Richard Jakubaszko
O que fazer agora? A caixa de laranja de 40,8 kg anda sendo comercializada a R$ 5,50 em plena entressafra, apesar dos preços internacionais do suco em alta, e enfrenta custos de produção dessa mesma caixa na ordem de R$ 17,00.
O título deste artigo bem que poderia ser “um tiro no pé”. Talvez viesse a representar melhor a situação dos citricultores, em especial os de Bebedouro, SP, e municípios vizinhos, que viram no último mês de fevereiro a Citrosuco fechar a sua unidade esmagadora de frutas (adquirida da Cargill, em 2004), com a dispensa de mais de 200 trabalhadores, o que deixou a todos na cidade em situação de autêntica polvorosa. A imprensa, sem entender o drama dos citricultores, deu manchetes à dispensa dos funcionários, e culpou a crise pelo problema.
Poucos entenderam que os produtores com contrato firmado de entrega ficam reféns, a produção da futura safra deverá ser recebida pela Citrosuco nas unidades de Limeira ou Matão, com 100 ou 250 km de acréscimo no custo do frete. O que significa dizer que, se a citricultura estava ruim, agora é que pode piorar se os preços não melhorarem.
Mas há notícias, não confirmadas pela Citrosuco, de que continuaria a receber laranja na unidade desativada. O que fazer? Reclamar para o Governo? É muito pouco provável que saiam soluções rápidas e eficientes. Reclamar ao bispo, como sempre, nunca dá bons resultados também. Rezar para que ocorram nevascas na Flórida é tarde, o inverno está acabando por lá, resta esperar pelos furacões a partir da entrada do verão.
Triste sina dos produtores rurais
Planejar, praticar união, e tomar decisões drásticas podem ser boas saídas. Diversificar a produção e reduzir o tamanho dos pomares para resistir à crise é outro caminho, ajudaria a reduzir a oferta, e isso faria os preços melhorarem.
Deve-se preparar bem para resistir melhor aos ciclos de crise do setor. Os investimentos poderiam ser direcionados também para um melhor controle sanitário e a melhoria na produtividade do restante do pomar que sobrar.
Por algum tempo os citricultores terão de conviver com preços baixos e com o greening no contra-pé. As crises em culturas perenes nunca duram menos de 5 a 7 anos, é cíclico. Numa rápida olhada pela região citrícola observa-se que os extensos pomares que caracterizavam as regiões tradicionais em citros, como Araraquara, Limeira e Bebedouro, dão lugar a pomares menores, intercalados por outras culturas.
Há um processo de migração da zona da laranja em direção às regiões de clima mais temperado, como o sudoeste paulista. Percebe-se que o mapa agrícola de São Paulo, marcado pelo binômio laranja-cana, começa a se alterar.
O fechamento da unidade da Citrosuco foi como um alerta para os citricultores. A agricultura é como montanha russa, sobe e desce rapidamente, por isso não se deveriam colocar todos os ovos num balaio só. Quem desobedeceu esta premissa não poderia estar bem. Nos últimos anos alguns citricultores derrubaram parte dos pomares e os transformaram em canaviais, pois a cana ia bem, hoje se arrependem em razão da retração no mercado do etanol, e agora também da laranja, e tudo ficou pior do que já estava, nada está bem. Se tivessem optado pela diversificação maior, o risco de perdas seria menor. Não adianta ficar numa cultura só, ou em duas. É necessário mudar o conceito.
Precisa diversificar, no mínimo para três atividades. Além disso, há que se buscar a melhoria da produtividade, através do uso de melhores tecnologias, de uma adequada adubação e controle fitossanitário, que se tenha por objetivo um patamar sempre acima de 2,5 a 3,5 caixas por planta. É uma produtividade que remunera o produtor, pelo menos não dá prejuízo mesmo quando os preços estão baixos.
O que fazer agora? A caixa de laranja de 40,8 kg anda sendo comercializada a R$ 5,50 em plena entressafra, apesar dos preços internacionais do suco em alta, e enfrenta custos de produção dessa mesma caixa na ordem de R$ 17,00.
O título deste artigo bem que poderia ser “um tiro no pé”. Talvez viesse a representar melhor a situação dos citricultores, em especial os de Bebedouro, SP, e municípios vizinhos, que viram no último mês de fevereiro a Citrosuco fechar a sua unidade esmagadora de frutas (adquirida da Cargill, em 2004), com a dispensa de mais de 200 trabalhadores, o que deixou a todos na cidade em situação de autêntica polvorosa. A imprensa, sem entender o drama dos citricultores, deu manchetes à dispensa dos funcionários, e culpou a crise pelo problema.
Poucos entenderam que os produtores com contrato firmado de entrega ficam reféns, a produção da futura safra deverá ser recebida pela Citrosuco nas unidades de Limeira ou Matão, com 100 ou 250 km de acréscimo no custo do frete. O que significa dizer que, se a citricultura estava ruim, agora é que pode piorar se os preços não melhorarem.
Mas há notícias, não confirmadas pela Citrosuco, de que continuaria a receber laranja na unidade desativada. O que fazer? Reclamar para o Governo? É muito pouco provável que saiam soluções rápidas e eficientes. Reclamar ao bispo, como sempre, nunca dá bons resultados também. Rezar para que ocorram nevascas na Flórida é tarde, o inverno está acabando por lá, resta esperar pelos furacões a partir da entrada do verão.
Triste sina dos produtores rurais
Planejar, praticar união, e tomar decisões drásticas podem ser boas saídas. Diversificar a produção e reduzir o tamanho dos pomares para resistir à crise é outro caminho, ajudaria a reduzir a oferta, e isso faria os preços melhorarem.
Deve-se preparar bem para resistir melhor aos ciclos de crise do setor. Os investimentos poderiam ser direcionados também para um melhor controle sanitário e a melhoria na produtividade do restante do pomar que sobrar.
Por algum tempo os citricultores terão de conviver com preços baixos e com o greening no contra-pé. As crises em culturas perenes nunca duram menos de 5 a 7 anos, é cíclico. Numa rápida olhada pela região citrícola observa-se que os extensos pomares que caracterizavam as regiões tradicionais em citros, como Araraquara, Limeira e Bebedouro, dão lugar a pomares menores, intercalados por outras culturas.
Há um processo de migração da zona da laranja em direção às regiões de clima mais temperado, como o sudoeste paulista. Percebe-se que o mapa agrícola de São Paulo, marcado pelo binômio laranja-cana, começa a se alterar.
O fechamento da unidade da Citrosuco foi como um alerta para os citricultores. A agricultura é como montanha russa, sobe e desce rapidamente, por isso não se deveriam colocar todos os ovos num balaio só. Quem desobedeceu esta premissa não poderia estar bem. Nos últimos anos alguns citricultores derrubaram parte dos pomares e os transformaram em canaviais, pois a cana ia bem, hoje se arrependem em razão da retração no mercado do etanol, e agora também da laranja, e tudo ficou pior do que já estava, nada está bem. Se tivessem optado pela diversificação maior, o risco de perdas seria menor. Não adianta ficar numa cultura só, ou em duas. É necessário mudar o conceito.
Precisa diversificar, no mínimo para três atividades. Além disso, há que se buscar a melhoria da produtividade, através do uso de melhores tecnologias, de uma adequada adubação e controle fitossanitário, que se tenha por objetivo um patamar sempre acima de 2,5 a 3,5 caixas por planta. É uma produtividade que remunera o produtor, pelo menos não dá prejuízo mesmo quando os preços estão baixos.
Tiro no pé
Sobre a Citrosuco, pode-se entender que tomou uma decisão empresarial discutível, isto para quem está do lado de fora, ou errada para quem é parceiro e fornecedor. Como o Grupo Fischer, segundo maior processador de suco de laranja do mundo, e maior acionista da Citrosuco, também é produtor de frutas, como laranja e maçã, entre outras, preferimos afirmar que deu um tiro no próprio pé, pois irrigou outras áreas de interesse do grupo para investimentos, em detrimento da parceria com os citricultores, seu negócio tradicional.
Inegavelmente, nada como um dia após o outro. No futuro saberemos quem agiu certo, se o produtor que agora terá de repensar o plantio e a continuidade da sua atividade, ou a indústria que acredita ser o elo mais forte da corrente e impõe regras que causam prejuízos aos parceiros, com a desculpa de que precisa reduzir custos.
Quando alguns milhares de pés de laranja forem derrubados a oferta se equilibrará, e os preços também. É duro, mas sempre foi assim, o que precisa é união dos produtores, planejar e partir para as ações necessárias. Para se agregar valor ao que se planta, para organizar o sistema produtivo e comercial. Não é diferente de outros produtos da terra, nem é impossível. É necessário, mais do que nunca, iniciar a profissionalização dos produtores.
Sobre a Citrosuco, pode-se entender que tomou uma decisão empresarial discutível, isto para quem está do lado de fora, ou errada para quem é parceiro e fornecedor. Como o Grupo Fischer, segundo maior processador de suco de laranja do mundo, e maior acionista da Citrosuco, também é produtor de frutas, como laranja e maçã, entre outras, preferimos afirmar que deu um tiro no próprio pé, pois irrigou outras áreas de interesse do grupo para investimentos, em detrimento da parceria com os citricultores, seu negócio tradicional.
Inegavelmente, nada como um dia após o outro. No futuro saberemos quem agiu certo, se o produtor que agora terá de repensar o plantio e a continuidade da sua atividade, ou a indústria que acredita ser o elo mais forte da corrente e impõe regras que causam prejuízos aos parceiros, com a desculpa de que precisa reduzir custos.
Quando alguns milhares de pés de laranja forem derrubados a oferta se equilibrará, e os preços também. É duro, mas sempre foi assim, o que precisa é união dos produtores, planejar e partir para as ações necessárias. Para se agregar valor ao que se planta, para organizar o sistema produtivo e comercial. Não é diferente de outros produtos da terra, nem é impossível. É necessário, mais do que nunca, iniciar a profissionalização dos produtores.
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