terça-feira, 22 de setembro de 2020

Em Cilíbrium ed tamus paradoxos

Carlos Eduardo Florence *

Cilíbrium, realmente confirmada por estimativas não confiáveis, mas contraditos com dados corretos indiscutíveis, embora não seja sintoma antropofágico ou substância inexata, mas se afigura detectável claramente sem garantia alguma de sua realidade, tanto que se discute a confirmação, se existe, existiu ou existirá. Opera com ou sem desequilíbrio racionalista mitológico para achar o ponto de equilíbrio perfeito do desajuste, determinado sem referência, inseguro quando sob a égide de estabilidade instável eternamente fixa. Memórias ancestrais, consideram alguns, Cilíbrium é sintaxe do cérebro em movimento parado a passos moderados de fuga desesperada, antagônico a si e totalmente seguro no imponderável. Indefinido ou não, conflitivo talvez, mas emocionalmente imutável, com dúvida absoluta nas suas certezas, embora com forte probabilidade de não ter se feito existir como se auto pretendia e sem saber se intentara-se ser ou não ser. Com absoluta exatidão e incerteza corretas reciprocas tudo que temos está claro sem definir para podermos continuar a seguir sem nos movermos. A esquerda de Cilíbrium decodifica mensagens para se tornarem incompreensíveis e a direita as entende antes de não as devolver afim de não serem aproveitadas como o são com completo sucesso sem realização. Sem esta ação, a lógica racional não se metamorfoseia em absurdo e o incompreensível não se transmuda ao encobrir a clareza para dar sentido ao cogito.

Mesmo deixando marcas indeléveis entre o enorme diminuto espaço inexistente, inerente à concretude da existência do nada e a indiscutível inconsistência do real, Cilíbrium enlouquece de forma sã. Ali em Cilíbrium, onde se insubordinam as metáforas e as alamedas gorjeiam fora de época, os pensamentos se despregam da imaginação para brincarem de libélulas e as desilusões são de aquários, pois se desentenderam com a quinta de Beethoven. Neste recanto o ser se faz esconder em ser, por ser e em ser comprovadamente por não ser quando é e sendo ser quando não é. Cilíbrium habita o humano, tanto que descuida cautelosamente em se realizar como amor sem afeto, chantagem com honestidade, navega com tranquilidade da orgulho humilde e usa lixo descartável para irritar o vizinho. Não é por sermos cilibriuminos que teremos condições de saber se somos, vivemos, usamos, estamos ou sofremos Cilibrium.

A escola dos arruados e nas corruptelas, mundo das simplórias e desassossegadas tranquilidades exibidas, denomina este emocional-país-estado-sapiens, dos cilibriuminos, como comezinha cabeça, arrisca nomeá-la de ideia ou extrapola para pensamento, põe uma virgula e vira cachola, concorda de ser mente, quando sofistica e por aí descarece parando de sondagens por necessitar. Sem nenhuma discrepância, salvo opiniões sobre sabores das cores ou aroma dos tatos, a passividade é intoleravelmente agressiva e oscila parada neste segmento. Na borda oposta do mesmo lado, acadêmica, as teorias ontológicas, científicas, filosóficas, poéticas, religiosas, tantas demais e outras, discordam alegremente iradas com as desordens mais regulares possíveis, humilhando Cilíbrium de forma gentil e gloriosa de cogito, consciente, cérebro, alma, inconsciente, talento, razão, espírito, emoção, consciência e chega, pois não para de não parar. As teorias todas concordam dialeticamente que Cilíbrium encanta pelo desapontamento ao se afinar na desarmonia. É como o cérebro se deprime euforicamente para conseguir ser em não sendo na pavorosa beleza da mudança imóvel que acelera de forma celebrumicamente incorreta com perfeição obscura.

Existência histórica grafada em aramaico, colhida entre estoicos, filhas de Ogunxãpé, engraxates e dos sefarditas registra que Cilibrium não acompanhou, mas perseguiu o ser homem, infernizando a alegria de agredir pacificamente a sua ordem desorganizada sociológica, política e econômica, agredindo as pazes do conflito, seus raciocínios emocionais, desde que o sapiens homo foi se auto inventando, criado pelo sobrenatural, aparentemente no desconhecido do imaginário da natureza mãe que se transforma estacionada, talvez parido em fogo muito forte apagado por Comampari Grande ou brotou espontâneo no recanto paradoxal do azul, já ai nos arrabaldes românticos dos latifúndios poéticos do inexplicável, porém elucidado.

Intuitiva, mas empiricamente não comprovada cientificamente, não há a menor possibilidade de comprovar sua materialidade, pois não paira dúvida da efetividade espiritual, embora seja concreta e sólida sua existência duvidosa, que é fartamente confirmada sem comprovação. Cilíbrium se localiza exatamente onde não está e se situa sempre fora de onde se encontra. Captá-lo é tão fácil como impossível, basta procurar onde não está para acha-lo, pois ele estará aonde não se encontra. É assim que a nossa mente cilibriumínica não enxerga o objeto que estamos vendo permitindo assim revelá-lo em todo o seu momento que desaparece. A gangorra de cima sobe e a de baixo está na hora de fazer xixi. Não é efeito de semântica, mas em Cilíbrium o desconhecido é aparente e a escala dodecafônica só é escutada por quem é surdo.

O comportamento constante da região se fixa no transitório. É lindo este horror do conhecimento dessabido que enevoa as planícies montanhosas dos ventos parados que cavalgam a intranquilidade das pazes sanguinárias tranquilas de Cilibrium. No entanto, tridimensionalmente, sem clareza, mas indiscutível, queiramos ou não, nestas distantes proximidades se desacomodam sossegadamente a subjetividade objetiva, ódio afetivo, açafrão esquizofrênico, édipo natalino, inundação da seca, escargot freudiano, a última ceia inacabada, as demais racionalidades irracionais, incluindo todas as racionalizações do corpo da inexistência existencial.

Filosoficamente se filia Cibrílium à síntese perfeita das escolas materialista cigana com a cabala marxista. Resta confirmar a indispensabilidade deste estado emocional racionalista, pois sabe-se de antemão que é completamente inútil tanto como indispensável em meados do outono quando as jabuticabas brincam de joãozinho-e-maria e as mulheres gordas têm de pensar em como descer para o mais alto das árvores para engordarem até emagrecerem para viverem mortas. Esperamos ter chegado a uma inconclusão final do início, claramente enigmática, sem objetivo específico, e sobre o qual sequer possam pairar dúvidas inacabadas.

Cilíbrium tem o dom de vir a cirandar as mentes nas noites de afago entre Zodíaco e o eufemismo pelos quinhões dos ventos dos imaginários das Lagoas de Cainhanã para quem nunca conversou com Cunhabateê na Roda de Capoeira de Alpequinha e não sabe o que é ser objeto da alegria de escárnio, malícia ingênua, bulling saboroso ou perjuro sincero. Cilíbrium adentra pela parte inacessível, facilmente penetrável com resistência via o a rota sem caminho mais frágil intransponível da moleza intransponível da mente atenciosamente distraída e tem o dom de reverter desde o dessabor da paz da tormenta alegre até o vazio preenchido do raciocínio ilógico brilhante. Os Camafeus de Alcodon se comprazem em subir ao mais alto ponto de onde não descem para então atingirem as maiores alturas mínimas de Cibrílium.

Não se sabe se habitamos Cilíbrium ou Cilíbrium nos habita. A única certeza absoluta que transcorre parada em Cilíbrium é a garantia total de que a incerteza é a convicção mais certa, mas com todas as dúvidas. Acordamos em alfa, a frieira da orelha esquerda que tropicara sobre o nada irregular e ondulado plano sentiu vontade de ir à missa ou a luta de classe.

O cachorro miou para esclarecer detalhes sobre psicanálise ou o se o amendoim poderia ser prejudicial ao bem estar para se gratificar em sentir mal. Não houve mais nenhuma confusão ou tranquilidade, pois Cilíbrium expos com sua calma atabalhoada usual que a dentadura do estomago da defunta fora doada a instituição de aprendizagem para as crianças desprotegidas prestes a serem recuperadas para o tráfego de drogas do Padre Armaco.

Seria muito bem um treze de setembro honestamente larápio se a nuvem que passou mais cedo pedindo para todos gritarem calados - Silêncio ou Caramba – não tivesse descido ao subir pelo conhecido sem clareza de Cilíbrium, destroçando deliciosamente o meu cérebro apavorado na tranquilidade. Não deveria ter acordado para escutar o barulho da mudez ensurdecedora do pensar neste amanhecer que ocorrerá amanhã na noite de ontem.

* o autor é economista, blogueiro, escrevinhador, e diretor-executivo da AMA – Associação dos Misturadores de Adubos.

Publicado em http://carloseduardoflorence.blogspot.com/2020/09/cilibrium-ed-tamus-paradoxos.html

 

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