Luiz Carlos Baldicero Molion, PhD
A radiação solar atravessa as camadas da atmosfera e boa parte dela é absorvida pela superfície terrestre, que se aquece. Esta, por sua vez, emite radiação infravermelha (IV) que é absorvida por gases constituintes minoritários da atmosfera, como vapor d’água, gás carbônico (CO2) e metano (CH4), os chamados gases de efeito-estufa (GEE), e re-emitida em direção à superfície Essa é a definição do efeito-estufa e seria a explicação para o ar adjacente à superfície ser mais quente que o das camadas superiores da atmosfera. Assim sendo, quanto maior a concentração dos GEE, maior seria a absorção da radiação IV emitida pela superfície e mais quente ficaria o planeta. Ou seja, maior injeção de CO2 e CH4 na atmosfera tenderia a intensificar o efeito-estufa, que é o argumento fundamental do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (sigla em Inglês: IPCC) para justificar que foram as emissões de carbono, procedentes da queima de combustíveis fósseis e de florestas tropicais, responsáveis pelo aquecimento global observado nos últimos 50 anos.
A radiação solar atravessa as camadas da atmosfera e boa parte dela é absorvida pela superfície terrestre, que se aquece. Esta, por sua vez, emite radiação infravermelha (IV) que é absorvida por gases constituintes minoritários da atmosfera, como vapor d’água, gás carbônico (CO2) e metano (CH4), os chamados gases de efeito-estufa (GEE), e re-emitida em direção à superfície Essa é a definição do efeito-estufa e seria a explicação para o ar adjacente à superfície ser mais quente que o das camadas superiores da atmosfera. Assim sendo, quanto maior a concentração dos GEE, maior seria a absorção da radiação IV emitida pela superfície e mais quente ficaria o planeta. Ou seja, maior injeção de CO2 e CH4 na atmosfera tenderia a intensificar o efeito-estufa, que é o argumento fundamental do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (sigla em Inglês: IPCC) para justificar que foram as emissões de carbono, procedentes da queima de combustíveis fósseis e de florestas tropicais, responsáveis pelo aquecimento global observado nos últimos 50 anos.
Essa afirmação é questionável !
As análises das bolhas de ar aprisionadas no gelo de Vostok (Antártica) revelaram que as temperaturas dos interglaciais de 130 mil, 240 mil e 340 mil anos atrás estiveram 6°C a 10°C mais elevadas que as atuais, porém as concentrações de CO2 eram inferiores a 300 partes por milhão (ppm). Nos últimos 150 anos, registros de temperatura indicaram que temperaturas mais altas ocorreram na década de 1930, também com concentrações de CO2 inferiores a 300 ppm. Devido à intensificação da atividade industrial pós-guerra, as emissões de CO2 aumentaram significativamente entre 1945 e 1976, porém a temperatura média global diminuiu nesse período. A temperatura global aumentou a partir daquele último ano, mas, desde 1998, a temperatura tem se mantido estável, embora a concentração de CO2 tenha aumentado gradativamente atingindo 390 ppm. Como se pode perceber, a temperatura global não é controlada pelo CO2 e, sim, o contrário, a concentração de CO2 no ar aumenta depois de a temperatura do ar aumentar.
Os fluxos
naturais de CO2, dos oceanos, vegetação e solos para a atmosfera,
estão estimados em 200 bilhões de
toneladas de carbono por ano (GtC/a), com uma incerteza de ± 40 GtC/a (±20%). As atividades humanas emitem
cerca de 7 GtC/a, ou seja, cerca de 3% dos fluxos naturais. Portanto, as
emissões antrópicas globais são ínfimas, desprezíveis em face da incerteza
quanto aos fluxos naturais. Segundo o inventário brasileiro de GEE (MCT, 2009),
estima-se que tenham sido emitidas 0,6 GtC/a em 2005, ou seja, 8,6% dos fluxos antrópicos. Desses, foi
dito que 80% foram provenientes das atividades agrícolas e mudanças no uso dos
solos em todo território nacional, dos quais 58% foram a parcela de mudanças no
uso da terra e florestas, correspondente a 0,35 GtC/a, isto é, cerca de 5% das
emissões antrópicas em todo planeta. Esse número está superestimado, pois
utiliza uma densidade de biomassa da floresta igual a 430 toneladas por hectare (t/ha), quando a região que está mais
sujeita ao desmatamento, o sul da Amazônia, tem uma densidade de biomassa de 150 t/ha,
ou menor.
Portanto, um número mais próximo da realidade, admitindo que a área
desmatada tenha sido estimada corretamente e 100% de eficiência na queima e
emissão de carbono, que é irreal, teria sido 0,12 GtC/a, um terço da estimativa
publicada. Segundo o INPE/MCT, em 2005, a área desmatada foi 18 mil km2 e,
em 2010, foi inferior a 7 mil km2.
Mesmo considerando os valores
superestimados, as emissões amazônicas deveriam ter sido reduzidas,
proporcionalmente, a 40% das emissões estimadas oficialmente em 2005
(0,14GtC/a), ou seja, 2% dos fluxos
emitidos pelas atividades humanas. A estimativa seria ainda menor se for
considerado que a maior parte do carbono está nas grandes árvores, que não são
queimadas e, sim, retiradas e vendidas. E o mercado consumidor é externo ao
país: Oriente, UE e EEUU! Mencione-se,
de passagem, que as emissões globais de carbono aumentaram de 5,9% em 2010.
É de
conhecimento geral que a Floresta Amazônica viva, com seus 550 milhões de
hectares, retira da atmosfera, por meio da fotossíntese, pelo menos 10% de todo
carbono emitido pelas atividades humanas (0,7GtC/a), contra uma estimativa
realista de emissão por queimadas de 0,7% (0,05GtC / 7GtC), um saldo deveras
positivo que não tem sido considerado em acordos internacionais como o
Protocolo de Kyoto, por exemplo.
Deve-se
acabar com o desmatamento, não pelo CO2
que as queimadas injetam na atmosfera, pois o CO2 não é um gás
poluente ou tóxico, não controla a temperatura global e não pode provocar
mudanças climáticas. Mas, sim, pela perda de biodiversidade dessa floresta e pelo
impacto que o desmatamento causa ao meio ambiente local, em particular a erosão
dos solos e o assoreamento dos rios, mudando a qualidade da água e da vida
aquática. É importante reafirmar que não se deve confundir mudanças climáticas
com conservação ambiental. Esta é extremamente necessária para a sobrevivência
da espécie humana no Planeta, independente de seu clima se aquecer ou se
resfriar!
* Luiz Carlos Baldicero Molion Luiz Carlos Baldicero Molion é bacharel em Física pela USP e doutor em Meteorologia – e Proteção Ambiental, como campo secundário – pela Universidade de Wisconsin, Estados Unidos. Concluiu seu pós-doutorado no Instituto de Hidrologia, em Wallingford, Inglaterra, em 1982, na área de Hidrologia de Florestas. É associado do Wissenschaftskolleg zu Berlin (Instituto de Estudos Avançados de Berlim), Alemanha, onde trabalhou como pesquisador visitante de 1989 a 1990.
Molion tem mais de 30 artigos publicados em revistas e livros estrangeiros e mais de 80 artigos em revistas nacionais e congressos, em particular sobre impactos do desmatamento da Amazônia no clima; climatologia e hidrologia da Amazônia; causas e previsibilidade das secas do Nordeste; mudanças climáticas globais e regionais; camada de ozônio e fontes de energias renováveis. Foi cientista-chefe nacional de dois experimentos com a NASA sobre a Amazônia. Aposentou-se do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/MCT), onde foi diretor de Ciências Espaciais e Atmosféricas, como Pesquisador Titular III. Entre 1990 e 1992, foi presidente da Fundação para Estudos Avançados no Trópico Úmido (UNITROP), Governo do Estado do Amazonas, em Manaus, onde desenvolveu pesquisas sobre desenvolvimento sustentado, em particular o biodiesel, combustivel renovável feito de óleos de palmáceas nativas.
* Luiz Carlos Baldicero Molion Luiz Carlos Baldicero Molion é bacharel em Física pela USP e doutor em Meteorologia – e Proteção Ambiental, como campo secundário – pela Universidade de Wisconsin, Estados Unidos. Concluiu seu pós-doutorado no Instituto de Hidrologia, em Wallingford, Inglaterra, em 1982, na área de Hidrologia de Florestas. É associado do Wissenschaftskolleg zu Berlin (Instituto de Estudos Avançados de Berlim), Alemanha, onde trabalhou como pesquisador visitante de 1989 a 1990.
Molion tem mais de 30 artigos publicados em revistas e livros estrangeiros e mais de 80 artigos em revistas nacionais e congressos, em particular sobre impactos do desmatamento da Amazônia no clima; climatologia e hidrologia da Amazônia; causas e previsibilidade das secas do Nordeste; mudanças climáticas globais e regionais; camada de ozônio e fontes de energias renováveis. Foi cientista-chefe nacional de dois experimentos com a NASA sobre a Amazônia. Aposentou-se do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE/MCT), onde foi diretor de Ciências Espaciais e Atmosféricas, como Pesquisador Titular III. Entre 1990 e 1992, foi presidente da Fundação para Estudos Avançados no Trópico Úmido (UNITROP), Governo do Estado do Amazonas, em Manaus, onde desenvolveu pesquisas sobre desenvolvimento sustentado, em particular o biodiesel, combustivel renovável feito de óleos de palmáceas nativas.
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