sexta-feira, 27 de abril de 2018
Sertão – seca – sagas.
Carlos Eduardo Florence *
O moço Cadinho ouviu cadenciado o silêncio para não assustar a tristeza. O cachorro latiu mesmo embaixo da escada do alpendre. Atendeu hora de o preá caçar água na bica da barrica cortada, como era correta sua hora de beber água na barrica cortada e gostava o preá, onde a barrica atendia. Pastaria ressecada até o pé da serra antes da catinga se pôr a dar conta de subir, arranhando os socavãos das grotas, desmedir espigão, entreolhar só os vazios de onde se pendiam as vistas melhores para deus desolhar as cismas. Um urubu voejou curto, meditativo, deixou a preguiça sobre o moirão da porteira da entrada do curral onde conversava com suas indiferenças antes de sair à procura do nada, ocupar o vazio deixado pelo carcará medroso da ameaça do peste e neste improviso desgarrou do cocho quebrado onde assentara primeiro e procurou, contra feitado, ponto outro como seu temperamento preferiu para sossegar nas suas conveniências.
O calor pertencia, riscado, poeira vadiava os chãos disfarçando as ranhuras. Cadinho repetiu as dúvidas enquanto inventava outras teimas nas ideias. O cachorro latiu embaixo mesmo da escada do alpendre. Acudia hora de o preá caçar água na bica da barrica cortada, como era correta sua hora de beber água, na barrica cortada, como gostava o preá, àquela hora, de beber água na barrica cortada. Se fazia urgência, Jupitão testemunhou, atendeu recado, era prestimoso das horas, aprumou, pasmou esgrouvinhado ao levantar, estirou as pernas frias, doloridas, sem embalos desde manhã, carcomidas nas melancolias na mesma cadeira. Jupitão saldou para si, pois os mais não interessavam, salvo Seu Vazinho, repetiu, repetente –“O cachorro latiu embaixo mesmo da escada do alpendre. Atendeu hora do preá caçar água na bica da barrica cortada, como é correta sua hora de beber água na barrica cortada, como gosta o preá, onde a barrica fica. Assim, o senhor, Seu Vazinho, carece tomar café e pitar. Vou servir o senhor, Seu Vazinho”. Estendeu Jupitão a caneca de café meio frio ao Seu Vazinho, que condescendeu sem euforias, acendeu o cigarro de palha, pigarreou mesmices, articulou o verbo, pensou, disse, sem falar, esperando os apaziguados se darem.
Era a essência de Seu Vazinho desmilinguido em si mesmo a espera do nada e Jupitão calou para o resto das conversas até ir dormir sem outras prosas. Não estava assim para entretantos, o homem, pois cansou das ideias faladas, não disse mais, tanto que enviesara por ser Jupitão do São Alepro do Jurucuí Açu, peão carregado de competências, amansador de cavalo, o melhor homem para acertar boca de animal, foi, não era mais, mas desmediu de querer viver, suspendeu a vontade de sorrir, assentou no silêncio, ficou. E tudo se deu, pois o cachorro latiu embaixo mesmo da escada do alpendre, quando viu a hora do preá beber água, quieto, sem desmentir medo do latido, o urubu se acomodou no cocho, lugar do carcará, que assentou mais longe no moirão da porteira, sem saber por que o vento não carregava mais as chuvas novas como as coisas deveriam ser.
O sertão, que tinha estas sobre valências, se alongou nas premissas e nada mudou até o sol cansar de queimar as mágoas que sobraram das secas castigadas.
* o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo da AMA – Associação dos Misturadores de Adubos.
Publicado no https://carloseduardoflorence.blogspot.com.br/
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O moço Cadinho ouviu cadenciado o silêncio para não assustar a tristeza. O cachorro latiu mesmo embaixo da escada do alpendre. Atendeu hora de o preá caçar água na bica da barrica cortada, como era correta sua hora de beber água na barrica cortada e gostava o preá, onde a barrica atendia. Pastaria ressecada até o pé da serra antes da catinga se pôr a dar conta de subir, arranhando os socavãos das grotas, desmedir espigão, entreolhar só os vazios de onde se pendiam as vistas melhores para deus desolhar as cismas. Um urubu voejou curto, meditativo, deixou a preguiça sobre o moirão da porteira da entrada do curral onde conversava com suas indiferenças antes de sair à procura do nada, ocupar o vazio deixado pelo carcará medroso da ameaça do peste e neste improviso desgarrou do cocho quebrado onde assentara primeiro e procurou, contra feitado, ponto outro como seu temperamento preferiu para sossegar nas suas conveniências.
O calor pertencia, riscado, poeira vadiava os chãos disfarçando as ranhuras. Cadinho repetiu as dúvidas enquanto inventava outras teimas nas ideias. O cachorro latiu embaixo mesmo da escada do alpendre. Acudia hora de o preá caçar água na bica da barrica cortada, como era correta sua hora de beber água, na barrica cortada, como gostava o preá, àquela hora, de beber água na barrica cortada. Se fazia urgência, Jupitão testemunhou, atendeu recado, era prestimoso das horas, aprumou, pasmou esgrouvinhado ao levantar, estirou as pernas frias, doloridas, sem embalos desde manhã, carcomidas nas melancolias na mesma cadeira. Jupitão saldou para si, pois os mais não interessavam, salvo Seu Vazinho, repetiu, repetente –“O cachorro latiu embaixo mesmo da escada do alpendre. Atendeu hora do preá caçar água na bica da barrica cortada, como é correta sua hora de beber água na barrica cortada, como gosta o preá, onde a barrica fica. Assim, o senhor, Seu Vazinho, carece tomar café e pitar. Vou servir o senhor, Seu Vazinho”. Estendeu Jupitão a caneca de café meio frio ao Seu Vazinho, que condescendeu sem euforias, acendeu o cigarro de palha, pigarreou mesmices, articulou o verbo, pensou, disse, sem falar, esperando os apaziguados se darem.
Era a essência de Seu Vazinho desmilinguido em si mesmo a espera do nada e Jupitão calou para o resto das conversas até ir dormir sem outras prosas. Não estava assim para entretantos, o homem, pois cansou das ideias faladas, não disse mais, tanto que enviesara por ser Jupitão do São Alepro do Jurucuí Açu, peão carregado de competências, amansador de cavalo, o melhor homem para acertar boca de animal, foi, não era mais, mas desmediu de querer viver, suspendeu a vontade de sorrir, assentou no silêncio, ficou. E tudo se deu, pois o cachorro latiu embaixo mesmo da escada do alpendre, quando viu a hora do preá beber água, quieto, sem desmentir medo do latido, o urubu se acomodou no cocho, lugar do carcará, que assentou mais longe no moirão da porteira, sem saber por que o vento não carregava mais as chuvas novas como as coisas deveriam ser.
O sertão, que tinha estas sobre valências, se alongou nas premissas e nada mudou até o sol cansar de queimar as mágoas que sobraram das secas castigadas.
* o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo da AMA – Associação dos Misturadores de Adubos.
Publicado no https://carloseduardoflorence.blogspot.com.br/
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Um comentário:
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Caro Richard
ResponderExcluirMais uma vez muito obrigado por publicar minha crônica no seu Blog que sempre traz dados e notícias inusitados.
Sds.
Florence