A revista "O Solo", editada pelo Centro Acadêmico Luiz de Queiroz, de 1909 a 1995, tinha como lema a frase “O Solo é a Pátria, cultivá-lo é engrandecê-la!”. Ao buscar a origem desta frase encontramos a referência no discurso de formatura da turma de 1910 da então Escola Agrícola Prática de Piracicaba, proferido por Arthur Torres Filho, e publicado na Revista "O Solo" número 8, ano 1910.
A Escola Prática Agrícola de Piracicaba completava o número de 74 Engenheiros Agrônomos formados no Estado de São Paulo. Ao ler e reler o substancioso discurso proferido para uma turma com 14 formandos, destacam-se as referências à qualidade dos solos, sustentabilidade e qualidade de vida.
Hoje, passados 100 anos, a sustentabilidade como foco ampliado para a temática ambiental, social e econômica continua presente no cotidiano da sociedade. Nas últimas décadas tivemos a oportunidade de vivenciar e acompanhar eventos nacionais e internacionais que possibilitaram a mudança do cenário da agricultura brasileira e, principalmente, inseriram o Brasil como player mundial na produção de alimentos.
Assistimos a Revolução Verde de Norman Borlaug nos anos 70, a segunda revolução verde que foi a conquista do cerrado, graças à transferência dos resultados de pesquisa, o estabelecimento com sucesso da integração Floresta x Lavoura x Pecuária, e adoção do sistema de semeadura direta, a agricultura com ar e água limpos.
Hoje, a sustentabilidade da produção agrícola e a adequação ambiental são indissociáveis, grandes avanços estão ocorrendo na agropecuária brasileira. Para continuarmos crescendo e nos firmarmos nas posições de liderança da produção, o Brasil precisa também posicionar-se na liderança da implantação de ações de sustentabilidade e, para tanto, retomamos a frase do inicio deste texto: "O Solo é a Pátria, cultivá-lo é engrandecê-la", porém para nos ajustarmos às demandas da sustentabilidade, devemos empenhar todos os nossos esforços para que possamos dizer com orgulho que: “O Solo é a Pátria, cultivá-lo e conservá-lo é engrandecê-la e garante a sustentabilidade e a vida”.
* O autor é Engenheiro Agrônomo, Vice-Reitor Executivo de Administação da USP e Professor da ESALQ
Presidente da Fundação Agrisus
Membro do Conselho Cientifico para Agricultura Sustentável - CCAS
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UM TEMA RELEVANTE
ResponderExcluirCom a aproximação da Rio + 20, uma vez mais a onda do “aquecimento global” se levanta na mídia brasileira e internacional. Governos e ONGs preparam seus arsenais para se digladiarem em prol de uma “economia verde” ou de uma “economia de baixo carbono”.
Debates acalorados, com recheios ideológicos e com os conhecidos temperos políticos completam o espetáculo.
Enquanto isso... – o mundo real roda lá fora – a falta de segurança, a infraestrutura em frangalhos, a saúde na miséria.
A necessidade de se produzir mais alimentos para uma população eminentemente urbana (fala-se de que será preciso aumentar a produção de alimentos em cerca de 70% até o ano 2050), a necessidade de se garantir renda para que o produtor de alimentos permaneça produtor de alimentos, de se controlar a poluição dos recursos hídricos e a erosão do solo, de se investir em mais pesquisa agropecuária e em capacitação de pessoas para participar desse grande negócio que é o agronegócio - gerador de saúde, empregos e riqueza. Isso? Isso torna-se secundário aos olhos dos tomadores de decisão nos diversos níveis de governo – também, esses temas nem rendem espaço na mídia! Nem proporcionam viagens internacionais! Ora bolas... cuidemos dos gases de efeito estufa!
Maurício Carvalho de Oliveira
Engenheiro Agrônomo