segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O primo que morava longe

O primo que morava longe
Douglas Lisboa Melo
Desde que o primo Richard voltou prá São Paulo, que a gente nunca mais se viu. Ele voltou prá o lugar onde nasceu, e eu continuei levando a vida no interior do Rio Grande do Sul (São Gabriel e Santa Maria). Isso já faz quarenta anos. 
Uma vez precisei de um remédio que só era manipulado em São Paulo, e o primo gentilmente colocou no malote prá mim. Outra vez estivemos muito preocupados com o estado de saúde dele depois de um grave acidente doméstico, e daí em diante as notícias passaram a ser esporádicas, sempre através do irmão dele, meu primo Robertinho-Toco que mora em Porto Alegre.

Me lembrei de quando eles ainda eram pequenos, e a minha tia Lourdes, mãe deles faleceu. A minha mãe, grávida de um dos meus nove irmãos, viajou com meu pai, num avião monomotor da Varig, prá Porto Alegre. Naquela época se levava mais de 12 horas de carro até a capital.

Foi o Toco que me disse para clicar na Internet. Coloquei no Google o nome Richard Jakubaszko e a história de vida do meu primo se abriu à minha frente, acabando com a imaginária distância nas nossas vidas. Aos 60 está enxutaço o primo Cadinho, com a fisionomia bem distribuída entre os Lisboa e os Jakubaszko do tio Ricardo. Com um currículo invejável, muitas histórias prá contar, duas filhas formadas, uma neta de cinco anos linda, ele está finalizando o seu terceiro livro e com muitos seguidores no seu blog.

Aquela imagem do meu primo morando longe acabou, ele está perto como nunca esteve. Lembrando de distâncias e saudades, da tia Lourdes e do tio Ricardo, da Varig, do Cadinho trabalhando na revista A Granja em Porto Alegre, dos quilômetros até São Paulo, eu me consolo pensando que com esse incrível mundo virtual de hoje, os nossos amigos e parentes que moravam longe, estão de nós, apenas à distância de um clique.
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Comentário do blogueiro: tenho perto de 40 primos vivos, só por parte de minha mãe, e se todos forem escritores como o Douglas este blog não vai mais precisar convocar colaboradores. Aos que se surpreenderem com meu sobrenome Lisbôa, o qual não uso por não ter sido assim registrado, vou já informando aos piadistas de xistes lusitanas o porque de os brasileiros contarem tantas piadas de português, conforme me informaram em Portugal, no ano passado: "é que são as únicas que eles entendem".
ET. Quem mora longe é o Douglas...

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