domingo, 10 de junho de 2012

O agronegócio estimula os ambientalistas

Richard Jakubaszko
Já arranhei alguns textos sobre essa utopia contemporânea chamada de sustentabilidade no artigo A sustentabilidade do agricultor, em julho 2008, clique aqui para ler. Ocorre que, em minha opinião, toda a cadeia do agronegócio age como a mulher do malandro, apanha bastante, não reclama, mas faz a sua choradeira junto aos vizinhos.
O exemplo maior está nas assessorias de comunicação e de marketing das empresas. Uso então a estatística para comprovar essa minha percepção.

Assim, saiba o leitor que, como jornalista e blogueiro, recebo em média mais de 500 e-mails por dia. É um sufoco, e é avassalador! Desses, quase metade é spam, deletados compulsória e neuroticamente (he, he, he...), sem nem abrir. A outra metade, lamentavelmente, por dever de ofício, tenho de ler, antes de deletar mais alguns e responder a outros.

Pois essa metade de 250 "pesadelos" constitui-se, em 60% aproximadamente, de sugestões de pauta, também conhecidas como press releases. Ora, e metade desses e-mails, sempre exacerbadamente otimistas e panfletários, discursam sobre "sustentabilidade", descrevem os esforços das empresas e associações "green wash" contemporâneas, e a sua inestimável contribuição aos problemas ambientais e sociais do planeta. Evidentemente que algumas raras empresas têm projetos importantes na área ambiental, mas é uma minoria, todas as demais são projetos publicitários, vazios de sentido e sem objetivos concretos, apenas para ter uma mensagem dentro do senso comum.

O detalhe importante dessa questão é que a tal da sustentabilidade virou discurso generalizado. E está nesse tom e clima porque impregnou-se na sociedade o pensamento único, de caráter moralista e ambientalista, ditado pela grande mídia, martelado diariamente, de forma compulsiva, uma espécie de TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo, ou seja lá o que isso significa. O discurso é pautado por uma mídia e uma elite que não enxergam as causas reais dos problemas da humanidade, não têm propostas concretas para solucionar essas causas, e que têm medo de debater a realidade, por isso apresentam soluções com um viés distante das necessidades.

No afã de se defender, a cadeia do agronegócio declara seguir os parâmetros ditados pelos ambientalistas e pela mídia, de levar o planeta à sustentabilidade.

Ninguém pensa...
De que adianta, me pergunto sempre, criticar e contestar a falácia do aquecimento e das mudanças climáticas, como tenho feito aqui no blog e alhures? Convenço uma ou duas pessoas, mas aparece na sequência uma dezena de outros "pregadores" repetindo a lenga-lenga preservacionista, puro argumento publicitário, vago e vazio, de que "a sustentabilidade das nossas ações contribui para um planeta melhor"...  (leitor, você percebeu a imbecilidade publicitária dessa frase?). Não há mais diferencial, nem criatividade, nos discursos repetitivos. É só sustentabilidade, virou palavra mágica de redatores das assessorias de imprensa, repetidos ad nauseum pela mídia, pela internet e nas conversinhas de café.

Continuo com meu sonho de consumo sustentável, o de adquirir uma espingarda de cano triplo, e assim, com apenas um tiro, eliminar uma dupla caipira e um ambientalista. Economizarei chumbo, pólvora e metais, e contribuirei também para a redução do consumismo que a superpopulação planetária nos empurra. Seremos 9 bilhões de bocas dentro em breve, temos de dar soluções para reduzir a velocidade do crescimento demográfico, mas disso ninguém fala, pois não é politicamente correto, não é mesmo? Não há como alimentar e prover tanta gente que se lança ao consumismo.

Pra que pensar?
Se as coisas estão ruins, com exacerbada poluição urbana, excesso de gente, mão de obra ainda sobrando e que busca trabalho, que precisa comprar roupas e alimentos, congestionamentos urbanos gigantescos, devemos dar sustentabilidade ao produtor rural. Sem estes, a derrocada urbana será mais rápida, atropelada por um Código Florestal restritivo e punitivo, que vai limitar a produção de alimentos. Lembro que o ex-presidente dos EUA, Abraham Lincoln (1809-1865), cunhou o aforismo “Destruam as cidades e conservem os campos, e as cidades ressurgirão. Destruam os campos e conservem as cidades, e estas sucumbirão”. Foi sábio.

A cadeia do agronegócio, especialmente as indústrias de insumos, entretanto, faz a apologia da sustentabilidade do meio ambiente, quando deveria, no mínimo, ficar quieta, ou até mesmo contestar e criticar as falácias dessa agenda política e comercial, financiada por interesses econômicos inconfessáveis dos futuros produtores de energia elétrica, como as usinas de energia nuclear.

Não viveremos sem alimentos, mas também não teremos qualidade de vida sem energia elétrica, e não teremos um meio ambiente sustentável com o tanto de gente que nasce, ainda que os índices demográficos tenham caído nos últimos 30 anos. Lamentavelmente precisa reduzir mais. Como os ambientalistas não querem plantar batatas, e nem discutir a questão demográfica, asfaltam o caminho das usinas nucleares. Aceitam, os ambientalistas, a agenda do decrescimento, apregoada pelos fanáticos do Clube de Roma, parasitas dependurados sob o manto da ONU e da FAO, costurando uma agenda malthusiana perversa para as futuras gerações, o chamado decrescimento.

A cadeia do agronegócio brasileiro, com a política de se auto-proclamar sustentável, aplaude o discurso único ambientalista, e perde a guerra também na área política, na imagem pública, na produção e aprovação de institutos legislativos. Fica como bandido e criminoso ambiental, por não saber se defender adequadamente. E a mídia bate impiedosamente, não importa, nesse caso, se justa ou injustamente.

Menos propaganda com sustentabilidade, minha gente. Isso é estratégia de avestruz, que enterra a cabeça no chão, para fingir que nada acontece lá fora, pois não está vendo o problema. Não sou apenas eu, tem um monte de gente que não suporta mais ouvir esse trololó verde da sustentabilidade.

Comigo agora vai ser assim, falou em sustentabilidade eu deleto. Não sou avestruz, não gosto do discurso, porque é mentiroso, e não vou dar continuidade à farsa. Simplesmente vou deletar.

Não vou desanimar, e a minha luta continua, mesmo com tanta gente fazendo cara feia pra mim todos os dias. Vejam que alguns ícones do ambientalismo se desmente, como fez James Lovelock, leia aqui, em outro post divulgo que dezenas de cientistas afirmam que é tudo mentira nessa mal planejada campanha ambientalista do aquecimento e das mudanças climáticas, que não tem nenhuma comprovação científica: aqui e aqui. A mídia não repercute isso, a mídia não faz o debate, a mídia censura os cientistas, seja a mídia de interesse geral, seja a mídia científica, onde os chamados céticos não encontram espaços para debater e contestar o pensamento único que se estabeleceu.

Podemos pensar diferente...
Lamentavelmente, Chomsky tinha toda a razão ao mostrar e comentar sobre as estratégias de manipulação midiática: leia aqui.

É irritante perceber, pelo menos para mim, alguns doutores da agronomia, ou empresários, de empresas nacionais e multinacionais, apregoando a sustentabilidade e a responsabilidade social, pois enveredamos pelo caminho sem volta do pensamento único, ditado pela grande mídia, a pior forma de manipulação da população. As pessoas parecem não pensar mais, mostram não saber contestar as mentiras disfarçadas em objetivos ilusórios e utópicos de boas práticas.

Que as universidades ensinem os alunos a pensar, caso contrário, o futuro breve do planeta será terrível e medíocre, baseado no pensamento único, ditado pela mídia e pelos interesses econômicos e políticos de uma elite barulhenta que se globaliza cada vez mais, porque deseja o domínio total, o poder político e econômico.
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Um comentário:

  1. José Carlos de Arruda Corazza, BH14 de junho de 2012 às 20:55

    Richard,
    veja a seguir o que escreveu Lester Brown, que foi líder do Worldwatch Institute no tempo preparatório da Rio-92. Em sua contribuição “Lançando a Revolução Ambientalista” para o “Relatório do avanço rumo a uma sociedade sustentável”, ele explicou:

    “Não há precedentes na mudança que temos em perspectiva. Construir um futuro ambientalmente sustentável depende de reestruturar a economia global, introduzir mudanças maiores na conduta reprodutiva dos seres humanos, e provocar mudanças dramáticas nos valores da humanidade e em seus estilos de vida (...)

    “Se a Revolução Ambientalista atinge seus objetivos, ela será posta no futuro no mesmo patamar das Revoluções Agrícola e Industrial, como uma das grandes transformações econômicas e sociais da história humana”. (Lester R. Brown, “Launching the Environmental Revolution”, in “State of the World 1992 - A Worldwatch Institute Report on Progress Toward a Sustainable Society”, Worldwatch Institute, Washington, 1992, 256 pp., p. 174).
    Portanto, vocês inúmeras razões no que escreve.
    abs
    José Carlos de Arruda Corazza

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