Richard Jakubaszko
Entretanto, é inegável reconhecer que o Vaticano é a única instituição humana que permanece em pé, mesmo depois de dois mil anos de existência, amparado por inúmeros dogmas incrustados em forma de conceitos numa fisolofia monolítica, ao qual se agregaram idiossincrasias humanas polêmicas e centenárias, como a obrigatoriedade do celibato, entre outros.
Ratzinger é agora um peregrino, deixou de usar a capa papal em seus ombros (a esclavatina), não exibe mais o anel do pescador, tampouco a faixa com o escudo de armas (a fascia), ou as sandálias (na verdade, sapatos Prada) vermelhas do pescador, que simbolizam o sangue de Cristo. De agora em diante seus sapatos serão da cor marrom. Ratzinger teve um papado tumultuado e conflituoso, sem carisma junto ao povo, especialmente italianos, mas também entre os brasileiros.
Teremos um novo Papa, talvez antes do final deste mês de Março.
Antes de se retirar para a clausura em Castel Gandolfo, Ratzinger fez uma faxina providencial no clero, mas ninguém sabe se foi extensa o suficiente para que possa determinar novos rumos para a ainda poderosa Igreja Católica Apostólica Romana.
Ratzinger é rotulado como um intelectual de sólida formação, um pastor político e ardiloso, e especula-se que sua renúncia, planejada há meses, reuniria forças e estratégias para, à distância do poder, desmanchar a intrincada e poderosa teia de corrupção e malfeitos armada à sua volta. De outro lado ele é também acusado de ser um farsante reacionário, cúmplice indireto e até mesmo avalista de toda a corrupção e pederastia que está instalada há séculos dentro da igreja. A omissão, no caso, implicava em não reconhecer a existência dos problemas, para evitar indenizações milionárias, que levariam o Vaticano à bancarrota. Ao mesmo tempo, há até quem diga que sua saída do poder deveu-se ao aparecimento de alguns sinais indicadores e inequívocos do Mal de Alzheimer.
Indiscutivelmente, há um silêncio sepulcral que envolve a Santa Sé, há uma indisfarçável sensação de que por detrás da renúncia houve algo escandaloso e comprometedor, que exala um cheiro fétido de chantagem. Nada mais político, portanto, do que uma inesperada e bombástica renúncia, pois um Papa sujeito a chantagens não possui os predicados adequados para liderar a Igreja, bem como o de ser o paradigma do mito da infalibilidade e de exercer ainda a função de porta-voz do Divino. Como já se disse em tempos remotos, fica a imagem de um Papa que desejou mover certas peças do xadrez e acabou por derrubar o tabuleiro, eis que estaria fragilizado. Ou então, que chutou o pau da barraca, um ato humano e político, inteligente, premeditado, tendo sido este o seu principal lance, profundo e surpreendente.
Afinal, qual a verdade desta intrincada batalha que a imprensa nos traz em forma de notícias, sempre trabalhando com hipóteses? Cada um de nós pode construir uma teoria conspiratória, muitas delas encherão os futuros livros de história, e nenhuma hipótese será comprovável. Tudo ficará secreto e insondável conforme registra a história, de Pedro até Bórgia, e de Bórgia a Bento XVI.
Após o conclave para a eleição do novo Papa retomar-se-ão os debates sobre o próximo evento do fim do mundo, conforme mostrei no post anterior, eis que São Malaquias se apresenta redivivo em sua profecia secular de que o próximo Papa será o último, antecedendo o início do fim dos tempos. Leia o post e assista o vídeo neste link: http://richardjakubaszko.blogspot.com.br/2013/02/papa-bento-xvi-vai-se-aposentar.html
Richard,
ResponderExcluirseu texto é primoroso com uma excepcional análise da complicada questão política da Igreja.
Sou católico e tenho tido vergonha de explicar aos meus filhos, de 12 e 14 anos, o que é essa vergonhosa ação da pederastia dos padres.
Parabéns!
José Carlos
Sou católica, e crítica, em relação ao comportamento de alguns padres, mas pelo amor de Deus! Não julguem, e nem condenem, é injusto, a instituição Igreja Católica, por causa de 50 ou 100 padres pedófilos, mundo afora, que sejam 1.000, é uma ninharia perto dos mais de 250 mil padres (cálculos oficiosos...) existentes no mundo.
ResponderExcluirMaria Conceição Prestiak, Ponta Grossa-PR