segunda-feira, 16 de março de 2020

A última imbecilidade dos ambientalistas...

Richard Jakubaszko 
O economista e ex-deputado federal Luiz Antonio Fayet * enviou-me e-mail recebido do Comandante Mathuiy, da Marinha do Brasil, sobre proposta feita por ambientalistas da Dinamarca, Alemanha e França. A proposta tem ares de seriedade e "objetivos nobres", como a de reduzir a emissão de gases de efeito estufa (GEE), o conhecido CO2, e que registra mais uma imbecilidade dos ativistas verdes europeus, na forma de tarifa não alfandegária para restringir nossas exportações.


Depois do e-mail do Comandante Mathuiy, que reproduzo a seguir, há a resposta de Fayet ao Comandante.

Redução da velocidade das embarcações ISWG-GHG7/2/9 e 7/2/20 - Dinamarca, França e Alemanha

Prezadas e prezados,
Transmito apenso dois documentos submetidos pela Dinamarca, França e Alemanha para a próxima reunião do Grupo de Trabalho interssessional sobre GHG (ISWG-GHG7, de 23 a 27/MAR), que antecederá o Comitê de Proteção ao Meio Ambiente Marinho (MEPC75, de 30 a 03/ABR).

Como é do conhecimento de todos este ano e no próximo deverão ser adotadas as medidas de curto prazo para a redução das emissões de CO2, a fim de serem implementadas a partir de 2023. Nesse contexto, conforme aprovado no MEPC74, as medidas devem ser baseadas em metas e não em medidas prescritivas. Dependendo da meta estabelecida, possivelmente a única forma de atingi-la será com a redução da velocidade, uma vez que a otimização já é praticada na maioria das vezes para reduzir o consumo de combustível e consequentemente o custo do frete.

O documento ISWG-GHG 7/2/9 apresenta a proposta de redução gradual de emissões de CO2 individual por navio até atingir o limite de 40% em 2030, de modo a atingir a meta global de redução de CO2 prevista na Estratégia Inicial de redução de GHG da IMO. O Documento ISWG-GHG 7/2/20 traz um estudo com avaliação de impacto para os países.


Nessa avaliação, faz uma análise particularizando alguns países da América do Sul (Argentina, Brasil, Chile e Peru) para o caso da redução de velocidade, com fulcro nas metas propostas no ISWG-GHG 7/2/9. O resultado da análise de impacto para esses países é de que o impacto potencial seria muito baixo ou baixo.

Esse resultado contraria a argumentação do Brasil de que devido as peculiaridades das nossa exportações (volume, baixo valor agregado e grandes distâncias dos mercados consumidores) a redução de velocidade poderia desbalancear o mercado ou até mesmo aumentar a emissão de GHG, pois em casos extremos seria necessário aumentar o número de navios para atender a demanda do mercado.

A resposta de Fayet:
Comandante Mathuiy:
(Capitão de Mar e Guerra(RM1 - Ajudante da Divisão de Coordenação para os Assuntos da IMO - Estado-Maior da Armada)

Inicialmente agradeço a atenção e o esforço para evitar mais esta barreira não tarifária às nossas exportações, sobre o que agrego mais duas contribuições.

1 – O mundo tem uma dificuldade crescente em atender a demanda de alimentos, pois em 1950 éramos perto de 2,5 bilhões de habitantes e, provavelmente, chegaremos a 10 bilhões até 2060. Cerca de 80% de nossas exportações de soja tem como destino a Ásia, onde não existem mais áreas adequadas para produzir = clima + solos.

Para parametrizar, lembro que Índia + China soma uma população de aproximadamente 13 vezes a do Brasil, razão pela qual estão buscando acordos conosco. Será que eles perceberam que vão pagar esta conta na alimentação básica?

2 – Conforme sua observação e, confrontando a tabela abaixo, os números são gigantescos. Como mero exercício, tendo em vista as características dos montantes e fluxos, se reduzirmos pela metade a velocidade das embarcações, teríamos que duplicar o número delas, o que daria no mesmo, ou até seria pior, quando consideramos operações complementares de atracação, etc. 

Custei a acreditar que existia a proposta, que só no exemplo abaixo representaria perto de 125 milhões/t/a, as quais somadas a mais de 400 milhões/t/a de minério de ferro, ultrapassa meio bilhão de toneladas.

Mas quero adicionar outro detalhe: uma tonelada de soja no portão de um terminal portuário brasileiro vale cerca de 350 dólares, assim, cada milhão/t vale 350 milhões de dólares ou aproximadamente R$ 1,4 bilhões de riqueza gerada aqui dentro pelas nossas cadeias produtivas, tendo um índice de conteúdo nacional da ordem de 90%. Como exportamos 100 milhões/t/a somente de soja, significam neste mero exemplo uma riqueza de R$ 140 bilhões/ano, para um país com tantos problemas sociais.
Será que nós podemos aceitar?

Reiterando os agradecimentos, peço escusas pela indignação e me coloco à disposição.
Luiz Antonio Fayet da CNA 




 * Fayet foi deputado federal nos anos 1980, antes disso foi presidente do Badep, Bco. de Desenvolvimento do Paraná, e nos anos 1980 e 1970 participou de vários ministérios como especialista em infraestrutura e logística. Hoje Fayet é consultor da CNA nessa área.

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por participar, aguarde publicação de seu comentário.
Não publico ofensas pessoais e termos pejorativos. Não publico comentários de anônimos.
Registre seu nome na mensagem. Depois de digitar seu comentário clique na flechinha da janela "Comentar como", no "Selecionar perfil' e escolha "nome/URL"; na janela que vai abrir digite seu nome.
Se vc possui blog digite o endereço (link) completo na linha do URL, caso contrário deixe em branco.
Depois, clique em "publicar".
Se tiver gmail escolha "Google", pois o Google vai pedir a sua senha e autenticar o envio.