terça-feira, 3 de outubro de 2017
Desenvolvimento rural como instrumento para mudar o futuro das imigrações
Alan Bojanic *
Conflitos políticos e civis, instabilidades econômicas e sociais, essa é a realidade enfrentada em alguns países, principalmente na África. Esse cenário tem feito com que milhões de pessoas tenham que deixar suas casas em busca de sobrevivência. A expressiva imigração vista na atualidade não era registrada desde a Segunda Guerra Mundial.
Diante desse quadro, a FAO decidiu debater o tema da imigração em sua data mais importante que é o Dia Mundial da Alimentação (DMA), celebrado em 16 de outubro, data que marca também a criação da FAO em 1945. A Organização estabeleceu o tema: Mudar o futuro da imigração, investir em segurança alimentar e desenvolvimento rural.
Em 2015 foram registrados 244 milhões de imigrantes internacionais, 40% a mais que no ano 2000. Um terço dos imigrantes tem entre 15 e 34 anos, sendo que quase a metade são mulheres. A maioria dos imigrantes é de países do Oriente Médio, do norte da África, da Ásia Central, da América Latina e do leste europeu. Mais de 65 milhões de pessoas em todo mundo foram deslocadas à força devido a conflitos e perseguições, sendo mais de 21 milhões de refugiados, três milhões asilados e mais de 40 milhões de pessoas se deslocaram internamente dentro do próprio país.
Outro fator que tem contribuído para o aumento do processo migratório são as consequências geradas pela fome, pobreza, fenômenos meteorológicos e geológicos. Somente em 2015, mais de 19 milhões de pessoas tiveram que deixar seus lares devido a desastres naturais. Entre 2008 e 2015, uma média de 26 milhões de pessoas por ano perderam suas casas em decorrência de catástrofes climáticas ou geológicas em várias partes do mundo.
Quando se analisa a região da América Latina a situação não é diferente. Dados mais recentes apontam que cerca de 30 milhões de latino-americanos e caribenhos moram em países diferentes do local de nascimento, o que representa 4% da população total da região. Argentina, Costa Rica e República Dominicana são os países que apresentam os maiores volumes de imigrantes regionais.
Em todos os casos a alimentação e a agricultura seguem sendo fundamentais para o bem-estar das pessoas e estão vinculadas as causas pelas quais muitas pessoas emigram para outras partes, principalmente os moradores de áreas rurais.
Mais de 75% dos pobres do mundo e da população exposta à insegurança alimentar vivem em áreas rurais, a maioria depende da agricultura e de meios de vida baseados em recursos naturais que muitas vezes não oferecem os elementos necessários para manter essas pessoas no campo.
Investir em desenvolvimento rural sustentável, adaptação às mudanças climáticas e meios de subsistência resilientes em áreas rurais, é uma parte importante da resposta mundial ao atual desafio migratório.
Caminho para uma imigração segura, ordenada e regular
É necessário criar condições que permitam que essas pessoas permaneçam em suas casas. Investir em desenvolvimento rural pode ser um importante caminho no processo de equilibrar as imigrações. Além disso, garantir o desenvolvimento rural significa maior segurança alimentar, meios de vida mais resilientes, melhor acesso à proteção social, redução de conflitos sobre os recursos naturais e soluções para a degradação do meio ambiente.
Como ação concreta a FAO tem dialogado com os governos, outras agências das Nações Unidas, o setor privado, a sociedade civil, com o objetivo de gerar evidências sobre os padrões migratórios, além de fortalecer a capacidade dos países em abordar a migração mediante políticas de desenvolvimento rural.
O tema do DMA também tem uma importante ligação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), aprovados em 2015 pelos países que integram a ONU. O desafio consiste em abordar os fatores estruturais dos grandes movimentos populacionais para tornar a migração segura, ordenada e regular. Sendo assim, a migração pode contribuir para o crescimento econômico e melhorar a segurança alimentar e os meios de subsistência rurais, favorecendo o progresso dos países para alcançar os ODS.
O caso brasileiro: um olhar no caminho inverso do êxodo rural
As décadas de 1960 e 1980 registraram a maior saída do campo para a cidade. Já nos anos 2000 as migrações caíram consideravelmente. Dados do censo demográfico de 2010 do IBGE revelaram que a taxa de migração campo-cidade por ano era de 1,31% no início dos anos 2000 e caiu para 0,65% em 2010.
Diversos fatores motivaram essa queda, entre eles, a aprovação de políticas sociais e de investimentos voltados para os pequenos agricultores, os novos recursos tecnológicos, o surgimento de máquinas e suplementos de altos valor e potência e melhorias nas condições de comercialização.
A agricultura brasileira tem-se destacado entre os setores econômicos do país, claro que há desafios a serem superados como é o caso da infraestrutura, o escoamento das safras e mecanismos de armazenagem. No entanto, conseguir manter os agricultores em suas propriedades é essencial para a continuidade dos bons resultados nacionais.
* o autor é representante da FAO no Brasil
.
Conflitos políticos e civis, instabilidades econômicas e sociais, essa é a realidade enfrentada em alguns países, principalmente na África. Esse cenário tem feito com que milhões de pessoas tenham que deixar suas casas em busca de sobrevivência. A expressiva imigração vista na atualidade não era registrada desde a Segunda Guerra Mundial.
Diante desse quadro, a FAO decidiu debater o tema da imigração em sua data mais importante que é o Dia Mundial da Alimentação (DMA), celebrado em 16 de outubro, data que marca também a criação da FAO em 1945. A Organização estabeleceu o tema: Mudar o futuro da imigração, investir em segurança alimentar e desenvolvimento rural.
Em 2015 foram registrados 244 milhões de imigrantes internacionais, 40% a mais que no ano 2000. Um terço dos imigrantes tem entre 15 e 34 anos, sendo que quase a metade são mulheres. A maioria dos imigrantes é de países do Oriente Médio, do norte da África, da Ásia Central, da América Latina e do leste europeu. Mais de 65 milhões de pessoas em todo mundo foram deslocadas à força devido a conflitos e perseguições, sendo mais de 21 milhões de refugiados, três milhões asilados e mais de 40 milhões de pessoas se deslocaram internamente dentro do próprio país.
Outro fator que tem contribuído para o aumento do processo migratório são as consequências geradas pela fome, pobreza, fenômenos meteorológicos e geológicos. Somente em 2015, mais de 19 milhões de pessoas tiveram que deixar seus lares devido a desastres naturais. Entre 2008 e 2015, uma média de 26 milhões de pessoas por ano perderam suas casas em decorrência de catástrofes climáticas ou geológicas em várias partes do mundo.
Quando se analisa a região da América Latina a situação não é diferente. Dados mais recentes apontam que cerca de 30 milhões de latino-americanos e caribenhos moram em países diferentes do local de nascimento, o que representa 4% da população total da região. Argentina, Costa Rica e República Dominicana são os países que apresentam os maiores volumes de imigrantes regionais.
Em todos os casos a alimentação e a agricultura seguem sendo fundamentais para o bem-estar das pessoas e estão vinculadas as causas pelas quais muitas pessoas emigram para outras partes, principalmente os moradores de áreas rurais.
Mais de 75% dos pobres do mundo e da população exposta à insegurança alimentar vivem em áreas rurais, a maioria depende da agricultura e de meios de vida baseados em recursos naturais que muitas vezes não oferecem os elementos necessários para manter essas pessoas no campo.
Investir em desenvolvimento rural sustentável, adaptação às mudanças climáticas e meios de subsistência resilientes em áreas rurais, é uma parte importante da resposta mundial ao atual desafio migratório.
Caminho para uma imigração segura, ordenada e regular
É necessário criar condições que permitam que essas pessoas permaneçam em suas casas. Investir em desenvolvimento rural pode ser um importante caminho no processo de equilibrar as imigrações. Além disso, garantir o desenvolvimento rural significa maior segurança alimentar, meios de vida mais resilientes, melhor acesso à proteção social, redução de conflitos sobre os recursos naturais e soluções para a degradação do meio ambiente.
Como ação concreta a FAO tem dialogado com os governos, outras agências das Nações Unidas, o setor privado, a sociedade civil, com o objetivo de gerar evidências sobre os padrões migratórios, além de fortalecer a capacidade dos países em abordar a migração mediante políticas de desenvolvimento rural.
O tema do DMA também tem uma importante ligação com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS), aprovados em 2015 pelos países que integram a ONU. O desafio consiste em abordar os fatores estruturais dos grandes movimentos populacionais para tornar a migração segura, ordenada e regular. Sendo assim, a migração pode contribuir para o crescimento econômico e melhorar a segurança alimentar e os meios de subsistência rurais, favorecendo o progresso dos países para alcançar os ODS.
O caso brasileiro: um olhar no caminho inverso do êxodo rural
As décadas de 1960 e 1980 registraram a maior saída do campo para a cidade. Já nos anos 2000 as migrações caíram consideravelmente. Dados do censo demográfico de 2010 do IBGE revelaram que a taxa de migração campo-cidade por ano era de 1,31% no início dos anos 2000 e caiu para 0,65% em 2010.
Diversos fatores motivaram essa queda, entre eles, a aprovação de políticas sociais e de investimentos voltados para os pequenos agricultores, os novos recursos tecnológicos, o surgimento de máquinas e suplementos de altos valor e potência e melhorias nas condições de comercialização.
A agricultura brasileira tem-se destacado entre os setores econômicos do país, claro que há desafios a serem superados como é o caso da infraestrutura, o escoamento das safras e mecanismos de armazenagem. No entanto, conseguir manter os agricultores em suas propriedades é essencial para a continuidade dos bons resultados nacionais.
* o autor é representante da FAO no Brasil
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2 comentários:
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Puxa vida! Como ser petista é ser barango e como o PT é bregaço!:
ResponderExcluirPT adora mau gosto e cultua bandido.
Recuperamo-nos aos pouco cá no Brasil: Mas não se tem saúde política se não se começar pelo
indivíduo consigo mesmo e o Estado pela educação robusta e autônoma. Por bom tempo o nosso problema foi exatamente o sufocante autoritarismo do PT.
Mas em 2016 tivemos enorme alívio. Nos libertamos da adstringente ideologia petista através de criativos movimentos de rua no ano passado. O Movimento Brasil Livre [MBL] teve seu papel empírico, em 2016!, fazendo jus ao nome da sigla, sem dúvida. A diminuição do poder vigarista do PT com a saída de Dilma foi fortemente permitido devido ao MBL.
Empírico, corajoso e pragmatista, o Arthur do “Mamãe Falei” ajudou a desconstruir o discurso ideológico do PT pelo método socrático.
Pelo menos MBL e Arthur lutam contra o lixaço da doutrina petista (conhecida como petismo), lutam contra o brega, o barangismo petista, o mau gosto, o barangão do sertanejo universitário do petismo [criação da Era Dilma-Lula], o cafona e lutaram contra o autoritarismo sufocante do PT e o Kitsch.
«No reino do kitsch se pratica a ditadura do coração.» (Milan Kundera.).
Ô João Luiz,
Excluirquem escreveu este artigo foi o representante da FAO no Brasil, o boliviano Alan Bojanic, um engenheiro agrônomo. Tá xingando ele de petista? Eita! Cê tá viajando na maionese, né não?
Ou será que vc é um troll eletrônico?
Era só o que estava me faltando, o cara não debate, mas critica, xinga, tem falsos moralismos acusatórios e ainda elogia essa escória do MBL, um lixo financiado pela extrema direita americana...