(publicado originalmente em http://www.luizprado.com.br/2012/06/01/codigo-florestal-regras-brasileiras-regras-europeias/comment-page-1/#comment-2878 )
A União Européia está propondo regras para o setor agrícola
que preveem que 7% das propriedades terão algo semelhante a uma “reserva legal”
brasileira e que, se aprovadas, entrarão em vigor em 2014. SETE POR CENTO!
“Semelhante” porque ainda não é claro se tais áreas serão intocáveis, se nelas
deverá ser feito uma recomposição da vegetação nativa e quanto de indenizações
deverão ser pagas aos agricultores.
Essas regras não incluem áreas de preservação permanente ao
estilo de Pindorama!
A burocracia da União Européia deu a isso a denominação de
“agricultura verde”. O “verde” é só um modismo passageiro, mas um relatório do
Parlamento da Inglaterra concluiu que essas regras reduzirão a produção de
alimentos, aumentarão a burocracia e poderão até mesmo ser danosas para o meio
ambiente.
Um dos argumentos básicos para esta conclusão é simples: o
que vale para a Irlanda não se aplica necessariamente à Sicília. Pelo simples
fato de que tudo é muito diferente entre esses dois “ambientes”: geologia,
topografia, clima e regime de chuvas, e por aí afora. De acordo com as novas
regras “verdes”, os produtores rurais teriam que, além de separar 7% de suas
terras sem qualquer cultivo para “proteção da ecologia”, reservar áreas para
pastagens e fazer rotação de culturas.
A Comissão de Meio Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais do
parlamento inglês avaliou, no relatório, que as novas regras – que deverão
entrar em vigor em 2014 – “reduzirão a segurança alimentar e provavelmente
causarão impactos negativos ao meio ambiente”.
A presidente da Comissão, Anne McIntosh, ressaltou o óbvio:
“É um nonsense acreditar que os produtores rurais da Finlândia e da Sicília
devem obedecer ao mesmo conjunto de regras. Uma regra aplicada igualmente a
todos (“one size fits all”) não será efetiva se considerado o amplo espectro de
ambientes encontrados na Europa. Da maneira que foram formuladas, essas regras
será danosa para os produtores rurais, para os consumidores e para a área
rural.”
A Comissão, multipartidária, afirmou que apoia a proposta de
tornar a agricultura mais “verde”, mas enfatizou que as diferenças climáticas –
climáticas, geográficas, de práticas agrícolas – devem ser consideradas.
“Objetivando a proteção do meio ambiente e da
biodiversidade, os produtores rurais da União Européia devem ser capazes de
gerir as suas propriedades de acordo com regras adaptadas às suas regiões, aos
seus métodos agrícolas e às preocupações ecológicas locais ou regionais
específicas” – afirmou a presidente da Comissão.
Nada como um pouco de bom senso e realidade aplicada a
debates generalistas. Acorda, Dilma!
Com a palavra, o Greenpeace, que tem uma razoável tradição
de ações passadas na Inglaterra, e o braço operacional do grupo financeiro WWF,
cuja força maior – senão total – vem de um país onde regras desse tipo
simplesmente não existem.
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por participar, aguarde publicação de seu comentário.
Não publico ofensas pessoais e termos pejorativos. Não publico comentários de anônimos.
Registre seu nome na mensagem. Depois de digitar seu comentário clique na flechinha da janela "Comentar como", no "Selecionar perfil' e escolha "nome/URL"; na janela que vai abrir digite seu nome.
Se vc possui blog digite o endereço (link) completo na linha do URL, caso contrário deixe em branco.
Depois, clique em "publicar".
Se tiver gmail escolha "Google", pois o Google vai pedir a sua senha e autenticar o envio.