segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Nesta terça, a beleza do Equinócio

Evaristo de Miranda *

Quatro vezes por ano, eu compartilho com vocês uma reiterada reflexão sobre cada um de quatro momentos cósmicos: os dois solstícios e os dois equinócios. São marcos incontornáveis no tempo, cada vez menos visíveis para quem vive nas cidades. Eles seguem presentes na vida do homem do campo, observador das estrelas. Eles fazem a “marcação do sol” no horizonte, no nascente e no poente.

Nesta terça, é dia de Equinócio. Faça chuva ou sol, o dia durará exatamente 12 horas. E a noite também. Assim será no Brasil, na Europa, na Austrália, na China, no Canadá e no Polo Sul. Em todo o planeta. Equinócio vem do latim “aequinoctĭu”, a igualdade dos dias e das noites. Equi = igual. Todo dia, o sol nasce a Leste e se põe a Oeste. Sobre o Equinócio, me disse minha filha Iris, na ocasião com 11 anos: - Pai, hoje o sol nasce “no” Leste. Exatamente “no ponto cardeal Leste”. E se porá precisamente no ponto cardeal Oeste. Aproveitem para calibrar as bússolas!

Deslocando-se em direção ao Sul, neste dia do Equinócio, o sol percorre (ou traça), a pino, a linha do Equador. Os postes não têm sombra ao meio dia na região equatorial, como em Macapá. Ali será possível ver o disco solar no fundo de um poço, ao meio dia, algo impossível em Santa Catarina ou no Rio Grande do Sul, onde ele nunca fica a pino. A partir de quarta-feira, o sol traçará seu curso em direção ao Sul até o dia do solstício de verão.

Na zona intertropical, as chuvas seguem à distância o deslocamento aparente do sol pelo zênite. Com a primavera, chegam as chuvas. Como um relógio. Podem atrasar um pouco, em anos sob a influência do fenômeno La Niña, por exemplo. Mas, nunca falham. Neste ano, no Mato Grosso e em outros locais, “os produtores já plantaram a soja no seco”. Antes mesmo das chuvas começarem. Eles conhecem os ritmos celestes. Não podem atrasar a primeira safra e comprometer a safrinha. Arriscam o plantio no pó.

A beleza dos ciclos celestes, tão arquetípicos, está na raiz da própria palavra cosmos. No grego antigo, “κόσμος”, cosmos, evoca beleza, ordem. Como na palavra cosmética. E a beleza matemática dos ciclos celestes e terrestres está também nos trabalhos do mundo rural ao cultivar a terra no ritmo da natureza.

* o autor é engenheiro agrônomo, doutor em Ecologia, pesquisador da Embrapa Territorial 

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