terça-feira, 31 de maio de 2011

Desculpa fantástica...

Richard Jakubaszko
Desculpa fantástica...
O sujeito finalmente conseguiu realizar o antigo sonho de comprar um Audi A4 1.8T, automático e conversível.
Então, numa bela tarde, se mandou para uma auto-estrada para testar toda a capacidade da 'belezura'.
Capota abaixada, o vento na cara, o cabelo voando, resolveu ir fundo!
Quando o ponteiro estava chegando lá pelos 120, ele viu que um carro da Polícia Rodoviária o perseguia com a sirene a mil e as luzes piscando.
'Ah, mas não vão alcançar este Audi de jeito nenhum', pensou ele, e atolou o pé no acelerador. O ponteiro marcou 140, 160, 200... e a patrulha atrás.
'Que loucura', ele pensou e, então, resolveu encostar.

O guarda veio, pediu os documentos, examinou o carro e disse: 
- 'Eu tive um dia muito duro e já passou do horário do meu turno. Se você me der uma boa e inédita desculpa, que eu nunca tenha ouvido, para dirigir desta maneira, deixo você ir embora'.
E o sujeito emendou:
'Na semana passada, minha mulher fugiu com um policial rodoviário e eu tive medo de que fosse ele querendo devolvê-la.
- 'Boa noite, seu mentiroso, vá mais devagar agora' - disse o guarda.

Boa piada, enviada por Edgar Pera, lá da DBO

sábado, 28 de maio de 2011

Código Florestal: o anti-marketing de uma nação.

Richard Jakubaszko
O artigo abaixo está publicado na revista DBO Agrotecnologia nº 30, maio/junho 2011, em circulação desde hoje.

Código Florestal:
o anti-marketing de uma nação.
Entre mortos e feridos, salvaram-se todos na votação e aprovação das alterações do Código Florestal no último dia 24 de maio na Câmara Federal, em Brasília. Foi acachapante o resultado de 410 a 63 e uma abstenção. Para a bancada ruralista, o entendimento foi de que houve uma vitória parcial, enquanto os ambientalistas reputavam uma enorme derrota. Já a nossa presidente, consta que ficou irritada com a aprovação do novo código na Câmara, após o racha da base governista, e garantiu que vetará os trechos do texto que considerar (a anistia aos que desmataram) equivocados, caso a base aliada não consiga promover mudanças no Senado.

O resultado da votação na Câmara não é resultado de apenas um só fator.O tema é complexo e contraditório e não foi à toa que o relator Aldo Rebelo – um parlamentar reconhecidamente capaz e correto – levou dois anos negociando um “acordo possível”. É relevante esse registro, pois seria uma injustiça afirmar que o texto produzido por ele reflete preferências pessoais. No máximo, indica a tentativa de seu partido (PCdoB), e dele próprio, em tentar salvar o futuro da Reforma Agrária, razão principal por que foi feita a indicação de Rebelo como relator desse polêmico projeto de lei.

Assim, foi feito o que era possível, porém, não foi o adequado. Nem para os produtores rurais, nem para os ambientalistas e nem para a sociedade.

As negociações impostas pelos ambientalistas estavam na busca do “proibir- proibir“ (o uso da terra no futuro), além do “punir-punir“ quem havia desmatado, independente de qual condição legal – ou ilegal – em que isso tenha acontecido no passado. As lideranças rurais foram, nesse sentido, inábeis em conduzir as negociações, pois aprovaram o texto proposto pelo relator, e com isso ficaram sem margem de negociação com os ambientalistas, que avançaram nas exigências.

E, por ceder demais em relação a algumas questões para achar “o possível”, permitiu-se que os ambientalistas fossem ainda mais intransigentes, sem que os ruralistas tivessem margem de manobra para negociar. Os ambientalistas perderam, e agora dependem do veto da Presidente Dilma e da capacidade de sustentá-lo no Congresso. Veto que deverá ser temerário diante da esmagadora maioria com que o Código foi previamente aprovado na Câmara.

Políticas são pressões e contrapressões, de várias origens. Neste caso, não foram apenas os ruralistas. Sozinhos, eles não têm forças para tanto.

O ponto vital – a emenda, aprovada por 273 votos a 182, que dá aos estados o poder de estabelecer quais atividades possam justificar a regularização de áreas desmatadas – e que abre caminho para anistiar os desmatamentos já feitos – teve a oposição mais do que expressa do Governo Dilma. O PMDB em peso, sem exceção, votou pela aprovação do Código, embora nem todos tenham dado votos para rejeitar a emenda, apesar do apelo dramático feito pelo líder do Governo, deputado Cândido Vacarezza, em nome da Presidente.

Ainda existe muito tempo, até a aprovação no Senado, e depois para receber a sanção, ou o veto da presidente Dilma Rousseff. O que passa a ser discutido – e temido – nos próximos dias é como ficará o fatídico 11 de junho, data máxima para os produtores regularizarem suas situações individuais.

Teremos tempos difíceis pela frente, e a grande mídia continuará apoiando os ambientalistas. Os produtores rurais, pela inexistência de lideranças, lamentavelmente devem se consolar com os resultados que virão. Perderam uma excepcional oportunidade de negociação no Congresso no sentido de estabelecer, por exemplo, que as APPs teriam um desconto ou compensação em espaço equivalente nas áreas de Reserva Legal.

Observou-se um “debate” estéril e até mesmo antidemocrático do emocional versus racional, por isto todos foram perdedores, ou assim se consideram.

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A SOCIEDADE CONFISCOU TERRAS FÉRTEIS DOS
PRODUTORES EM NOME DA SUSTENTABILIDADE
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Fora disso, diante da aprovação do Código Florestal pela Câmara, o que se constata é que a sociedade urbana pune os produtores rurais com um confisco de terras em nome da sustentabilidade, artifício legal que não possui equivalência em nenhum outro país no planeta. As áreas destinadas à preservação ambiental, e alegadamente de manutenção da biodiversidade, com o espírito de “beneficiar” as gerações futuras, não terão nenhuma compensação financeira aos produtores.

Do novo Código Florestal pode-se dizer que será um novo marco regulatório, deve trazer segurança jurídica diante da insana pregação ambientalista, mas que foi o anti-marketing de uma nação na futura questão de produzir mais alimentos, ninguém tenha dúvida.

Difícil, quiçá impossível, será desatar esse nó górdio legislativo no futuro, quando se necessitar de novas áreas para a produção de ainda mais alimentos, pois o crescimento demográfico continua incontrolável, e gente precisa de comida para ser sustentável.
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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Fotos que encantam

Richard Jakubaszko 
As fotos abaixo encantam e alegram a quem aprecia o belo, nem precisam de títulos, mas coloquei em todas elas. 
Boa viagem visual, que alegrem-se as almas e corações pela visão do belo e sublime.

Dançarina





















Tudo em branco












Ou colorido










Dançando a alegria da vida


Com carinho, a inusitada companhia.
O sorriso de Deus

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Código Florestal - Nota do deputado Aldo Rebelo

Richard Jakubaszko
O Deputado Federal Aldo Rebelo (PCdoB/SP) distribuiu nota agora no final da tarde sobre a aprovação do Código Federal, ontem, na Câmara dos Deputados, e que transcrevo a seguir:


NOTA SOBRE 
A APROVAÇÃO DO CÓDIGO FLORESTAL
NEM DESMATAMENTO, NEM ANISTIA


Deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP)

Em razão de notícias equivocadas acerca do novo Código Florestal, aprovado pela Câmara dos Deputados, na noite de 24/05/11, faz-se necessário apresentar esclarecimentos sobre a redação das emendas n. 186 e n. 164, que formam o seu texto base.

1) Não haverá autorizações para desmatamentos em áreas de preservação permanente
O texto aprovado pelo Plenário da Câmara dos Deputados não permite qualquer desmatamento em áreas de preservação permanente. No dispositivo que trata do tema (art. 8º), a redação conferida pelo destaque aprovado (emenda n. 164) expressamente determina que é “vedada a expansão das áreas ocupadas” (§ 4º), ou seja, não poderá haver qualquer supressão de vegetação em área de preservação permanente para a implantação de novas atividades agrícolas.

2) As atividades já consolidadas em áreas de preservação permanente não serão automaticamente mantidas

Também não encontra respaldo a afirmação de que o texto aprovado libera automática e definitivamente a continuidade de toda e qualquer atividade agrícola realizada em área considerada de preservação permanente.

Três são as hipóteses que autorizarão a intervenção ou supressão de vegetação em área de preservação permanente e a manutenção de atividades consolidadas até 22 de julho de 2008:

1) situações de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental, previstas em Lei;

2) atividades agrossilvopastoris, ecoturismo e turismo rural;
3) outras atividades estabelecidas no Programa de Regularização Ambiental, previsto no novo Código Florestal.

Nos três casos será necessário obedecer à ressalva contida na parte final do § 3º do art. 8º, ou seja, “desde que [as atividades] não estejam em área de risco e sejam observados critérios técnicos de conservação de solo e água”, bem como deve ser respeitada a determinação inserida no § 4º do mesmo dispositivo, que ressalva “os casos em que haja recomendação técnica de recuperação da referida área”.

Assim, será imprescindível uma ação regulamentadora e administrativa que esclareça:
a) o que é “área de risco” (?), risco para quem (?), para o meio ambiente, presume-se;
b) quais são os “critérios técnicos de conservação de solo e água” (?).


Inclusive, caso haja omissão dos Estados e da União em editarem os Programas de Regularização Ambiental, o próprio Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) poderá realizar tal atividade, com base no art. 8º da Lei 6.938/81.

3) Não haverá exclusão da União na definição das regras do Programa de Regularização Ambiental

Não corresponde à realidade a afirmação de que o texto aprovado pela Câmara dos Deputados exclui a União federal da definição das regras do Programa de Regularização Ambiental, tampouco que houve transferência de tal atribuição para os Estados federados.

Na realidade, a redação do texto aprovado expressamente indica que “a União, os Estados e o Distrito Federal deverão implantar” (art. 33, caput) os Programas Regularização Ambiental, não estando o Governo Federal excluído de tal incumbência, porque “as condições dos programas serão definidas em regulamento” (art. 33, § 1º) que, no âmbito federal, se materializa por Decreto editado pela Presidente da República.

Cabe lembrar que a própria Constituição Federal de 1988 determina que a legislação ambiental concorrente deva ser elaborada por todos os entes federativos, atribuindo à União a competência para editar normas de caráter geral, conforme se depreende do art. 24 do texto constitucional: Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: VI – florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; § 1º – No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º – A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º – Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º – A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

4) Não há anistia para os produtores rurais

Também não é correto afirmar que o texto aprovado pelo Plenário tenha anistiado o pagamento de multas aplicadas por infrações ambientais.

É importante esclarecer que as regras previstas no texto aprovado na Câmara dos Deputados reproduzem exatamente a mesma lógica já adotada pelo Decreto Federal n. 7.029/09, editado pelo ex-presidente Lula e pelo ex-ministro do meio ambiente Carlos Minc, em seu art. 6º. Art. 6o O ato de adesão ao “Programa Mais Ambiente” dar-se-á pela assinatura do Termo de Adesão e Compromisso, elaborado pelo órgão ambiental ou instituição habilitada. § 1o A partir da data de adesão ao “Programa Mais Ambiente”, o proprietário ou possuidor não será autuado com base nos arts. 43, 48, 51 e 55 do Decreto no 6.514, de 2008, desde que a infração tenha sido cometida até o dia anterior à data de publicação deste Decreto e que cumpra as obrigações previstas no Termo de Adesão e Compromisso. § 2o A adesão ao “Programa Mais Ambiente” suspenderá a cobrança das multas aplicadas em decorrência das infrações aos dispositivos referidos no § 1o, exceto nos casos de processos com julgamento definitivo na esfera administrativa. § 3o Cumprido integralmente o Termo de Adesão e Compromisso nos prazos e condições estabelecidos, as multas aplicadas em decorrência das infrações a que se refere o § 1o serão consideradas como convertidas em serviços de preservação, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente. § 4o O disposto no § 1o não impede a aplicação das sanções administrativas de apreensão e embargo nas hipóteses previstas na legislação.

O texto aprovado pela Câmara dos Deputados é mais restritivo que o Decreto Federal que lhe serviu de base. O referido Decreto Federal abrange situações ocorridas até 11 de dezembro de 2009, enquanto que a Câmara dos Deputados restringe a aplicação de tais regras somente para áreas consolidadas antes de 22 de julho de 2008 e determina que o prazo prescricional das multas fique suspenso enquanto estiverem sendo cumpridas as medidas de regularização ambiental.

Na realidade, iniciativas como a contida no Decreto Federal, cuja lógica foi reproduzida no texto votado na Câmara dos Deputados, estimulam a adoção de práticas de regularização ambiental, priorizando a adoção de medidas concretas de proteção ao meio ambiente, substituindo a idéia de que são a multa e a sanção que fazem a proteção da natureza.

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segunda-feira, 23 de maio de 2011

A professorinha Amanda Gurgel

Richard Jakubaszko 
Era só o que estava faltando acontecer depois do artigo de minha filha Daniela Jakubaszko, publicado aqui no blog ( http://richardjakubaszko.blogspot.com/2011/05/por-uma-vida-melhor-por-que-abolir-os.html ) e repercutido por toda a blogosfera.
É que recebi do meu amigo Hélio Casale, acompanhado de comentários de frei Alamiro, um octogenário franciscano já aposentado que é fã e visitador contumaz deste blog, eis que ele gosta de um debate em profundidade, mas com bom humor, pois recebi o link do vídeo com a professorinha Amanda Gurgel, que se tornou um ídolo e ícone nacional, da noite para o dia.
Diz o comentário de Frei Alamiro:
A fala desta professora é um show de discurso não-violento:
1 - Clareza no que fala. Não usa meias palavras. Sim, sim! Não, não!
2 - Firmeza e convicção que brota da vida e também do saber acadêmico.
3 - Fala na cara da secretária, mas sem ofendê-la, e convoca os deputados a se fazerem presentes.
4 - No seu olhar, no seu semblante, no timbre de sua voz é um apelo firme e amoroso para melhorar o sistema educacional do país!
Depois de um discurso deste ela pode não conseguir o que queria. Depois do discurso qual será então o próximo passo?!
Estou repassando com satisfação,
frei Alamiro

domingo, 22 de maio de 2011

Sob o céu de maio

Richard Jakubaszko 
Subtraído do Estadão.

Sob o céu de maio
Por Tutty Vasques
Deve ter alguma coisa a ver com o alinhamento de Mercúrio, Vênus, Marte e Júpiter com a Terra no céu de maio. De uma hora pra outra, a temperatura caiu, o Palocci ficou rico, o diretor executivo do FMI atacou uma camareira de hotel em Nova York, o Schwarzenegger anunciou que teve um filho com a empregada da família, a implosão do estádio Mané Garrincha não deu certo, o cineasta dinamarquês Lars von Trier declarou-se em Cannes fã de carteirinha de Adolf Hitler, Júlio Medaglia foi readmitido na TV Clutura, Donald Trump desistiu de concorrer à Presidência dos EUA, deu a louca no mundo!

Não sei se existe algum estudo sobre a influência dos astros no teor do noticiário, mas há muito tempo os jornais não surpreendiam tanto seus leitores quanto nas últimas três semanas. Do “enterro” relâmpago de Bin Laden, logo no primeiro dia do mês, à estreia do beijo gay na teledramaturgia brasileira, o metrô virou coisa de pobre em São Paulo e a Câmara do Rio desistiu da compra de carros de luxo para vereadores.

Tem sido um susto atrás do outro! Esta semana, do nada, Sérgio Cabral liberou publicamente o uso de farda e de carros oficiais por homoafetivos da PM e do Corpo de Bombeiros do Rio na Parada Gay de Copacabana. Dia seguinte, a emenda de um oficial indignado saiu pior que o soneto do governador em manchete de duplo sentido: “Homem meu não vai!” Pode?

Naquela mesma tarde, a rainha da Inglaterra foi vista saindo de uma cervejaria na Irlanda, Rivaldo fez as pazes com Carpegiani, o boato da gravidez da primeira-dama Carla Bruni se confirmou, pela primeira vez a Globo perdeu no ibope da manhã para a Record.

Quando a gente pensou que já tinha visto de tudo em maio, o MEC invadiu o noticiário para anunciar a abolição dos erros de português. Tomara que junho chegue logo, né?
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sábado, 21 de maio de 2011

Lula, uma visão dos 8 anos, pela TV Globo.

Richard Jakubaszko  
Lula, uma retrospectiva dos seus 8 anos na Presidência, pela TV Globo. Um programa que não foi ao ar, na verdade são pequenos recortes, uma montagem do que foi noticiado, aos poucos, tijolo por tijolo, da grande obra deste brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Lamentavelmente falaram apenas de economia, mas esta explica os avanços do social, do político, do cultural, do orgulho de ser brasileiro que se apossou de todos.


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sexta-feira, 20 de maio de 2011

O assassinato da formiguinha!

Richard Jakubaszko 
Já se falou que dever-se-ia chamar o Google de santo Google pelas informações que nos presta diariamente. Mas o Youtube não fica atrás pelas informações e pelo entretenimento que nos proporciona. O vídeo abaixo é antológico. Mostra um garoto de cerca de 3 anos e pouco de idade reclamando para seus pais de que seu irmão "assassinara" sua formiguinha de estimação. O sentimento expresso em suas palavras (Que dó!, que dó!, que dó!...) mostra o emocional de um futuro ambientalista. Inegavelmente, nesse caso, uma alma com sentimentos. Divertido, humano, mas dramático.
Chorem e divirtam-se! Especialmente com a promessa de vingança...


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quarta-feira, 18 de maio de 2011

Lars von Trier declara-se nazista e diz entender Hitler

Richard Jakubaszko
Chocante. Ou é humor negro? Encontro essa notícia no Yahoo! e replico a informação. http://cinema.yahoo.net/noticia/carregar/titulo/lars-von-trier-declara-se-nazista-e-diz-entender-hitler/id/31193
Lars von Trier declara-se nazista e diz entender Hitler

O diretor Lars von Trier (Anticristo) é fã de polêmicas, tanto em entrevistas quanto em seus trabalhos, mas nesta quarta-feira (18/5), o choque da imprensa em Cannes foi maior, segundo o Hollywood Reporter. Durante coletiva de seu novo filme Melancolia, o cineasta perdeu qualquer inibição e se definiu como nazista, além de falar que israelenses são "um pé no saco" e que entende e simpatiza com Adolf Hitler.

A avalanche de declarações, que poderia significar o fim instantâneo da carreira do diretor caso fosse feita nos Estados Unidos, veio após uma pergunta sobre suas raízes alemãs. Em sua resposta, ele disse: "Por muito tempo, eu pensei que era judeu e era feliz em ser judeu, então conheci a Susanne Bier (diretora judia de
Em Um Mundo Melhor) e não era mais tão feliz. Foi quando percebi que, na verdade, eu era um nazista. Minha família era alemã. E isso me deu prazer. O que posso dizer? Eu entendo Hitler. Eu simpatizo um pouco com ele."

Ele tentou se justificar em seguida: "Eu não quero dizer que sou a favor da Segunda Guerra Mundial ou que sou contra judeus (...), na verdade sou muito a favor deles. Todos os judeus. Bem, os israelenses são um pé no saco, mas...". Durante sua fala, as atrizes Kirsten Dunst (
Entre Segredos e Mentiras) e Charlotte Gainsbourg (A Árvore), que estão em Melancolia, olharam espantadas para o diretor, enquanto a sala de imprensa ficava dividida entre o choque e a risada, não sabendo se deviam levar a sério o que o dinamarquês falava.

Trier, que vem de uma família judia, também falou sobre seu cinema de forma dúbia. Para ele,
Melancolia "pode ser ruim e há grande chance de nem valer a pena assistí-lo". Além disso, ele brincou que seu próximo projeto com Dunst e Gainsbourg seria um pornô de três a quatro horas com "bastante sexo desconfortável". Para finalizar, Trier foi perguntado sobre sua vontade de fazer um filme grandioso. "Sim, nós nazistas gostamos de fazer coisas grandiosas. Talvez eu posso filmar A Solução Final", disse se referindo ao plano nazista de extermínio geral dos judeus.

A impressão final, dada pelo Hollywood Reporter, é que as risadas do diretor após as respostas evidenciaram que a entrevista foi uma grande piada.

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"Por uma vida melhor": por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?

Richard Jakubaszko
O texto abaixo é da "doutorinha" lá de casa. Revela-se uma "briguenta", tal e qual o pai. Retirei do blog dela, o "Mulheres de fibra", e assino embaixo: http://somosmulheresdefibra.blogspot.com/2011/05/por-uma-vida-melhor-por-que-abolir-os.html

"Por uma vida melhor": por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?

Por Daniela Jakubaszko*

A polêmica que se criou em torno do livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender, adotado pelo MEC, é inútil e representa um retrocesso para a Educação.


Como lingüista e professora de português defendo ardorosamente a utilização do livro. Vou explicar, mas antes faço alguns esclarecimentos:


1. A escola é o lugar por excelência da norma culta, é lá que devemos aprender a utilizá-la, isso ninguém discute, é fato.


2. O livro NÃO está propondo que o aluno escreva “nós pega” – como estão divulgando por aí - ele está apenas constatando a existência da expressão no registro “popular”. Do ponto de vista cotidiano, a expressão é válida porque dá conta de comunicar o que se propõe. E ela é mais que comum e, sejamos sinceros, é a linguagem que o leitor dessa obra usa e entende. Será que é intenção da escola se comunicar com ele de verdade? Se for, ela tem que usar um livro que consiga fazer isso. Uma gramática cheia de exemplos eruditos e termos que o aluno não consegue nem memorizar, com certeza, não vai conseguir.


3. O que o livro está propondo é trocar as noções de “certo” e “errado” por “adequado” e “inadequado”. E isso é mais que certo. Vou explicar a seguir.


4. A questão é: como ensinar a norma culta num país de tradição oral, e no qual existe um abismo entre a língua oral e a língua escrita? Como fazer isso com jovens adultos – que já apresentam um histórico de “fracasso” em seu processo formal de educação e, muito provavelmente, na aquisição dos termos da gramática e seus significados. Se esse jovem não assimilou até o momento em que procurou o EJA (Educação de Jovens e Adultos) a “concordância de número”, como o professor vai fazê-lo usar a crase? Isso para mencionar apenas um dos tópicos mais fáceis da gramática e que a maioria das pessoas, inclusive as “mais cultas e graduadas”, algumas até mesmo com doutorado, ainda não sabem explicar quando ela é necessária.


Por que abolir os conceitos de “certo” e “errado”?

Vou mencionar apenas 3 razões, para não cansar demais o leitor, mas existem muitas outras, quem se interessar pode perguntar que eu passo a bibliografia.

1. Primeiro, por uma questão de honestidade com o aluno. A língua é viva, assim como a cultura, e não pode ser dirigida, por mais que tentem. Por isso, não existe nem “certo” nem “errado”: as regras são convenções e são alteradas de tempos em tempos por um acordo entre países falantes de uma mesma língua. O que era “errado” há alguns anos, hoje pode ser “certo”. Agora é correto escrever lingüística sem trema - o que discordo - e ideia sem acento. Assim, o que existe é o “adequado à norma culta” e o “inadequado à norma culta”. E essa norma é uma convenção, não uma lei natural e imutável. Além disso, por mais que a escola seja representante da norma culta, isto não significa que ela deva ficar “surda” diante dos demais níveis de fala. A língua portuguesa – ou qualquer língua – não pode ser reduzida à sua variante padrão. Tão pouco as aulas de português devem ficar. Afinal, se numa narrativa aparece um personagem, por exemplo, pescador e analfabeto, como o aluno deverá escrever uma fala (verossímil) para ele? Escrever de forma inverossímil é certo? Aliás, o que seria dos poetas e escritores se não fosse o registro popular da língua? Acho que Guimarães Rosa nem existiria.


Com certeza a crítica ao livro parte de setores conservadores e normativos. Eu, como lingüista e professora, não apoio a retirada dos livros porque não acho justo falar para o aluno que o jeito que ele fala é errado, até porque não é, só não está de acordo com a norma culta, o que é muito diferente. Depois que você explica isso para o aluno é que ele entende o que está fazendo naquela aula. Essa troca faz toda a diferença.


2. Segundo, porque quando você diz para um aluno sucessivas vezes que o que ele fez está “errado” você passa por cima da subjetividade dele e acaba com toda a naturalidade dessa pessoa. Daí, ela não fala “certo” e também não sabe quando fala “errado”. Assim, quando na presença de pessoas que ela julga mais letradas que ela própria, não tenha dúvida, vai ficar muda. A formação da identidade do sujeito passa obrigatoriamente pela aquisição da linguagem, viver apontando os erros é desconsiderar a experiência de vida daquela pessoa, é diminuí-la porque ela não teve estudo. E não se engane: ela pode se tornar até uma profissional mais desejada pelo mercado por usar melhor a norma culta, mas não necessariamente vai se tornar uma pessoa melhor.


3. Em terceiro, porque é urgente trocar o ponto de vista normativo pelo científico. A lingüística reconhece que a língua tem seu curso e muda conforme o uso e a cultura: já foi muito errado falar (e escrever) "você", por exemplo. A lingüística também reconhece que a língua é instrumento de poder, por isso, nada mais importante do que desmistificar a gramática normativa. Isto não significa deixá-la de lado, mas precisamos exercitar uma visão mais crítica. Esse aluno sente na pele a discriminação social devido ao seu nível de fala, nada mais natural que ele rejeite a norma culta e considere pedante a pessoa que fala segundo a norma padrão. É compreensível, ainda, que ele não entenda grande parte do que se diz em sala de aula. O que não é compreensível é o professor, ou melhor, “a Escola”, não entender a razão de isso acontecer.


Em nenhum momento foi dito que a professora e autora do livro em questão não iria corrigir ou ensinar a norma culta aos alunos, só ficou validado o registro oral. Os alunos precisam entrar em contato com o distanciamento científico. E os lingüistas não saem por aí corrigindo ninguém, eles observam, e você, leitor, bem sabe como funciona a ciência - e um aluno de pelo menos 15 anos já precisa começar a ouvir falar do pensamento científico. Além disso, é muito bom que eles percebam se o nível de fala que usam tem prestígio ou não, e o porquê.


Por que ignorar o estudo da língua oral em sala de aula? Eu fazia um trabalho nesse sentido com os meus alunos e só depois de transcrever entrevistas orais eles conseguiam ouvir a si mesmos e tomar consciência de seu registro lingüístico: “nossa como eu falo gíria! Eu nem percebia!”. Aí sim eles entendem que, com o amigo, com os pais, eles podem dizer "os peixe", mas que na prova é preciso escrever "os peixes", no seminário é preciso dizer “os peixes”, mas ele precisa estar à vontade para fazer isso. A realidade em sala de aula é que os alunos não entendem onde estão errando. Quando você explica o conceito de norma culta eles entendem. Cria-se um parâmetro e não uma tábua de salvação inatingível. É aceitando o registro desse interlocutor e apresentando mais uma possibilidade de uso da língua para ele que vai surgir o esforço para aprender. Se você insistir no “certo” e no “errado” ele vai ficar com raiva e rejeitar o novo. Quer apostar?


Ter uma boa comunicação não é sinônimo de usar bem as regras da gramática. Para ensinar os conceitos de "gramática natural" e "gramática normativa" temos de dar esses exemplos. Os conservadores se arrepiam porque eles partem do princípio que você nunca pode escrever ou falar nada errado na frente do aluno. Para mim isso é hipocrisia: o aluno tem direito de saber que o registro que ele usa em casa é diferente daquele que ele usa na rua, no estádio de futebol, na escola, no trabalho, em frente ao juiz. E tem o direito de saber que o “correto” se define por aquele que tem mais prestígio social. Essas são só as primeiras noções de sociolingüística, para quem quiser abrir a cabeça e saber. Ou será que a língua portuguesa se aprende descolada da realidade? É isso que se está tentando mudar. É tão difícil assim perceber isso?


Quando me perguntam qual é a função do professor de português na escola, eu respondo: oferecer ao aluno um grau cada vez mais elevado de consciência lingüística; oferecer instrumentos para que ele possa transitar conscientemente entre os diversos níveis de linguagem. Só depois de realizada essa operação o aluno vai conseguir escrever conforme as regras da norma culta. E falar a norma padrão com naturalidade. Ou, ainda, escolher falar conforme o ambiente em que cresceu e formou a sua subjetividade (Lula que o diga, comunica-se muito bem, sem camuflar as suas origens). É bom ficar claro que a função do professor não se reduz a "corrigir" o aluno. Isso, o google, até o word, pode fazer. Ajudar o aluno a ter consciência de seu nível de fala é outra história...


O problema não é uma pessoa dizer “nós pega”, o problema é ela não entender que esse uso não é adequado em determinados contextos, o problema é não saber dizer “nós pegamos”. Ou sequer compreender porque não pode falar “nós pega”... É, leitor, tem muito aluno que não entende porque precisa aprender uma lista de nomes difíceis que nada significam para ele e que ele não enxerga a relação direta entre uso da norma culta e como esta vai ajudá-lo a melhorar de vida.


Conheço quilos, ou toneladas, de gente formada, pós-graduada, que fala “seje” e não tem consciência de que está falando assim, e ainda critica quem fala “menas”. Ouvir a si mesmo é uma das coisas mais difíceis de fazer. E como ajudar o aluno a fazer isso?


O primeiro passo é, sem dúvida, abolir o “certo” e o “errado”. Enquanto o professor for detentor da caneta vermelha, o aluno vai tremer diante dele e nada do que ele disser vai entrar na cabeça dessa pessoa preocupada em acertar uma coisa que não entende, tem vergonha de dizer que não entende, então não pergunta, faz que entendeu, erra na prova e o resultado é ela se achar cada vez mais burra e desistir de estudar. Ufa... Puxa, ninguém estuda mais psicologia da educação? Isso é básico!


E então, leitor, o que é mais honesto com esse aluno que chega no EJA com a autoestima lá em baixo? Começar falando a língua dele e depois trazê-lo para a norma padrão ou começar de cara a humilhá-lo com uma língua que ele não entende?


É muito sério quando pessoas leigas começam a emitir, levianamente, juízos de valor sobre assuntos que não dominam. Alguns jornalistas, blogueiros e “opineiros” de plantão, por exemplo, sem conhecimento dos conceitos e técnicas de ensino em lingüística, sem a menor noção do que está acontecendo nas salas de aula desse país, começam a querer dizer para os professores o que eles têm de fazer, como eles têm de ensinar! Isto sim, é nivelar por baixo! É detonar, mais ainda, a autoridade do professor, já tão desprezada no país. Ah, e ainda fazem isso sem perceber que freqüentemente cometem erros crassos; eu estou cansada de lê-los em blogs, jornais e revistas, e ouvi-los na televisão. Não que precisem, ou usamos com eles os mesmos critérios que defendem?


E então, qual é mesmo o tipo de educação que o Brasil precisa?


* Daniela Jakubaszko é bacharel em lingüística e português pela FFLCH-USP, mestre e doutora pela ECA-USP. Desistiu de ser professora depois de dar aula por 15 anos e virou redatora porque não agüentava mais ouvir: "você trabalha além de dar aulas?"

ET. Ah, eu tenho uma dúvida: até quando eu posso usar o trema? Até 2012?
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terça-feira, 17 de maio de 2011

Criação de novos Estados aumenta gastos do governo federal

Richard Jakubaszko
Criação de novos Estados aumenta gastos do governo federal *
Novas vagas na Câmara e no Senado e socorro a Estados com baixa arrecadação podem ser custeados pela União


No Congresso tramitam Projetos de Decreto Legislativos que propõem a criação de 11 Estados e de quatro territórios federais. Uma nova divisão de territórios estaduais poderia criar os Estados do Gurguéia, do Maranhão do Sul e do Araguaia, por exemplo. Estas propostas procuram beneficiar as populações locais, mas custam caro, tanto para a região alterada quanto para o governo federal, que deve arcar com a criação de novas vagas na Câmara e no Senado, para ficar só nas despesas imediatas.

Só a manutenção de um Estado, que considera despesas como o pagamento de servidores públicos e verbas para deputados estaduais e governador, custa em média R$ 995 milhões por ano. “É quase um bilhão que, em vez de ir para a população, vai para gabinetes e estruturas”, afirma o pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) Rogério Boueri, que elaborou a estimativa.

Além desse custo de manutenção, os Estados devem arcar também com a instalação da máquina pública e com investimentos em infraestrutura para que o novo Estado possa se desenvolver economicamente, especialmente nas regiões pouco habitadas.

Em um estudo publicado em 2008, Boueri observou que os Estados gastam, em média, 12,75% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para se manter. Alguns dos Estados propostos pelos parlamentares brasileiros extrapolariam essa conta. O Estado do Rio Negro, por exemplo, precisaria de 140% do valor do seu PIB somente para manter suas estruturas estaduais funcionando, de acordo com estimativa do pesquisador. “Esses Estados já nascem deficitários”, diz.

No caso de os Estados não serem capazes de se manter, quem paga a conta é o governo federal. “O Estado do Tocantins, por exemplo, recebeu subsídios do governo federal por cerca de dez anos até poder se manter com as próprias pernas”, exemplifica Boueri.

Além de uma possível ajuda financeira, o governo federal teria que arcar também com a criação de mais três vagas de senadores por Estado. Se os onze Estados propostos no Congresso chegarem a existir, haverá 33 cadeiras a mais no Senado. Na Câmara também poderia haver aumento do número de parlamentares. Hoje, a quantidade é fixa e as vagas são distribuídas de acordo com a população de cada unidade da federação. Mas há um mínimo de oito deputados por Estado e, por causa disso, poderia ser necessário aumentar o número de cadeiras.

O governo federal bancaria ainda novas superintendências regionais de órgãos públicos, além de seções da Justiça Federal em cada Estado. Até a logística e o orçamento do Tribunal Superior Eleitoral precisariam ser reforçados com a chegada de mais governadores e deputados estaduais.

“O Estado do Tocantins, por exemplo, recebeu subsídios do governo federal por cerca de dez anos até poder se manter com as próprias pernas”

No estudo em que Boueri analisa os custos e a viabilidade econômica dos Estados, ele conclui que somente o Estado do Triângulo, em Minas, seria viável economicamente. De 2008 para cá, alguns desses projetos foram arquivados e outros foram propostos e reativados. Na lista atual de Estados propostos, o pesquisador acrescenta o Estado da Guanabara no ranking dos que poderiam se sustentar sozinhos.

Dinheiro direto
A justificativa para a divisão de Estados apresentada em vários projetos é que regiões isoladas ou distantes do poder central do Estado recebem menos investimentos e não têm acesso adequado a infraestrutura e serviços, como boas escolas e hospitais.

Mas, para o pesquisador do Ipea, essa argumentação não é consistente. “É válido querer melhorar a vida das pessoas, mas a criação de estados em localidades pouco habitadas e com baixo índice de atividades econômicas vai trazer a melhoria a um custo muito alto”, diz. O custo a que o pesquisador se refere será coberto, em parte, pelo governo federal “às custas do Brasil e inclusive de regiões pobres”.

Como soluções mais eficientes para as regiões que não recebem investimento adequado, Boueri defende a criação de Fundos Regionais voltado para localidades mais pobres ou um acordo para remeter de volta a essas regiões todo o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) que é arrecadado nelas. “A mesma benfeitoria da criação do Estado poderia ser feita com a criação de um fundo com metade da verba que é gasta na manutenção do Estado”, diz.

Ele afirma ainda que os territórios federais seriam menos onerosos do que os Estados porque têm uma estrutura administrativa menor. Amapá, Acre, Roraima e Rondônia já funcionaram assim antes em um modelo em que o gestor local era indicado pelo governo federal.

* Câmara aprova plebiscito sobre criação de dois Estados: votação vai decidir se Pará vai ser dividido em três. Se população aprovar, nascem os Estados de Carajás e do Tapajós

domingo, 15 de maio de 2011

Inesquecíveis canções VII: Core 'ngrato

Richard Jakubaszko 
Ainda estou na fase italiana, e mostro neste post três interpretações de uma das mais belas canções de amor de todos os tempos: Core 'ngrato, do napolitano Cardillo. Era uma das canções preferidas de meu pai, que faleceu há mais de 50 anos.
Na série de interpretações comparativas, primeiro, com o insuperável Luciano Pavarotti (numa versão que encontrei no Youtube, com legenda em espanhol, para facilitar o entendimento, pois as pessoas reclamam que não entendem o dialeto napolitano).
Na sequência, Tito Schipa, um tenor da primeira metade do século passado, em gravação de 1932, e que foi um ídolo internacional. Ficam claras as diferenças de interpretação e modulação vocal dos intérpretes, um modismo, digamos assim.
Para fechar a série, Enrico Caruso, considerado pelos puristas italianos como o maior tenor de todos os tempos, emocional e dramático, intenso, numa gravação de 1920, e que foi remasterizada. Consta que esta foi a última gravação de Caruso.
Dos três intérpretes, apenas Pavarotti não era napolitano.
Luciano Pavarotti

Tito Schipa

Enrico Caruso

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sábado, 14 de maio de 2011

Fotos lindíssimas de orquídeas!

Richard Jakubaszko 
Fotos lindíssimas de orquídeas, ou seriam fotos de lindíssimas orquídeas? Fiquemos com as duas... Independentemente de quaisquer dúvidas, não dá para não compartilhar com os visitantes do blog. São pequenas manifestações da inesgotável e infinita criatividade Divina...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

A quem interessa os créditos de carbono?

Richard Jakubaszko 
A quem interessa os créditos de carbono? Assistam aos 4 vídeos abaixo e tirem suas próprias conclusões. Aos poucos vai caindo a máscara de quem inventou e de quem dá "sustentabilidade" para a grande mentira do porco-boi do aquecimento e das mudanças climáticas.
Reportagem investigativa de Mark Shapiro.
Encontrei no blog de Luiz Prado: http://www.luizprado.com.br/2011/05/09/codigo-florestal-a-quem-realmente-interessam-os-creditos-de-carbono/

Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4

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terça-feira, 10 de maio de 2011

A "democracia" americana matou Bin Laden

Richard Jakubaszko
Fim de festa, e Bin Laden já é notícia velha. É coisa mal explicada da democracia americana. Os EUA são os xerifes do mundo. Só nesse caso de Bin Laden, cometeram três infrações graves: obtiveram informações de um preso em Guantânamo, através da prática de tortura, depois invadiram território paquistanês, e ainda executaram, sem qualquer julgamento ou defesa, o suposto terrorista, além de alguns inocentes porque familiares, incluso crianças. Nada mal para a politicamente correta democracia americana. O jornalista Jânio de Freitas, na Folha de São Paulo de hoje, expressa magistralmente parte dos meus sentimentos a respeito.

Além do caçado
Jânio de Freitas
Terrorismo deu reeleição a Bush e é arma de Obama para se reeleger; interessantes as eleições ditas democráticas.

O pinga-pinga de versões que corrigem versões, sempre provenientes do círculo presidencial, denuncia o uso da execução de Bin Laden para manipulação eleitoreira da opinião pública por Barack Obama. Mas se presta também a proteger o governo dos Estados Unidos de acusações por mais execuções e outros crimes cometidos pelos seus soldados no ataque ao terrorista. E contra pessoas não necessariamente comprometidas com terrorismo, umas, e outras inocentes com toda a certeza.
primeiras versões do acontecido no casarão de Bin Laden, foram ligeiras e divergentes as referências à presença de outras pessoas, inclusive crianças. Uma mulher foi usada como refém, depois não houve refém, haveria um irmão, citado ainda algumas vezes e sem clareza, e crianças, em número não indicado.

As poucas indicações além dessas partiram de pessoas do poder paquistanês. Sem repercussão no governo e sem relevância nos meios de comunicação dos EUA. No fim da semana passada, afinal, o ISI, serviço de inteligência do Paquistão, decidiu tornar-se mais loquaz. Com o mesmo tratamento nos Estados Unidos, e não muito melhor, do ponto de vista jornalístico, fora de lá.

Além da mulher de Bin Laden, baleada na perna, foram encontradas na casa outras duas mulheres (uma seria a filha que acusou a execução do terrorista depois de rendido, e diante dos parentes).

Além delas, três mortos, sendo dois homens e a médica de Bin Laden. Não encontrado na casa, o corpo de Hamza, filho executado de Bin Laden, foi levado pelos soldados com o pai.

Além dessas seis presenças, "oito ou nove" crianças.

Quatro pessoas, portanto, não sentenciadas nem por vontade apenas do governo dos EUA, e sem indício de autoria de crimes, foram executadas, sendo que só a um dos homens as versões norte-americanas atribuíram a autoria de um tiro (inútil) de defesa. Muito mais do que a resposta dada ao inimigo número 1.

Foi o que no Brasil chamamos de chacina, a execução coletiva, mas em território nacional alheio e invadido, feita por militares autorizados e sob a bandeira do país chacinante.

O que foi feito do corpo do filho morto de Bin Laden, presume-se que detentor do direito a um funeral como prescrito pelo islamismo? Por que e para onde o cadáver foi sequestrado? Sumiu das versões por tratar-se de objeto incômodo na discussão sobre o caráter criminoso, ou não, da operação norte-americana, e sobretudo impróprio para a exploração eleitoreira do episódio.

E as crianças, "oito ou nove" na informação paquistanesa, inocentes com toda a certeza, inocentes até de estarem na companhia de Bin Laden, o que foi feito dessas pequenas testemunhas da chacina de seus familiares? E o que será delas, portadoras de tais testemunhos?

Os informantes paquistaneses indicam que a mulher de Bin Laden está sob interrogatórios seus e de norte-americanos. Sabe-se o que os dois grupos entendem por interrogatório. Mas as crianças também viram coisas, ouviram muito, sabem.

Pelo visto, porém, não há instituição ou entidade humanitária interessada no que se passa com essas crianças deixadas à disposição de facínoras oficiais.

O terrorismo deu a reeleição a Bush e é arma de Obama para a reeleição. Que interessantes são as eleições chamadas democráticas.
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domingo, 8 de maio de 2011

Cantadas de pedreiros

Richard Jakubaszko
Cansadas de serem "cantadas", por pedreiros do Brasil quando passam nas obras de edificações, um grupo de mulheres organizou em Niterói -RJ, uma conferência, onde foram escolhidas as 14 melhores.

1. Não sabia que frôr nascia no asfartu.

2. Tô fazendu uma campanha de doação de órgãos. Quer o meu?

3.. Óia...com essa muié e mais um saco de bolacha, eu passo um mês.

4. Ocê é sempre assim, ou tá fantasiada de gostosa?

5. Ocê é a areia do meu cimentu.

6. Ah se eu pudesse e meu dinheiro desse.

7. Suspende as frita, que o filé já chegou.

8. Ocê num usa carcinha, ocê usa porta-jóia.

9. Aê cremosa...Vou te passar no pão e te comer todinha.

10. O que que esse bombonzinho tá fazendo fora da caixa?

11. Ocê num é pescoço mais mexeu com a minha cabeça.

12. Nossa, quanta carne! E eu lá em casa comendo ovo.

13. Essa sua brusa ia ficá ótima toda amassada no chão do meu
barraco amanhã de manhã.

14. Se ocê fosse um sanduíche seu nome ia ser X-Princesa.

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quarta-feira, 4 de maio de 2011

O Código Florestal na hora do voto

Richard Jakubaszko
Endosso e assino embaixo o texto do Rodrigo Lara Mesquita, publicado hoje no Estadão, sobre o Código Florestal. Foi votado ontem o regime de emergência, por absoluta maioria dos deputados (cerca de 330 votos), o projeto de lei deve iniciar a ser votado ainda hoje em plenário. 
O que o Rodrigo esqueceu de citar é que temos mais de 3.500 leis (e portarias, medidas provisórias, regras normativas etc.) regulando as questões ambientais do solo, água e florestas, quando deveríamos ter apenas uma.

O Código Florestal na hora do voto
Rodrigo Lara Mesquita * - O Estado de S.Paulo
Nesta semana o Congresso Nacional deve votar um novo Código Florestal. O atual foi editado em 1965, em pleno regime militar. O Brasil tinha menos 110 milhões de habitantes, a população rural ainda era maior do que a urbana, que se concentrava na franja atlântica. Nos últimos 15 anos, milhares de mudanças geradas no âmbito do Poder Executivo e introduzidas na legislação o transformaram numa espécie de Código Ambiental, desvinculado do Brasil real.

Boa parte dessas alterações resultou de pressão internacional, quando do anúncio de números do desmatamento da Amazônia elaborados no Ministério do Meio Ambiente. A maioria foi editada sem discussão com os legisladores, com a comunidade científica e muito menos com os principais atingidos: os agricultores. Preocupações legítimas com o desmatamento da Amazônia deram lugar a medidas de âmbito nacional, desconsiderando os biomas e a história de ocupação das terras.

Esses decretos, medidas provisórias e resoluções ambientais do Executivo colocaram na ilegalidade praticamente 100% dos pequenos e médios agricultores, geraram imensa insegurança jurídica e comprometeram a competitividade da agricultura. Isso obrigou a Presidência a editar e reeditar medidas provisórias para limitar os danos desse imbróglio jurídico. Já os instrumentos efetivos de gestão e ordenamento territorial, como o zoneamento ecológico-econômico, previstos na Constituição federal de 1989, nunca foram efetivados.

Em agosto de 2009, o Poder Legislativo decidiu enfim legislar nesse tema. Criou uma comissão para atualizar o Código Florestal e nomeou como seu relator o deputado Aldo Rebelo, do PC do B. Foram quase dois anos de debates e negociações, com mais de cem audiências públicas realizadas em todo o Brasil. O projeto de lei foi aprovado na Comissão Especial da Câmara em julho de 2010.

É surpreendente como esse projeto, disponível na internet desde 2010, parece não ter sido lido pela maioria de seus críticos. Na mídia social foram propostas campanhas pautadas em temas genéricos como "não aceite mudanças no Código Florestal" ou ainda "o novo Código vai aumentar o desmatamento". Seus propositores, em vez de criar alternativas concretas, propor novos artigos para resolver problemas reais, limitaram-se um copy paste de chavões antirreforma do Código, sem nenhuma reflexão informada. Até o sr. Bono da banda U2 transmitiu recomendações sobre o Código Florestal à presidente Dilma.

Desde 2010, a ministra do Meio Ambiente prometeu um projeto alternativo, outro Código Florestal. Seu projeto nunca apareceu. Outros transformaram o debate sobre a reserva legal num simplista afrontamento entre ambientalistas e ruralistas, entre mocinhos e bandidos, sem dar-se conta do interesse nacional em jogo: o dispositivo da reserva legal incide pesadamente sobre os pequenos agricultores.

Nas Regiões Sul, Sudeste e Nordeste, a reserva legal é de 20% das propriedades, sejam elas de 5 ou de 5 mil hectares; estejam em áreas planas ou de relevo, em várzeas ou na caatinga. Segundo o IBGE, dos 4.367.902 imóveis de agricultura familiar, mais de 82% não possui nenhuma área de preservação permanente ou de reserva legal. Nos pequenos, toda a terra é utilizada para a sobrevivência da família.

Por que tanta desinformação sobre questões ambientais relativas ao uso das terras no Brasil? Talvez porque esse seja um debate urbano, conduzido por pessoas distantes das realidades rurais, que desconhecem a vida dos agricultores, o alvo principal das alterações introduzidas no Código Florestal. Sem noção do alcance territorial e socioeconômico da legislação ambiental atual, os ambientalistas, às vezes verdadeiros urbanoides, com a participação ativa de organizações não governamentais estrangeiras, pouco contribuíram para o conhecimento dos problemas e a busca de soluções. Levantaram muito mais bandeiras de marketing do que uma necessária discussão substantiva.

A situação ambiental é muito mais crítica nas cidades do que no campo. Graças à agricultura, o País tem uma das matrizes energéticas mais limpas do mundo: 47,3% de fontes renováveis, ante uma média mundial de 18,6% e de 7,2% nos países ricos. A agricultura fornece 30,5% da energia do Brasil. A cana-de-açúcar hoje garante 18,3%, ultrapassando a contribuição das hidrelétricas (15,2%). As florestas energéticas (lenha e carvão) garantem 10,3%. A agricultura é mais uma solução do que um problema ambiental.

O Brasil reduziu em 80% o desmatamento na Amazônia. Projetar a ideia de que a agricultura desmata o Brasil é uma falácia. Entre 1995 e 2006, segundo o IBGE, a agricultura teve uma redução líquida de área de 23,7 milhões de hectares. Mesmo assim, cresce anualmente a produção e diminui o preço da cesta básica, graças aos ganhos de produtividade da agricultura.

O Brasil é o país com mais áreas protegidas do mundo: 2,4 milhões de quilômetros quadrados, 28% do seu território. Em segundo lugar vem a China, com 17% de seu território, e em terceiro lugar, a Rússia, com cerca de 8% do seu território. Precisamos de mais parques nacionais ou deveríamos cuidar melhor das áreas protegidas existentes?

O relator do Código Florestal participou de dezenas de debates com ONGs, mídia, sindicatos, federações, partidos, etc. E buscou conciliar a contribuição de entidades, grupos de trabalho interministeriais e da Câmara de Conciliação. Consenso total é impossível. O projeto final aponta caminhos para um novo equilíbrio entre a preservação ambiental e o fortalecimento da agricultura. Nunca um projeto de lei foi tão debatido com a sociedade na história do Congresso!

No final das contas, as leis são apoiadas pela sociedade - elas não controlam a sociedade. São dinâmicas, evoluem com ela. As estruturas legais têm de apoiar as estruturas sociais. Agora é a hora do voto.

* Jornalista, é sócio diretor da RADIUMSYSTEMS
twitter:@rmesquita
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domingo, 1 de maio de 2011

Uma agressão ao nosso agronegócio

Roberto Rodrigues *
Em dezembro do ano passado a ONG Friends of the Earth Europe publicou um “estudo” chamado “Da floresta para o garfo: como a pecuária, a soja e o açúcar estão destruindo as florestas do Brasil e afetando o clima”.

O documento teve apoio financeiro da Comissão Européia, embora no prefácio esteja explicitado que não reflete a opinião do financiador. Ainda bem, porque destaca que a expansão da agropecuária no Brasil coloca em xeque o futuro da floresta amazônica e chama a atenção para o fato de que, sendo a Europa o maior mercado do agronegócio brasileiro, ela é, em parte, responsável por esse problema.

O “estudo” é um conjunto de críticas ao agronegócio nacional, onde o Brasil é caracterizado como o 4º maior emissor de CO2 do mundo, e 75% desta emissão viriam da agropecuária e das mudanças de uso do solo. Diz que a expansão da pecuária, da soja e da cana – causariam impactos negativos de caráter social, com a exclusão dos pequenos e médios produtores familiares, o que colocaria em risco a produção de alimentos, aumentaria o desemprego e os preços da terra, encarecendo a implementação necessária da reforma agrária.

E arremata propondo:

- que a União Européia adote medidas urgentes para reduzir a importação de ração animal e carnes do Brasil, incluindo a reforma da política agrícola do bloco (mais protecionismo!!!).

- apoiar o direito de propriedade dos pequenos produtores e dos povos indígenas no Brasil.

- fortalecer as leis ambientais no nosso país.

- rejeitar o comércio de crédito de carbono das florestas, incluindo a regra de REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação).

Como o “trabalho”, foi financiado e publicado com apoio de Comissão Européia, ganha credibilidade.

E, ao apontar para os “perigos” da expansão da soja, da cana e da pecuária no nosso país, a ONG claramente manifesta a necessidade de brecar isso. Ou seja, afastar o eficiente competidor do mercado. Um dado “assustador”: em 2020, a área da soja no Brasil poderá ser do tamanho da Nova Zelândia, ou 26,85 milhões de hectares. Apenas não informa que o Brasil tem 851 milhões de hectares, e isto seria apenas 3,5% do nosso território.

O estudo explora o desconhecimento da geografia. E ignora que o Plantio Direto, praticado entre nós desde a década de 70, melhora as características físico-químicas e biológicas da terra, reduz a incidência de erosão, e economiza óleo diesel, reduzindo as emissões de CO2, ocupando 26 milhões de hectares no Brasil! Ignora ainda os expressivos aumentos na produtividade da soja por hectare, reduzindo a demanda por novas áreas; desconhece a inoculação com Rhizobium que elimina a adubação nitrogenada nesta cultura; faz de conta que não sabe nada sobre a moratória da soja, através da qual os processadores desta oleaginosa não compram o produto oriundo de desmatamento desde 2006; e ignora os programas de governo chamados de ABC – Agricultura de Baixo Carbono, crescentemente exitosos...

Quanto à cana, há erros, como afirmar que os canaviais são fonte de emissão de CO2, esquecendo que a cana absorve CO2 em seu desenvolvimento, e que a partir de 2014 não haverá mais a queima desta gramínea para colheita: será feita com cana crua, mecanicamente. Não cita que as emissões de CO2 do etanol, considerando todo o ciclo da cana, são apenas 11% das emissões da gasolina; desconhece o zoneamento feito pela EMBRAPA o que exclui o Pantanal e a Floresta Amazônica da expansão da cana.

E, sobre a carne, é flagrante o medo da nossa explosiva competitividade, apesar de todos os problemas reais que temos como sanidade e pastagens degradadas.

Enfim, trata-se de mais uma agressão ao nosso agronegócio, metendo-se inclusive em questões políticas internas, sem a menor elegância.

É uma pena que gente inteligente e bem intencionada seja enganada por “trabalhos” desta natureza, tão parciais e comercialmente comprometidos.


* engenheiro agrônomo, professor da UNESP Jaboticabal, ex-ministro da Agricultura, presidente do Conselho de Agronegócio da FIESP e coordenador do Centro de Agronegócio da FGV-EESP.
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