quinta-feira, 21 de maio de 2009

Tudo o que a gente queria ser

Richard Jakubaszko 
Sem medo de errar é possível afirmar que antigamente a gente quando ainda era bem jovem queria ser alguma coisa em nossa futura vida de adultos, e a nossa intenção era mudar o mundo. Na juventude a gente quer mudar tudo, consertar os problemas e o que está errado. Chama-se a isto de ideal, na maioria das vezes. 

Quando a gente amadurece vai podando os exageros e arroubos da inexperiência, na forma de como queríamos fazer esses ajustes, mas o ideal de ser, de aprender, de saber, este permanece para sempre. A gente nunca cansa de aprender. Como cantam e declamam os poetas, o viver é um aprendizado permanente. Nesse sentido, o importante seria a trajetória, a caminhada que é a vida, e não o chegar lá, nalgum lugar ou situação, imaginário e desejado. O divertido é a viagem e não o chegar ao destino final. 

Pensando nessas questões cheguei à conclusão que as últimas gerações de jovens, muitos deles já adultos hoje em dia, mas já a partir da década dos anos setenta e oitenta, esqueceram o ideal de querer ser, de saber, de conhecer o mundo, e trocaram pelo ter. Ter o automóvel, ter um notebook, um celular, um cargo, ter roupas de grife, ter objetos que os tornam diferentes e “superiores” a outros, apesar de torná-los iguais a uma minoria. Minoria privilegiada, evidentemente. 

É verdade que a velocidade e o tamanho do conhecimento humano assumiu proporções absurdas, e ficou cada vez mais difícil ser e saber sobre o todo. Temos versões parciais, os chamados especialistas, e raros generalistas. As novas tecnologias, as "novidades" da informática, desconstruíram o saber, e entende-se – ou convencionou-se – que conhecer a novidade tecnológica é mais importante para arrumar um emprego do que o saber verdadeiro. Mas a ideologia do ter continua, e é um massacre, para não dizer que é apenas perversa. 

A TV, a mídia de uma forma geral, inclusive cinema, estimula o ter, desafiam a todos para o consumismo. Se você não tem é porque não é, e não vale nada aos olhos dos outros, não tem valor. Volta e meia, em contatos profissionais, alguém me pede o número do meu celular. Respondo de forma educada que não sou um ET, mas causo indisfarçáveis espantos generalizados ao informar que não uso e não gosto dessa geringonça, verdadeira máquina de fabricar neuróticos nos processos de comunicação. Uso, eventual e raramente, um celular corporativo, quando estou a trabalho da empresa e em viagem. Devolvo aliviado, pondo fim a um pesadelo quando a viagem termina. 

Usei um na Agrishow, em abril último (moderno, xique-no-úrtimo), levei-o não pelo fato de ser celular, mas por ser também máquina fotográfica digital, pois tira fotos em alta resolução. Mais parece um pato, ou melhor, o pato é ave e põe ovos, mas não voa. Sabe nadar, mas não é peixe, ou seja, não faz nada bem feito. Em raros momentos consegui fazer ou receber ligações com o celular, e me explicaram que se devia à altíssima concentração de celulares por metro quadrado no espaço da feira. 

Nas poucas vezes que usei o tal objeto de desejo ouvi manifestações do tipo "pô, que legal, é iPod?, óh!, que legal, tampa deslizante, nossa... , quanto custa esse?, posso ver?". 

É, a mídia massacra, a publicidade estimula o ter, e os que nada conseguem se frustram, se tornam impotentes. Daí que, para que uma geração pudesse ultrapassar a fase do ser para a fase do ter foi um pulo. Apesar do que o mundo sempre foi assim, não nos esqueçamos. Mas, para sair da fase do ter foi um passo menor ainda, pois as crises dificultam cada vez mais o ter, pela falta do emprego, pela redução dos salários, e aí se entrou na fase do "aparentar", aparentar que se é algo, aparentar que se tem alguma coisa. 

Com as crises sucessivas, e para facilitar aos consumidores que continuem consumindo, o mercado vendedor financia carros em 72 meses. Quando o sujeito termina de pagar, 6 anos depois, pagou de 2 e ½ a 3 carros em forma de juros, e terá um carro velho e quase sem valor. Se desejar atualizar a novidade a cada 2 anos, a despesa com juros vai para a estratosfera. 

Atualmente, até aparentar que se tem é difícil. O que gera multidões de frustrados, angustiados e neuróticos. A maioria com altíssimas dívidas nos cartões de crédito e no cheque especial. Se tivéssemos um indicador social de felicidade humana que fosse aceito por todos, não seria difícil medir esse índice de (in) felicidade. A questão é que muitas vezes a gente nem percebe, mas existem esses indicadores, chamam-se tóxicos, alguns legalizados, e outros não, pois há bebida alcoólica, crack, cocaína, maconha, LSD, Viagra (porque impotentes), ansiolíticos, calmantes, Prozacs, estes últimos legalizados e a maconha, agora a pedidos e por passeatas, por legalizar, etc. e etc. E muita neurose. 

ET. O texto de Facundo Cabral, que postei logo a seguir, neste blog, “Uma reflexão extraordinária”, de certa forma mostra o outro lado dessa questão, que também é humano. No meu texto fiz uma análise mais “sociológica”, e também sem a interferência de fatores ideológicos ou políticos.
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terça-feira, 19 de maio de 2009

Uma reflexão extraordinária

por Facundo Cabral 
(Compositor e cantor, argentino, nascido em 1937) enviado para publicação neste blog pela jornalista Bete Cervi, direto de Vila Velha, ES. 

Não estás deprimido, estás distraído...
Distraído em relação à vida que te preenche...
Distraído em relação à vida que te rodeia, Golfinhos, bosques, mares, montanhas, rios. 
Não caias como caiu teu irmão que sofre por um único ser humano, quando existem cinco bilhões e seiscentos milhões no mundo. Além de tudo, não é assim tão ruim viver só. 
Eu fico bem, decidindo a cada instante o que desejo fazer, e graças à solidão conheço-me… o que é fundamental para viver. 

Não faças o que fez teu pai, que se sente velho porque tem setenta anos, e esquece que Moisés comandou o Êxodo aos oitenta e Rubinstein interpretava Chopin com uma maestria sem igual aos noventa, para citar apenas dois casos conhecidos. 
Não estás deprimido, estás distraído. Por isso acreditas que perdeste algo, o que é impossível, porque tudo te foi dado. Não fizeste um só cabelo de tua cabeça, portanto não és dono de coisa alguma. Além disso, a vida não te tira coisas: te liberta de coisas… alivia-te para que possas voar mais alto, para que alcances a plenitude. 

Do útero ao túmulo, vivemos numa escola; por isso, o que chamas de problemas são apenas lições. Não perdeste coisa alguma: Aquele que morre apenas está adiantado em relação a nós, porque todos vamos na mesma direção. E não esqueças que o melhor dele, o amor, continua vivo em teu coração. Não existe a morte... Apenas a mudança. E do outro lado te esperam pessoas maravilhosas: Gandhi, o Arcanjo Miguel, Whitman, Santo Agostinho, Madre Teresa, teu avô e minha mãe, que acreditava que a pobreza está mais próxima do amor, porque o dinheiro nos distrai com coisas demais, e nos machuca, porque nos torna desconfiados. Faz apenas o que amas e serás feliz.

Aquele que faz o que ama, está benditamente condenado ao sucesso, que chegará quando for a hora, porque o que deve ser será, e chegará de forma natural. Não faças coisa alguma por obrigação ou por compromisso, apenas por amor. Então terás plenitude, e nessa plenitude tudo é possível sem esforço, porque és movido pela força natural da vida, a mesma que me ergueu quando caiu o avião que levava minha mulher e minha filha; a mesma que me manteve vivo quando os médicos me deram três ou quatro meses de vida. 

Deus te tornou responsável por um ser humano, que és tu. Deves trazer felicidade e liberdade para ti mesmo. E só então poderás compartilhar a vida verdadeira com todos os outros. 
Lembra-te: "Amarás ao próximo como a ti mesmo". Reconcilia-te contigo, coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que vês, é uma obra de Deus, e decide neste exato momento ser feliz, porque a felicidade é uma aquisição. Aliás, a felicidade não é um direito, mas um dever; porque se não fores feliz, estarás levando amargura para todos os teus vizinhos. 

Um único homem que não possuiu talento e valor para viver, mandou matar seis milhões de judeus, seus irmãos. Existem tantas coisas para experimentar, e a nossa passagem pela terra é tão curta, que sofrer é uma perda de tempo. 

Podemos experimentar a neve no inverno e as flores na primavera, o chocolate de Perusa, a baguette francesa, os tacos mexicanos, o vinho chileno, os mares e os rios, o futebol dos brasileiros, As Mil e Uma Noites, a Divina Comédia, Quixote, Pedro Páramo, os boleros de Manzanero e as poesias de Whitman; a música de Mahler, Mozart, Chopin, Beethoven; as pinturas de Caravaggio, Rembrandt, Velázquez, Picasso e Tamayo, entre tantas maravilhas. 

E se estás com câncer ou AIDS, podem acontecer duas coisas, e ambas são positivas: se a doença ganha, te libertas do corpo que é cheio de processos (tenho fome, tenho frio, tenho sono, tenho vontades, tenho razão, tenho dúvidas)... 

Se tu vences, serás mais humilde, mais agradecido... portanto, facilmente feliz, livre do enorme peso da culpa, da responsabilidade e da vaidade, disposto a viver cada instante profundamente, como deve ser. 

Não estás deprimido, estás desocupado. Ajuda a criança que precisa de ti, ajuda os velhos e os jovens te ajudarão quando for tua vez. Aliás, o serviço prestado é uma forma segura de ser feliz, como é gostar da natureza e cuidar dela para aqueles que virão. Dá sem medida, e receberás sem medida. Ama até que te tornes o ser amado; mais ainda converte-te no próprio Amor. E não te deixes enganar por alguns homicidas e suicidas. O bem é maioria, mas não se percebe porque é silencioso. Uma bomba faz mais barulho que uma caricia, porém, para cada bomba que destrói há milhões de carícias que alimentam a vida. Vale a pena, não é mesmo? 

Se Deus possuísse uma geladeira, teria a tua foto grudada nela. Se ele possuísse uma carteira, tua foto estaria nela. Ele te envia flores a cada primavera. Ele te envia um amanhecer a cada manhã. Cada vez que desejas falar, Ele te escuta. Ele poderia viver em qualquer ponto do Universo, mas escolheu o teu coração. Encara, amigo, Ele está louco por ti! Deus não te prometeu dias sem dor, riso sem tristeza, sol sem chuva, porém Ele prometeu força para cada dia, consolo para as lágrimas, e luz para o caminho. 

Quando a vida te trouxer mil razões para chorar, mostra que tens mil e uma razões para sorrir.
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domingo, 17 de maio de 2009

Emocionante: o puma x o ursinho

por Ana Luiza Barbieri

Embora esteja claro que as imagens e sons são montados, o vídeo é muito legal, porque a montagem / edição criaram uma historinha de suspense que prende a gente do começo ao fim. Um lindo trabalho que merece ser visto. Acompanhe (são apenas 3 minutos), serão fortes emoções...
 se a tela do vídeo "estourar", clique na imagem com a tecla direita do mouse, e aí escolha "mostrar tudo".





http://www.flixxy.com/cougar-vs-bear.htm

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domingo, 10 de maio de 2009

O câncer, em vias de ser curado? Queira Deus que sim.

Richard Jakubaszko 
Tullio Simoncini é um médico oncologista italiano que descobriu algo simples e que considera como a causa do câncer. Chegou a essa conclusão raciocinando, observando e pensando de forma diferente do que pensa a comunidade científica, e sem mistificar, melhor dizendo, sem esconder o jogo, com o objetivo de, depois, “agregar valor aos seus serviços”. 
O médico observou que todo paciente de câncer tem aftas. Isso já era do pleno conhecimento da comunidade médica, mas “o pequeno problema” sempre foi tratado como uma infecção oportunista por fungos – mais conhecida entre os médicos como Candida albicans
Por isso, quem tem alguma noção de medicina ou de como funcionam as defesas do corpo humano, entra em pânico se as chamadas aftas aparecem, invariavelmente na boca. As aftas aparecem não apenas em quem tem câncer, mas também em quem tem AIDS, pois nesta doença o sistema imunológico humano fica altamente comprometido. 
A comunidade científica sempre considerou o aparecimento das aftas, portanto, como reflexo de sistema imunológico comprometido e fragilizado, como nada mais do que uma infecção oportunista, e a tratava como tal, de forma secundária. 
O câncer, na grande maioria das vezes, é a reprodução incontrolada de nossas próprias células, daí as dificuldades de sua cura, pois invariavelmente os tratamentos químicos e radioterápicos são altamente tóxicos ao corpo humano, destroem células doentes e também as sadias, provocam inúmeras reações alérgicas. E não impedem sua proliferação em outras partes do corpo. 

O médico Tullio Simoncini achou muito curioso que todos os tipos de cânceres tivessem essa característica, ou seja, vários são os tipos de tumores, mas quase todos têm em comum o aparecimento das famosas aftas no paciente. Então, pode estar ocorrendo o contrário – pensou ele. A causa do câncer poderia ser o fungo. O raciocínio do médico é cristalino, pois ele argumenta que a reprodução incontrolável das células – o câncer propriamente dito – nada mais seria do que uma defesa de nosso organismo contra o invasor, nesse caso o fungo Cândida albicans. Ou seja, quando se reproduzem as células, o nosso corpo está nos dizendo que está se defendendo. 
É como a febre, e que é tratada como doença, e não a sua causa, geralmente uma infecção por vírus ou bactéria. Mas a febre pode nos matar, ou causar sérios danos, caso não seja controlada. Nesses casos combatem-se os dois problemas, febre e infecção, mas nos casos dos cânceres, não. Só o câncer é tratado, e o fungo recebe terapia secundária onde é visto, geralmente nas mucosas da boca. 
Em abril 2008 publiquei aqui no blog o artigo “Alergia: decifra-me ou te devoro”. O artigo repercutiu de forma surpreendente, ajudou alguns alérgicos a se reconhecerem como tal. A partir da conscientização conseguem minimizar as consequências dos efeitos negativos que o nosso próprio corpo nos infringe. 
Nesse artigo comento o desconhecimento e a não importância dada pela comunidade médica aos fatores alérgicos, e destaco que, pelo menos nas minhas alergias a alimentos, como banana, chocolate, batata, feijão preto, leite e outros alimentos, todos eles são, quando na lavoura, altamente suscetíveis a fungos. 
Diante disso lembrei-me de uma afirmação de um médico octogenário, muitos anos atrás, que me disse que alérgicos dificilmente seriam acometidos por cânceres. Como não existem dados científicos a esse respeito essa afirmação sempre cai no vazio. Mas estou sempre alerta nesta questão. O artigo está no link:
http://richardjakubaszko.blogspot.com/2008/04/alergia-decifra-me-ou-te-devoro.html  

Para tratar o fungo Cândida albicans, e curar o câncer, o médico italiano Tullio Simoncini usa um dos medicamentos mais simples que a farmacoterapia conhece: bicarbonato de sódio. Trata seus pacientes com bicarbonato de sódio, não apenas ingerido, mas aplicado diretamente sobre os tumores, e tem obtido curas completas em 3 a 4 aplicações. 

Para quem se interessar por saber mais nesse assunto clique no link abaixo. O médico fala em italiano, mas tem legenda em espanhol, e nesse site existem muitas informações adicionais sobre o tema. http://www.curenaturalicancro.com/ 
Lá estão os métodos utilizados para aplicação do bicarbonato de sódio sobre os tumores. O médico afirma que quaisquer tumores podem ser curados com esse tratamento simples e barato. Bem que o livro de homeopatia recomenda tratar tumores com borax, que é o remédio homeopático para aftas. Afinal, uma boa notícia em meio a tantas ruins. 

Outros endereços: o vídeo, onde o médico italiano mostra a evolução do tratamento até a completa cura em 4 casos. Mas esse site aparentemente apresenta problemas. 
Nesse caso vá para esse link http://www.cancer-fungus.com/sub-v1pt/sub-pt.html  

Site em Português. Clicando nas bandeirinhas no alto da página muda-se o idioma: http://www.cancerfungus.com/simoncini-cancro-fungo.php#  

Evidentemente o Doutor Tullio Simoncini tem encontrado muitas resistências na comunidade médica internacional, em especial dos laboratórios farmacêuticos, o que seria um espanto se acontecesse o contrário. De toda forma, achei muito verossímil o raciocínio desse italiano. 

Queira Deus que isso seja verdade, iria salvar milhares de vidas e amenizar muito o sofrimento de outro tanto de seres humanos. Tenho, como todo mundo, um pequeno grupo de amigos que batalham contra essa doença, e sofro com eles e por eles, mas nunca perco a esperança.
ET. Existem milhares de páginas no Google se você pesquisar por "Tullio Simoncini".
Outra coisa: para acalmar algumas mulheres que leram o artigo e afirmam ter aftas na boca após o período menstrual, e por isso ficaram preocupadas, informo que muitos médicos consideram isso normal, em especial após uma regra volumosa. Mas é bom pesquisar, evidentemente, se existem repetições frequentes das aftas.
Aproveito para lembrar que não sou médico, sou apenas um jornalista, curioso pelas coisas da vida, que procura se aprofundar nas questões que me chamam a atenção.
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quinta-feira, 7 de maio de 2009

Antigamente era assim... (Agrale)

Richard Jakubaszko
No tempo em que telefone era preto e geladeira era branca, lá pelos anos 60 e 70, conquistar um novo cliente para a agência já era uma tarefa para especialistas. 

Naquela época agências tinham de correr atrás dos novos clientes, eles não entravam toda hora na recepção da agência como candidatos a cliente, e nem telefonavam. Ainda tinha muita empresa, pelo menos no RS, com os famosos cartazes afixados na recepção: “Não atendemos agenciadores de propaganda e não damos esmolas. Não insista, por favor. A Diretoria”.

Vejam essa história para saber como era: corriam os anos 80, eu estava no atendimento da Standard, Ogilvy & Mather em São Paulo, hoje apenas Ogilvy, mas dava suporte na agência para prospectar. Faveco, um especialista em ganhar contas, presidia a Standard na época. 

Um dia encontrei casualmente num restaurante um amigo que era diretor da Agrale Tratores. Conversa vai, conversa vem, sugeriu-me uma apresentação da agência lá em Caxias do Sul – RS, sede da empresa, para toda a diretoria. De certa forma eu era um "diferencial" da agência, pois já era "acusado" e "carimbado" como "especialista em comunicação no agronegócio". 

Dias depois, na véspera de embarcar de SP para Porto Alegre para fazer a apresentação, recebi um memorando (correspondência via malote, a internet ainda não existia... êta, que tempos malucos!!) do Carlos Schneider, então Vice-Presidente da agência lá em Porto Alegre, que me relatava o seguinte fato:
Richard, tudo certo com relação à apresentação para a Agrale. Acho que temos muito a oferecer para eles, de qualidade bem superior à que eles vêm recebendo da atual agência. O fato deles terem sido procurados por 3 agências neste curso espaço de tempo é mais uma prova de que o mercado está sabendo das coisas que só eles não notaram. Por último: esta concorrência a que o teu amigo Carlos Costamilan (então Diretor da Agrale) se referiu deve ter sido feita antes de 77, pois desde que retornei à Standard nunca fomos convidados a nos apresentar para eles. A última vez que o fizemos foi em 1966 ou 67, ainda na Denison de Porto Alegre, quando, junto com o Faveco, fomos à Caxias para solicitar a conta e como tínhamos que levar muita tralha de projetores e telas, o que não cabia nem no meu Fusca e nem no DKW do Faveco, pedi o Galaxie “zero” do meu sogro por empréstimo. 
A apresentação foi ótima, mas não levamos a conta. Soubemos, depois, que o Francisco Stédile tinha dito a amigos em Caxias que a agência era ideal, mas que ele tinha ficado com medo de dar a sua conta para jovens rapazes de Porto Alegre que já tinham um Galaxie do ano, enquanto ele, fundador da Agrale, tinha um Chevrolet 1964. Foi assim“.

Uma pérola, como vimos. A Denison, nos anos 60, onde também trabalhei com o Faveco e o Schneider, não ganhou a conta, e a Standard na minha época, 20 anos depois, também não ganhou a conta, daquela feita porque o rolo de filmes apresentado mostrava “muita sofisticação”, ou seja, comerciais para TV que “deviam ser muito caros”, e ainda “com clientes muito grandes”, e eles queriam uma agência mais pé no chão, como eles. 

O fundador, Francisco Stédile, não mais atuava como Presidente da Agrale, mas deixara ensinamentos aos seus seguidores. O que acabei de contar mostra que a história se repete, com muito mais frequência do que podemos imaginar.
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domingo, 3 de maio de 2009

Gripe suína – o espirro dos porquinhos...

Richard Jakubaszko 
Foi Júlio César, o imperador ícone do Império Romano, quem explicou que, para manter o povo calmo e tranquilo, sem revoltas, bastava dar à plebe pão e circo. Maquiavel, ao que me consta, nada acrescentou nesse milenar aforismo imperial. 

Com a mídia contemporânea tornou-se uma prática comum nos tempos modernos incutir-se medo e pânico à população, para mantê-la quieta e atenta com as desgraças do cotidiano e com suas próprias mazelas. Nem sempre o pão está disponível com a fartura desejada, mas o circo, todavia, está sempre presente, seja no futebol, na inflação ou na crise financeira internacional, nas endemias, na política (quer maior circo do que uma eleição?). 

O medo e o pânico das guerras, o terrorismo internacional, o aquecimento do planeta, o banditismo urbano e rural, e dezenas de outras maldades que enchem as páginas dos jornais e revistas, são antecipadas pelos telejornais, e nos últimos anos via Internet, sendo esta tão escandalosa quanto qualquer um dos outros meios de comunicação. 

É o que acontece com a gripe suína. Mais um pânico que alcançou as manchetes. Começa pelo nome incorreto, injusto e inapropriado, pois bem que poderiam denominá-la, desde o início, de gripe mexicana, afinal foi lá que tudo começou com esse novo vírus A, o H1N1. 
Já tivemos a gripe espanhola no século anterior, esta sim, com um nível de mortalidade que deixaria os mexicanos envergonhados. 

Mas os especialistas da OMS – Organização Mundial da Saúde, estão preocupados com sua performance midiática, deram o nome de gripe suína. 

Pronto, ninguém da mídia contestou ou perguntou porque, afinal já havíamos tido a gripe aviária, e o nome pequeno satisfaz as necessidades, é de fácil comunicação, até porque ninguém iria se preocupar com as centenas de milhares de suinocultores do mundo inteiro. 
Estes já se encontram em pânico, pois a carne de porco começa a ser rejeitada por alguns consumidores menos informados. Alguns países já proíbem a importação de carne suína, outros partem para o sacrifício de centenas de animais, vigiados de perto pela mídia, queimando os pobres porcos e enterrando-os a seguir. 

Não importa que falte a comida, o circo vai em frente e o pânico extremado é contido através dessas ações midiáticas, pois não se pode exagerar. O pânico tem de ser mantido sob controle, caso contrário pode degringolar. 

Leio na Folha de São Paulo, em matéria de Marcelo Ninio, que ”Ainda não há indícios de propagação em grande escala do vírus A (H1N1) fora da América do Norte, afirmou (em 2 de maio) a Organização Mundial da Saúde (OMS), alertando, porém, que uma pandemia do que vinha sendo chamado de gripe suína continua iminente”. 
Ótimo, é bom saber que reduziu, mas ainda é iminente? É, a mídia é assim, faz um carinho com uma mão e dá paulada com a outra! 
Em outras páginas do mesmo jornal, nos telejornais, e também na Internet, a todo o momento, entra um repórter para afirmar que “O Brasil, está agora com quinze suspeitos”. 
Até o ministro Temporão deu entrevista, semana passada, para confirmar que já tínhamos um “suspeito” no Brasil. O jornal O Globo faz piadinha na sua primeira página através de uma charge, com porcos chovendo na cabeça de Lula. Meus Deus! O que é que o urubu tem a ver com as garças? 

Ah! Do lado tem outra matéria, afirmando que o Brasil não está preparado para controlar a gripe suína, e só depois vem o esclarecimento de que agora essa gripe se chama de vírus A, seguida do novo nome H1N1. 

Sim, agora deu para entender, a mídia ideologiza o noticiário, e já vai encontrando culpados. Já o coitado do porco, que nada tem a ver com a história, continua no foco da mídia: gripe suína.

Ao mesmo tempo as lideranças das associações de criadores de suínos do mundo inteiro, inclusive no Brasil, liderados por Pedro de Camargo, já pediram à leviana e inconsequente OMS para mudar o nome da gripe. A OMS concordou, admitiu o erro, mas apenas acrescentou as letrinhas ao lado do já conhecido nome. E a mídia repete em eco... 

Desde ontem o circo da OMS começou a arrefecer no México, os novos números de pessoas contaminadas caíram de forma sensível. Como toda gripe, ou virose, assim como foi a gripe aviária, há um pico inicial e depois amaina. Mas a mídia quer “sangue” e ainda procura novas formas de explorar o tema, manter o medo e o pânico em evidência, afinal isso aumenta a audiência e vende mais jornal. 

Num telejornal da Globo News, que veiculou notícia importada, o repórter da TV canadense “quase” entrevistou um porco, trancado na sua baia em uma fazenda no interior do país. Mal explicou que o porco foi contaminado por humanos... é isso ai!!! É o contrário... 

Aqui no Brasil também tivemos essas demonstrações de criatividade por parte dos repórteres. Quando assisti uma entrevista do governador José Serra, do Estado de São Paulo, lá na Agrishow, em Ribeirão Preto, no dia 27 de abril, fiquei na certeza de que agora a mídia e os políticos estão exagerando. O governador, não esqueçamos, foi ministro da Saúde deste país, e não deveria brincar com essas coisas. Fez piada e ironia com o que chama de “porquinhos”, conseguiu ser mais leviano do que a OMS. 

Demonstrou despreparo como governador para entender a situação, por isso faço sugestão ao seu eficiente secretário da Agricultura, João Sampaio, que é também um produtor rural respeitado, que informe ao governador Serra que ele deve ter perdido todos os futuros e possíveis votos de suinocultores que venham a assistir a essa entrevista. Fez humorismo de péssima qualidade. 

Mas, veja você mesmo, caro leitor, esse lamentável, irônico e inapropriado comentário do candidato a candidato a presidente da república, que já está lá no Youtube, e tire suas próprias conclusões: 

 
A indústria farmacêutica parece ser a grande beneficiária do novo pânico, as pessoas correm aos bandos para comprar nas farmácias os antivirais, de altíssimo custo. Foi assim com a gripe aviária. Foi assim com a febre amarela. A mídia faz um desserviço lamentável aos seus leitores. 

Júlio César tinha razão na questão do circo e do pão. A diferença daqueles tempos é que o circo romano estava no Coliseu, entre gladiadores, e entre feras, comendo cristãos, enquanto o nosso circo contemporâneo é uma tenda mequetrefe de periferia. Pelo andar dessa carruagem eleitoral assistiremos em 2010 a um festival circense de quinta categoria, com todo o apoio da mídia.

Em tempo: hoje, 13 de maio de 2009, portanto muitos dias depois do início dessa "pandemia" que ameaçava dizimar a raça humana, conforme a imprensa, os primeiros casos confirmados começam a deixar os hospitais, e declaram que tiveram uma tosse, alguns mal estares, uma febrezinha de 37.8 graus, ou seja, a gripe suína virou uma marolinha... he, he, he...
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