terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

De passagem pela Índia o espanto é uma constante

Rinaldo Arruda    
Quando Richard me consultou se queria ir à Índia representando o richardjakubaszko.blogspot.com a convite da BKT, a multinacional indiana líder no setor de pneus para máquinas agrícolas e de mineração, achei que era brincadeira. Era sério, ele não podia ir, tinha outros compromissos. Nesse caso, aceitei na hora!


Viagem incrível apesar das quase 20 horas de voo até Mumbai, com escala em Dubai. A qualidade do convite da BKT logo se fez notar ao escolher a Emirates, excelente companhia aérea, de poltronas confortáveis mesmo na classe econômica e serviço de bordo com talheres e louça de verdade, impecável.


A Índia tem um bilhão e quatrocentos milhões de habitantes e Mumbai, sede da BKT e centro financeiro e de negócios da Índia tem cerca de 20 milhões.


A chegada ao aeroporto moderno e espaçoso já mostrou os rigores da segurança e a morosidade do serviço público. Filas e mais filas e vários pontos de checagem. Finalmente conduzido por funcionário da BKT que me esperava na rua em frente ao aeroporto, pois só entram neles os que forem viajar, penetramos na cidade por uma larga avenida, com os primeiros vislumbres da Índia e com contrastes que se mostrariam permanentes. A Índia é para os fortes!





Trânsito ordenado e ao mesmo tempo caótico na avenida moderna. Passando por tapumes intermináveis tampando a vista dos infindáveis casebres atrás, me confidencia o motorista: essa é a maior favela da Índia. Os tuk tuks e carros buzinando o tempo todo e as motos com um, dois, três e até quatro passageiros, a maioria sem capacetes, completavam o cenário. A cidade toda em obras, de novas linhas de metro, de longuíssimas pontes que pretendem ligar a cidade às suas 7 ilhas próximas, de renovação urbana infindável. Chamava atenção a disputa entre a modernidade do que se construía e a aparência degradada de quase todas as edificações de passagem.

  

O hotel Tridente Nurimar, de frente ao mar, maravilhoso. Na entrada, portões de metal e guardas armados, detector de bombas e artefatos passado por baixo do carro, entrada autorizada. Desço do carro e já passo por outra barreira, como de aeroporto. Bagagens escaneadas na esteira, passe por esse pórtico sem nada de metal com você.


A partir daí eram as mil e uma noites: moças indianas de roupas típicas oferecem uma limonada salvadora naquele clima quente, com uma delicada tijela de pó vermelho pedem licença para marcar seu chacra na fronte e logo me encaminham para meu apartamento em andar alto e vista próxima da cidade e do mar em frente.

  

Saio depois de duas horas de sono reparador e é fim de tarde no passeio ao longo da costa.


Multidões apreciando o entardecer e a vista da cidade banhada de sol, com os poucos turistas quase despercebidos na população majoritariamente indiana.


Dia seguinte começou a maratona


Voamos cedo para Buhj (4:45 am), todos os 128 convidados na entrada do hotel, visitar a planta fabril da BKT, lotamos o avião! Ônibus moderno com ar condicionado, demorada passagem pela segurança no aeroporto, uma hora de voo e chegamos.


Até aí tudo lindo, o choque foi a visão do caminho até a fábrica da BKT. Muita sujeira nas ruas, estradas, casas, animais soltos, visão desoladora contrastando com a gentileza das pessoas, com as lindas roupas das mulheres indianas e os típicos caminhões adornados e coloridos.

  



Hospedados na White House, alojamento da BKT, nesse dia e no próximo tivemos a oportunidade de ver de perto as instalações de ponta da fábrica, já descritas em post anterior ( https://richardjakubaszko.blogspot.com/2023/02/bkt-uma-empresa-da-india-do-seculo-xxi.html ).

 
A surpresa ficou para a recepção da noite. Era aniversário de Arvind Poddar, o fundador e CEO da BKT e fomos levados à um banquete, antecedido por várias apresentações de dança moderna e tradicional indiana assim como de maravilhosos músicos da Índia, nesse local incrível da foto abaixo, a arena Bageecha, no interior da planta fabril, de uso para eventos.

   


Dia seguinte voltamos para Mumbai e no próximo visitamos duas propriedades rurais em Surat, desta vez de trem, desafiando o deslocamento entre as multidões indianas.

 





Esperava ver uma grande propriedade agrícola com o uso de maquinário pesado, típico dos consumidores dos pneus BKT. O que vimos, porém, foram duas pequenas propriedades de cerca de 2 hectares cada. Uma dedicada ao plantio manual consorciado e orgânico de inúmeras variedades vegetais e outra ao plantio de flores de cores muito fortes, fruto de cruzamentos experimentais e bem sucedidos, tocados por uma família muito simpática, com a qual me fiz fotografar.

   



No último dia participamos com todos os 128 convidados, mais convidados e imprensa local de uma apresentação da BKT, seus novos lançamentos e suas perspectivas de futuro numa entrevista coletiva no hotel Trident Nurimar. Além da excelência, inovação e qualidade tecnológica da BKT vimos que ela está presente também nos espaços do Metaverso, com NFTs próprias a venda nesse mercado digital!


Check out e três dias de passeio por Mumbai

Agora hospedado num hotel de menos estrelas (por minha conta) isto me colocou em contato mais direto com o dia a dia da maior cidade da Índia. Regateios nos táxis, nas lojas, nas ruas, andanças nos dias encalorados, conversas soltas com taxistas e transeuntes, experimentações em restaurantes muito diferentes. Muita gente, buzinaço constante, mil coisas acontecendo simultaneamente no meio da multidão sempre em movimento.


Fui ao Crawford Market para comprar especiarias, depois visitas a inúmeras lojinhas para compras de roupas indianas e passeio de um dia às ilhas Elefanta, onde só se encontram macacos perto das imensas cavernas escavadas na rocha, com estátuas do panteão indiano e um lindo passeio de barco. Deu tempo para visitar a casa onde morou Gandhi quando passou uns tempos em Mumbai, e que hoje é um museu, depois assistir um ritual no lindo templo de Krishna, ir ao Portal da Índia, imenso monumento construído para comemorar a visita do rei inglês Jorge V e da rainha Maria, em dezembro de 1911, mas que só ficou pronto em 1924.





















Voltando para casa
E daí, depois desta semana que com tanta coisa acontecida, vista e sentida parecia que já tinha passado um mês inteiro, volta para o Brasil, também com suas fortes desigualdades, mas não tão populoso, nem tão barulhento. Como dizia minha mãe que adorava viajar, as viagens são ótimas, mas melhor ainda é voltar para casa!


O que achei da Índia? A resposta é lugar comum: maravilhosa, estranha, hiper moderna, antiquíssima, linda, feia de doer, muito rica e muito pobre, bagunçadíssima e ainda assim eficiente. Os indianos todos com os quais tive o prazer de conversar, com alguns tropeços por conta do inglês de sotaque no mínimo peculiar, sempre foram gentis, solícitos, amigáveis, me causaram ótima impressão. Culinária de dar água na boca e suor na testa pelo apimentado de tudo, um mundo imenso ainda a descobrir.


Saí onze da noite do hotel, depois de uma hora de carro em meio ao buzinaço rotineiro, fila de uma hora para entrar no aeroporto, mais uma de check in e mais duas para passar pela imigração, revista de bagagem etc. e tal, entrei na área internacional e consegui subir no avião! Parecia que a Índia não ia me deixar ir embora, engolido pela Ásia, esse continente tão antigo, tão moderno, tão diverso e tão cheio de contrastes.


Na chegada em São Paulo 20 horas depois (ufa!), depois de uma escala de poucas horas em Dubai, passo numa alfândega super rápida com meu passaporte de leitura eletrônica, free shop para um vinho para o Richard e saio num saguão e cidade que me pareceu muito silenciosa e organizada, São Paulo!

 

 

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