Fina e sutil ironia política, a culatra em versão mais "marvada"... |
segunda-feira, 9 de agosto de 2021
Inesquecível Inter 4 x Flamengo 0
Richard Jakubaszko
Jamais esquecerei os 4 x 0 do Internacional sobre o poderoso Flamengo no Maracanã neste domingo, 8 de agosto de 2021. De quebra, um chocolate em Renato Gaúcho, arrogante como sempre. De toda forma, o resultado mostra, ou explica, as razões do porque o futebol é uma paixão da maioria das pessoas no mundo inteiro.
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domingo, 8 de agosto de 2021
Geadas e aquecimento verbal
Evaristo de Miranda *
Especialistas em tudo trataram este inverno como algo excepcional, relacionando-o até ao desmatamento da Amazônia.
Geada em São Joaquim (SC), em 20-07-21. |
Ondas de frio, nevascas e geadas marcaram o mês de julho e a passagem para agosto no Sul e no Sudeste do Brasil. As geadas deste ano trouxeram prejuízos principalmente para a cafeicultura. Também afetaram as hortaliças, as frutas, alguns cultivos de inverno e até um restinho do milho safrinha. Em tempos de profecias cinzentas sobre mudanças climáticas, aquecimento global e o futuro do planeta, a intensidade do frio invernal gerou na mídia um grande aquecimento verbal.
Especialistas em tudo trataram este inverno subtropical, do Ano da Graça de 2021, como algo excepcional, relacionando-o até ao desmatamento da Amazônia! E, provavelmente, teriam achado as mesmas causas, caso tivesse faltado frio neste inverno. A onipotência de alguns humanos os leva a crer em sua capacidade de alterar o clima da Terra. E em sua onisciência incontestável se creem capazes de consertar tudo e “salvar o planeta”, sob holofotes midiáticos.
Há 2 mil anos, o Cristianismo pretendeu salvar a humanidade. Não era pouco. Até hoje ainda não converteu nem um terço da população mundial. Já a soteriologia ambientalista pretende muito mais: salvar o planeta, antes de o mundo acabar. Essa urgência exige prioridade sobre todas as outras. Mas basta uma noite de geada para colocar os humanos em sua devida dimensão.
As geadas deste ano não têm nenhuma relação com o desmatamento. Nem é preciso recorrer a dados climáticos centenários da meteorologia nacional para atestar sua “normalidade”. Basta observar a ocorrência de geadas, anotadas desde 1882 na Fazenda Santana da Serra, em Cajuru (SP). Foram muitas e de diversas intensidades, em quase um século e meio.
Ocorrência de geadas desde 1882 na Faz. Santana da Serra, Cajuru - SP. Foto Arquivo pessoal |
No Sul e no Sudeste, com frequência, ocorrem as chamadas “geadas brancas”, como as deste ano. Em noites frias e de céu limpo, a atmosfera, a terra e as plantas perdem calor ao longo da noite e forma-se uma camada fina e superficial de cristais de gelo. Contudo, existe também um fenômeno, mais raro e devastador, conhecido como geada negra, em que a temperatura noturna cai a ponto de congelar a seiva das plantas.
Estudante de Agronomia, acompanhei a geada negra ocorrida em 18 de julho de 1975. Ela não foi causada pelo desmatamento da Amazônia e, sim, contribuiria nos anos seguintes para sua intensificação. Seus efeitos foram devastadores em São Paulo, no Sul do Brasil e, sobretudo, no norte do Paraná, onde os termômetros registraram temperaturas próximas de zero grau e até negativas. Em apenas uma noite, o frio dizimou grande parte dos cafezais. Os pés de café foram “queimados” pelo frio, do topo das árvores até o solo. Os fazendeiros deitaram-se ricos e amanheceram pobres. O café levou o Paraná ao enriquecimento e ao colapso econômico.
Durante meio século, a cafeicultura foi praticada em grande escala no norte do Paraná. Na década de 1960 a 1970, o Estado concentrava cerca de 50% da produção nacional de café. Principal produto agrícola, o Estado chegou a cultivar 1,8 milhão de hectares de cafezais, com uma média de 20 milhões de sacas colhidas. No ano seguinte a essa única geada, não se colheu nada. Hoje, o Paraná tem pouco mais de 50 mil hectares de café. A geada de 1975 mudou a geografia do café e até a da agropecuária brasileira.
Em primeiro lugar, essa geada mudou o Paraná. A estrutura agrária e urbana transformou-se. O café era uma cultura intensiva no uso de mão de obra. Trabalhadores empregados na colheita e nos tratos culturais perderam o emprego, assim como os colonos nas fazendas. Ficaram sem nenhuma perspectiva de alguma atividade no campo. Milhares de sítios foram vendidos ou abandonados. Houve um forte êxodo rural para Londrina e Maringá, enquanto outras cidades perderam população. Sertanópolis, por exemplo, passou de cerca de 35 mil habitantes para 12 mil. Os não proprietários buscaram algum emprego nas cidades maiores. Na periferia de Londrina surgiram bairros imensos e grandes conjuntos habitacionais, como o “Cincão”. Cresceram as favelas em cidades do Sul e de São Paulo.
Pequenos proprietários, colonos, comerciantes e vários serviços nas cidades, relacionados direta ou indiretamente com a cafeicultura, foram atingidos e buscaram novas saídas. Trabalhadores rurais desempregados e pequenos agricultores descapitalizados procuraram oportunidades em outros Estados. Meio milhão de pessoas migraram para outros Estados. Nos anos seguintes, esse êxodo inter-regional impediu o crescimento da população do Paraná. O Estado deveria ter hoje pelo menos 5 milhões de habitantes a mais, não fosse uma geada, a de 1975.
O frio deste ano também será benéfico à agricultura, com ou sem geadas.
Já havia na época uma diversificação embrionária de cultivos em meio à cafeicultura. Com a geada, a produção de grãos ganhou impulso. Os cafezais foram substituídos por lavouras de soja, milho, trigo e pastagens. Aumentaram a mecanização e a incorporação de tecnologias poupadoras de terra e de mão de obra. Cresceram a produtividade e a agregação de valor à produção vegetal e surgiram novas cadeias de produção de suínos e aves. Hoje, o Paraná é o maior produtor de frangos de corte: 150 milhões de aves por mês, em 20 mil granjas, gerando 1,2 milhão de empregos. Criaram-se e fortaleceram-se associações de produtores e cooperativas. No montante e na jusante das atividades produtivas, a agroindústria prosperou. Uma geada provocou essa transformação rural e criou o agronegócio pujante do Paraná.
Em segundo lugar, essa geada contribuiu para redesenhar a agropecuária nacional. Trabalhadores rurais e sobretudo pequenos e médios proprietários do Paraná e do Sul do Brasil migraram para outras regiões. Muitos venderam suas posses e compraram novas terras em regiões livres de geadas. Ou apoiaram seus filhos nessa migração rumo ao Centro-Oeste e ao Norte, em direção a Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre. Com a chegada de milhares de colonos e novos proprietários com tradição na agricultura, Rondônia virou um Estado. Mato Grosso acabou por dividir-se em dois e é hoje o maior produtor de grãos do país. O clima dessas mudanças se deveu, em boa parte, à migração de gaúchos e paranaenses. Sem a geada de 1975, talvez o Brasil não fosse a atual potência agropecuária mundial.
Manchetes de jornais da época, sobre a geada de 1975 no Paraná. Foto reprodução |
As mudanças provocadas pela geada de 1975 demonstraram: frio na lavoura não é só má notícia. Com empreendedorismo, mobilidade social e liberdade econômica, os produtores transformaram um evento climático negativo em progresso e desenvolvimento local e nacional. O frio deste ano também será benéfico à agricultura, com ou sem geadas. Um de seus maiores benefícios será sanitário. As baixas temperaturas reduzirão as populações de insetos-praga, a proliferação de doenças e até de plantas daninhas. Isso trará economia no uso de defensivos e herbicidas na próxima safra de verão.
Além disso, neste ano, a chuva acompanhou a chegada do frio. Nem sempre é assim. Essa chuvinha trouxe neve em altitude (bom para o turismo) e um pequeno alívio para a seca em várias regiões. Ela repôs um pouco da água tão necessária neste momento em solos, rios e reservatórios. O frio do inverno é uma bênção nos ecossistemas. Aumenta a oxigenação das águas em rios e lagos. Facilita o trabalho das bactérias na depuração dos poluentes. O acúmulo de horas de frio e o choque das baixas temperaturas induzirão floradas magníficas em diversas espécies de árvores na natureza e nos pomares. Coisa boa para parte da fruticultura.
Ainda há este agosto a atravessar. Agosto é mês do desgosto, de cachorro louco e queimadas. Contudo, em agosto, em meio ao pó, à fumaça e à fuligem, os ipês entregarão suas floradas, seus cachos de ouro e púrpura, em áreas urbanas e rurais. Em setembro, equinócio e primavera trarão mais flores ainda. E os agricultores plantarão (e obterão) uma nova safra recorde para o Brasil, com mais inovações e tecnologias modernas. Indiferentes aos aquecimentos e esquecimentos verbais, locais ou globais.
* o autor é engenheiro agrônomo e doutor em Ecologia, e chefe-geral da Embrapa Territorial. É também coautor, com este blogueiro, do livro "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?", em 2ª edição, DBO Editores, 384 pg., 2019.
Publicado originalmente em https://revistaoeste.com/revista/edicao-72/geadas-e-aquecimento-verbal/
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sexta-feira, 6 de agosto de 2021
O impeachment de Jair Bolsonaro é urgente
Richard Jakubaszko
Recebi através da assessoria de imprensa do Instituto Vladimir Herzog o comunicado abaixo, que transcrevo na íntegra, e subscrevo incondicionalmente.
O impeachment de Jair Bolsonaro é urgente
Os acontecimentos recentes no Brasil tornaram ainda mais evidente: Jair Bolsonaro perdeu toda e qualquer condição de seguir na Presidência da República. As forças democráticas e as instituições republicanas, em especial o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral precisam agir de forma urgente e viabilizar os caminhos constitucionais para conter a permanente crise política, econômica e social na qual o país está imerso desde que Bolsonaro assumiu o poder.
Motivos para o afastamento não faltam e os crimes de responsabilidade se acumulam. A atuação irresponsável, corrupta e genocida diante da pandemia já tirou a vida de mais de meio milhão brasileiros. A nomeação de ministros e a definição de atos administrativos são ditadas pelo incansável empenho em atrapalhar as investigações contra os seus filhos. De forma acintosa, elevou ao posto de marechal Carlos Alberto Brilhante Ustra, o mais sórdido e terrível torturador da ditadura militar, condenado em 2008 pela Justiça brasileira pelos crimes hediondos cometidos durante os anos de chumbo. Agora, em sua mais recente empreitada antidemocrática, o presidente põe a máquina da desinformação para funcionar e fazer ataques delirantes contra a segurança da urna eletrônica e tenta criar desconfiança sobre um dos processos eleitorais mais confiáveis, ágeis e respeitados de todo o mundo. E estes são apenas alguns dos atos ilícitos cometidos pelo presidente desde que ele assumiu o poder.
Desde o início do mandato - na verdade até antes disso, enquanto ainda candidato - Bolsonaro ataca a Constituição de maneira grave, reiterada e sistemática. Sua conduta sempre foi incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo. E o Estado Democrático de Direito mais parece ser um obstáculo para sua vocação autoritária e golpista.
Ao adotar este padrão de desrespeito aos alicerces da democracia, Bolsonaro parece apostar na tolerância e na naturalização de tais violações. Mas essa postura não pode mais ser relativizada. Não podemos mais conviver com este governo totalitário, que desdenha das regras do jogo democrático para colocar em prática um projeto baseado nas supressões das liberdades individuais, na instabilidade entre os poderes e na máquina do ódio e da desinformação.
A permanência de Bolsonaro no poder deixou de ser uma ameaça e passou a representar a certeza de que, em algum momento, a ordem democrática será rompida e o país irá reviver tempos sombrios, que até hoje ultrajam a consciência de todos nós que defendemos, atuamos e ansiamos por um mundo mais justo e socialmente responsável.
A História é implacável, inclusive com os omissos. As forças democráticas, como os movimentos populares, a sociedade civil e até os grandes empresários verdadeiramente comprometidos com o desenvolvimento do Brasil não podem mais aceitar passivamente o verdadeiro cenário de caos no qual o país está mergulhado. As instituições republicanas, em especial o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral precisam agir para interromper o desmonte do Estado Democrático de Direito e frear a sucessiva prática de crimes de responsabilidade por parte do presidente da República.
A permanência de Jair Bolsonaro no poder é incompatível com a ordem democrática e com o bem-estar do país. É urgente que, percorrendo os caminhos da Constituição, ele seja afastado da presidência.
Instituto Vladimir Herzog
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