sábado, 3 de dezembro de 2022

A Copa de Futebol 2022 e o mundo que nos aflige

Richard Jakubaszko
Tristes e ao mesmo tempo curiosos estes momentos contemporâneos que vivemos, e isso não é saudosismo de quem já se aposentou como eu. É que as notícias, as fake news e os eventos, do jeito que chegam se vão numa rapidez estúpida, a ponto de não permitir uma reflexão sobre a importância em si do que acabamos de ver e ouvir, e que já amanhã ninguém mais vai lembrar. A profusão, o excesso de coisas sem importância que se acumulam diante de nós nas manchetes na internet nos dão a certeza desse mundo passageiro e efêmero que vivemos e sem nos dar tempo de apreciar aquilo que é mais importante.

Me pego pensando sobre o que é este mundo digital que vivenciamos. Quase tudo é manchete na web e ao mesmo tempo será deletado, seja dos “famosos” digitalmente fabricados, das personalidades reais, até ao mundo que se nos apresenta corrente ao fluxo de expectativas que respiramos, seja na copa de futebol do Catar, seja no país que habitamos.

Dito assim, de forma genérica, a questão fica clara para o nosso desejo maior de conquistar o hexa, que parece cada vez mais distante, não apenas por conta de uma derrota exótica da seleção brasileira para a fraca seleção de Camarões, mas até porque outras seleções já perderam a invencibilidade precocemente ainda na fase de grupos, como França, Espanha, Portugal, sem contar Argentina, mas as poderosas desclassificadas Alemanha e Bélgica que já tomaram avião de volta. Umas perderam por conveniência pragmática, outras porque apenas arriscaram a sorte de jogar com reservas para manter os titulares descansados, porque o mata-mata vem aí a partir de hoje, sábado. Sim, isso já se foi, Holanda e Argentina passaram...

Outras perderam por pura soberba e inconfessável incompetência, ao não perceberem as mudanças que estão ocorrendo nesse mundo cada vez mais maluco (e Japão, Marrocos, Arábia Saudita, Coreia do Sul, ou Austrália nas oitavas não é maluquice?), onde nos é possível verificar se houve ou não o gol, o impedimento, a falta, se a bola saiu ou não, através de múltiplas câmeras espalhadas por todos os ambientes. Uma delas, num instante fugaz, terá gravado a realidade, seja o gol verdadeiro, seja o imbecil impedimento do cotovelo do atacante, alguns milímetros adiante do calcanhar do zagueiro, tecnicalidades conforme registra o implacável VAR, instrumento de tortura dos torcedores e sobre o qual nenhum juiz filho da puta como sempre foram todos os juízes de futebol, terá a coragem de contrariar.

Mal comparando, precisamos de um VAR no dia a dia da nossa vida política e no país, porque a bruxa anda solta faz um tempo danado e ninguém entende mais nada. Vejam que o filho 03, o deputado federal Eduardo Bolsonaro voou para o Catar, com mulher, família e amigos, para distribuir a rodo pendrives, estranhos artefatos muito utilizados até os anos 2010, contendo informações agudas sobre o comunismo presente no Brasil e denunciando aos donos dos camelos saarianos outros arbítrios inconfessáveis aos brasileiros. Ao mesmo tempo, seu papai anda desalentado, meio distraído e abobado da vida, talvez tenha broxado depois de se autoafirmar imbroxável, o que era só uma mentirinha, mas preocupa seus amigos e correligionários, e ele já deixou claro que não irá à transmissão de posse do cargo ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, e nem irá entregar a faixa presidencial, ato que deve ser cumprido pelo vice-presidente, general Hamilton Mourão. Este, eleito senador pelo Rio Grande do Sul, já avisou que essa história não é com ele, e tirou o corpo fora. Ou seja, cadê o VAR? Tá certo que passar a faixa é um ato simbólico, mas pôrra, nem isso o Jair respeita? E o filho 03, alguém gravou ele pra conferir no VAR depois? O que é que tem nos pendrives, gente?

Vai ficar que nem a mamadeira de piroca, os estupradores da Damares, o kit gay, as rachadinhas dos filhos, a compra dos 105 imóveis com dinheiro vivo, o US$ 1 dólar por cada vacina, nada disso era jogo ou cena importante, não tinha VAR e amanhã ninguém se lembra de mais nada. 

Triste curioso mundo novo sem memória que não aprende nada de importante, porque vive de "likes", e não consegue iluminar seu próprio futuro.

 

 

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