terça-feira, 20 de setembro de 2022

A rainha malvada

Daniel Strutenskey de Macedo *

Segunda feira morreu a rainha Elizabeth do Reino Unido. No mesmo dia todos os jornais, tvs e rádios deram prioridade ao assunto. Não apenas prioridade. Cobriram a personagem de honras e elogios. Por quê? Qual a razão da personagem receber honras e elogios? Ela foi a rainha de um reino de países que invadiram, sufocaram, escravizaram e exploraram vários países da África. A Inglaterra submeteu e explorou criminosamente a Índia. Até a Primeira Grande Guerra de 1939 a 1945 a moeda internacional era a libra esterlina e através dela o Reino Unido comprava barato e vendia caro, pois era ele que emitia o dinheiro, que emprestava, que ganhava juros, que estabelecia um padrão menor de valor para a moeda de uma porção de países, principalmente os da Ásia, África e América Central e do Sul. A rainha era, portanto, uma chefe de estado a serviço da exploração da humanidade ao ocupar e extrair as riquezas de outras nações utilizando sua força militar.

O porquê não pode ser respondido pela razão. Não há razão que justifique as atrocidades cometidas pelo Reino Unido pela bisavó da rainha, pelo seu avô, pelo seu pai e por ela no comando de importante grupo político (o conservador) que comandou por tanto tempo as ações econômicas, políticas e militares da nação inglesa.

O que responde à questão é a ignorância sentimentalista de grande parte do povo, o qual é envolvido e enganado através de histórias heroicas, românticas, todas repletas de emoções, elogios e grandiosidades com o objetivo político de formar uma imagem honrada de reis e rainhas.

Ignorância estúpida, pois ignora que foi após os combates aos reis e início das instalações das repúblicas que a humanidade conseguiu acabar com a servidão na Europa e escrever um documento nas Nações Unidas que defende a igualdade e os direitos das pessoas, a DECLARAÇÃO DE DIREITOS HUMANOS.

Ignorância ainda mais estúpida que ignora que foram preciso muitos sacrifícios e muitas mortes para que as repúblicas conseguissem se instalar.

Estupidez que ignora que os condes e reis se tornaram capitalistas e aceitaram os parlamentos depois de se associarem aos que detém grande poder econômico e político e desta forma conseguiram manter ainda uma parte do poder.

Estupidez que ignora que os capitalistas republicanos concordaram em manter casas reais em vários países da Europa porque os reis e as rainhas passaram a ser importantes na facilitação de negócios em setores conservadores e em países ainda sob domínio de casas reais, como é o caso de vários países de cultura árabe.

Uma estupidez incapaz de ser explicada quando vemos jornalistas que se consideram cultos, que se dizem democratas e republicanos se emocionarem com as demonstrações românticas e heroicas (falsas) dos eventos da rainha malvada.

Quanto tempo será ainda preciso para aprendermos, para agir consubstanciados pela razão, pela liberdade, pelos direitos universais declarados na Carta Magna?

E você, como se sente? 

* o autor é publicitário

 
 
 
 
 
 
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