Dentre os grandes países emergentes do mundo, a maior surpresa do momento tem sido a Índia.
O país vem melhorando sensivelmente os seus indicadores e fundamentos. Vai crescer 7,5% em 2015/16, ultrapassando a China. Nos últimos dois anos, em movimento literalmente oposto ao do Brasil, a Índia fez sucessivos cortes na taxa de juros, a inflação despencou de 10% para 5% ao ano, o déficit em conta corrente caiu de 4,5% para 1,5% do PIB e o investimento estrangeiro aumentou. Além disso, a Índia se beneficiou da forte queda do preço do petróleo — ela importa mais de 70% de suas necessidades —, de uma vibrante classe média que vai se consolidando e de um conjunto de políticas de estímulo aos negócios.
Curiosamente uma boa parte dos entraves da Índia é semelhante aos do Brasil: grandes escândalos de corrupção na atual década, dificuldade para implementar reformas estruturais e graves problemas de infraestrutura (falta de investimentos e marcos regulatórios inadequados). Mencionam-se também as legislações fiscais e trabalhistas bizantinas e inúmeros problemas relacionados com a indefinição de direitos de propriedades da terra, de imóveis etc.
Interessante que os dois países são também parecidos nas suas caraterísticas positivas, como a solidez da democracia e a presença de setores empresariais globais e criativos. Bons exemplos são as áreas de tecnologia de informação na Índia e o agronegócio no Brasil.
Entretanto, o maior desafio da Índia continua sendo como lidar com o seu imenso contingente populacional. Em 2022, a Índia vai ultrapassar a China como o país mais populoso do planeta, seis anos antes das previsões. Chama a atenção também a elevada desigualdade social, com mais de 300 milhões de indianos vivendo abaixo da linha de pobreza.
Por outro lado, se corretamente administrado, esse fator pode representar uma oportunidade, principalmente se considerarmos a imensa força de trabalho que vai ingressar no mercado. Metade dos 1,25 bilhão de indianos tem hoje menos de 25 anos, ao contrário da China, que está envelhecendo rapidamente em decorrência do período de uma criança por família.
O aumento da população e da renda per capita, a redução da desigualdade e a urbanização crescente podem gerar imensas oportunidades de crescimento e investimento no país. Com características singulares, a Índia certamente vai virar o próximo fenômeno mundial, depois da China.
Para o Brasil, essa oportunidade pode ser fenomenal. A Índia tem imensa deficiência de recursos naturais, principalmente terras aráveis e água limpa. Além disso, falta energia elétrica, metade da população vive na área rural em propriedades cujo tamanho médio é de apenas 1,2 hectare e as cadeias produtivas são profundamente fragmentadas e desorganizadas.
Em 2014, o Brasil e a Índia ocuparam, respectivamente, a sétima e a nona posição entre as maiores economias do planeta. Em 2030, estima-se que o Brasil continuará no mesmo lugar, porém a Índia vai chegar à terceira posição, logo atrás da China (primeira) e dos Estados Unidos (segunda).
Quando assumiu o posto, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, resumiu o seu imenso desafio com uma frase lapidar: "A Índia precisa de menos governo e de mais governança". Certamente não é só ela.
O país vem melhorando sensivelmente os seus indicadores e fundamentos. Vai crescer 7,5% em 2015/16, ultrapassando a China. Nos últimos dois anos, em movimento literalmente oposto ao do Brasil, a Índia fez sucessivos cortes na taxa de juros, a inflação despencou de 10% para 5% ao ano, o déficit em conta corrente caiu de 4,5% para 1,5% do PIB e o investimento estrangeiro aumentou. Além disso, a Índia se beneficiou da forte queda do preço do petróleo — ela importa mais de 70% de suas necessidades —, de uma vibrante classe média que vai se consolidando e de um conjunto de políticas de estímulo aos negócios.
Curiosamente uma boa parte dos entraves da Índia é semelhante aos do Brasil: grandes escândalos de corrupção na atual década, dificuldade para implementar reformas estruturais e graves problemas de infraestrutura (falta de investimentos e marcos regulatórios inadequados). Mencionam-se também as legislações fiscais e trabalhistas bizantinas e inúmeros problemas relacionados com a indefinição de direitos de propriedades da terra, de imóveis etc.
Interessante que os dois países são também parecidos nas suas caraterísticas positivas, como a solidez da democracia e a presença de setores empresariais globais e criativos. Bons exemplos são as áreas de tecnologia de informação na Índia e o agronegócio no Brasil.
Entretanto, o maior desafio da Índia continua sendo como lidar com o seu imenso contingente populacional. Em 2022, a Índia vai ultrapassar a China como o país mais populoso do planeta, seis anos antes das previsões. Chama a atenção também a elevada desigualdade social, com mais de 300 milhões de indianos vivendo abaixo da linha de pobreza.
Por outro lado, se corretamente administrado, esse fator pode representar uma oportunidade, principalmente se considerarmos a imensa força de trabalho que vai ingressar no mercado. Metade dos 1,25 bilhão de indianos tem hoje menos de 25 anos, ao contrário da China, que está envelhecendo rapidamente em decorrência do período de uma criança por família.
O aumento da população e da renda per capita, a redução da desigualdade e a urbanização crescente podem gerar imensas oportunidades de crescimento e investimento no país. Com características singulares, a Índia certamente vai virar o próximo fenômeno mundial, depois da China.
Para o Brasil, essa oportunidade pode ser fenomenal. A Índia tem imensa deficiência de recursos naturais, principalmente terras aráveis e água limpa. Além disso, falta energia elétrica, metade da população vive na área rural em propriedades cujo tamanho médio é de apenas 1,2 hectare e as cadeias produtivas são profundamente fragmentadas e desorganizadas.
Em 2014, o Brasil e a Índia ocuparam, respectivamente, a sétima e a nona posição entre as maiores economias do planeta. Em 2030, estima-se que o Brasil continuará no mesmo lugar, porém a Índia vai chegar à terceira posição, logo atrás da China (primeira) e dos Estados Unidos (segunda).
Quando assumiu o posto, o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, resumiu o seu imenso desafio com uma frase lapidar: "A Índia precisa de menos governo e de mais governança". Certamente não é só ela.
* Marcos S. Jank é especialista em questões globais do
agronegócio.
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