quarta-feira, 19 de outubro de 2022

A farsa do IPAM: "Desmatamento é causa de 81% das emissões de metano decorrentes de queimadas"

Richard Jakubaszko
Na guerra ambiental as ONGs, agências e institutos de "pesquisa" ambientais desfrutam junto à mídia de um prestígio nunca visto até então. Qualquer imbecilidade "científica" que saia debaixo do guarda-chuva desses ambientalistas encontra eco na grande mídia, e nas redes sociais, chegando a provocar escândalos monumentais. Por causa disso resolvi contestar a questão conforme explico abaixo.

Recebi um press release da assessoria de imprensa do IPAM - Instituto de Pesquisas da Amazônia, com o seguinte título, e que é o mesmo que usei na manchete deste post: "Desmatamento é causa de 81% das emissões de metano decorrentes de queimadas".

Na sequência o press release, hodiernamente chamado de "sugestão de pauta", apresenta um lead, ou seja, uma linha de subtítulo onde tenta resumir toda a matéria, e afirma que "Fogo associado à mudanças no uso da terra foram responsáveis pela maior parte do metano emitido no setor", sem explicar qual o setor, se a Amazônia, a pecuária, o desmatamento ou as queimadas.

Depois disso o press release vomita dados controversos sobre as emissões de metano no Brasil e no mundo.

Ora, a ciência está sendo tratada com descaso pelos responsáveis científicos do IPAM, e com pouca prática e total inexperiência do jornalista. Torna-se um press release falso e mentiroso. Por uma simples razão que passou despercebida aos responsáveis pelo press release: o desmatamento e as queimadas não emitem metano. Quem produz metano são bactérias que decompõem matéria orgânica, seja no solo, nos intestinos dos ruminantes ou em matéria orgânica em apodrecimento como nos arrozais irrigados ou em mangues, e até mesmo na lata de lixo de qualquer residência ou restaurante.

Desta forma, por que os desmatamentos ou as queimadas decorrentes não são causa das emissões de metano? Porque onde há desmatamento e consequente queimada o fogo queima e esteriliza tudo, até mesmo o solo superficial, não sobra qualquer tipo de bactéria pra contar história. A imbecilidade no press release do IPAM - Instituto de Pesquisa da Amazônia, entretanto, continua com clima e tom científico de altíssima precisão, ao afirmar que 81% das emissões de metano são decorrentes das queimadas.

Na ilustração abaixo reproduzo um mapa confeccionado pelo satélite NOAA que exibe em vermelho onde estão as emissões de metano (CH4) no planeta. Destacam-se as florestas da Amazônia e a subsaariana, especialmente em mangues, e os arrozais irrigados na China e Indonésia. Na Índia, além do arroz, existem 340 milhões de cabeças de zebuínos e búfalos que não integram a mentirosa contabilidade ambiental de emissões mundiais de GEE, porque lá a vaca (e o boi também) é sagrada e não faz nada de errado, nem mesmo emite metano. Emissões nos EUA indicam em vermelho os lixões na confluência de New York, Washington e Chicago. A pecuária brasileira está tão espalhada no país inteiro que nem aparece nas emissões de metano. Este mapa está publicado na quarta capa do livro "CO2 aquecimento e mudanças climáticas: estão nos enganando?", em terceira edição desde maio 2022, e lá faço comentários de outra ordem sobre metano.

O IPAM
Abaixo reproduzo a totalidade do press release recebido, seus responsáveis técnicos pelas afirmações entre aspas, e os "parceiros" do IPAM, como o Observatório Ambiental, na minha mais enfática opinião, uma entidade publicitária disfarçada, de técnicos e "especialistas" que se dizem ambientalistas.
No decorrer do texto coloquei grafado em vermelho observações sobre o conteúdo, e com o qual ou discordo ou acho curiosa a abordagem e afirmação.

Desmatamento é causa de 81% das emissões de metano decorrentes de queimadas

Fogo associado à mudanças no uso da terra foram responsáveis pela maior parte do metano emitido no setor.

De olho nas demandas do Compromisso Global do Metano, pesquisadores mapearam as principais atividades e processos responsáveis pela emissão de metano no Brasil e apontaram caminhos para a redução em longo prazo das emissões. Segundo o relatório, 81% das emissões de metano causadas por incêndios florestais estão associadas ao desmatamento. Por concentrar grande parte dos estoques de carbono e do desmatamento, a Amazônia lidera as emissões causadas por queimadas.

Chamado de “Desafios e oportunidades para a redução das emissões de metano no Brasil”, o relatório sobre emissões de metano é uma parceria entre cientistas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), Governos Locais para Sustentabilidade (ICLEI), Instituto de manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) (se o Imaflora concorda com as afirmações do IPAM, é melhor fechar as portas...) e o Observatório do Clima (este é o maior emissor de fake news sobre o clima. Curiosamente, só o Instituto Lula repercutiu essa mentira do metano, conforme o Google)

O metano é um poluente climático de vida curta com um tempo de vida atmosférico de aproximadamente 12 anos. Apesar da curta duração, seus efeitos são poderosos e seu potencial efeito de aquecimento global é equivalente a 28 (Não é 28%, seria de 23 vezes, conforme estabelecido pelo IPCC, mas o metano encontra-se estável na atmosfera, há mais de 200 anos) vezes o do dióxido de carbono (CO2). Além disso, o metano também contribui para a formação de ozônio troposférico (O3), que, assim como ele, tem efeitos poderosos no aquecimento do planeta.

Portanto, o alto potencial de aquecimento e a duração relativamente curta faz do metano um bom alvo para políticas de redução imediata de emissões de gases de efeito estufa que ajudem a humanidade a ganhar tempo para fazer a transição energética.

Segundo a pesquisadora do IPAM e uma das autoras do estudo, Bárbara Zimbres, a comunidade internacional percebeu a importância de reduzir as emissões de metano e tem firmado compromissos na área, o que aumenta a demanda por um caminho claro para a redução e um mapeamento dos principais emissores.

“Na COP26, em Glasgow, mais de cem países, incluindo o Brasil, assinaram o Compromisso Global do Metano, se comprometendo a reduzir as emissões de metano em 30% até 2030 em relação aos níveis de 2020. Portanto, as fontes de emissão de metano nos diversos setores e as oportunidades existentes para redução das emissões devem ser identificadas, para subsidiar a criação de políticas nacionais de mitigação.”, ressalta Zimbres.

De onde vem o metano?
Em 2020, as emissões globais de metano chegaram a 364 milhões de toneladas, o que pode provocar o mesmo aquecimento que cerca de 10 bilhões de toneladas de CO2. Segundo o IPCC, o Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima da ONU, um terço do aumento de temperatura verificado hoje no planeta se deve ao gás metano. (Sobre o aquecimento, essa é a maior mentira do século XXI).

O Brasil é o quinto maior emissor de metano do mundo. Sozinhos, o país emite o equivalente a 5,5% do metano do planeta. Em 2020, as emissões brasileiras foram estimadas em 21,7 milhões de toneladas, o equivalente a 26% de todas as emissões de gases de efeito estufa do país. A agropecuária brasileira é a maior emissora do país, respondendo por 71%, cerca de 14,54 milhões de toneladas, de todo o metano brasileiro lançado na atmosfera.

Além disso, apesar do avanço das queimadas e da degradação florestal, o setor que mais emitiu metano no Brasil foi a pecuária, responsável por 64% de todas as emissões brasileiras em 2020, o que corresponde a cerca de 13,8 milhões de toneladas de gás.

Caminhos para a redução
De acordo com dados do SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa), caso nenhuma política de redução das emissões de metano for adotada, descumprindo os acordos internacionais firmados pelo governo brasileiro, o Brasil aumentará suas emissões em 7% até 2030, passando a emitir até 23,3 milhões de toneladas de metano.

Contudo, caso sejam aplicadas alternativas viáveis, fazendo uso das melhores práticas e tecnologias disponíveis, o Brasil poderia reduzir suas emissões em até 36,4% até 2030. Isso acarretaria em uma redução acumulada de até 180 milhões de toneladas no período entre 2020 e 2030. A redução representaria uma grande contribuição para o Compromisso Global de Metano, ultrapassando em 6% as metas estipuladas pelo acordo.

Para que essas novas metas sejam atingidas, os autores do estudo defendem que, entre outras metas, é necessário zerar o desmatamento ilegal e as queimadas para abertura de novas áreas, ampliar a recuperação do metano do tratamento de resíduos animais e investir na produtividade dos rebanhos brasileiros, assim como na aplicação de técnicas de aprimoramento genético e de terminação intensiva do rebanho, que reduz a área e o tempo necessário para a criação do gado de corte.

Mais informações:
Lucas Guaraldo Itaborahy

 

 

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